Serra Grande, BA: lugares para visitar
Foram 20 dias visitando a Bahia, mais especificamente Serra Grande (que fica entre Ilhéus e Itacaré - e que pertence à Uruçuca). Eu tinha conhecido esse lugar em 2015 e me surpreendi como essa pequena vila se desenvolveu de uma maneira tão bonita.
Além das belas praias típicas do cenário do Sul da Bahia, esse local singelo conta com uma pracinha que é onde a vida comunitária pulsa, sempre com atividades que promovem o convívio entre as crianças, restaurantes incríveis (para todos os bolsos e gostos) e lugares acolhedores para se hospedar.
Considere incluir Serra Grande no seu próximo roteiro de viagem, caso vá para Bahia.
Cantinhos para Comer
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Ceia de Natal: Risoto de Arroz Negro, Cogumelos Salteados e Salada de Feijão Branco
Dezembro, lá vem o Natal. Receitinhas leves e vegetarianas para um jantar natalino nos trópicos.
Dezembro, lá vem o Natal. Não teremos neve autolimpante, nem aromas das ceias em frascos, mas como Nina Horta já previa em seu natal do futuro, muitos vamos viver reuniões em família por videoconferência, sabe se lá por quanto tempo mais, cada um no seu canto - o que evita também as chances de brigas familiares durante a ceia, especialmente num ano já conturbado pela eleição.
Mas mesmo em meio a tantas notícias ruins, essa época me inspira e eu me animo a me alienar com os enfeites, a playlist, os drinks, o cardápio, os presentes. O Natal sempre renova minhas esperanças, de esperar pelo melhor para o próximo ano. E por carregar em meu ventre um serzinho que ganha todo dia um espaço a mais na minha barriga, entre empurrões e chutes entre minhas vísceras, eu me obrigo a pensar que esse também vai um natal único para mim. Eu penso nos rituais e tradições que vou querer viver com ela pelos próximos anos: o de tentar transmitir esse sentimento de esperança que desponta no natal, mais do que meu pessimismo usual que reina durante o resto do ano.
Em minha sugestão para um cardápio festivo, para esse ano, pensei em algo leve, vegetariano, mas ainda assim colorido e com certa sofisticação. Nada de forno, pois estamos nos trópicos, não precisamos acalorar ainda mais a cozinha assando um peru gigante por horas a fio - ainda que levo boas lembranças suadas e abafadas do cheiro de assado impregnando o dia 24.
O risoto negro fica com um sabor delicioso e combina finamente com os cogumelos (que ficam prontos em poucos minutos) salteados numa frigideira. A salada de feijão branco é uma sugestão para colorir o prato, e contrastar com o arroz. Coloquei ainda uma possibilidade de entrada: melão com molho rosé - eu sempre comi essa entrada na Argentina e no calor ela é perfeita. O sorvete de flocos fico devendo, ele vai entrar no e-book de receitas de sorvete caseiros, que sai ainda nesse verão.
Risoto de Arroz Negro
Sugestão leve e vegetariana para um jantar natalino nos trópicos
Rendimento: para 2 pessoas
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: prato principal
Ingredientes
- 190g de arroz negro
- 4 xícaras de água
- 4 xícaras de caldo de legumes (pode ser de carne se preferir)
- 1 xícara de vinho branco
- 1/2 cebola roxa picada
- 2 colheres de sopa de azeite
- sal e pimenta do reino a gosto
Modo de Preparo
- Coloque o arroz com a água para ferver por uns 20 minutos e escorra bem.
- Numa panela, refogue a cebola no azeite em fogo médio-alto por uns 3 minutos.
- Junte o arroz e misturando sempre por uns 2 minutos.
- Adicione o vinho branco e continue mexendo até evaporar o álcool (por uns 2 minutos).
- Tempere com sal e pimenta do reino.
- Junte o caldo, misture e deixe cozinhando até secar a água - mas não deixe secar todo, queremos que ele fique com aquela consistência de risoto.
- Sirva a seguir.
Cogumelo Paris Salteado
Fácil e extremamente saboroso.
Rendimento: para 2 pessoas
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: prato principal ou acompanhamento
Ingredientes
- 8 cogumelos paris limpos (limpe com um guardanapo)
- 2 colheres de sopa de manteiga
- 1 dente de alho
- 2 colheres de sopa de molho shoyu
- 2 colheres de sopa de vinagre balsâmico
- salsinha picada
Modo de Preparo
- Numa frigideira, em fogo médio alto, coloque a manteiga.
- Assim que derreter, junte o alho e refogue rapidamente - cuidado para não queimar.
- Adicione os cogumelos e deixe que doure bem (não mexa muito, só vire para dourar dos dois lados).
- Adicione o shoyu e o vinagre, e tampe a frigideira para abafar (por uns 30 segundos).
- Apague o fogo, salpique a salsinha e sirva a seguir.
Salada de Feijão Branco
Refrescante e ácida, ótima para o verão.
Rendimento: para 2 pessoas
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: prato principal ou acompanhamento
Ingredientes
- 200g de feijão branco (demolho por 8 horas, trocando a água umas 2x durante esse período)
- 5 xícaras de água
- 1 folha de louro
- 1/2 cebola roxa picadinha
- 1/2 pimentão vermelho picadinho
- 1/2 tomate picadinho
- sal, pimenta do reino, pimenta calabresa, orégano e salsinha a gosto
- 4 colheres de sopa de vinagre de maçã
- 4 colheres de sopa azeite
Modo de Preparo
- Cozinhe o feijão branco na água com a folha de louro, na panela de pressão. Assim que chiar, conte 20 minutos.
- Apague o fogo e retire a pressão da panela. Escorra o feijão e passe pela água fria para interromper o cozimento.
- Adicione legumes picados, os temperos, vinagre e azeite.
- Misture bem e leve à geladeira por umas 2 horas.
- Sirva gelado.

Cheesecake "Queimado" com calda de amora e chantilly
Uma tentativa de um Burnt Basque Cheesecake natalino.
Quando criança, eu amava o final do ano, e a época do Natal. Era por causa das férias escolares, dos presentes aninhados sob a árvore enfeitada. Era também por montar a árvore de Natal - minha mãe tinha uma feita de suporte de arame com papel verde escuro, bolas de vidro vermelhas, e luzes pisca-pisca. Era pela relação afetiva com a comida farta na mesa, num momento íntimo de celebração com minha família. As músicas, o jingle bell, o papai noel, e todo clichê distribuído pela overdose de luzes, me traziam uma sensação de felicidade instantânea, numa euforia de ver o ano terminar para começar um novo.
Hoje, se eu pensar bem, eu continuo a adorar essa data justamente pela reconexão dessas memórias sensoriais que me trazem o conforto familiar da lembrança. Até hoje eu tenho uma mania estranha de colocar músicas natalinas para me animar em qualquer época do ano (pessoa estranha sim, prazer!).
