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Fusili com Anchovas e Tomate Seco

Versão incrementada do alho e óleo para um dia de fome no verão.

Depois de semanas nubladas, os dias tem amanhecido ensolarados, escurece no meio da tarde, cai uma chuva torrencial, daquelas tempestades com ventania. Troveja muito, as nuvens correm e volta a abrir o céu. A mata está bem verde, com flores por todos os cantos. Às vezes chove a noite também, quando a gente já está na cama, faz aquele barulhinho bom da água que bate no telhado.

Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco

Ontem, com o sol bem forte, desci para a cachoeira e tomei um banho gelado, mergulhando a barriga na água. Depois fiquei ali largada nas pedras quentes, secando o mofo da alma. Subi com menos fôlego, a barriga de 7 meses começa a pesar bastante e, já com o estômago roncando, fui decidida a comer um prato de macarrão.

Busquei o pacote de fusili e lembrei de uma receita dum programa de culinária gringo, que era tipo um alho e óleo, mas com anchovas e tomate seco. Tirei os frascos oleosos da geladeira, já salivando só de pensar na combinação que tinha ficado na vontade enquanto eu assistia o programa. Incrementei com bastante manjericão e ralei o pedaço de parmesão curado aqui da região (que é maravilhoso!) e foi um dos melhores pratos que eu poderia ter feito para saciar essa fome de verão. O Gabriel ainda colocou um gole de creme fresco, para suavizar os sabores e ficar tipo uma bagna càuda.


Faz dias que tenho acordado no meio de sonhos estranhos, misturando parte de histórias da minha vida; como se eu estivesse revisitando pessoas, vivências, dores, rancores e medos. Quase como uma catarse do inconsciente, limpando os lodos e rastros de memórias. Enquanto o tempo dela dentro de mim se encurta, desejo poder deixar um legado mais leve, de possibilidades alegres. Que até lá eu possa deixar de lado meus medos e ressignificar por ela tantas coisas que eu vivi até aqui.

Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco
Receita de Pasta com Anchovas e Tomate Seco

Fusili com Anchovas e Tomate Seco

  • Rendimento: 02 porções

  • Tempo de Preparo:

Ingredientes
  • 250g de fusili (ou qualquer outro macarrão que você prefira)
  • 2 dentes de alho picadinhos
  • 4 tirinhas de anchova
  • 1 colher de sopa do azeite das anchovas (à gosto)
  • 8 pedaços de tomate seco picados
  • folhas de manjericão
  • azeite
  • sal e pimenta do reino
  • queijo parmesão ralado para servir

Modo de Preparo
  1. Aqueça uma panela com água para cozinhar o macarrão. Quando começar a ferver, adicione um punhado de sal e misture. Coloque o macarrão para cozinhar conforme as isntruções do fabricante - eu deixei por 6 minutos.
  2. Escorra o macarrão e reserve.
  3. Numa frigideira, aqueça o azeite em fogo médio-alto, e um pouco do óleo de anchovas, junte os filetes de anchova. Vá amassando com uma colher para eles irem desmanchando.
  4. Adicione alho picadinho e refogue. Cuidado para não queimar.
  5. Junte os tomate secos.
  6. Adicione o macarrão escorrido e misture.
  7. Tempere com sal e pimenta do reino.
  8. Sirva a seguir com manjericão picado e queijo ralado à gosto.
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Talharim caseiro com molho de tomate com funghi

Dias de chuva.

Tem chovido todos os dias aqui na Serra, faz umas três semanas. Noé já teria construído sua barca e fugido daqui. Dias de lama, muitas nuvens e pouco Sol. Dá pouca vontade de sair de casa e eu me pego horas na janela, vendo a tempestade molhar, sem trégua, fazendo cascata pelo telhado. Apesar de gostar do barulho da chuva, não gosto de dias frios e úmidos - me dá preguiça além do usual, e eu tenho que fazer um esforço para seguir a vida. A sensação que eu tenho, é que o tempo fica numa pausa indefinida, enquanto goteja lá fora; ou a gente fica em espera, contendo a ansiedade, ou a gente sai por aí, com grandes chances de atolar no barro.

