Frango com Pequi
A primeira vez que eu provei pequi foi há uns 10 anos, numa galinhada num restaurante de pratos típicos mineiros na Vila Madalena em SP. Eu lembro de ter me maravilhado com aquele sabor tão diferente de tudo que eu já havia provado: um frutado cítrico de polpa cremosa que equilibra com perfeição a densidade do molho de frango na panela.
A primeira vez que eu provei pequi foi há uns 10 anos, numa galinhada num restaurante de pratos típicos mineiros na Vila Madalena em SP. Eu lembro de ter me maravilhado com aquele sabor tão diferente de tudo que eu já havia provado: um frutado cítrico de polpa cremosa que equilibra com perfeição a densidade do molho de frango na panela.
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Pão Estrela com Doce de Leite e Nozes
Se tem coisa mais terapêutica que fazer pão, desconheço. É preciso uma boa dose de tempo e paciência também, confesso. Mas garanto que se sujar de farinha, sovar a massa na mão, amassando-na num embalo ritmado trazem uma satisfação quase que meditativa.
Se tem coisa mais terapêutica que fazer pão, desconheço. É preciso uma boa dose de tempo e paciência também, confesso. Mas garanto que se sujar de farinha, sovar a massa na mão, amassando-na num embalo ritmado trazem uma satisfação quase que meditativa.
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Ovos no Purgatório
Comida afetiva numa versão vegetariana deliciosa.
Essa receita é, para mim, a definição de comida conforto: a simplicidade de um ovo imerso no molho borbulhante de tomate bem condimentado. Para comer em dias frios, raspando a frigideira com um pedaço de pão arrancado com as mãos, intercalado com um gole de vinho, enquanto a gente observa o vapor da comida quente que embaça e condensa no vidro das janelas.
Faz um ano que essa receita foi publicada na Revista Claudia, junto com outras receitas igualmente deliciosas. Também é uma versão vegetariana, dessa receita aqui de anos atrás.
Ovos no Purgatório
Comida conforto, perfeita para dias frios.
Rendimento: 02 porções
-
Tempo de Preparo:
- 5 tomates grandes
- 1 cebola roxa picada
- 1 dente de alho bem picadinho
- 1 colher de sopa do azeite
- 1 colher de sopa de orégano (seco)
- 1 colher de chá de paprica picante
- 2 folhas de louro
- 1 talo de salsão
- 2 colheres de sopa de açúcar
- Sal e pimenta do reino a gosto
- folhas de manjericão
- 1/4 xícara de vinho branco
- 1/2 xícara de água
- 2 a 4 ovos
- pão para acompanhar
- Coloque os tomates direto sobre a fornalha do fogão aceso e deixe a pele queimar - vá virando com ajuda de uma pinça para ir queimando toda a casca. Retire do fogo e descasque com cuidado.
- Corte os tomates grosseiramente e reserve.
- Numa frigideira, coloque um fio de azeite e aqueça bem.
- Refogue as cebolas por uns 3 minutos.
- Adicione o alho, misture e jogue o vinho por cima.
- Coloque os tomates adicione o restante dos temperos (exceto o manjericão).
- Deixe cozinhar por uns 10 minutos e vá adicionando água, se necessário, para não deixar o molho secar.
- Faça uns buracos e coloque os ovos.
- Salpique sal e pimenta do reino.
- Faça uns buracos e coloque os ovos.
- Tampe e deixe cozinhar por uns 2 minutos no máximo se você quiser as gemas moles.
- Jogue umas folhas de manjericão e sirva com um pãozinho torrado.

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Pimentões Recheados com Arroz, Abobrinha e Queijo
Uma versão do clássico pimentão recheado, sem carne.
Desde a vinda de Yasmin, não é novidade a falta de tempo que vivo por aqui. Minha rotina virou de cabeça para baixo, às vezes, é difícil sentar para comer, quem dirá cozinhar. E eu que sempre gostei da minha vidinha simples e preguiçosa, tenho sofrido com o choque da maternidade, mas me adaptando todos os dias um pouco, no susto. O corpo segue em alerta, a cabeça pesada de cansaço e sono. Sigo querendo curtir todos os momentos da maneira que posso, porque dói bastante, mas também tem suas horas de ternura.
