Salada Verde com Pêra e Romã
Essa semana, ouvi emocionada o discurso ovacionado da Glenn Close, em sua premiação durante Globo de Ouro. Como li outro dia nas redes, estou digitando o teclado com os pés, porque as mãos ocupadas aplaudindo e enxugando lágrimas até agora (emoji risos). Ela falou sobre a importância de nós, como mulheres, nos sentirmos realizadas, não apenas pela função social - ter filhos ou um casamento bem sucedido - mas como profissionais, felizes, em nossas carreiras. Transformar um sonho em realidade, e permitir-se realizar-se através dele. É algo relativamente novo em nossa sociedade; essa possibilidade conquistada apesar da nossa condição de nascer sob o gênero feminino.
Até poucas gerações passadas isso não era possível. Minha mãe, por exemplo, dedicou boa parte da sua vida como dona de casa, abriu mão da continuidade de seus estudos, para se dedicar à família e seus três filhos. Minhas avós, então, nem falar. Quando eu penso na minha vida, vejo o tanto de oportunidades que tive, diferente delas. Mas apesar de ter terminado uma faculdade, ter seguido uma carreira e profissão por 10 anos, isso, durante muito tempo, não era o suficiente para mim. Havia uma cobrança social - e interna - sobre constituir uma família, ter um filho até os 30 para que a realização acontecesse. Como se a completude da mulher só pudesse vir através de ser mãe.
Já escrevi aqui sobre a tetralogia napolitana de Elena Ferrante, que fala justamente sobre o machismo social e a forma como ela se expressa em todas as formas violentas de usurpar e destituir a liberdade das mulheres. Nascer sob a condição feminina gera uma séries de limitações de escolhas ou de possibilidades para uma mulher, e isso era ainda mais gritante e pungente até algumas poucas décadas atrás.
Hoje, o mundo caminha para uma nova era (ainda que a passos de bebê) e espero que, em breve, a gente possa ser livre para escolher o tipo de realização, ou as realizações que almejamos em nossas vidas. E que a gente possa ter a oportunidade de seguir nossos sonhos e aquilo que faz realmente nosso coração vibrar, e ser capaz de lidar com qualquer percalço que elas possam reverberar, ou colher todas bençãos que elas possam trazer.
“Naquela ocasião, ao contrário, vi nitidamente as mães de família do bairro velho. (…) pareciam ter perdido os atributos femininos que nós, jovens, dávamos tanta importância e que púnhamos em evidência com a maquiagem. Tinham sido consumidas pelos corpos dos maridos, dos pais, dos irmãos, aos quais acabavam sempre se assemelhando, ou pelo cansaço ou pela chegada da velhice, pela doença. Quando essa transformação começava? Com o trabalho doméstico? Com as gestações? Com os espancamentos? Lila se deformaria como Nunzia? De seu rosto delicado despontaria Fernando, seu andar elegante se transmutaria nas passadas abertas, braços afastados do tronco, de Rino?”
- História do novo sobrenome, Elena Ferrante -
Nunca fui grande fã do verão: a suadeira, os mosquitos - o horário de verão! - sempre me deram a sensação de vida decadente, diluindo os ânimos pela transpiração. Agora aqui no meio das montanhas, os dias mais largos, a luz que ouro que banha a casa até quase 8 da noite, o céu que se transforma numa cúpula estrelada à noite, e os elaterídeos piscando na floresta, mudaram minha percepção dessa estação tão quente e tão tropical. O verde é abundante essa época, as dálias e as hortênsias começam a florescer. Viva o verão!
As refeições também são mais fáceis nessa época. Comemos muita fruta durante o dia todo, tomamos muito suco (e muita água). Um grelhado e uma boa salada verde, com folhas frescas da horta são o suficiente para a gente passar bem o dia. Você pode colocar outras folhas e outras frutas também - manga fica ótima! -, uns pedaços de queijo de cabra ou de búfala, para quem gosta.
Salada Verde com Pêra e Romã
Simples e perfeita para o verão. Para essa salada, você pode usar quais folhas verdes preferir, colocar frutas como manga ou figo. O acompanhamento ideal para grelhados.
Rendimento: 04 pratos
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Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: acompanhamento, salada
para a salada
- 04 folhas grandes de couve
- 03 folhas grandes de almeirão
- agrião, rúcula e folhas de espinafre
- 1/4 de romã
- 70g de nozes pecãs
para o molho
- 02 colheres de sopa de azeite de oliva
- 01 colher de sopa de mostarda dijon
- 01 colher de sopa de vinagre balsâmico
- 01 colher de sopa de mel
- 01 colher de sopa de shoyu
para a salada
- Corte a couve bem fininha (tire o talo do meio se não gostar).
- Corte o almeirão em tiras mais grossas.
- Fatie as pêras em lâminas finas.
- Toste as nozes pecãs no forno, uns 5 minutos em forno médio.
- Disponha as folhas numa travessa, colocando as pêras fatias por cima. Salpique as semente de romãs e as nozes picadas por cima de tudo.
para o molho
- Coloque todos os ingredientes numa tigela e misture bem (com um mini fouet se tiver) até emulsificar.
- Sirva por cima da salada.