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Viver no mato é adaptar-se às forças da natureza: bruta, absoluta e instável. É manter os humores em baias e rédeas, apesar dela; é não sucumbir às suas variações, aos céus nublados, às tempestades perenes. É aceitar que tudo é cíclico, nada é para sempre, e poucas coisas estão, realmente, sob nosso controle. Minha vida mudou muito nesses onze meses, para além da troca de cenário: a rotina, as atividades, os tempos, meu contato comigo mesma, minha relação com o mundo. É desafiador, de uma estranheza tremenda, mas, ao mesmo tempo, uma verdade e crueza que jamais havia vivido antes. Eu sinto como se meus sentimentos estivessem todos os dias à flor da pele, e ao mesmo tempo, como se uma camada de casca grossa estivesse sendo sedimentada sobre mim.

Há uma reverência crescente que desenvolvo todos os dias por esse lugar. Mas há, em paralelo, a minha capacidade de tornar banal o cotidiano, de querer passar batido, de não se maravilhar ou de me esquecer do que estou a fazer aqui. É preciso manter o compromisso todos os dias, de lembrar e relembrar, das promessas, das bençãos de viver sobre as montanhas.


Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva

Não faz ruído senão com sossego.

Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva

Do que não sabe, o sentimento é cego.

Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar

(Nem parece de nuvens) que parece

Que não é chuva, mas um sussurrar

Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.

Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.

Chove longínqua e indistintamente,

Como uma coisa certa que nos minta,

Como um grande desejo que nos mente.

Chove. Nada em mim sente...

- Fernando Pessoa -


Essa receita é antiga, as fotos não são de agora, mas de alguns meses atrás. Ficou nos meus arquivos, decidi resgatar e publicar por aqui. Espero que gostem.


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Talharim Caseiro com Molho de Tomate com Funghi

Massa caseira e molho de tomate: nada pode ser mais reconfortante que um prato de talharim.

  • Rendimento: 2-3 pratos

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: massa, talharim

Ingredientes

para a massa

  • 250g de farinha
  • 2 ovos grandes
  • 2 colheres de água gelada (caso precise para dar ponto na massa)
  • pitada de sal

para o molho

  • 1/4 xícara de azeite de oliva
  • 1 cebola roxa média
  • 3 tomates grandes maduros
  • 70g de funghi
  • 1/2 xícara de vinho tinto
  • 2 colheres de sopa de açúcar
  • pitada de sal
  • orégano
  • pimenta do reino
  • queijo parmesão ralado para polvilhar

Modo de Preparo

para a massa

  1. Num bowl, ou numa bancada, faça uma montanha de farinha com um buraco no meio e quebre os ovos lá.
  2. Misture com as mãos, amassando bem, adicione o sal e sove por uns 10, 15 minutos. - Eu sovo por 5, depois coloco na batedeira com gancho para massas pesadas.
  3. Forme uma bola, cubra com plástico filme e guarde por uns 30 minutos na geladeira.
  4. Corte a massa em pedaços e amasse. Polvilhe farinha na massa a ser trabalhada, e passe pela máquina no nível zero (ou o primeiro nível). Depois de passar, dobre ao meio e passe de novo. Repita esse processo por umas cinco vezes.
  5. Vá aumentando (ou diminuindo) o grau da espessura (cada vez mais fino), para abrir a massa, até chegar ao 8 ou 9. - Se você não tem máquina, acredito que dê para abrir no rolo também, mas deve ser bem trabalhoso e exigir um pouco mais de habilidade.
  6. Depois de abrir uma tira retangular de massa, passe no cortador de talharim. Coloque a massa polvilhada com farinha para secar.
  7. Ferva uma panela de água para cozinhar o macarrão, com uma colher de sopa de azeite e sal.
  8. Quando ferver, coloque o macarrão e cozinhe por uns 3 minutos - a massa fresca fica pronta bem rápido, talvez antes disso.
  9. Escorra bem - eu costumo jogar um pouco de água fria para interromper o cozimento da massa.

para o molho

  1. Coloque o funghi numa tigela e acrescente água fervente até cobri-lo por inteiro (e mais um pouco), e deixe de molho por uns 30 minutos até que fique hidratado.
  2. Corte em pedaços grandes.
  3. Pique bem uma cebola e refogue-a numa frigideira com o azeite de oliva.
  4. Quando a cebola estiver dourada, adicione os tomates picados e o açúcar e cozinhe por mais uns 5 minutos.
  5. Junte o funghi, o vinho tinto e os temperos e refogue por mais uns 3 minutos.
  6. Sirva o molho sobre o talharim e polvilhe queijo parmesão ralado.
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Ravioli de acelga "argentina" e molho branco

Com muita noz moscada. E uma pitada de amor.