Mesmo quando passo essa data longe da família, sem presentes ou grandes celebrações, essa período me convida a entrar numa espiral de acolhimento dessas recordações; a desacelerar para realmente me recolher do mundo. Busco estórias que me reconectem com camadas mais profundas.
Fim de ano também não deixa de ser uma transição e um fim de ciclo: parar para medir os feitos e não-feitos do ano que já se vai, e se preencher de satisfação por ter tentado seu melhor.
Esse ano trago essa receita, além de verdades: foi uma tentativa de uma “Burnt Basque Cheesecake” que, apesar de não ter ficado tão queimado como deveria (por conta do forno que não está regulando bem a temperatura), ficou uma delícia. Incrementei com chantilly e calda de amoras. Montei uma mesa com uma decoração improvisada para uma celebração singela do Natal.
Uma receita que tem leveza e densidade traduzidas numa cremosidade única. Ainda assim, uma receita simples para brindar uma noite de Natal de conforto e nostalgia.
Acabo de estrear um canal no Youtube, e devo compartilhar por lá vídeos de receitas e de cenas cotidianas por aqui. O cheesecake foi a estrela do vídeo. Espero que você me acompanhe por lá também.
Cheesecake "Queimado" com calda de amora e chantilly
Tentativa de um Burnt Basque Cheesecake que ficou delicioso.
Rendimento: 8-10 porções
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: sobremesa
Ingredientes
para o cheesecake
- 450g de cream cheese
- 2/3 de xícara de açúcar cristal
- 1 colher de sopa de extrato de baunilha
- 4 ovos
- 3/4 de xícara de creme de leite fresco
- 1/4 de xícara de farinha de trigo
para a calda
- 200g de amoras
- 1/3 de xícara de açúcar cristal
- suco de 1 limão
para o chantilly
- 200ml de creme de leite fresco
- 4 colheres de sopa de açúcar refinado
Modo de Preparo
para o cheesecake
- Na batedeira, junte o cream cheese, açúcar e baunilha e bata bem por uns 3 minutos até virar um creme homogêneo e fofo.
- Adicione os ovos e bata apenas até incorporar.
- Junte o creme de leite e misture rapidamente.
- Por último, junte a farinha e bata apenas até incorporar.
- Numa fôrma redonda de aro removível (a minha tem 18 cm) passe manteiga e forre com papel manteiga (círculo no fundo e uma tira nas laterais).
- Despeje a massa líquida na fôrma e leve para assar em forno pré-aquecido a 250C graus.
- Asse por uns 20 minutos vá observando que a massa esteja escurecida, e diminua a temperatura para 180C graus e asse por mais uns 20 minutos.
- Quando perceber que a massa está firme por dentro (não fure!) pode retirar do forno.
- Deixe esfriar e leve à geladeira por umas 5 horas. Sirva com a calda e o chantilly.
para a calda
- Coloque os ingredientes numa panelinha e leve ao fogo médio.
- Deixe ferver, misturando de vez enquando, até espessar.
- Retire do fogo e deixe esfriar.
para o chantilly
- Bata o creme com o açúcar até virar chantilly. Cuidado para não bater demais e ele virar manteiga!

Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke, numa tarde com café
Numa tarde ensolarada de outono.
É sempre muita história para contar: ela da sua viagem mais recente - dessa vez para Suécia e Dinamarca -, eu sobre meus perrengues na roça. A gente sempre dá muita risada, fazemos planos para dominar o mundo, tem sempre comida no meio, bebemos demais e terminamos com preguiça no final. E se lembra, que o melhor da vida são esses momentos.
Nossa amizade começou por aqui, virtualmente. Na época, 4 anos atrás, ela tinha um blog de cozinha e viagens. Gostei de cara do que ela escrevia, e comentei: “dá vontade de ser sua amiga". E foi assim que a gente se identificou, logo de cara. Ela veio para casa, contou da sua vida, e eu da minha. Passamos um café e criamos um ritual.
Nem sempre é bonito como nessas fotos. Às vezes tem pizza fria de boteco, pipoca com cerveja, geladeira vazia, bolo de supermercado. Ontem, foi banquete feito na hora; enquanto ela contava as novidades suecas, abria com desenvoltura a massa da quiche, fritava o bacon na frigideira, e batia os ovos com creme. Eu ouvia sentada na bancada da cozinha, preparando a câmera para fazer fotos, ajustando o tripé de pata quebrada. Brindamos com espumante gelado, afinal, também esbanjamos riqueza quando podemos.
A gente ri das nossas diferenças - que não são poucas - eu chamo ela de louca, ela me chama de preguiçosa. Enchemos mais uma taça, porque não temos tempo a perder.
Pedi a receita da quiche, ela me olhou torto, afinal, nunca mede as quantidades e faz tudo no olho. Mas foi só eu postar foto ontem, que já teve gente pedindo receita. Então ela fez o favor de compartilhar. Toma lá a receita da Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke Noda.
Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke Noda
Você pode utilizar a mesma massa para outros recheios como cebola, presunto e queijo, cenoura ralada, etc.
Rendimento: 06 porções
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: torta, quiche
para a massa
- 180g de farinha de trigo
- 80g de manteiga com sal
- aproximadamente 1 ovo - não coloca o ovo todo, apenas o suficiente para dar liga - ou água gelada
para o recheio
- 3 ovos
- A mesma medida dos ovos de creme de leite
- 1 abobrinha
- bacon (opcional)
- 50g queijo meia cura
- Sal, pimenta do reino e noz moscada
para a massa
- Juntar a farinha com a manteiga e faz tipo uma farofa.
- Adiciona o ovo ou a água para “grudar” tudo.
- Faz uma bola com a massa, enrola com papel filme e deixa na geladeira uns 15 minutos
- Abre a massa com um rolo, coloque numa forma (essa medida é para forma de 25cm), fure a massa com um garfo e leve ao forno por 15 minutos a 180°C.
para o recheio
- Numa frigideira doure rapidamente o bacon. Reserve.
- Bater com um fouet os ovos, acrescenta o creme de leite, bater até ficar homogêneo.
- Tempere a gosto com sal, pimenta e noz moscada.
- Adicione o queijo meia cura ralado e o bacon.
- Fatie as abodrinhas com uma mandolina ou corte o mais fino que você conseguir.
- Despeje os ovos batidos na massa e coloque as rodelas de abobrinha.
- Leve para o forno a 220°C, já pré aquecido, por uns 20 minutos ou até dourar.
- Sirva morna ou fria.

Sobre a tristeza que me acompanha
Um mundo sem Kate Spade e Anthony Bourdain.