Fiz esses pimentões há mais ou menos 20 dias atrás. Eu sempre gostei dessa receita com carne moída, mas decidi provar uma versão com abobrinha, e ficou boa demais. As cores trouxeram vida para a mesa e foi uma alegria poder voltar a produzir e fotografar, ainda que apenas por alguns minutos.
Pimentões Recheados com Arroz, Abobrinha e Queijo
Um clássico transformado: versão vegetariana com muito sabor.
Rendimento: 04 porções
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: prato principal ou acompanhamento
- 4 pimentões (usei mais “gordinhos” com uns 10cm de altura)
- 1/2 cebola média picada
- 2 dentes de alho picadinhos
- 1 abobrinha média em cubinhos pequenos
- 1 xícara de arroz cozido
- 1/2 xícara de molho de tomate
- 1 xícara de queijo meia cura em cubinhos
- folhas de manjericão
- 2 colheres de sopa de azeite
- 1 colher de sopa de açúcar
- sal e pimenta do reino
- queijo parmesão ralado para servir
- Corte a "tampa" dos pimentões, remova as sementes e a pele branca do interior delas. Reserve.
- Numa frigideira, refogue a cebola no azeite em fogo médio, até murchar. Junte o alho picadinho e misture.
- Adicione as abobrinhas e vá misturando de vez em quando.
- Quando estiverem cozidas (eu deixo até elas queimarem um pouco), junte o arroz.
- Misture bem e adicione o molho de tomate.
- Tempere com sal, pimenta do reino e o açúcar.
- Apague o fogo e espere esfriar um pouco. Junte o queijo meia cura e o manjericão picado, e misture.
- Disponha os pimentões numa travessa que vá no forno e regue com azeite, um pouco de sal e pimenta do reino.
- Recheie-os com a mistura do arroz e abobrinha. Polvilhe o queijo parmesão ralado por cima.
- Cubra a travessa com papel alumínio e leve ao forno pré-aquecido em 225C graus, e asse por uns 20-25 minutos (até os pimentões estarem cozidos)
- Retire do forno e sirva a seguir.

Biscoitos de Amêndoas
Depois de 10 dias em São Paulo, voltamos quarta-feira. Chegamos a noite e fomos re-habitando aos poucos a casa que estava com cara de abandono. Desfiz as malas só ontem e aproveitei para cozinhar, enquanto meu marido punha as roupas para lavar. Fiz uma torta de alho-poró para ele e um caldo de frango para mim.
Hoje, amanheceu nublado, como já pressagiava a noite de ontem; espiei da janela o céu escuro e não vi nenhuma estrela. Tinha um pote com as sobras de amêndoas trituradas do leite de sementes, e resolvi assar uns biscoitos com a "farofa".
Enquanto a casa cheirava o doce assado, fui buscar um buquê da couve manteiga florida, que balançava lentamente no alto da horta. Senti a saudade me invadir aos poucos, da simplicidade da minha vida, da rotina descomplicada, sem muitos acontecimentos, mas cheia de quietude no fazer.
Biscoitos de Amêndoas
Usei o resto das amêndoas trituradas que sobraram do leite de sementes.
Rendimento: 10-12 biscoitos
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: chá da tarde, sobremesa
Ingredientes
- 1 e 1/4 do “bagaço” das amêndoas trituradas para leite secas
- 1/2 xícara de açúcar
- 1 ovo
- 50g de manteiga derretida
- 1 colher de sopa de licor de Amarula (pode usar um licor de amêndoas, eu não tinha e acabei substituindo por este.
- 1 colher de chá de fermento em pó químico
- pitada de sal
- Num recipiente, junte a farinha de amêndoas com o açúcar.
- Junte o ovo, a manteiga, o sal, o fermento e o licor.
- Amasse até formar uma bola homogênea.
- Leve à geladeira por 1 hora.
- Faça bolinhas e achate com a mão mesmo.
- Disponha os biscoitos numa assadeira, forrada com papel manteiga - não é necessário deixar muita distância entre os biscoitos.
- Asse em forno pré-aquecido a 180C graus, por uns 20-30 minutos, até ficarem bem dourados.
