Cheesecake "Queimado" com calda de amora e chantilly
Uma tentativa de um Burnt Basque Cheesecake natalino.
Quando criança, eu amava o final do ano, e a época do Natal. Era por causa das férias escolares, dos presentes aninhados sob a árvore enfeitada. Era também por montar a árvore de Natal - minha mãe tinha uma feita de suporte de arame com papel verde escuro, bolas de vidro vermelhas, e luzes pisca-pisca. Era pela relação afetiva com a comida farta na mesa, num momento íntimo de celebração com minha família. As músicas, o jingle bell, o papai noel, e todo clichê distribuído pela overdose de luzes, me traziam uma sensação de felicidade instantânea, numa euforia de ver o ano terminar para começar um novo.
Hoje, se eu pensar bem, eu continuo a adorar essa data justamente pela reconexão dessas memórias sensoriais que me trazem o conforto familiar da lembrança. Até hoje eu tenho uma mania estranha de colocar músicas natalinas para me animar em qualquer época do ano (pessoa estranha sim, prazer!).
Mesmo quando passo essa data longe da família, sem presentes ou grandes celebrações, essa período me convida a entrar numa espiral de acolhimento dessas recordações; a desacelerar para realmente me recolher do mundo. Busco estórias que me reconectem com camadas mais profundas.
Fim de ano também não deixa de ser uma transição e um fim de ciclo: parar para medir os feitos e não-feitos do ano que já se vai, e se preencher de satisfação por ter tentado seu melhor.
Esse ano trago essa receita, além de verdades: foi uma tentativa de uma “Burnt Basque Cheesecake” que, apesar de não ter ficado tão queimado como deveria (por conta do forno que não está regulando bem a temperatura), ficou uma delícia. Incrementei com chantilly e calda de amoras. Montei uma mesa com uma decoração improvisada para uma celebração singela do Natal.
Uma receita que tem leveza e densidade traduzidas numa cremosidade única. Ainda assim, uma receita simples para brindar uma noite de Natal de conforto e nostalgia.
Acabo de estrear um canal no Youtube, e devo compartilhar por lá vídeos de receitas e de cenas cotidianas por aqui. O cheesecake foi a estrela do vídeo. Espero que você me acompanhe por lá também.
Cheesecake "Queimado" com calda de amora e chantilly
Tentativa de um Burnt Basque Cheesecake que ficou delicioso.
Rendimento: 8-10 porções
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: sobremesa
Ingredientes
para o cheesecake
- 450g de cream cheese
- 2/3 de xícara de açúcar cristal
- 1 colher de sopa de extrato de baunilha
- 4 ovos
- 3/4 de xícara de creme de leite fresco
- 1/4 de xícara de farinha de trigo
para a calda
- 200g de amoras
- 1/3 de xícara de açúcar cristal
- suco de 1 limão
para o chantilly
- 200ml de creme de leite fresco
- 4 colheres de sopa de açúcar refinado
Modo de Preparo
para o cheesecake
- Na batedeira, junte o cream cheese, açúcar e baunilha e bata bem por uns 3 minutos até virar um creme homogêneo e fofo.
- Adicione os ovos e bata apenas até incorporar.
- Junte o creme de leite e misture rapidamente.
- Por último, junte a farinha e bata apenas até incorporar.
- Numa fôrma redonda de aro removível (a minha tem 18 cm) passe manteiga e forre com papel manteiga (círculo no fundo e uma tira nas laterais).
- Despeje a massa líquida na fôrma e leve para assar em forno pré-aquecido a 250C graus.
- Asse por uns 20 minutos vá observando que a massa esteja escurecida, e diminua a temperatura para 180C graus e asse por mais uns 20 minutos.
- Quando perceber que a massa está firme por dentro (não fure!) pode retirar do forno.
- Deixe esfriar e leve à geladeira por umas 5 horas. Sirva com a calda e o chantilly.
para a calda
- Coloque os ingredientes numa panelinha e leve ao fogo médio.
- Deixe ferver, misturando de vez enquando, até espessar.
- Retire do fogo e deixe esfriar.
para o chantilly
- Bata o creme com o açúcar até virar chantilly. Cuidado para não bater demais e ele virar manteiga!

Mini pavlovas com frutas vermelhas
Assadas por mim!
Ainda, e mais da Nova Zelândia. Das sobremesas típicas que tive o prazer de degustar durante minha viagem, uma delas foi a pavlova. Uma espécie de bolo feito de suspiro, com creme batido e frutas. Já até publiquei uma versão dela por aqui, mas na ocasião, havia comprado um pacote de suspiros e montado a sobremesa num copo. Relatei minha falta de destreza em assar os suspiros naquele post.