Eu estava ensaiando há algumas semanas escrever sobre o lado B do mundo cor-de-rosa que aparece no meu feed do instagram e aqui no blog. Só que as palavras não vinham, ficava tudo meio pesado, talvez íntimo demais para escrever e deixar público. Eu preferi não escrever, esperar essa sensação ruim passar, já que não chegava a ser uma depressão, eu venho levando a vida, pode-se dizer numa boa, alguns dias mais arrastados, outros tirando de letra. Mas o fato é que não havia motivo tão grave para justificar essa angústia que às vezes aparece, uma tristeza que me acompanha desde criança, e que eu fui aprendendo a conviver e estar no mesmo recinto em que ela.
E aí, vieram as notícias, primeiro Kate Spade, em seguida Anthony Bourdain. Talento, sucesso, filhos jovens. Tinham tudo e mesmo assim optaram por tirar suas vidas. Fiquei em choque, fiquei triste, meu coração se aninhou. Queria entender o que se passou, quais motivos, razões. E, ao mesmo tempo que fiquei surpreendida no primeiro momento, me senti compassionada, logo em seguida, como se eu pudesse entender claramente suas atitudes.
Não quero ser mais uma a escrever e aconselhar que você converse com alguém ou busque ajuda se estiver em depressão ou alguma crise de ansiedade ou pânico - também não estou dizendo para não buscar, veja bem, essa realmente é a única coisa que pode te ajudar. - Mas verdadeiramente, o que eu posso compartilhar é sobre mim mesma, sobre a minha própria experiência. Faço terapia há mais de 15 anos. Me conhecer e me aprofundar sobre mim mesma, é algo que persigo desde sempre. Sou casada com um terapeuta, trabalho com grupos de meditação e autoajuda, anseio em evoluir como ser humano. Mas estou distante de não sofrer, ou de não me afetar, de não me frustar, ou de não me abalar com o mundo à minha volta. Ou com a minha própria história, com o meu passado.
Eu acho que todo mundo carrega memórias tristes. A maioria de nós supera, ou diz que, passa por cima delas. Uma vez li que as merdas do passado são como uma pedra pesada, se você não souber como largá-la, uma hora ela irá te afundar. Na minha vida, eu já perdoei e deixei ir muita coisa. Mas de tempos em tempos eu entro num buraco, onde moram as tristezas e onde eu me sinto absolutamente só. Não me vejo uma pessoa infeliz, mas sei reconhecer o pesar nas pessoas à minha volta. O mundo sofre e eu me compadeço com ele.
A vida é um mistério e eu não tenho nenhuma receita para a felicidade. Mas eu acredito que aprender a conviver com a própria tristeza, se reconhecer nesse sentimento é um caminho possível. Não negar ou fugir dela, talvez seja a única forma de não ser tomado por ela ou de ser pego desprevenido. Isso, é claro, se você quer buscar uma solução. Eu não sou capaz, e nem quero, julgar moralmente uma pessoa que comete suicídio. Minha crença é de que a vida, assim como a morte, deveriam ser escolhas individuais a serem respeitadas.
Mas se você desconfia que precise de ajuda, não pense duas vezes. Se conhecer um pouco mais, é a melhor forma de fazer um mundo melhor àqueles que estão à sua volta. Não há fraqueza, não há vergonha e, muito menos, não há desculpas para você não buscar ajuda, neste caso. A tristeza não poupa ninguém; fuja de pessoas que querem que você a justifique ou que te façam sentir culpado por senti-la, que acham que a felicidade é "estar para cima" ou alegre 100% do seu tempo. Você provavelmente se sentirá ainda mais incapaz de sair da deprê. Busque ajuda profissional, ou grupos de ajuda, de pessoas que já passaram por isso, você verá que não está sozinho nessa.
Eu sigo vivendo meus dias, um de cada vez, às vezes triste, às vezes alegre, às vezes inspirada e às vezes emocionada. Sempre plenamente, em cada um desses momentos. Mas a grandiosidade da vida me dá medo e não deixo de me espantar com ela. Que o céu receba com carinho essas duas pessoas que trouxeram tanta inspiração, beleza e inteligência ao nosso mundo, e que eles possam descansar em paz.
Fim de ano e fotos da bebê Lara
Já tinha desistido de postar mais este ano. Falta de ânimo e o cansaço usual dessa época minaram minha vontade de colocar algo especial para as festas de final de ano por aqui. E a verdade é que esse não foi um ano fácil. Os altos e baixos pareceram passar pela vida numa velocidade rápida demais para se assimilar e continuar a seguir, apesar de que, mesmo assim, seguimos. Mas esses últimos dias parecem se arrastar como nunca. Quero acreditar que términos de ciclo são invariavelmente difíceis.
Não posso me queixar, muitas coisas boas, como a casinha nova, e a vida bucólica estão cada dia mais perto de nossa realidade. Meu trabalho com fotografia tem me preenchido cada dia mais. Ontem, aqui na Argentina, passei a tarde tirando fotos de Lara, filha do sobrinho de meu marido. Em seu primeiro ano de vida, tudo vira surpresa, tudo é novo, tudo é fresco. Me deu inveja da vida despreocupada, inocente e infantil dos bebês que ainda têm sua longa jornada pela frente.
Que pelas próximas semanas eu possa descansar, recarregar as boas energias e as esperanças. Que em 2018 a gente possa se surpreender mais, e viver a vida com mais leveza. Como Lara, rodeada pela sua família, com muito amor, nessas fotos.
Definição do blog e arranjos florais
Um blog sobre a arte do nada
A pouco tempo atrás, conversando com algumas pessoas, contei que tinha um blog. Foi então que me perguntaram do que se tratava exatamente, se era de receitas, "gastronomia" ou "blog de comida". Sem titubear, respondi: é também. Sem desmerecer nenhum blog de cozinha, dos vários hoje que existem por aí, e muitos dos quais acompanho constantemente e adoro. Quando comecei, quase 4 anos atrás, a idéia era ser um diário de experimentos bem sucedidos na cozinha. Fazia pouco que minhas habilidades culinárias tinham se revelado e quis registrar tudo por aqui. Aos poucos foi evoluindo, mas sem uma definição exata de rótulo a colocar.
Gosto de pensar que esse blog é sobre a arte do nada, de reunir coisas numa mesma foto, de moldar uma estética atemporal para te fazer sentir saudades de casa. Gosto de reproduzir um estilo de vida, que hoje é na roça mineira, no meio de um parque na Serra da Mantiqueira, mas que já foi numa casa comunitária em São Paulo, com horta no quintal e passarinhos no jardim. Não importa muito o lugar, desde que tenha um cantinho com grama em que se possa andar descalço, com os pés na terra. Desde que tenha um lugar silencioso, que você consiga escutar seus próprios barulhos internos.
Minha definição de estilo é de se retirar no silêncio, de conviver para aprender e de cozinhar para amar. É de ter tempo para olhar para o céu uma vez por dia, de sentar para comer o que se cozinhou, de fazer nada entre uma tarefa e outra. De não achar que sonhar está fora de moda e que um pouco de poesia é necessária, todos os dias dessa vida. Gosto de compartilhar algumas histórias da minha vida, que não têm muito enredo ou narrativa que valha, mas que te fazem recordar lembranças esquecidas.
