Caldo de Legumes com Macarrão
Se tudo der certo, daqui 6 meses devo me tornar mãe aos 40. Eu e meu companheiro estamos juntos há quase 15 anos e já era comum acordo que a gente não queria ter filhos. Aliás, isso ficou muito claro para mim nos últimos 2 anos, nada a respeito da maternidade me atraia, e eu me sentia aliviada por ter feito essa escolha.
Então, há 14 semanas aconteceu, engravidei. O Gabriel, para a minha surpresa ficou muito feliz, aos 60 anos. Disse que me apoiaria qualquer fosse minha decisão. Eu chorei por 3 dias seguidos, sem saber o que fazer, pedindo um sinal para os céus, mesmo não acreditando em deus.
Decidimos embarcar nessa aventura e com alguma alegria aparecendo no coração, ainda que com muito mais medo. Trazer um filho para esse mundo cheio de desigualdades, num planeta que está se acabando e em meio a pandemia, por mais que as pessoas insistam em dizer, parece ter bem pouco a ver com benção. Foi uma decisão 100% emocional, eu admito, sem nenhum fundo de razão.
É engraçado, que fora as mudanças enormes que a gente sente no corpo, que passa a ser um habitat inóspito para a gente mesma, não há um sentimento maternal que brota da gente. A gestação até agora não tem sido agradável: muitas náuseas - sou um saco de arroto ambulante -, alguns vômitos, cansaço eterno e muita indisposição. Fora as oscilações de humor e crises de ansiedade.
Mas essa semana fiz o ultrassom e vi um contorno bem formadinho, de 8 cm da cabeça à bunda, barrigudo e cabeçudo. Durante o exame, ele virou, como se escondesse das "câmeras", confesso que me deu um quentinho no coração esse momento. Vejo as pessoas à minha volta emocionadas por esse ser que cresce dentro de mim; vou absorvendo e me nutrindo dessa alegria gerada ao meu redor, que contrabalança o mal estar hormonal.
Das tantas dúvidas, a única certeza que tenho é que vai ser uma nova etapa, um novo capítulo nas nossas vidas e no nosso relacionamento. Por aqui, vou continuar com o conteúdo de sempre, receitas, cotidiano, fotografia e food styling. Talvez alguma barriga e quem sabe, mais para frente, um pezinho de bebê passeando pelo feed.
Uma das poucas coisas que estou consegui comer com gosto, durante o primeiro trimestre é essa sopa. Um caldo ralinho, com legumes boiando e aquele macarrão somen bem fininho. Só de legumes ou com um pouco de frango - apesar de que quando faço com frango, deixo todas as iscas para o meu companheiro.
Cada colherada quente é um alívio para meu estômago. O segredo para ter um sabor bom está no preparo, nada de jogar todos os legumes na panela com água para ferver, tá?
Caldo de Legumes com Macarrão
Rendimento: 06-08 porções
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Tempo de Preparo:
- 02 batatas médias
- 02 cenouras pequenas
- 02 inhames
- 01 abobrinha pequena
- 01 talo de salsão pequeno
- 01 cebola
- 01 tomate
- 1/4 xícara de cachaça ou vinho branco
- 02 colheres de sopa de orégano
- 01 colheres de chá de páprica - usei picante
- 01 colheres de chá de cúrcuma
- 01 folha de louro
- 02 dentes de alho
- 02 cravos
- 1 litro e meio de água filtrada fervendo
- 100g de macarrão tipo somen - japonês bem fininho
- azeite, sal e pimenta-do-reino moída na hora
- casca seca de queijo parmesão - opcional
- limão para servir
- Lave e descasque os legumes - eu corto todos em cubinhos pequenos ou médios.
- Numa panela grande para sopa, coloque azeite em fogo alto. Espere esquentar bem e refogue a cebola, até caramelizar. Junte o orégano, páprica e a cúrcuma dê uma leve tostada nos temperos.
- Junte as batatas, as cenouras, a abobrinha e o inhame e misture de vez em quando - quero que eles também dêem uma leve queimada, não se preocupe se o fundo da panela ficar escurecida. Tempere com sal e pimenta a gosto.
- Adicione os tomates e refogue por mais 2 minutos, misturando bem.
- Junte a cachaça e aproveite para deglacear o fundo da panela. Espere ferver para evaporar o álcool.
- Adicione a água, o louro, os dentes de alho (inteiros mesmo), a casca de parmesão, os cravos e o talo de salsão.