Hoje a postagem vai ser meramente culinária, sem muito o que contar da vida. No começo do ano, adquiri uma máquina de abrir massa caseira, ou pastalinda como diz o Gabriel. E desde então, tenho feito massa nos finais de semana, sempre que dá.

Se você me perguntar se não é muito trabalhoso, se não é mais prático comprar a massa pronta no supermercado, se não dá preguiça, eu vou te responder com um simples e sonoro NÃO!. (ok, ando assistindo demais "Alienígenas do Passado"- quem acompanha também, vai entender minha piada sem graça). Exceto pela última parte, a da preguiça, sim, às vezes dá. Mas no meu caso, as coisas mais banais me dão preguiça, então nesse caso, ela não é exclusiva do ato de fazer massa em casa.

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Cozinhar é um processo que dá trabalho. Dá para ser prática, comprar industrializados e enlatados para facilitar a vida, é claro. Não acredito que a gente precise fazer catchup caseiro em casa para comer o hambúrguer de carne de cordeiro gourmet artesanal. Mas quanto mais eu entro na onda de cozinhar em casa, eleger bons ingredientes, abrir mão dos conservantes e entender o sabor daquilo que é feito em outro ritmo, o ato da refeição também tem se tornado outro.

Gosto de cada etapa, da escolha dos temperos, das ervas; de selecionar os ovos na caixinha, de peneirar a farinha. Do improviso necessário em qualquer cozinha viva que se preze. Do ritual de amarrar o avental de linho, folhear livros de receita, montar a mesa com louças e talheres especiais. Não é só o sabor da massa caseira que é outro, o tempo dedicado e vivido durante o processo feito à mão transforma a cozinha num santuário muito particular, de cuidados e de amor.

Para deixar claro, não cozinho todos os dias em casa, muitas vezes o tempo é curto e corrido, com freqüência não me animo mexer nas panelas. Esse não é um incentivo a você comprar uma máquina de massa caseira, cultivar levain na geladeira, ou produzir seu próprio leite de sementes germinadas. Acredito que a vida é feita de fases, e assim a cozinha é também. Cada um tem o seu ritmo e sua disponibilidade. E em alguns momentos, um miojo de pacotinho ou uma pipoca de microondas fazem parte da vida cotidiana. Mas se você se sentir inspirado em passar algumas boas horas sovando, abrindo massa, e não se importar com farinha por todos os lados, voilà.

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O recheio do ravioli é feito de acelga "argentina". Não sei se tem outro nome aqui, mas nunca encontrei para comprar, algumas pessoas já me falaram que no Sul do país é mais fácil de achar. A acelga é verde escura e os talos são finos. Ou seja, não é aquela acelga branca (não entendo porquê tem o mesmo nome se são tão diferentes), nem aquela verde escura de talos largos.

Eu trouxe as sementes da Argentina, plantei no quintal de casa e ela dá fácil. Seu sabor é bem terroso, muito particular (confesso que no início eu não curtia muito; hoje eu adoro), e ela fica ótima refogada. Você pode substituir pela acelga que tiver, apesar que eu acho que a branca não tem muita similaridade. Nesse caso, eu acho que você pode substituir por espinafre que deve ficar bom também.

Quanto à massa, se você não se animar a fazer a sua, pode comprara a massa pronta fresca. Nunca vi no supermercado para comprar, mas talvez você encontre naquelas lojas/fábricas de massa caseira. A de lasanha (fresca!), deve servir para abrir no rolo também e usar.

Para o molho branco. Essa é a receita que eu gosto: com muita, mas muuuuuuuita noz moscada. E um queijo parmesão de boa qualidade para finalizar. Segue à risca os temperos que estão descritos na receita, e você não vai se arrepender.