Quero que você navegue pelas receitas, por meio de várias delas, e no final decida não fazer nenhuma, porque bateu uma preguiça gostosa e você não quer desperdiçá-la. Ou que decida fazer um bolo, e substitua a maioria dos ingredientes, porque você não tinha vários na sua despensa; mas que se dedique horas arrumando a mesa, enquanto o bolo assa no forno e depois esfria na janela.
Eu tenho duas referências boas para a definição deste blog. Por vários anos, meu seriado de comédia predileto era o Seinfeld, que por quase uma década fez piadas com maestria sobre o nada. Meu intento é conseguir transformar esse blog num capítulo dessa sitcom maluca, sem pé nem cabeça, mas que no fundo você sabe que faz mais sentido que qualquer outra estória coerente. Minha segunda referência é meu filme de romance preferido, desde a adolescência, Before Sunrise e sua trilogia completa, com seu romantismo incurável e diálogos intermináveis. Então minha meta também é de escrever linhas e linhas cheias de palavras, que você se esquecerá no seguinte parágrafo, mas que te roube um sorriso ou suspiro ao final de cada postagem, e você fique como Jesse ouvindo Celine cantando Waltz for a Night ao final de Before Sunset.
Esse blog é sobre o pôr-do-sol, sobre os períodos de transição, sobre os entremeios, as pausas e os vazios. É uma valsa sobre um romance só por uma noite.
"Se há algum tipo de magia neste mundo, deve estar no intento de entender alguém que compartilha algo. Eu sei, é quase impossível conseguir... mas quem se importa realmente?
A resposta deve estar nessa intenção."
- Celine, Before Sunrise, 1995. -
Os arranjos florais são da entrega desta semana da Florinda.
Receber com Charme
Matéria para revista Casa & Comida
Saímos na Revista Casa e Comida, a convite da querida Claudia Pixu, ou mais conhecida como somente Pixu, numa matéria de Receber com Charme, deste mês. O encontro aconteceu na minha residência em São Paulo, no formato que eu já publiquei outras vezes por aqui: com três amigas queridas, que já são de casa. Só que dessa vez, era para a revista.
Para o encontro, fiz um bolinho de amêndoas e um sorvete de café com uísque. A Gória Huk uma cuca de ricota e maçã majestosa. E a Camila, o bolo de mel com calda de especiarias, que é um arraso. A Elke trouxe as boleiras em madeira e colheres esculpidas, que são minha mais nova paixão. E os arranjos florais ficaram a cargo das mãos de fada da Gabi da Florinda Flor, minha segunda nova paixão.
Arriscando chover no molhado, preciso dizer que o encontro foi uma delícia e a gente se divertiu pacas. Demos muita risada, especialmente por estar do outro lado das câmeras, coisa muito esquisita, pelo menos para mim. Avisei os fotógrafos que minha fotogenia se limitava do pescoço para baixo, modelo de mão. Mas não adiantou, e os cliques flagaram a gente, estilo #mulheresricas, e a gente só não riu mais, por dores abdominais. Coisa terrível me ver em foto de página inteira, mas enfim, fiquei feliz de qualquer jeito.
As receitas e idéias de decoração você encontra edição deste mês na revista, com fotos tiradas pelo querido Lufe. Aqui vão algumas fotos que eu registrei aquele dia, entre um clique e outro para a matéria.
Últimas duas fotos de Lufe Gomes, cortesia da Revista Casa e Comida.
Bolinhos de banana com cardamomo
Feliz ano novo, vida nova.
Amo finais de ano. Mas tenho dificuldade com os inícios. Na verdade, tenho dificuldade de começar qualquer coisa. Minha vontade é de ficar olhando para o papel imaculado, eternamente. E adiar o quanto posso o encontro do lápis com a folha em branco. Na minha cabeça, as possibilidades são infinitas e perfeitas, a realidade será sempre um esboço das imagens platônicas dentro de mim.
As expectativas criadas pelo tempo zerado no calendário são como páginas em branco de um revigorante vazio, e seu espaço infinitamente possível, tão bem descrito por Rubem Alves. A sensação é de que só com o melhor é que se poderia preencher essa lacuna tão perfeitamente vazia. Aos poucos, a transição de vida, sincronizada com a virada do ano, acontece aqui na casinha nova na Serra. Rodeada de uma beleza tão singela, o mundo parece outro, dentro de mim, virando a página para um álbum completamente desconhecido até aqui.
O ano começa junto com um começo de vida. Não há pressa, no entanto. Há tanta vida em volta de mim, que não há necessidade de esforço.
Uma tranquilidade pacífica inunda o ritmo do meu dia-a-dia, e é nessa toada que eu pretendo levar o resto do ano. Há otimismo, há uma alegria silenciosa e discreta. Não quero desafinar essa sonata, ou minissonata, o tempo que ela dure. Quero que o som de chuva misturado com o do rio que corre atrás da casa, e o cheiro de lenha queimando no fim da tarde sejam o pano de fundo do meu cotidiano daqui para frente. Sair para colher margaridas silvestres, dálias vermelhas, lírios rosados, pela estradinha do terreno aqui do sítio, entre a chuva que vai e vem, num céu nublado de verão. Catar galhos de pessegueiros pelo caminho. Assar um bolo com os ingredientes da despensa, cobri-lo com mel das abelhas aqui do sítio. Pequenos luxos do dia-a-dia.
Tinha um pacote de cardamomo esquecido no fundo do armário. Decidi fazer um bolo com a banana que passava na fruteira. Enquanto assava, fazia os arranjos com as margaridas e dálias que trouxe do mato. A chuva apertou, fechei as janelas, e a casa ficou com cheiro de bolo assando, misturado com o perfume do cardamomo. Esse momento, com certeza, justificou toda uma vida.
"Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão se enredando todas as experiências de beleza e de amor pelas quais passamos. "Aquilo que a memória amou fica eterno."
Um pôr-do-sol, uma carta que se recebe de um amigo, um único olhar de uma pessoa amada, o abraço de um filho. Houve muitos momentos em minha vida, de tanta beleza, que eu disse para mim mesmo: "Valeu a pena eu ter vivido toda a minha vida para viver esse único momento."
Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida."
- Rubem Alves, Concerto para corpo e alma
Bolinhos de Banana com Cardamomo
10 bolinhos
- 03 ovos
- 1/2 xícara de leite
- 1/2 xícara de óleo de milho
- 04 colheres de sopa de açúcar
- 01 xícara de farinha
- 02 colheres de chá de fermento em pó
- 02 bananas maçã (ou 01 banana nanica)
- 03 bagas de cardamomo
- mel para cobrir
Bata os ovos, óleo, leite e o açúcar até ficar homogêneo. Amasse as bananas e junte à mistura. Adicione a farinha, fermento e as sementes dos cardamomos (descasque e só jogue as sementinhas). Misture delicadamente. Coloque nas forminhas de bolinhos, untadas com manteiga e farinha. Asse em forno pré-aquecido a 180 C graus, por uns 45 minutos ou até que os bolinhos estejam dourados e cozidos.