- Espere esfriar e consuma na hora. Se deixar para o dia seguinte e eles murcharem, dê uma secada no forno novamente.
Modo de Preparo

Risoto de Açafrão com Vagens Grelhadas
Um prato rico em sabor para acalentar o estômago nos dias mais frios.
Desde que eu vi o risoto de pimentões do Gui Poulain e o de tomates da Marcela, tava dias passando vontade. Dia desses, acabei fazendo com açafrão-da-terra e pimenta caiena.
Faz menos de 1 ano que eu fiquei totalmente viciada no sabor da cúrcuma. Antes, eu não gostava nem do cheiro nem do sabor. Mas de um tempo para cá, eu chego a abrir o pote só para ficar cheirando (pessoa estranha, sim, não nego). E tomo um "chá" todas as noites que é o pó com a pimenta, um pouco de mel e água quente - a boca enche d'água só de pensar no cheiro.
Lembro que com o coentro foi a mesma coisa. Eu simplesmente não suportava o sabor, até que aprendi a tolerar, e hoje quero tacar em tudo que é prato. Teve outro sabor que também foi assim: o do nigagori (melão amargo). Até hoje me lembro da minha tia me servindo um prato com ele grelhado, e a cara que eu fiz quando experimentei. Era incomível. Aí um dia, do nada, eu acordei com vontade de comer aquele prato. E desde então, não é que eu goste do amargor desse legume, eu amo.
O paladar é realmente algo muito doido. Acredito muito que a gente possa "aprender" a comer e apreciar sabores não triviais, fora dos nossos padrões alimentares. Provar e ir além, testar combinações que possam nos desafiar. Esse risoto é um pouco fruto disso.
Risoto de Açafrão com Vagens Grelhadas
Um prato rico em sabor para acalentar o estômago nos dias mais frios.
Rendimento: 2-3 porções
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: prato principal
Ingredientes
para o risoto
- 1 xícara de chá de arroz arbóreo
- 1/2 cebola picada
- 1 dente de alho picado
- 4 colheres de sopa de azeite
- 1 xícara de chá vinho branco
- 1 litro de caldo de legumes
- 1 colher de sopa de açafrão em pó
- 1/4 colher de chá de pimenta caiena
- 1 xícara de queijo parmesão ralado
- 2 colheres de sopa de cream cheese para acompanhar
- folhas de endro para decorar
- sal e pimenta do reino a gosto
para a vagem
- 300g de vagem
- 2 colheres de sopa de gengigre ralado
- 2 colheres de sopa de azeite
- 2 colheres de sopa de molho tsuyu (opcional, pode utilizar molho de soja se não tiver)
Modo de Preparo
para o risoto
- Numa panela funda, refogue a cebola picada até dourar. Adicione o alho - não deixe queimar.
- Coloque o arroz arbóreo e frite o arroz, mexendo sempre.
- Quando começar a querer torrar, junte o vinho branco e misture.
- Conforme o liquido for secando, adicione 1 concha do caldo de legumes (quente/fervendo) e vá misturando sempre.
- Vá adicionando o caldo dessa forma e cozinhando assim o risoto. Misture sempre para que o arroz solte o amido que deixa o risoto cremoso.
- Adicione o açafrão, a pimenta, sal e pimenta do reino.
- O arroz deve cozinhar até ficar al dente e com um caldo cremoso.
- Adicione o queijo ralado e apague o fogo. Misture bem.
- Sirva com uma colher de cream cheese e folhas de endro.
para as vagens
- Numa frigideira esquente bem o azeite - fogo alto.
- Adicione as vagens (lavadas e secas)
- Vá refogando rapidamente, chacolhando a frigideira.
- Adicione o molho tsuyu e o gengibre, e tampe por alguns segundos. As vagens também devem ficar al dente e não murchas
- Sirva imediatamente com o risoto.

Panqueca de Ricota com Molho Branco
Massa adaptada da receita da Flamboesa. O recheio e o molho são apenas sugestões, você pode fazer a combinação que preferir.