Me animei e tomei coragem (e o trabalho) de fazer o meu primeiro vídeo, com essa receita. Não é bem vídeo com passo-a-passo de receita, é mais uma filmagem do processo de fazer a massa caseira. Ainda não ficou bem do jeito que eu gostaria (não digo isso para colher elogios!), mas também não ficou ruim. Se filmar, cozinhar e editar, tudo sozinha, não é tarefa fácil. Mas valeu a pena. Assiste, dá um like e me diz o que achou.


Ravioli de acelga "argentina" com molho branco

cerca 2 porções ou 24 raviolis

Para a massa

  • 200g de farinha branca peneirada

  • 02 ovos

  • 02 colheres de água fria (se necessário)

Para o recheio

  • 01 colher de sopa de manteiga

  • 08 folhas de acelga com o talo

  • 01 cebola pequena

  • 01 colher de sopa de shoyu

  • 01 colher de sopa de açúcar

  • noz moscada ralada

  • 1/4 xícara de creme de leite

Para o molho

  • 01 colher de sopa de manteiga

  • 1/2 cebola

  • 02 xícaras de creme de leite

  • 1/2 xícara de água quente

  • 01 colher de sopa de maisena

  • 1/2 colher de sopa de açúcar

  • sal e pimenta a gosto

  • muita noz moscada ralada

  • queijo parmesão para ralar

 

Modo de Preparo

Para a massa

Num bowl, ou numa bancada, faça uma montanha de farinha com um buraco no meio. Quebre os ovos lá. Misture com as mãos, amassando bem, e sove. Sove por uns 10, 15 minutos. Eu sovo por 5, depois coloco na batedeira com gancho para massas pesadas. Forme uma bola, cubra com plástico filme e guarde por uns 30 minutos na geladeira.

Corte a massa em pedaços e amasse. Polvilhe farinha na massa a ser trabalhada, e passe pela máquina no nível zero (ou o primeiro nível). Depois de passar, dobre ao meio e passe de novo. Repita esse processo por umas cinco vezes. Depois vá aumentando (ou diminuindo) o grau da espessura (cada vez mais fino), para abrir a massa, até chegar ao 8 ou 9. Se você não tem máquina, acredito que dê para abrir no rolo também, mas deve ser bem trabalhoso e exigir um pouco mais de habilidade.

Para o recheio

Pique bem a cebola e a acelga em tirinhas (inclusive o talo). Refogue a cebola na manteiga, até dourar bem. Acrescente o açúcar. Quando estiver caramelizada, junte a acelga e o shoyu. Refogue até as folhas murcharem, acrescente o creme de leite. Misture e apague o fogo. Rale bastante noz moscada por cima (bastante!). Deixe esfriar.

Para o molho

Refogue a cebola (bem picadinha) na manteiga até dourar. Abaixe o fogo e junte o creme de leite e misture. Numa tigela misture a maisena na água quente até dissolver. Adicione ao molho e misture bem, em fogo baixo até começar a engrossar. Acrescente o açúcar e misture bem. Tempere com sal, pimenta do reino, e muita, mas muita noz moscada.

Para os raviolis

Jogue farinha sobre a fôrma de ravioli e disponha a massa aberta. Preencha com uma colher de chá do recheio, cada cavidade. Cubra com outra parte da massa, vá acomodando e aperte para sair o ar. Passe o rolo para cortar, retire os excessos e desenforme. Polvilhe farinha por cima de tudo. 

Você pode fazer sem o molde também, abrindo a massa numa bancada com farinha. Vá colocando em fileiras espaçadas os montinhos, deixando uns 5cm de distância entre um e outro. Acomode outra parte da massa por cima, e vá cortando com o cortador os quadradinhos.

Numa panela com água fervente, um punhado bom de sal (lembre-se que a massa não vai sal!) e azeite, coloque os raviolis e cozinhe por uns 5-7 minutos. Retire e escorra. Coloque o molho branco. Rale mais noz moscada por cima. Sirva com queijo ralado parmesão.

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Fusilli al limone, Cartas Amarelas e saudade

Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão feliz quanto receber uma carta. O envelope destinado a mim, o desenho do selo carimbado, a caligrafia pessoal. 

Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão feliz quanto receber uma carta. O envelope destinado a mim, o desenho do selo carimbado, a caligrafia pessoal. Abria com todo cuidado e, meu dia ou minha semana estava feita, lendo aqueles parágrafos que diminuíam aumentavam a saudade pelo remetente e, certamente, aqueciam o coração. Hoje, com os celulares, emails, chats e whatsapps, a comunicação é mais direta; fala se muito, conversa-se pouco. Nem vou começar a cair de pau na tecnologia, como se ela fosse a grande vilã, responsável pelo fim das cartas de papel e toda fabulosidade envolvida. Mas que dá uma saudade, isso dá.

Por quase 2 anos, minha mãe viveu no Japão, durante minha pré-adolescência. Foram anos difíceis, para eu e meus irmãos que ficamos, para meu pai que teve que cuidar da gente. Minha mãe foi trabalhar, e imagino que para ela tenha sido mais penoso ainda, deixar a gente pequenos, longe, do outro lado do planeta. Difícil não pensar nessa época e não ficar com um nó na garganta e com o peito apertado e chorar um pouco. Nessa época, a saudade se tornava menos insuportável com as correspondências quinzenais, às vezes mensais, que a gente se escrevia. Não guardei aquelas postagens, não sei o porquê, coisa que me arrependo.

O Natal também era época de trocar cartas. Escolher quais cartões enviar,  para quem, canetinhas coloridas… Em volta da árvore, a gente deixava todos os cartões recebidos - e eram tantos! -, para mostrar o quanto a gente era amado e queridos pelos amigos e familiares. Havia muito amor envolvido nessa troca. As correspondências conectavam a gente na tristeza e também na alegria, mas numa camada mais profunda de afeto, eu acho. Porque você pode reler, reinterpretar e moldar o tempo; dá tempo da leitura quase se encaixar com as sensações.

Em Cartas Amarelas, de Gui Poulain, é quase palpável a quantidade de amor que se transborda em páginas e páginas de cartas. Alternadas com receitas e ilustrações igualmente mergulhadas em carinho, sem o rótulo de livro de cozinha, porque ele serve de cabeceira também, cheio de poesia.

“A saudades algumas vezes dói, é verdade. No fundo tenho é pedido menos preto no branco. Falado menos objetivamente. Calado mais. Utilizado de olhares e sorrisos e palavras soltas, assim, sem nenhuma agenda maior.

Não quero mais pressa de nada. Na verdade, existe é uma vontade enorme de guardar as coisas boas. Não esgotar todos os dias bons. E quando eu falo o que penso com todas as palavras, faço questão que o assunto não se resolva ali na hora.

Pra fazer a sensação durar.”

{ Gui Polain, p. 127, em Cartas Amarelas }

Como não amar? Como não querer pegar um lápis e uma folha em branco e escrever sem destino certo.

A receita? Então, querido amigo, um penne al limone, adaptada para um fusilli que era o pacote que eu tinha aberto em casa. Como ficou? Muito afeto, servido num prato.

Fusilli al limone | receita adaptada do livro Cartas Amarelas

02 porções

  • 250g de fusilli ou penne
  • 200ml de creme de leite
  • 200g de queijo parmesão ralado
  • 02 limões
  • ½ cebola
  • noz moscada, sal, pimenta do reino e azeite
  • 01 colher de sopa de manteiga

Coloque água para ferver com sal e um fio de azeite, o suficiente para cozinhar o macarrão. Quando começar a ferver, coloque o macarrão e cozinhe segundo as instruções do fabricante.

Numa panela derreta a manteiga com um pouco de azeite em fogo médio alto. Jogue a cebola bem picadinha e doure bem. Jogue o suco dos limões e quando começar a ferver, junte o creme de leite, as raspas dos limões e o queijo ralado. Esquente, mas não deixe ferver. Junte o macarrão escorrido, misture bem, e retire do fogo. Tempere com sal, pimenta do reino e bastante noz moscada ralada. Sirva com mais queijo se desejar.

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Linguine com camarão e abobrinha do Ritz

Receita muito especial.

Esta receita, para mim, é daquelas que me fazem salivar só de pensar. Daquelas prediletas, quando você vai ao restaurante, vasculha todo cardápio, dá uma disfarçada, mas sempre pede o mesmo prato. No entanto, foi só há algumas semanas, que procurando pela receita na internet, encontrei ela publicada pelo Estadão, receita original da chef Maria Helena Guimarães, do Ritz.