Desenforme morno. Sirva com mel se gostar.
A vida na Serra da Mantiqueira
Na casinha nova.
Acordo às 9h. É domingo. Olho pela fresta da cortina na janela. Um verde incrivelmente abundante inunda de atravessar meus olhos. É domingo. Decido voltar a dormir, pois os sons matinais da Serra, aqui no mato, parecem canção de ninar, entre os lençóis e travesseiros. Quando descrevo essa forma a vida aqui, mais parece um conto de fadas. E não está muito longe disso, confesso.
Afinal, acordar com os passarinhos não é nada mal, dormir com o barulho do rio tampouco. Essa vida ainda, no entanto, infelizmente é transitória, ainda estou/estamos em fechamento de diversas histórias na cidade grande, e há tantas pendências que necessitam de decisões a serem tomadas, que qualquer resquício do paraíso, se dissipa quando volto a respirar o ar de São Paulo.
A vida no mato é outra. O tempo passa mais devagar. As texturas são mais duras e mais orgânicas. Cal, cimento queimado, tijolo à vista. Porteiras de madeira. Chaleiras de ferro. Insetos por todos os cantos. Medo de aranha ou de qualquer outro bicho cheio de patas, antenas ou asas, some no segundo dia, limpando os cantos da casa. E isso é uma coisa que nunca tem fim: limpar e cuidar da casa. Ficar ocupada o dia todo, com os afazeres do lar.
Eu nasci e cresci na cidade, nunca saí de São Paulo. Mas passava minhas férias no sítio do meu avô, brincando na horta, na despensa de comida, pescando na represa ao lado, comendo milho cozido à tardezinha, sentada na rede. À noite, meus tios esquentavam a água para o banho, jogando lenha no forno, para esquentar a caldeira. A gente ficava no escuro, escutando a lenha estalar e queimar, sentindo o cheiro da madeira tomar a noite. Nunca pensei que esses sentidos tivessem ficado tão gravados na minha memória, num desejo tão grande de viver no mato. Cada passo que dou para dentro de casa (da nova casa), eu sei que estou em casa.
Quando me sento para contemplar a cachoeira e sua grandeza, reconheço um pedaço de mim nela. Eu não sou capaz ainda de acreditar que estou realmente de mudança para o mato, que minha vida vai ser em tese, aquela que eu sempre sonhei. Diferente do Chico, não vendo e nem troco por nada nesse mundo, esse pequeno paraíso no meio da Serra da Mantiqueira.
Uma fazenda
Com casarão
Imensa varanda
Dá gerimum
Dá muito mamão
Pé de jacarandá
Eu posso vender
Quanto você dá?
Algum mosquito
Chapéu de sol
Bastante água fresca
Tem surubim
Tem isca pra anzol
Mas nem tem que pescar
Eu posso vender
Quanto quer pagar?
O que eu tenho
Eu devo a Deus
Meu chão, meu céu, meu mar
Os olhos do meu bem
E os filhos meus
Se alguém pensa que vai levar
Eu posso vender
Quanto vai pagar?
Os diamantes rolam no chão
O ouro é poeira
Muita mulher pra passar sabão
Papoula pra cheirar
Eu posso vender
Quando vai pagar?
Negros quimbundos
Pra variar
Diversos açoites
Doces lundus
Pra nhonhô sonhar
À sombra dos oitis
Eu posso vender
Que é que você diz?
Sou feliz
E devo a Deus
Meu éden tropical
Orgulho dos meus pais
E dos filhos meus
Ninguém me tira nem por mal
Mas posso vender
Deixe algum sinal
- Bancarrota Blues, Chico Buarque
Algumas das fotos são da casa do Charitro e da Nidge, em Rio Acima, Itamonte. Outras, de Matutu, Airuoca. As da cachoeira e algumas outras são da casa nova, em Campo Redondo. Todas elas na Serra da Mantiqueira, MG.
Itapecerica da Serra: na casa da Rô e do Juan
Já faz quase um mês que tirei estas fotos, lá na casa da Rô e do Juan, em Itapecerica da Serra. A gente queria fugir de São Paulo, nos convidamos e fomos convidados pelo casal de amigos a passar o final de semana lá. Acabou concorrendo ao prêmio de um dos melhores finais de semana do ano.
Eu quis registrar tudo em fotos, pois a casa deles é cheia de detalhes, antiguidades, no meio da floresta. Sábado, um jantar especial, com frango assado, saladas e ervilhas deliciosas. Domingo, um assado argentino. Mesa cheia de sobremesas. Mato, cachorros e passarinhos. Para ser melhor, só repetindo a dose.
Sexta chuvosa lá fora, amigas e fartura na mesa
Já fazia algum tempo que estava tentando reunir as meninas aqui em casa. Agenda de paulista é assim, difícil conseguir disponibilidade de todas ao mesmo tempo: é viagem, trabalho, filhos, trânsito, gripe…
Já fazia algum tempo que estava tentando reunir as meninas aqui em casa. Agenda de paulista é assim, difícil conseguir disponibilidade de todas ao mesmo tempo: é viagem, trabalho, filhos, trânsito, gripe… Daí que nem todas puderam vir, mas nos reunimos mesmo assim na sexta-feira passada. Vieram a Gória Huk, Moara Gomes e a Dani Coelho.
Tiramos fotos, trocamos receitas, demos risada, comemos, tomamos chá, falamos da vida e de trabalho. A Dani trouxe um pudim de chocolate delicioso, a Gória uma focaccia de batatas linda de morrer (acompanhada de uma tapenade de azeitonas pretas…), e a Moa, aqueles cookies fabulosos. Eu servi o meu sorvete de dulce de leche com pecans, receita fechada da #lililovesicecream e elas amaram. Fiquei bem feliz. Só não deu para tirar fotos do sorvete.
Não tenho muito mais a dizer sobre o nosso encontro, além de ser tão grata por compartilhar uma mesa com tanto amor e carinho com pessoas tão queridas. Sei que a correria do dia-a-dia dificulta muito essas pequenas reuniões. Terem disponibilizado tempo para passar uma tarde de sexta-feira fazendo quase nada, como fizemos, é um privilégio! Eu simplesmente adorei, meninas! - Ah, enquanto eu redigia aqui, a Gória, postava lá no blog dela! Confere aqui!
“Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou - amigo - é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.”
{ Guimarães Rosa }
Pudim de chocolate | da Danny Bunny
- 01 xícara de açúcar
- ½ xícara de água
- 01 lata de leite condensado
- 01 lata de leite
- 03 ovos
- 02 colheres de sopa de cacau em pó
Faça uma calda de caramelo com o açúcar e a água. Coloque a calda numa forma pequena com furo no meio e reserve. No liquidificador, bata o leite condensado, leite, ovos e o cacau em pó (não vale achocolatado, ok?). Distribua na forma caramelada e leve para assar em banho maria, em forno pré-aquecido a 180 graus, por aproximadamente 30 minutos. Depois de frio, leve para gelar por cerca de 6 horas.
