Sexta chuvosa lá fora, amigas e fartura na mesa
Já fazia algum tempo que estava tentando reunir as meninas aqui em casa. Agenda de paulista é assim, difícil conseguir disponibilidade de todas ao mesmo tempo: é viagem, trabalho, filhos, trânsito, gripe…
Já fazia algum tempo que estava tentando reunir as meninas aqui em casa. Agenda de paulista é assim, difícil conseguir disponibilidade de todas ao mesmo tempo: é viagem, trabalho, filhos, trânsito, gripe… Daí que nem todas puderam vir, mas nos reunimos mesmo assim na sexta-feira passada. Vieram a Gória Huk, Moara Gomes e a Dani Coelho.
Tiramos fotos, trocamos receitas, demos risada, comemos, tomamos chá, falamos da vida e de trabalho. A Dani trouxe um pudim de chocolate delicioso, a Gória uma focaccia de batatas linda de morrer (acompanhada de uma tapenade de azeitonas pretas…), e a Moa, aqueles cookies fabulosos. Eu servi o meu sorvete de dulce de leche com pecans, receita fechada da #lililovesicecream e elas amaram. Fiquei bem feliz. Só não deu para tirar fotos do sorvete.
Não tenho muito mais a dizer sobre o nosso encontro, além de ser tão grata por compartilhar uma mesa com tanto amor e carinho com pessoas tão queridas. Sei que a correria do dia-a-dia dificulta muito essas pequenas reuniões. Terem disponibilizado tempo para passar uma tarde de sexta-feira fazendo quase nada, como fizemos, é um privilégio! Eu simplesmente adorei, meninas! - Ah, enquanto eu redigia aqui, a Gória, postava lá no blog dela! Confere aqui!
“Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou - amigo - é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.”
{ Guimarães Rosa }
Pudim de chocolate | da Danny Bunny
- 01 xícara de açúcar
- ½ xícara de água
- 01 lata de leite condensado
- 01 lata de leite
- 03 ovos
- 02 colheres de sopa de cacau em pó
Faça uma calda de caramelo com o açúcar e a água. Coloque a calda numa forma pequena com furo no meio e reserve. No liquidificador, bata o leite condensado, leite, ovos e o cacau em pó (não vale achocolatado, ok?). Distribua na forma caramelada e leve para assar em banho maria, em forno pré-aquecido a 180 graus, por aproximadamente 30 minutos. Depois de frio, leve para gelar por cerca de 6 horas.
Focaccia de batatas | por Goria Huk
{ para a esponja }
- 2 ½ colheres de chá de fermento biológico seco
- 120 ml de água morna
- 2 colheres de chá de açúcar
- ½ xícara de farinha de trigo
Misture todos os ingredientes, cubra e deixe descansando por 30 minutos.
{ para a massa }
- 1 e ½ xícara de purê de batatas
- 120 ml de água morna
- 1 col. sopa de manteiga em temperatura ambiente
- 5 colheres de sopa de azeite
- 2 colheres de sopa de açúcar
- 1 colher de chá de sal
- de 05 a 06 xícaras de farinha de trigo
Misture a esponja com o purê de batatas. Junte os demais ingredientes, usando apenas 05 xícaras de farinha. Misture bem e comece a sovar. Se necessário, adicione mais farinha (eu usei 05 e ½ xícaras). Sove até desgrudar das mãos (como a massa é grudenta e um pouco difícil de trabalhar, eu sugiro fazer essa etapa na batedeira. Eu sovei na batedeira por 5 minutos).
Faça uma bola com a massa, cubra com um pano e deixe crescendo até triplicar de tamanho (isso mesmo, ela vai crescer muito. Eu preparei em um dia fresco e levou 1h 30min para crescer bem). Abra a massa e distribua em uma forma untada com azeite (pode ser oval, retangular ou mesmo de pizza). Faça furos com os dedos, regue com azeite (aproximadamente 3 colheres de sopa), salpique sal grosso e folhas de alecrim a gosto (essa é a cobertura original, mas eu também usei fatias de tomate italiano e cebola roxa). Leve para assar em forno preaquecido a 200 graus até dourar.
Dica da Gória: uma boa sugestão para deixar sua focaccia ou qualquer outro pão com uma boa consistência, é adicionar um saquinho de “pão certo” na sua massa. Ele nada mais é que um melhorador de pães, e geralmente pode ser encontrado na mesma prateleira do fermento biológico seco.