Panqueca é uma receita bem fácil, e eu adoro fazer porque acho divertido também. Virar os discos no ar com a frigideira, rechear e enrolar, sempre me fazem sorrir. Essas aqui foram recheadas com ricota temperada e cobri com molho branco. Mas na outra semana, eu tinha feito recheadas com espinafre com molho branco e ricota, e cobri com molho de tomate, tinha ficado melhor.
A verdade é que você pode fazer a combinação que preferir, não tem muita regra. A receita da massa eu me baseei na da Flamboesa, que ensina para a receita doce, mas eu adaptei para a salgada. Ficou ótima.
Queria dar uma dica, que já está sendo bem dada por aí, de um seriado para assistir na Netflix: Nada Ortodoxa. É uma minissérie, com 4 capítulos. Shira Haas, a atriz principal, me fez chorar e emocionar em inúmeras cenas.
A opressão sobre as mulheres, que dita a maior parte das religiões (se não em todas), é muito visível e evidente nos códigos sociais dessa comunidade judaica, ilustrada no seriado. É fácil se repugnar ou se indignar com tais formas tão escancaradas. Mas também me fez questionar todas as formas sutis que ainda permeiam a minha vida e a de tantas mulheres. O quanto ainda convivemos com diferentes níveis estruturais dessa opressão em nossa sociedade.
Eu não tenho mais nenhuma dúvida de que é necessário combater o patriarcado e estar atenta a todas as nuances que ainda inundam minha visão de mundo, de filtro e julgamento sobre outras mulheres. É um exercício diário, às vezes doloroso, perceber o quanto ainda contribuo ao permitir que estruturas opressoras continuem a se manter (não apenas as de gênero, mas as de classe e de raça também), o quanto não tenho nenhuma resposta concreta para uma sociedade mais justa. Eu tento pautar a minha vida pela coerência dos meus atos com meus valores, mas a verdade é que estou bem longe de realmente afirmar que vivo por entre essas linhas.
Panqueca de Ricota com Molho Branco
Massa adaptada da receita da Flamboesa. O recheio e o molho são apenas sugestões, você pode fazer a combinação que preferir.
Rendimento: 8 porções
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: prato principal
Ingredientes
para a massa
- 2 ovos
- 1 colheres de sopa de açúcar
- 2 colheres de sopa de manteiga derretida.
- 1 xícara de chá de leite
- 1 e 1/2 xícara de chá de farinha de trigo
para o recheio
- 400g de ricota
- 1/2 xícara de chá de molho de tomate
- 1 colher de sopa de orégano
- algumas folhas de manjericão fresco picado
- sal, pimenta do reino e azeite a gosto
para o molho branco
- 2 xícaras de leite
- 2 colheres de sopa de maisena
- 1/2 cebola picada
- 1 colher de sopa de açúcar
- 1 colher de sopa de manteiga
- sal, pimenta e noz moscada ralada a gosto
Modo de Preparo
para a massa
- Num recipiente, junte os ovos e o açúcar e bata bem até ficar um creme esbranquiçado.
- Junte o restante dos ingredientes e misture até ficar homogêneo.
- Aqueça uma frigideira antiaderente em fogo médio-baixo com uns 28cm de diâmetro.
- Coloque uma concha do líquido e espalhe bem, girando a frigideira.
- Espere assar de um lado - ela começa a descolar do fundo - e vire para cozinhar do outro.
- Deixe esfriar num prato.
- Recheie cada panquca com cerca de 2 colheres de sopa do recheio abaixo e enrole.
- Disponha numa vasilha ou assadeira, coloque um pouco do molho e leve para esquentar no forno por uns 5-10 minutos.
para o recheio
- Numa tigela junte a ricota, o molho e os temperos.
- Despedaçe a ricota com um garfo e misture bem.
- Veja se o tempero está ao seu gosto.
para o molho
- Numa panelinha, refogue a cebola na manteiga.
- Quando estiver dourada, junte o açúcar.
- Numa xícara dissolva a maisena em um pouco do leite e depois junte ao restante do leite.
- Verta o leite na panelinha e misture bem em fogo médio
- Tempere com sal, pimenta do reino e bastante noz moscada ralada.
- Misture bem até começar a engrossar.

Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola Caramelizada e Legumes Tostados
Receita Vegetariana por Suzan Zacchi.