Desta vez, no entanto, depois de voltar de viagem, e ter aprendido por lá os truques e manhas com um querido amigo kiwi, o Alec; afinal, controvérsias à parte, os neozelandeses se consideram inventores da sobremesa, então nada melhor do que aprender com eles!… Consegui finalmente assar meus merengues com louvor (e muita paciência! - porque o forno aqui de casa não é lá essas coisas). Vai muita clara, aviso. Mas como tive algumas produções de sorvete excedentes, uma delas de sambayón (ainda publico um dia a receita aqui!) as gemas tiveram bom uso também, e você pode encontrar seus próprios bons motivos em ótimas receitas* que levam só gemas, te garanto :).
*uma ótima sobremesa para se utilizar justamente a quantidade de gemas descartadas desta receita é a baba de moça, veiculada no programa desta semana pela musa do Panelinha, Rita Lobo.
Quando vi a receita da Nigella, em miniaturas, achei que seria uma ótima maneira de tentar novamente assar os discos, sem me arriscar num tamanho maior. O resultado foi comemorado (com direito a soquinhos no ar de alegria!), pois além de deliciosas, ficaram belas demais. E aí está mais uma coisa que adoro na cozinha. Não acertar de primeira, nem de segunda (e às vezes, no meu caso, nem de terceira), mas mesmo assim, continuar a tentar. Afinal, desafios são para isso, não?
Mini Pavlovas com frutas vermelhas | versão original da Nigella
18 porções
- 10 claras;
- 500 g de açúcar;
- 04 colheres de chá de maizena;
- 01 colher de sopa de baunilha;
- 02 colheres de chá de vinagre de vinho branco;
- pitada de sal;
- 500g de creme de leite fresco; e
- framboesas, mirtilos e amoras para enfeitar.
Bata as claras em neve com o sal até que façam picos, mas não fiquem rígidas. Neste ponto, vá acrescentando aos poucos o açúcar, até que os merengues atinjam um um brillho acetinado.
Acrescente a maizena, a baunilha e o vinagre por cima e misture tudo suavemente. Forre as fôrmas com papel manteiga. Faça círculos de uns 10 cm de diâmetro. Para cada círculo eu utilizei mais ou menos umas 3 colheres de sopa do merengue bem cheias. Pode deixá-las desiguais que dá um charme.
Leve para assar num forno pré-aquecido à 180 graus por mais ou menos 1 hora. Dicas: Fique de olho para não queimar. Quando começar a dourar, você apaga o forno e deixa a assadeira lá dentro mesmo até esfriar. Um truque é fazer a noite, depois que apagar o forno, deixá-lo de um dia para o outro. Segundo o Alec, o segredo é cozinhar bem lentamente, com a temperatura mínima. Quanto mais tempo no forno, mais ressecada e com consistência de suspiro crocante. Quanto menos, você terá um “puxa-puxa” tipo marshmallow.
Bata o creme de leite com umas duas colheres de sopa de açúcar, até virar chantily. Sirva por cima e na hora sobre os merengues frios. Coloque as frutas por cima de tudo.
De lamber os beiços e sorrir com os olhos. Achei que a sobremesa tinha a cara da primavera, não sei o porquê… Bem-vinda seja.
Copos de Pavlova com amoras
Nem toda sobremesa bonita e gostosa precisa de horas no fogão ou de destrezas de patisserie… Com alguns ingredientes chave na despensa ou guardados no congelador, requere-se apenas que você capriche na apresentação ou use de sua criatividade na hora montá-la.
Essa sobremesa é assim. Na verdade, se você quiser se dedicar a fundo, pode sim fazer melhor e assar seu próprio disco de merengue, até ele virar um suspiro perfeito. Eu confesso que já me aventurei algumas vezes e o resultado foi sempre uma decepção, depois de horas gastadas no forno. Isso não quer dizer que não vou continuar tentando, mas também é possível optar pela alternativa mais simples: a de comprar o suspiro pronto.
Na argentina, a pavlova, é bem comum. As confeitarias costumam vender discos grandes e médios de suspiro para você montar em casa a sua sobremesa. Minha sogra mesmo, me ensinou a receita com morangos ou pêssegos em lata. Aqui, é mais fácil você encontrar os suspiros em pacote, então, o jeito é fazer dessa forma aqui.
Pavlova de amoras cups
para 2 taças grandes
½ pacote de suspiros
2 colheres de sopa de geléia de frutas vermelhas
1 xícara de amoras (pode ser das congeladas)
1 copo de creme de leite batido (com pouco açúcar!)
Quebre os suspiros para a base, na taça a ser servida. coloque um pouco de amoras, depois geléia e por fim o creme batido. Vá fazendo camadas alternadas dos ingredientes, até finalizar com as amoras. Na verdade, você pode montar na ordem que quiser, se for servir dessa forma em copos.
O importante é você preparar na hora de servir, para que o suspiro não umedeça e perca a crocância. Voilà!
Produção e Edição: Dona da Casa! Fotos: Luiza Melo