Cookies com gotas de chocolate | por Moara
- 01 xícara de amêndoas trituradas
- ½ xícara de farinha de arroz
- ½ xícara de amido de milho
- ½ xícara de açúcar mascavo
- ½ xícara de açúcar demerara
- 03 colheres de sopa de manteiga
- 01 colher de chá de fermento e
- 01 ovo
- 01 punhado de gotas de chocolate
Misturar tudo e deixar descansar por 20 minutos na geladeira. Assar em forno pré-aquecido a 180 graus por uns 15 minutos. Deixar esfriar. 🍪 🍪 🍪
Fusilli al limone, Cartas Amarelas e saudade
Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão feliz quanto receber uma carta. O envelope destinado a mim, o desenho do selo carimbado, a caligrafia pessoal.
Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão feliz quanto receber uma carta. O envelope destinado a mim, o desenho do selo carimbado, a caligrafia pessoal. Abria com todo cuidado e, meu dia ou minha semana estava feita, lendo aqueles parágrafos que diminuíam aumentavam a saudade pelo remetente e, certamente, aqueciam o coração. Hoje, com os celulares, emails, chats e whatsapps, a comunicação é mais direta; fala se muito, conversa-se pouco. Nem vou começar a cair de pau na tecnologia, como se ela fosse a grande vilã, responsável pelo fim das cartas de papel e toda fabulosidade envolvida. Mas que dá uma saudade, isso dá.
Por quase 2 anos, minha mãe viveu no Japão, durante minha pré-adolescência. Foram anos difíceis, para eu e meus irmãos que ficamos, para meu pai que teve que cuidar da gente. Minha mãe foi trabalhar, e imagino que para ela tenha sido mais penoso ainda, deixar a gente pequenos, longe, do outro lado do planeta. Difícil não pensar nessa época e não ficar com um nó na garganta e com o peito apertado e chorar um pouco. Nessa época, a saudade se tornava menos insuportável com as correspondências quinzenais, às vezes mensais, que a gente se escrevia. Não guardei aquelas postagens, não sei o porquê, coisa que me arrependo.
O Natal também era época de trocar cartas. Escolher quais cartões enviar, para quem, canetinhas coloridas… Em volta da árvore, a gente deixava todos os cartões recebidos - e eram tantos! -, para mostrar o quanto a gente era amado e queridos pelos amigos e familiares. Havia muito amor envolvido nessa troca. As correspondências conectavam a gente na tristeza e também na alegria, mas numa camada mais profunda de afeto, eu acho. Porque você pode reler, reinterpretar e moldar o tempo; dá tempo da leitura quase se encaixar com as sensações.
Em Cartas Amarelas, de Gui Poulain, é quase palpável a quantidade de amor que se transborda em páginas e páginas de cartas. Alternadas com receitas e ilustrações igualmente mergulhadas em carinho, sem o rótulo de livro de cozinha, porque ele serve de cabeceira também, cheio de poesia.
“A saudades algumas vezes dói, é verdade. No fundo tenho é pedido menos preto no branco. Falado menos objetivamente. Calado mais. Utilizado de olhares e sorrisos e palavras soltas, assim, sem nenhuma agenda maior.
Não quero mais pressa de nada. Na verdade, existe é uma vontade enorme de guardar as coisas boas. Não esgotar todos os dias bons. E quando eu falo o que penso com todas as palavras, faço questão que o assunto não se resolva ali na hora.
Pra fazer a sensação durar.”
{ Gui Polain, p. 127, em Cartas Amarelas }
Como não amar? Como não querer pegar um lápis e uma folha em branco e escrever sem destino certo.
A receita? Então, querido amigo, um penne al limone, adaptada para um fusilli que era o pacote que eu tinha aberto em casa. Como ficou? Muito afeto, servido num prato.
Fusilli al limone | receita adaptada do livro Cartas Amarelas
02 porções
- 250g de fusilli ou penne
- 200ml de creme de leite
- 200g de queijo parmesão ralado
- 02 limões
- ½ cebola
- noz moscada, sal, pimenta do reino e azeite
- 01 colher de sopa de manteiga
Coloque água para ferver com sal e um fio de azeite, o suficiente para cozinhar o macarrão. Quando começar a ferver, coloque o macarrão e cozinhe segundo as instruções do fabricante.
Numa panela derreta a manteiga com um pouco de azeite em fogo médio alto. Jogue a cebola bem picadinha e doure bem. Jogue o suco dos limões e quando começar a ferver, junte o creme de leite, as raspas dos limões e o queijo ralado. Esquente, mas não deixe ferver. Junte o macarrão escorrido, misture bem, e retire do fogo. Tempere com sal, pimenta do reino e bastante noz moscada ralada. Sirva com mais queijo se desejar.