Receita de banquete vegetariano em tempos de quarentena? Temos. Esse conteúdo foi criado 3 semanas atrás, quando a Suzan passou por aqui. Esse foi um dos pratos que ela fez para a gente: forte, apimentado e, gente, que lindo - ainda que ela tenha desdenhado da apresentação na hora da foto e chamado de mexidão, hahaha. Saudades daquele clima leve e ingênuo, que vivemos naquele fim de semana.
Sobre o veganismo: a Su recebeu um monte de questionamentos pelo fato desse blog não ser vegetariano ou vegano.
Bom, então, não sou. Não porque eu não respeite ou desacredite no movimento, pelo contrário. Mas minha opção pessoal, hoje, é a redução do consumo de carne. Diminui meu consumo (principalmente de carne vermelha) porque senti que meu organismo respondeu absurdamente bem com essa mudança. Mas continuo consumindo esporadicamente - algo como 3x ao mês -, e seus derivados estão na maioria das minhas receitas (manteiga principalmente).
Aderi ao movimento de transição, de negociação consigo mesma, pois não consigo seguir dietas de restrição. É óbvio que essa é uma ótica/ética particular, e não pretendo entrar nessa discussão. Enxergo no ativismo vegano uma força necessária, importante - admiro demais as pessoas que estão nessa luta - mas acredito também que movimentos agregadores, simpatizantes e menos duros, geram um caminho mais possível.
Até porque as discussões são complexas. Da família que cria galinhas para consumo próprio versus o vegano que compra leite de amêndoas com embalagens que dificilmente serão recicladas. Impacto ambiental versus ética de consumo sobre a vida de outro animal. Coloco aqui não com a intenção de menosprezar o movimento, nem para justificar meus atos. Os movimentos são paralelos, de culturas e visões sociais distintas, mas não podem e nem deveriam ser excludentes. Minha intenção é fomentar a reflexão que já existe dentro de mim.
É preciso questionar os formatos de produção (fazendas de monoculturas, uso de agrotóxicos, produção em massa, confinamento, antibióticos) e de consumo atuais. Optar por pequenos produtores, locais, sazonais - entender a cadeia de produção e evitar o desperdício. Não dá para negar que o que estamos vivendo hoje é resultado de um sistema agressivo e não-sustentável, e que se não mudarmos a rota, o colapso do planeta e iminente.
Covid-19: Difícil manter o otimismo diante de cenários tão devastadores. Difícil não ser pessimista com um governo tão negligente e irresponsável. Difícil manter a fé, com gente encarando quarentena como férias, lotando praias, bares e discotecas. Difícil falar em compaixão, quando funcionários ainda não foram liberados de grandes empresas, porque o lucro vale mais que vidas. Difícil meditar e fazer yoga quando a gente sabe que a desigualdade desse país vai condenar pessoas à morte.
Quero com todas minhas forças ser otimista, estar errada e enxergar coisas boas nesse momento. A rotina segue, porém: acendemos fogão a lenha para cozinhar, brincamos com os cachorros, lavando e colocando as roupas para secar no varal. Sento para meditar e praticar yoga. Tenho Norah Jones tocando o dia inteiro para cobrir os espaços. Festejamos um aniversário online. Mas há no fundo, um silêncio contínuo, de uma espera aguda. Da incerteza que inunda e transborda pelos pensamentos. Seguimos aguardando. Fiquem bem. Me contem como estão.
Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola Caramelizada e Legumes Tostados
Receita perfeita da Suzan Zacchi.
Rendimento: 6 porções
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: prato principal
Ingredientes
para a lentilha
- 500g de lentilha vermelha - dal
- 300g de tahini
- 4 folhas de Louro
- 1/4 colher de chá de pimenta caiena
- 1/2 colher de chá de páprica picante
- 1/2 colher de sopa Massala (se não tiver faça uma mistura com cominho, cravo em pó, canela em pó, pimenta do reino, cardamomo em pó)
- Sal a gosto
- Cebolinha para servir
para a farofa
- 1 cebola roxa
- 2 xícaras de farinha mandioca
- 2 colheres de sopa de Azeite
- Sal e pimenta do reino
para os legumes
- 2 pimentões vermelhos
- 2 pimentões amarelos
- 4 fatias de abóbora
- Azeite, sal e pimenta do reino
Modo de Preparo
para a lentilha
- Deixe as lentilhas de molho por 24 horas, trocando água umas 3 vezes durante esse período.