Tenho a alegria de, em São Paulo, morar bem em frente de um, e poder atravessar a rua para comer lá. Mas adorei poder fazer eu mesma um prato requintado, que na verdade é simples e fácil de se preparar. Para receber amigos e curtir em casa, é uma ótima sugestão. O único trabalho é cortar os legumes em julianne, bem fininhos, conforme o prato original.

Linguine com camarão e abobrinha | receita original do Ritz

serve 2 porções

  • 200g de linguine;
  • 02 colher de sopa de manteiga;
  • 02 cebolas pequenas em tiras finas;
  • 01 abobrinha pequena em tiras finas;
  • 01 cenoura pequena em tiras finas;
  • 300g de camarões médios marinados em sal e azeite;
  • ½ limão (suco);
  • ½ xícara de creme de leite;
  • 4 colheres de sopa de parmesão ralado; e
  • pitada de sal, pimenta caiena e salsinha.

Deixe os camarões marinando em sal e azeite por pelo menos 1 hora. Cozinhe a massa na água fervente com sal e azeite por 10 minutos e escorra.

Corte os legumes em à julianne, bem fininhos. Numa frigideira, derreta a manteiga, junte a cebola e a cenoura e cozinhe em fogo baixo por 2 minutos. Coloque a abobrinha e siga cozinhando por mais uns 3 minutos. Aumente o fogo para médio e adicione os camarões, o suco de limão, sal, pimenta e mexa bem. Quando o camarão mudar de cor, coloque o creme e o parmesão. Mexa rápido e junte a massa al dente, misture e sirva. 

*Na receita original, vai o dobro de creme de leite, então depois de colocá-lo, reduza um pouco no fogo… Eu prefiro ele com menos creme e mais sequinho.

Coloque salsinha picada por cima.

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Macarrão com ervilhas, hortelã e wasabi

Receita do What Katie Ate.

Tem uma francesa que mora comigo, a Marianne, que janta diariamente macarrão. Ela chega em casa, enche a panela de água, coloca no fogo e vai tomar banho. Todo santo dia!

Segundo ela, macarrão é sua comida conforto, além de, é claro, ser muito prático de se fazer. No final ela só joga um pedaço de manteiga, rala um queijo francês por cima e pronto. De vez em quando ela varia e faz um molho mais especial, dependendo do seu grau de ânimo.

Bom, não tenho a menor intenção de fazer como a Marie, acho na verdade uma loucura toda essa história, não me canso de falar para ela. Mas sim, de vez em quando você não quer nada além de uma boa pasta no seu prato, e feito de um jeito bem simples.

Esse final de semana foi assim. Um pacote de ervilhas lá da quitanda do Edson, manteiga, hortelã e… wasabi! A receita vem da Katie de seu livro Quando Katie Cozinha e, garanto que, esse prato vai confortar o seu dia.

Fotos: Luiza Melo

Macarrão com Ervilhas, hortelã e wasabi | receita original do livro Quando Katie Cozinha

  • 300g de macarrão talharim;
  • 02 xícaras de ervilha fresca;
  • 100g de manteiga;
  • um punhado de hortelã;
  • ½ colher de chá de wasabi (raiz forte); e
  • sal, pimenta do reino e azeite.

Coloque a água para ferver numa panela (quantidade que cubra a pasta) e jogue um pouco de sal. Quando começar a ferver, coloque o macarrão, abaixe o fogo e deixe fervendo pelo tempo indicado no pacote (geralmente no caso do talharim, 9 minutos).

Numa panela pequena, também coloque água para esquentar. Quando começar a ferver, abaixe o fogo, coloque as ervilhas, e deixe-as fervendo por 1 minuto e meio (se as ervilhas estiverem congeladas, deixe por 3 minutos).

Num recipiente, junte a manteiga, o wasabi, sal, pimenta, e o hortelã picado. Depois de escorrer as ervilhas, jogue-as no recipiente, misture bem e por final, jogue tudo sobre o macarrão escorrido com um pouco de azeite. Complemente com queijo parmesão ralado se preferir. Voilà!

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