Focaccia de batatas | por Goria Huk
{ para a esponja }
- 2 ½ colheres de chá de fermento biológico seco
- 120 ml de água morna
- 2 colheres de chá de açúcar
- ½ xícara de farinha de trigo
Misture todos os ingredientes, cubra e deixe descansando por 30 minutos.
{ para a massa }
- 1 e ½ xícara de purê de batatas
- 120 ml de água morna
- 1 col. sopa de manteiga em temperatura ambiente
- 5 colheres de sopa de azeite
- 2 colheres de sopa de açúcar
- 1 colher de chá de sal
- de 05 a 06 xícaras de farinha de trigo
Misture a esponja com o purê de batatas. Junte os demais ingredientes, usando apenas 05 xícaras de farinha. Misture bem e comece a sovar. Se necessário, adicione mais farinha (eu usei 05 e ½ xícaras). Sove até desgrudar das mãos (como a massa é grudenta e um pouco difícil de trabalhar, eu sugiro fazer essa etapa na batedeira. Eu sovei na batedeira por 5 minutos).
Faça uma bola com a massa, cubra com um pano e deixe crescendo até triplicar de tamanho (isso mesmo, ela vai crescer muito. Eu preparei em um dia fresco e levou 1h 30min para crescer bem). Abra a massa e distribua em uma forma untada com azeite (pode ser oval, retangular ou mesmo de pizza). Faça furos com os dedos, regue com azeite (aproximadamente 3 colheres de sopa), salpique sal grosso e folhas de alecrim a gosto (essa é a cobertura original, mas eu também usei fatias de tomate italiano e cebola roxa). Leve para assar em forno preaquecido a 200 graus até dourar.
Dica da Gória: uma boa sugestão para deixar sua focaccia ou qualquer outro pão com uma boa consistência, é adicionar um saquinho de “pão certo” na sua massa. Ele nada mais é que um melhorador de pães, e geralmente pode ser encontrado na mesma prateleira do fermento biológico seco.
Cookies com gotas de chocolate | por Moara
- 01 xícara de amêndoas trituradas
- ½ xícara de farinha de arroz
- ½ xícara de amido de milho
- ½ xícara de açúcar mascavo
- ½ xícara de açúcar demerara
- 03 colheres de sopa de manteiga
- 01 colher de chá de fermento e
- 01 ovo
- 01 punhado de gotas de chocolate
Misturar tudo e deixar descansar por 20 minutos na geladeira. Assar em forno pré-aquecido a 180 graus por uns 15 minutos. Deixar esfriar. 🍪 🍪 🍪
Viver de fazer sorvetes: sorvete de morango
A história dos sorvetes e todo o processo que acompanha sua produção têm sido mais longos e demorados que eu imaginava. Um dos meus primeiros sorvetes caseiro foi o de morangos.
A história dos sorvetes e todo o processo que acompanha sua produção têm sido mais longos e demorados que eu imaginava. Um dos meus primeiros sorvetes caseiro foi o de morango, há quase 2 anos atrás. Continua sendo um dos meus prediletos até hoje. A idéia de poder fazer o sorvete sabendo dos ingredientes que irão compor a fórmula, sem espessantes de origem duvidosa ou corantes artificiais, e o mais importante, mantendo o sabor real do sorvete, foi o canto da sereia para mim. Naquela época, não passava pela minha cabeça traçar um projeto pessoal com relação a isso tudo. Mas aos poucos, a idéia foi crescendo e maturando por dentro, idéias florescendo, feito maria-sem-vergonha no brejo.
Nos últimos meses, tentei acelerar o processo, fiz um curso de sorvetes, estou com pilhas de livros sobre o assunto. Até que percebi que, a verdade é que eu não quero apressar nada. Atropelar a beleza desse processo criativo que precisa de amor e carinho para crescer, não faz sentido algum. Quero fotografar cada etapa, quero registrar todo o processo, quero sentir cada colherada derretendo devagarinho na boca.
Se afinal, tudo isso vai sair do papel ou não, para mim não importa mais. Foi tanta riqueza agregada e tanto aprendizado indireto, tantas amizades feitas no caminho, tantos desafios propostos e atingidos, que o lucro já é todo meu. Sinto alegria quando penso nisso tudo, aquela que preenche o coração. Vou passo-a-passo, me divertindo, fotografando e comendo muito sorvete. Nada mais importa.
"Let me take you down
Cause I’m going to
Strawberry fieldsNothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry fields forever"{ Strawberry Fields Forever, The Beatles }
Fotos: Dona da Casa!
Fika com Elke Noda e a pausa para a reunião mais deliciosa da semana
Segundo trimestre de 2016: dizer que o tempo voa chega a ser meio irritante. E, quando a gente pára para tomar café na casa da amiga, discute planos para o próximo trimestre, dá um frio na barriga.
Segundo trimestre de 2016: dizer que o tempo voa chega a ser meio irritante. E, quando a gente pára para tomar café na casa da amiga, discute planos para o próximo trimestre, dá um frio na barriga. Então, a gente decide mudar de assunto, improvisar um waffle congelado com calda de chocolate belga, passa um café na chemex, esquenta a água na hario. Serve em xícara importada, se sente meio besta, fútil, mas ao mesmo tempo, a pessoa mais afortunada desse planeta.
A gente discute, pensa e sonha, sabe que muitas das idéias nem vão sair do papel. E, no final, descobre que tudo era uma grande desculpa, para passar a tarde cultivando aquela amizade que entende o valor de um café no meio da semana. Fika com Elke Noda.
Fotos: Dona da Casa!
Testando sorvetes, jantar romântico no Ruella, casa do vizinho e Curso de Bolos da Feitocom.Amor
Tem semana que rende. Rende não só pela quantidade de coisas que a gente faz, mas por fazer coisas diferentes do usual, encontrar pessoas queridas, preencher o tempo com as coisas que a gente gosta.
Começou na terça, quando me reuni com o pessoal que fez o curso de sorvetes artesanais comigo, trocamos idéias, figurinhas, tomamos muito vinho e comemos pizza, lá no Carlos Pizza, que está entrando para a lista dos melhores de São Paulo (e eu recomendo). É legal chegar cedo para conseguir uma mesa, porque o lugar é pequeno e lota. Desse encontro, infelizmente, não tenho fotos.
Na quinta, teve curso de bolos com a querida a Camila Dutra do Feitocom.amor. Cheguei atrasada (quase uma hora, por conta da chuva que parou o trânsito), morta de vergonha. Mas mesmo assim, deu para aprender a fazer 3 bolos deliciosos e lindos, além de entender melhor o processo e a alquimia de um bolo. Tudo num clima descontraído, com a paciência e a didática da Camila. Se você quer aprender a fazer bolos ou se aperfeiçoar na arte de fazer um, vale muito a pena.