- Escorra bem e coloque numa panela com água e os temperos.
- Cozinhe em fogo médio.
- Quando começa a ferver, agregue o tahini.
- Cozinhe por uns 20 minutos.
para a farofa
- Fatie a cebola e refogue numa frigideira com azeite, até caramelizar bem.
- Junte a farofa, o sal e a pimenta do reino.
- Deixe tostar.
para os legumes
- Fatie os pimentões em tirinhas e as abóboras bem picadinhas.
- Coloque tudo numa assadeira para assar com bastante azeite e sal.
- Leve ao forno a 200C graus por uns 20-30 minutos, até que estejam bem tostados. Na hora de servir, coloque numa tigela a lentilha, a farofa por cima, os legumes e a cebolinha picada.

Pão Australiano do Outback
Fofinho e docinho.
Fazer pão foi uma das coisas que aprendi aqui no sítio. Tanto pela falta de qualquer vizinhança num raio de quilômetros, quanto pelo amor por pães do Gabriel. Nada de fermentação natural, nem horas de sova. O mais simples: sovando um pouco na mão e o restante na batedeira mesmo, deixando a massa descansar do lado da lareira acesa.
Parênteses. O primeiro pão que aprendi aqui foi o Challah, receita da querida Gória. Depois disso, fui testando outras receitas, tive até uma pequena janela de experiência com o levain, - que durou pouco, não vou mentir - infelizmente. Essa bola eu deixo para minha amiga Elke modelar. E, temos uma máquina de pão também que é uma belezinha para o dia-a-dia. Dá inclusive para programar para que horas quer que o pão esteja pronto. Mas quem usa mais é o Gabriel.
Ainda não é inverno, mas aqui parece que já é faz algumas semanas. Pelo vento que corta frio nosso rosto à noite, quando a gente vai espiar o céu. A cúpula estrelada que cai sobre a gente é quase como um beijo gelado de boa noite. Enquanto o pão assava no forno, e o aroma quente se espalhava pela casa misturado com o cheiro da lenha queimando, fui dar a última volta lá fora. Agasalhada e encolhida, fechei os olhos e fiz um pedido.
As coisas simples também são as mais valiosas. Como pão caseiro que tem seu valor justamente por ser feito em casa, e tudo que isso representa. É o cenário desenhado todos os dias, pelo olhar de quem quer viver pelos detalhes. São pequenos feitos que somados fazem a gente se sentir rico, de uma riqueza que dinheiro nenhum compra.
Há mil anos atrás, eu adorava o Outback, na verdade, aquela cebola empanada que levava você a tomar alguns litros de chope para acompanhá-la. Nunca mais voltei, por anos, e a cebola ficou na minha lembrança. Recentemente, passando em frente, com fome, decidi resgatar o prato das recordações. Infelizmente, a memória boa continuou no passado: a cebola não era mais a mesma, não veio tão grande como eu me recordava, na verdade, veio pequena mesmo. Também não estava tão crocante, nem tão gostosa, o que foi bem decepcionante.
Mas para que não digam que sou só crítica, antes de servirem a cebola, trouxeram o couvert. Nele, serve-se um pão australiano, escuro com gosto acentuado de mel, acompanhado de uma manteiga cremosa. O pão salvou a noite, antes que ela ficasse ruim, e eu fiquei obcecada em encontrar a receita dessa delícia de pão.
A que elegi foi da Eline Prado do blog Mel e Pimenta. Que aliás, descobri que tem dicas e pratos ótimos - que comunidade maravilhosa é essa de blogueirxs de gastronomia na internet. A receita dela é uma adaptação publicada pela Bia Freitag do Desafios Gastronômicos. Obrigada, meninas! Adoramos o resultado.
Aqui, fiz algumas alterações, por conta do que eu tinha na minha despensa, ficou ótimo, e devo continuar minhas experiências sobre o pão, pois quero que ele fique bem escuro, bem fofinho e com bastante gosto de mel.
Quem tiver dúvidas em moldar o pão, assiste a este vídeo do Luiz Américo.
