Se desdobrando em partes e trabalho sem fim

Ser dona de casa, empreendedora, administradora, namorada, amiga, etc. Multifacetas, como se fosse apertar um botão mágico e gritar “ativar!”, e de repente, passo de uma planilha de contas no excel para adubar as plantas do jardim, ou ainda de papel, pincel e guache para uma reunião com o fechamento do mês. De um whatsapp combinando um café com a amiga para uma lista de produtos de limpeza para compras do supermercado da semana.

É bom e é divertido, mas de vez em quando dá uma pane no sistema e tem que resetar o programa. Enquanto ele fica naquela tela de % carregamento, fico pensando nas 489.568 tarefas que ainda faltam ser concluídas no dia. Isso sem contar com os imprevistos e urgências no caminho, na qual o dia passa a ser apagar incêndios. Não sou católica, mas adoro um santo e, olha, o meu é forte! São Jorge, meu santo protetor, tem liquidado diversos dragões por dia e minha Nossa Senhora Aparecida, ficado quase careca com as minhas preocupações rotineiras.

Tenho trabalhado intensamente nos últimos cinco meses, acho que como jamais havia antes na minha vida. Engraçado, porque se eu me recordar de todos os lugares em que já trabalhei, não me lembro nunca de ter gostado de trabalhar. Não me entenda mal, não que eu não tenha curtido os lugares, meus chefes, companheiros de trabalho, ou até mesmo o próprio trabalho em si. Eu nunca gostei é de trabalhar, mesmo 😂.

Preciso confessar que sempre fui da turma da preguiça, daquela que se cansa no meio do projeto. Então esse processo de, pela primeira vez, aprender a realmente GOSTAR de trabalhar, é totalmente embrionário em mim. Eu, que trabalho desde os 16 anos, só agora aos 34 é que finalmente consigo entender o que é isso. E o mais legal é que essa façanha é independente de eu gostar do que faço. Pois é. Estranhamente, o gostar de trabalhar é pelo simples fato de trabalhar mesmo. Esse post poderia ser apenas uma brincadeira, mas não é.

Quando li meu mapa astrológico para 2015*, no início do ano, ele dizia algo interessante. Que as minhas melhores realizações aconteceriam no equilíbrio entre realizar tarefas do dia a dia e fazer as coisas que eu adoro. E para mim, isso tinha soado como algo meio duro, pois na minha cabeça o legal seria fazer apenas aquilo que a gente gosta. Mas incrivelmente meus melhores momentos tem acontecido dentro deste balanço. E acho que foi esse equilíbrio meio torto que provocou esse amor pelo trabalho em si.

Moral da história? Tem sido um ano bastante demandante, mas ao mesmo tempo realizador com relação a concretização de projetos e de trabalho. Poder nas horas vagas, brincar de cinderela ou, no meu caso, dona de casa blogueira 😂, tem sido aliviante e preenchedor. Dentro dessa brincadeira, às vezes me pergunto se a vida que levo é real mesmo. Porque eu simplesmente amo organizar essa bagunça e achar leveza e graça no meio do caos.

* Quiroga, tu é o cara, hein?!