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Ceviche

Tem dias que de noite é assim.

Tem dias que de noite é assim. Eu adoro essa frase, meio sem graça e até meio boba. Mas ela carrega em si uma solução simples, tem o conformismo necessário para te fazer aceitar a passar por um dia como hoje e ainda terminar com um sorriso amarelo no rosto. 

Na verdade, nada muito grave aconteceu. Acho que foi mais o acúmulo de uma semana carregada, combinado ao final de ano e suas demandas habituais. Tinha marcado um encontro com amigas, já fazia algum tempo... Mas, no final, imprevistos, problemas, erros, desencontros, lua vazia, fizeram com que tivesse que ser cancelado às pressas, na última hora. Uma sensação de frustração acumulada, do tamanho dos 5 litros de sorvete estocados para o encontro no meu freezer.  

São coisas que acontecem, levar "bolo" faz parte da vida, eu até me divirto nesses momentos. Sério, dá vontade de chorar na hora, mas depois que passa o susto, tenho vontade de rir. Especialmente quando fico frustrada, faço bico, e olho para a cara do meu marido. Ele me trata como uma criança de 7 anos, me coloca no colo e a gente dá risada juntos. Às vezes eu sou meio besta mesmo. Afinal, nada como passar a semana toda fazendo sorvete, para receber convidados, e eles não aparecerem. Dificuldades como ter que comer litros de helado de dulce de leche ou de sorvete de chocolate extradark, fazem parte da minha lista de problemas prediletos, fáceis de serem solucionados.

Brincadeiras à parte, foi um dia difícil, e frustrante para todas nós. Uma ficou com meia dúzia de panetones artesanais na sacola, a outra com uma quiche de horas de preparação impecável, intocada e eu com litros de sorvete no freezer. Teve outra com o forno pifado e 10 bolos de encomenda para o dia seguinte, e outra com quilometros de revisão da tese de doutorado no email de última hora do chefe. Teve outra querendo pedir demissão por desentendimentos no trabalho. Teve também a que o marido não conseguiu buscar as crianças na escola, e por isso não conseguiu ir. E os desaforos que tive que ouvir de dois inquilinos meus? Foi um alinhamento celestial bizarro. Foi. Podia ter sido pior. Podia ter sido melhor. 

Só sei que foi assim. E, aquilo que não tem solução, solucionado está. Então, quando a poeira baixou, e eu me vi sozinha, decidi arrumar a mesa, comprar um peixe fresco, picar bastante cebola, pimenta e coentro e jogar tudo num balde de gelo. A vida me deu limões, decidi fazer um ceviche. Bem simples, mas ao mesmo tempo caprichado, fresquinho e especial. Abri uma cerveja para brindar. Afinal, se chorei ou se sofri, apesar de você, amanhã há de ser outro dia.

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Ceviche

para dois

  • 350g de peixe fresco (pode ser linguado, salmão ou tilápia)
  • 1/2 lata de milho verde
  • 1/2 cebola roxa
  • 01 pimenta dedo de moça
  • 01 limão
  • coentro
  • sal, pimenta do reino e azeite
  • gelo

Modo de Preparo

Pique a cebola, a pimenta e o coentro. Numa travessa para servir, coloque bastante gelo. Corte o peixe em cubinhos. Jogue sobre o gelo. Adicione os temperos picados e o milho. Tempere com limão, sal, pimenta do reino e azeite. Misture tudo. Sirva na hora.

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Filé de Tilápia com creme de cebola

Escrevi outro dia o quanto estou apaixonada pelo livro da Mimi Thorisson, o A Kitchen in France | A year of cooking in my farmhouse, pelas suas histórias, até mais que pelas suas receitas. Seu jeito envolvente de contar sua rotina simples e cheia de vida, me fazem querer ser uma pessoa melhor, só pelo fato de me inspirar em sua mesa de jantar. Incrivelmente, esse processo tem acontecido comigo, amadurecer a vida observando a vida dos outros. Entender meus próprios sonhos e limitações, através do compartilhar de histórias de outras pessoas.

Minha vida tem se preenchido desses pequenos agrados diários. De ler uma postagem nova de um blog que adoro e me emocionar com o autor. De reservar algumas horas do dia para comprar flores e montar um arranjo. De selecionar uma receita dentre minha pilha de livros e começar a separar os ingredientes. De assistir um capítulo do meu seriado predileto dessa semana, me envolver com a história e me apaixonar pelos personagens. São pequenas pausas entre uma correria e outra.

Essa receita foi extraída do livro da Mimi, graciosamente chamada de Parisian Sole. Fiz algumas adaptações, principalmente, pelo fato de não ter challots no Brasil, ou pelo menos, nunca ter encontrado. Usei também filé de tilápia, pois estavam lindos no mercado. Batatas para acompanhar. Foi um belo presente, no meio do dia, poder desfrutar desse prato em ótima companhia: eu mesma.

Filé de Tilápia com Creme de Cebolas | receita adaptada do livro A Kitchen in France

para 02 porções

  • 02 filés de tilápia (ou outro peixe branco como pescada ou st. peter);
  • 01 cebola grande;
  • 01 dente de alho;
  • 06 colheres de sopa de manteiga;
  • 02 colheres de sopa de azeite;
  • 1/3 de copo de creme de leite;
  • 1/3 taça de vinho branco;
  • ½ limão;
  • sal, pimenta do reino e salsinha
  • farinha de trigo para empanar

Tempere os filés com sal e pimenta. Cubra os com farinha para empaná-los. Numa frigideira esquente o azeite em fogo médio-alto e coloque 2 colheres da manteiga. Frite os filés até que estejem dourados. Seque-os em papel toalha para tirar o excesso de óleo.

Na mesma frigideira, coloque o restante da manteiga e frite a cebola e o alho picados. Doure por uns 5 minutos e junte o vinho branco e o limão. Refogue por mais uns 2 minutos e junte o creme de leite. Abaixe o fogo, mexa rápido e apague. Sirva o molho sobre o peixe e complemente com salsinha fresca picada. Acompanhe com batatas.

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