Desde pequena, nunca levei muito jeito para a cozinha. Queimava panela, solava o bolo. Fui aprender a cozinhar aos quase 30, com minha sogra. Mas bolo enfeitado, decoração de prato, isso eu achei que não ia acontecer nessa vida. Até essa aula da Cá. Me arrisquei no dia seguinte mesmo a assar o bolo de pêras com amêndoas: ficou tão lindo e foi tão fácil de fazer que eu nem acredito. Fiquei tão feliz, que já quero um próximo curso, Cá.
Sábado, fiquei em casa, testando, calculando e bolando receitas de sorvetes. Fiz um de amendoim salgado com chocolate. Ficou legal, mas ainda tem que balancear a fórmula, melhorar a textura. E eu adoro esse processo, de testar, desafiar até chegar no resultado que quero. Tudo com amor, tudo cheio de cuidados, para poder parar na geladeira da #lililovesicecream.
À noite, teve jantar romântico, no Ruella, de Pinheiros. Fazia quase 10 anos que eu não ia lá. Confesso que a comida não foi lá essas coisas. O Gabriel pediu o Magret de Pato ao molho Marsala e eu o Linguado com Manteiga de Ervas com tomates recheados. O prato dele veio cru em demasia, enquanto o meu peixe meio sem sabor. O vinho que pedimos, também não agradou. Mas o que acabou compensando o jantar desastrado, foi o astral do atendente que nos recebeu e a sobremesa ao final: um bolinho aos 3 leites com bananas brûlées, acompanhado de sorvete de doce de leite, e calda de maracujá.
Para fechar o final de semana, fomos para um churrasco na casa do vizinho. Mentira. Malhamos na academia, fizemos sauna (tudo na casa maravilhosa do Rubens) e, como ninguém é de ferro almoçamos uma carne de primeira, com um vinho delicioso. Conhecemos o Rubens no parque ao lado de casa, onde fazemos nossa caminhada matinal. Dessas coisas, que só meu marido me proporciona: transformar completos estranhos em amigos que jantam juntos. E é por isso, que o amo tanto.
Fotos: Dona da Casa!
Brunch de natal com Torta Cheesecake de Cereja
A mesa sempre foi e sempre será o melhor lugar para dar as boas vindas aos velhos e novos amigos. Com os velhos amigos, compartilhamos e colecionamos momentos gastronômicos fraternos de alegria.
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo (…)
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
{ Fernando Pessoa }
A mesa sempre foi e sempre será o melhor lugar para dar as boas vindas aos velhos e novos amigos. Com os velhos amigos, compartilhamos e colecionamos momentos gastronômicos fraternos de alegria. E com a mesa bem posta, dizemos aos novos: “quero você mais próximo de mim também”.
Quando decidimos preparar essa mesa de brunch de Natal, em casa, com a Dani Coelho e a Elke Noda, pensamos numa mesa simples, mas que fosse bonita nos detalhes: com folhas de eucalipto, guardanapos bordados, e torta de cereja. Uma mesa que não fosse exatamente de uma ceia natalina, mas que tivesse cara de convite entre amigas para celebrar uma tarde gostosa de um jeito especial. Fiquei encarregada da comida, a Elke dos arranjos florais e da decoração, e a Dani da decoração e dos detalhes mais lindos. Foi ela quem bordou as nossas iniciais em todos os guardanapos. De cair o queixo, para não dizer outra coisa.
Engraçado que a gente não planejou muito. Foi até tudo meio em cima da hora, mas acabou que a sintonia era tanta, que tudo ficou perfeitamente bonito. Como nos versos do Pessoa, no fundo, a gente supunha, que a gente queria a mesma coisa.
Para se juntar aos bons, convidei duas pessoas queridas, que também sou grande admiradora: a Camila Dutra do Feitocom.amor e a Renata Barella, ou Gória Huk, que conheci pessoalmente pela primeira vez. Não poderia ter sido melhor. O encontro fluiu, trocamos figurinhas, fotografamos e curtimos a tarde.
No cardápio, ovos recheados, bruschettas com queijo de cabra, nozes e cogumelos, torta cheesecake de cereja e sorbet de ameixas frescas. Para finalizar, gingerbread cookies.
O que eu posso dizer do encontro? Que foi tudo tão gostoso, que a gente passou parte dele, pensando nos próximos. Que não haveria melhor forma de eu conseguir finalizar esse ano, com um post de celebração que me preenchesse tanto meus olhos. Que estou muito feliz de ter reunido numa mesa tão singela, mas ao mesmo tempo tão linda, comida boa, pessoas lindas e um papo delicioso.
Ah, e como a maioria dos pratos já tem receita publicada por aqui, divido com vocês a da torta cheesecake de cerejas que, modéstia a parte, ficou deliciosa.
Confere as fotos de como ficou, e espero que ela te sirva de inspiração para sua mesa também.
Feliz Natal!
Ah, para quem quiser conferir o que a Renata postou sobre a tarde, é só conferir aqui no blog lindo dela! Adorei, Gória! (12.dez.2015)
Ah (2), para quem quiser conferir o que a Camila postou sobre a tarde, é só conferir aqui no blog lindíssimo dela! Beijos, Cá! (16.dez.2015)
Torta Cheesecake de Cerejas
cerca de 08 porções
para a base
½ xícara de nozes pecã
110g de manteiga derretida
1/3 xícara de açúcar
300g de biscoitos tipo cream cracker de cereais
para o recheio
450g de cream cheese amolecido
½ xícara de açúcar
02 ovos caipiras
01 colher de sopa de extrato de baunilha
250g de creme de leite fresco
para a calda
200g de cerejas
01 colher de sopa de açúcar
½ colher de sopa de extrato de baunilha
raspas de 01 limão
Misture as nozes pecã com a manteiga e o açúcar. Coloque-as numa assadeira forrada com papel manteiga. Leve para assar em fôrno a 180 graus por uns 15 minutos, até que o caramelo se derreta. Deixe esfriar. Desenforme a barra (vai virar uma bala gigante de crocante) e quebre para bater num liquidificador ou processador junto com os biscoitos, até virar uma farofa úmida. Espalhe a massa numa fôrma redonda desmontável (a minha é de 19cm de diâmetro). Faça as bordas da torta até 2/3 da altura da fôrma.
Numa batedeira, misture o cream cheese com o açúcar por uns 5 minutos, até ficar um creme leve. Junte os ovos, um a um, e o extrato de baunilha. Diminua a velocidade e adicione o creme de leite, batendo apenas até misturar o creme. Despeje o creme sobre a massa da torta (deixe um dedo de sobra da massa, para não vazar quando estiver no fôrno) e leve para assar em fôrno pré-aquecido a 180 graus, por uma hora. Deixe esfriar e leve para gelar no refrigerador.