Faz tempo que não deixo sugestões de filmes ou seriados, até porque a Netflix tem me cansado demais, tenho achado as produções originais bem pouco originais; bem ruins, para ser sincera: vê-se que se gastou muito dinheiro com produção, mas pouco em roteiro ou em criar qualquer coisa que valha. Umas histórias fracas, sem pé nem sentido. A sensação que eu tenho é que eles tentam tornar tudo um capítulo de Black Mirror. Saturada, decidi voltar aos básicos, neste caso, à HBO.
Assisti Chernobyl, que me chocou à beça. É um chute no estômago, como a falta de um tiro de misericórdia pela humanidade. É também uma obra-prima de fotografia, com atuações excelentes. Impossível não pensar nas realidades controladas de Orwell em tantas cenas ali. Assisti em dois dias, e fiquei mal. Piorei quando descobri no mapa que Angra II está a 30 km de distância de casa.
O retrato da burocracia arrogante do governo soviético me deixou a pensar sobre o quanto realmente estamos seguros sob a proteção do Estado que deveria zelar pela vida. Os desastres de Mariana e Brumadinho estão aí para escancarar a falta de capacidade das instituições (públicas ou privadas), com lama derramada sobre sangue. Pensar que ainda tem gente que defende o uso de energia nuclear, sendo que nem barragens hidroelétricas foram capazes de manter sob segurança. E isso, nada tem a ver com comunismo ou capitalismo, pelamor, tem a ver com a incapacidade e estupidez humana mesmo.
No momento, estou assistindo a Big Little Lies, que tem atrizes ótimas, história bem narrada, e dá para levar bem, com humor. Estava com saudades das produções do David E. Kelly, e por enquanto (estou a 2 capítulos para terminar a primeira temporada) não tenho nada a reclamar da série, ao contrário, estou adorando. E Meryl Streep está na segunda temporada, então as expectativas são boas.
Pão Australiano do Outback
Receita original do blog Mel e Pimenta e Desafios Gastronômicos, com adaptações.
Rendimento: 02 pães médios
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: pão, entrada, chá da tarde
- 360g de farinha de trigo
- 70g de farelo de trigo
- 3 colheres de sopa de cacau em pó
- 1/4 de xícara de mel
- 4 colheres de sopa de açúcar mascavo
- 1 colher de sopa de fermento biológico seco
- 30g de manteiga derretida
- 300ml de água morna
- 1 pitada de sal
- fubá para polvilhar
- Dissolva o açúcar mascavo e o fermento em metade da água morna, num recipiente pequeno e reserve.
- Junte todos os ingredientes secos numa tigela, e deixe um buraco no meio.
- Adicione à mistura do fermento, o mel e a manteiga.
- Vá incorporando os ingredientes com a ponta dos dedos, juntando o restante da água se necessário.
- Sove bem a massa por uns 5 minutos. Eu coloquei na batedeira com o batedor gancho e sovei por lá.
- Deixe a massa descansando num bowl por 1 hora, tampado com filme plástico ou um pano. Se possível deixe num local aquecido, protegido da luz e de qualquer corrente de ar.
- Quando a massa estiver crescida, molde os pães como preferir. Eu dividi a massa em duas partes e fiz dois pães.
- Para moldar, abro a massa, e vou dobrando várias vezes. Coloquei um link para um vídeo ensinando a moldar na postagem acima.
- Faça cortes diagonais com uma faca bem afiaca, no topo do pão. Polvilhe a assadeira e os pães com fubá.
- Cubra e deixe descansar por mais 1 hora, para crescer.
- Leve para assar em forno pré-aquecido a 180C graus, e asse por uns 35-40 minutos.
- Deixe esfriar numa grade.

Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke, numa tarde com café
Numa tarde ensolarada de outono.
É sempre muita história para contar: ela da sua viagem mais recente - dessa vez para Suécia e Dinamarca -, eu sobre meus perrengues na roça. A gente sempre dá muita risada, fazemos planos para dominar o mundo, tem sempre comida no meio, bebemos demais e terminamos com preguiça no final. E se lembra, que o melhor da vida são esses momentos.
