Muffins de Abóbora com Limão e reflexões intermináveis
Estou com 35 anos. Acho que venho repetindo essa ladainha faz 5 postagens, destrinchando meus anseios e minhas chatisses, desde que completei os meados trinta. Como se repetir 50 vezes o pai nosso e 20 ave marias, me santificasse de tanto rezar. As coisas têm acontecido ao meu redor desconexas, e ao final do dia, como num filme de Tarantino, todas as coisas estivessem estranhamente encadeadas, num labirinto lynchiano.
Os 35, para mim, anunciam o fim de uma adolescência estendida e o início de um adulto recém-nascido, na verdade, um feto em formação. Sinto diferenças no meu corpo que me desagradam, sua resistência a certos vícios é menor, e quando antes não precisava fazer muito para combater a ação do tempo e da lei da gravidade, agora, há de se empreender um certo esforço com intento de não deixar a peteca cair. Os hábitos precisam ser mudados por outros. Socialmente, os 35 significam para mim “casada e sem filhos”. Não ter filhos. Me coloca na estante de pessoas que aos 35 ainda não tem filhos. Astrologicamente, os 35 vêm firmar o que foi possível brotar, após a avalanche “retorno de Saturno”, aos 28.
Há duas semanas venho assistindo filmes dos anos 80 e 90. Abarcada por uma nostalgia na forma de se enxergar o mundo numa estética belissimamente decadente, em narrativas mais lineares, permeadas de sonhos ingenuamente depressivos, vejo minha vida hoje, filtrada e confinada sob esse paradigma. Existe uma parte de mim que aceita a passagem do tempo e se deixa levar pelo curso do rio. Outra, tem sonhos desfeitos, angústias de uma geração que viu a tecnologia triunfar sobre os sonhos, não conheceu seus heróis, mas cantava “we can be heroes, just for one day” com Bowie no cassete do walkman.
Essa dicotomia à beira da esquizofrenia, se conflita, briga, faz as pazes e se ama loucamente todos os dias, desde que me conheço. Sinto como se tivesse praticando roleta russa todos os dias, na tentativa de suicidar o incômodo dessa coexistência. Há energia despendida. Meu diagnóstico atual é consumida eternamente pelos anseios internos, como um cachorro correndo atrás do próprio rabo.
Talvez não haja remédio, não sei bem se há como mudar certas formas de pensar tão enraizadas em sua plasticidade e em seu funcionamento rotineiro. Tão afixadas sob meus valores e intrínsecas ao meu modo de vida. E quando a gente acha que está tudo errado, vale começar do zero? Se tivesse um botão para resetar tudo, já teria apertado. Então, penso que talvez seja hora de recuar, e perceber de outra maneira. Voltar alguns passos para trás. Olhar para o lado. Dou de cara com o abismo. Então digo para mim mesma: é só a beira do abismo. Quando decidir pular, descobrir, então, finalmente, que as asas estavam sempre aqui.
Bolinhos de abóbora com creme de limão | Receita adaptada de Jamie Oliver
{ para os bolinhos }
- 400 g abóbora, descascada sem sementes
- 01 e ½ xícara de açúcar mascavo
- 04 ovos caipira grandes
- 01 xícara de farinha de trigo
- 02 colheres de chá de fermento em pó
- Punhado de nozes
- 1 colher de chá de canela em pó
- 175ml de óleo de canola
- pitada de sal
{ para cobertura }
- suco de ½ limão
- 70 ml de creme de leite
- 70 ml de iogurte
- 2 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro
- 01 colher de sopa de extrato de baunilha.
- flores de lavanda para enfeitar
Processe a abóbora em um processador (ou um liquidificador potente, como no meu caso), até ficar bem picado. Adicione o açúcar, e os ovos. Bata apenas para mesclar os ingredientes. Junte o sal, a farinha, o fermento em pó, nozes, canela e o óleo e bata novamente. Não bata muito, apenas o suficente para homogeneizar a mistura.
Preencha as forminhas de papel com a mistura de bolo. Asse no forno pré-aquecido a 180°C, entre 20 e 25 minutos, até que estejam dourados e assados. Retire do forno e deixe esfriar numa grade.
Para a cobertura, coloque o creme de leite, iogurte, açúcar confeiteiro e o suco de limão em um recipiente. Bata até que fique da consistência de um creme chantilly. Junte o extrato de baunilha e as raspas de limão. Coloque sobre os bolinhos já frios. Polvilhe flores de lavanda por cima.
Bolinhos de cenoura da Katie
Durante minha estadia na Nova Zelândia, descobri a alegria de se viver em pequenos cafés, inclusive de pequenas cidades à beira da estrada. E, numa dessas visitas, realizei minha melhor descoberta: o bolo de cenoura de lá.
Durante minha estadia na Nova Zelândia, descobri a alegria de se viver em pequenos cafés, inclusive de pequenas cidades à beira da estrada. E, numa dessas visitas, realizei minha melhor descoberta: o bolo de cenoura de lá. Na verdade, o bolo de cenoura fora do Brasil é totalmente diferente, principalmente pelo fato de não levar cobertura de chocolate como o nosso. Não que eu não adore o bolo de cenoura com jeitinho brasileiro, mas esse aqui…
Fato é que fiquei totalmente apaixonada por essa versão. Uma vez, a Beth do Local Milk disse que ela era do tipo que mantinha relações monogâmicas com determinados tipos bolos… Arrisco a dizer que esse bolo de cenoura, roubou totalmente a cena “bolística” do meu coração (rsrsr…)
Voltando para o Brasil, determinada a conseguir reproduzir essa façanha, encontrei uma receita no livro da What Katie Ate, para a minha alegria… Katie conta que desde a primeira vez que mordeu esse bolo, ela ficou totalmente obsessionada em conseguir fazer algo semelhante. Para a minha sorte, ela conseguiu transcrever a receita perfeita, e a minha lembrança culinária pôde ser fielmente preservada e apreciada!
Bolinhos de cenoura da Katie | receita original do livro What Katie Ate
- ½ xícara de passas brancas;
- 01 laranja;
- 01 colher de sopa de Cointreau;
- 1/3 xícara de açúcar mascavo;
- ½ xícara de óleo de canola;
- ½ xícara de mel;
- 03 ovos caipiras;
- 01 fava de baunilhas;
- ½ colher de chá de gengibre em pó;
- 1 e ½ xícara de farinha de trigo com fermento;
- 01 colher de chá de bicarbonato de sódio;
- 03 cenouras raladas;
- punhado de nozes; e
- pitada de sal
para o creme
- 01 xícara de açúcar confeiteiro;
- 85g de manteiga amolecida;
- 80g de cream cheese;
- 01 colher de sopa de creme de leite fresco; e
- 01 colher de chá de extrato de baunilha
Deixe as passas de molho no suco de laranja e Cointreau de um dia para outro, na geladeira.
Bata o açúcar mascavo, óleo, mel, ovos e as sementes de baunilha, e vá juntando os demais ingredientes secos peneirados - a farinha, gengibre em pó e o bicarbonato. Misture as cenouras no final.
Numa fôrminha untada para 12 unidades de muffins, preencha os com a mistura até ¾ de cada orifício. Leve ao forno pré-aquecido à 180 graus para assar por cerca de 45 minutos, ou até que você fure os bolinhos com um palito e ele saia limpo.
Para a cobertura, bater todos os ingredientes por cerca de 10 minutos. Cubra os bolinhos frios, polvilhe as nozes grosseiramente picadas e regue com um pouco de mel.
Dê sua primeira mordida e seja totalmente conquistado!