Numa panelinha coloque as cerejas, o açúcar e as raspas de limão e leve para aquecer em fogo baixo. Deixe ferver por uns 5 minutos ou até que as cerejas fiquem macias. Junte o extrato de baunilha. Deixe esfriar e coloque na geladeira.
Você pode tirar as sementes das cerejas, se preferir. Mas eu deixei, porque acho que elas ficam mais bonitas inteiras. Só não se esqueça de avisar os convidados das sementes!
Para servir, desenforme a torta e decore com as cerejas e a calda (ela fica rala mesmo).
Fotos: Dona da Casa!
Vivência Gastronômica com Camila Dutra e Pri Adduca
Um encontro especial com Camila Dutra, promovido pelo Mulheres que Inspiram.
Coisas especiais aconteceram essa semana, relacionadas ao universo feminino.
Tive o prazer de passar a manhã de sábado rodeada de mulheres divertidíssimas, num encontro absolutamente incrível, promovido pela Pri Adduca do Mulheres que Inspiram, com Camila Dutra do Feitocom.amor. Uma Vivência Gastronômica que contou ainda com a participação das queridas Letícia Bittencourt do Cozinha Vibrante e Marcia Basile do Mbee.
No cronograma, 5 receitas. Ao todo, 12 mulheres. Saldo final: muitas risadas, trocas de afeto, histórias e experiências. Tudo adoravelmente perfeito, com cuidados e bonitezas que se notavam por todos os detalhes do espaço. Entre os pratos, uma salada incrível com beterraba e morangos, ao molho citronette; galinha ao molho de cogumelos e conhaque, acompanhado de um purê de batatas extra cremoso. Um brownie de chocolate e uma torta fantástica de figos para sobremesa.
Obviamente, nem toda mulher gosta de passar o dia na cozinha. Mas algo acontece quando elas se juntam para contar histórias enquanto misturam temperos, separam ingredientes e aquecem o forno. Existe algo do próprio feminino, que se acende quando mulheres se reúnem ao redor do fogão. Como bruxas em seu caldeirão, a alquimia criada num ambiente desses pode ser algo, se não curador, extremamente necessário. É como se elas se sentissem seguras para poder compartilhar, e ao mesmo tempo, admirar e se inspirar em suas companheiras de gênero. Só uma mulher pode entender outra mulher, seus afetos e seus conflitos.
E, justamente essa semana, terminei de ler Amiga Genial de Elena Ferrante. Quando comecei a ler, não me atentei que se tratava de uma tetralogia, portanto, a história não terminaria ali. Mas o fato é que fiquei tão impactada e imersa com o livro, daqueles que deixam um rombo quando termina e você fica meio órfã, que custei a acreditar que a continuação ainda está para sair no Brasil. Fiquei comovida pela transparência dos sentimentos tão contraditórios e ao mesmo tempo tão complexos que abarcam uma amizade feminina, desenhados de maneira tão crua e verdadeira na amizade entre Lila e Lenu, personagens do livro. Não tive dúvida, é no relacionamento entre as mulheres que se situa o potencial de força, suporte e crescimento, do feminino em nós.
O encontro do sábado, então, nessas circunstâncias, tornou-se ainda mais encantador, como se, afinal, tudo estivesse bem conectado.
Fotos: Dona da Casa!
Agradecimentos à Camila, que é ainda mais adorável pessoalmente. À Letícia, pela paciência e cuidados. À Marcia pela companhia tão agradável e pelos mimos recebidos. A todas meninas que trouxeram tanta riqueza de experiências e ao mesmo tempo tanta risada e descontração. E, é claro, à Pri, que proporcionou e possibilitou esse encontro.
Tarde de pintura aquarela e guache com Dani Coelho
O que importa são os espaços vazios, os entremeios, a preparação de cores, a pausa para o chá.
Conheço a Dani Coelho há mais de 5 anos, desde o curso de Artes, - já comentei nesse post aqui - e acho que a gente nunca superou muito aquela época.
Digo isso, porque a gente era feliz pintando, passando tardes no meio de tintas, rabiscando. Às vezes horas ouvindo música, às vezes horas mergulhadas no silêncio. Um tipo de intimidade e cumplicidade, que houve tempo em que pensava “queria ter isso com mais gente”, e hoje, agradeço, feliz que tenho poucos, mas bons, com quem compartilhar essa vida.
A verdade é que, hoje, mesmo contentes com nosso trabalho e nossas incertas carreiras, a gente ainda ama aquelas tardes, em que a gente podia usar a criatividade sem destino ou fim certo. Não importa a técnica, não importa o resultado, não importa, ponto. O que importa são os espaços vazios, os entremeios, a preparação de cores, a pausa para o chá. A gente conversa, depois a gente ri, e também se esquece do que conversou.
E foi assim nossa tarde. Esboços de desejos incertos num papel em branco, rabiscos de talentos coloridos, no meio de curvas, traços e caligrafias.
Fotos: Dona da Casa!
Tarde de arranjos florais com Elke Noda
Brindado com café e sorvete, vislumbres de uma tarde qualquer, sonhos e apostas no amor.
Eu ia postar duas receitas da semana passada. E deixar as fotos desse final de semana para a outra. Mas quando vi o resultado, não consegui esperar e decidi inverter a ordem.
Até porque, esse blog continua sendo um solilóquio e a primeira e última palavras continuam sendo minhas. Passado o surto autoritário, a seguir, o surto entusiasta.
Convidei minha amiga, Elke Noda, para montar uns arranjos aqui em casa, eu adoro flores, e ela é uma ótima florista. A visita foi no domingo, depois do almoço, final da tarde. Mas deu tempo de montar os arranjos, papear, comer bolo com sorvete e tomar um café. Deu tempo de a gente fazer o que mais gosta, dar muita risada, e passar uma tarde em boas vibrações. Entre vasilhas, garrafas e vasos, a Elke montou arranjos em minutos, com sua precisão samurai, e usual bom gosto minimalista. E eu quis registrar tudo.
O encontro despropositado, sugere frutos futuros, ou no nosso caso, flores. Brindado com café e sorvete, vislumbres de uma tarde qualquer, sonhos e apostas no amor.
Fotos: Dona da Casa!
Tarde de fotos para o aniversário da Carol
No final de semana retrasado, fizemos uma sessão de fotos em casa, para o aniversário da Carol, sobrinha da Elke Noda.
No final de semana retrasado, fizemos uma sessão de fotos em casa, para o aniversário da Carol, sobrinha da Elke Noda. A mãe dela, Elaine Bernardino, queria tirar umas fotos para montar um livrinho de aniversário, ao ar livre. Então, elas vieram aqui em casa, tiramos as fotos, comemos bolo, tomamos muito chá, numa tarde deliciosa de sol. Como o aniversário dela é hoje: Parabéns, Carol!
Fotos: Dona da Casa! e Elke Noda