- Tampe e deixe cozinhar por uns 45 minutos, ou até que os legumes estejam macios.
- Retire o salsão, a casca de parmesão e as folhas de louro. Acerte no sal e na pimenta.
- Na hora de servir, eu separo numa panela a quantidade que vou tomar e o restante eu congelo. Nessa panela, eu junto o macarrão e fervo por um minuto.
- Exprema meio limão numa tigela e sirva quente.

Avgolemono, canja grega
Fim de junho, cantoria de São João nas noites frias, ruas enfeitadas com bandeirolas, cachecóis, luvas e toucas de lã fora das gavetas.
Fim de junho, cantoria de São João nas noites frias, ruas enfeitadas com bandeirolas, cachecóis, luvas e toucas de lã fora das gavetas. O inverno começou e eu acabei adoecendo com um resfriado e dor de garganta. Foram dois dias de repouso, sob as cobertas. Muito chá de limão com mel. Canja de galinha quentinha. E um bom livro para me fazer companhia. Além da minha fiel cachorrinha, que não saiu do meu lado esse tempo todo. Penny, minha shitzu, já está com 02 anos e está mais carinhosa do que nunca.
A gripe, e no caso a febre, me deixam extremamente sensível e carente. E, ainda assim, dá para se surpreender com ela.
“Sob condições normais, olhar para o céu por qualquer intervalo de tempo é algo impossível. Os passantes teriam sua marcha obstruída e ficariam desconcertados com a visão de alguém fitando o céu publicamente. (…) Agora, recostados em repouso, olhando diretamente para o alto, feito folha ou margarida, descobrimos que o céu difere tanto dessa descrição que é, na verdade, um pouco chocante dar-se conta disso. Então, essas coisas aconteciam o tempo todo sem que o soubéssemos!”
{ Virgínia Woolf, Sobre estar doente, do livro O sol e o peixe. }Aprendi essa receita com uma grega que morou na minha casa por algum tempo. Ela era uma ótima cozinheira, e essa sopa é tudo o que você precisa num dia frio. É uma canja com ovos e muito limão, o que a torna cremosa, com aspecto aveludado e bem azedinha; na verdade uma espécie de levanta defunto para quem precisa.
Nunca gostei de canja na minha vida, do seu gosto ou seu aspecto pálido. Mas este caldo é bem diferente, sua cremosidade e acidez me fazem salivar só de pensar. Utilizei um caldo de galinha feito com uma carcaça de frango assado (por sugestão da Carol, do A Mesa da Carolina) e ficou espetacular: obrigada pela dica Carol! O frango nem tinha muita carne, mas nem me importei, pois o que mais gosto mesmo da canja é do caldo e do arroz.
A febre já baixou e as dores no corpo também já passaram. Mas ainda sobrou um restinho de canja na panela, e eu estou indo agora esquentar.
Avgolemono (canja grega)
para o caldo de galinha
- carcaça de um frango assado caipira com a parte do peito (se não tiver quase carne, você pode colocar mais 200g de peito de frango)
- 02 cenouras;
- 01 pimentão vermelho;
- 01 talo de aipo;
- 01 cebola;
- 05 dentes de alho;
- 01 tomate;
- qualquer outro legume ou verdura que estejam sobrando na geladeira;
- ½ copo de vinho branco;
- 03 folhas de louro;
- 01 colher de sopa de orégano; e
- 01 litro de água.
para a sopa
- 02 ovos caipiras;
- 02 limões;
- 01 copo de arroz branco;
- sal e pimenta do reino; e
- salsinha picada.
Coloque todos os ingredientes do frango em uma panela e leve para ferver por pelo menos 01 hora em fogo médio-baixo, ou até que os legumes murchem bem e percam a cor. Se reduzir muito o caldo, você pode repor um pouco da água. Coe o líquido e reserve. Separe a parte do frango e retire a carne que sobrou e desfie.
Junte o caldo, os pedaços de frango e o arroz e leve para o fogo. Ferva por uns 20 minutos ou até cozinhar o arroz. Num recipiente bata os ovos com o suco dos limões e adicione umas duas conchas do caldo quente e mescle bem. Jogue a mistura na panela, apague o fogo e misture bem até ficar homogêneo. Os ovos dão o aspecto cremoso e aveludado da sopa, mas não deixe cozinhar muito e talhar.
Sirva na hora com salsinha picada e mais limão, se desejar.