Nossa amizade começou por aqui, virtualmente. Na época, 4 anos atrás, ela tinha um blog de cozinha e viagens. Gostei de cara do que ela escrevia, e comentei: “dá vontade de ser sua amiga". E foi assim que a gente se identificou, logo de cara. Ela veio para casa, contou da sua vida, e eu da minha. Passamos um café e criamos um ritual.
Nem sempre é bonito como nessas fotos. Às vezes tem pizza fria de boteco, pipoca com cerveja, geladeira vazia, bolo de supermercado. Ontem, foi banquete feito na hora; enquanto ela contava as novidades suecas, abria com desenvoltura a massa da quiche, fritava o bacon na frigideira, e batia os ovos com creme. Eu ouvia sentada na bancada da cozinha, preparando a câmera para fazer fotos, ajustando o tripé de pata quebrada. Brindamos com espumante gelado, afinal, também esbanjamos riqueza quando podemos.
A gente ri das nossas diferenças - que não são poucas - eu chamo ela de louca, ela me chama de preguiçosa. Enchemos mais uma taça, porque não temos tempo a perder.
Pedi a receita da quiche, ela me olhou torto, afinal, nunca mede as quantidades e faz tudo no olho. Mas foi só eu postar foto ontem, que já teve gente pedindo receita. Então ela fez o favor de compartilhar. Toma lá a receita da Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke Noda.
Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke Noda
Você pode utilizar a mesma massa para outros recheios como cebola, presunto e queijo, cenoura ralada, etc.
Rendimento: 06 porções
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: torta, quiche
para a massa
- 180g de farinha de trigo
- 80g de manteiga com sal
- aproximadamente 1 ovo - não coloca o ovo todo, apenas o suficiente para dar liga - ou água gelada
para o recheio
- 3 ovos
- A mesma medida dos ovos de creme de leite
- 1 abobrinha
- bacon (opcional)
- 50g queijo meia cura
- Sal, pimenta do reino e noz moscada
para a massa
- Juntar a farinha com a manteiga e faz tipo uma farofa.
- Adiciona o ovo ou a água para “grudar” tudo.
- Faz uma bola com a massa, enrola com papel filme e deixa na geladeira uns 15 minutos
- Abre a massa com um rolo, coloque numa forma (essa medida é para forma de 25cm), fure a massa com um garfo e leve ao forno por 15 minutos a 180°C.
para o recheio
- Numa frigideira doure rapidamente o bacon. Reserve.
- Bater com um fouet os ovos, acrescenta o creme de leite, bater até ficar homogêneo.
- Tempere a gosto com sal, pimenta e noz moscada.
- Adicione o queijo meia cura ralado e o bacon.
- Fatie as abodrinhas com uma mandolina ou corte o mais fino que você conseguir.
- Despeje os ovos batidos na massa e coloque as rodelas de abobrinha.
- Leve para o forno a 220°C, já pré aquecido, por uns 20 minutos ou até dourar.
- Sirva morna ou fria.

Salada Verde com Pêra e Romã
Para a realização acontecer.
Essa semana, ouvi emocionada o discurso ovacionado da Glenn Close, em sua premiação durante Globo de Ouro. Como li outro dia nas redes, estou digitando o teclado com os pés, porque as mãos ocupadas aplaudindo e enxugando lágrimas até agora (emoji risos). Ela falou sobre a importância de nós, como mulheres, nos sentirmos realizadas, não apenas pela função social - ter filhos ou um casamento bem sucedido - mas como profissionais, felizes, em nossas carreiras. Transformar um sonho em realidade, e permitir-se realizar-se através dele. É algo relativamente novo em nossa sociedade; essa possibilidade conquistada apesar da nossa condição de nascer sob o gênero feminino.
Até poucas gerações passadas isso não era possível. Minha mãe, por exemplo, dedicou boa parte da sua vida como dona de casa, abriu mão da continuidade de seus estudos, para se dedicar à família e seus três filhos. Minhas avós, então, nem falar. Quando eu penso na minha vida, vejo o tanto de oportunidades que tive, diferente delas. Mas apesar de ter terminado uma faculdade, ter seguido uma carreira e profissão por 10 anos, isso, durante muito tempo, não era o suficiente para mim. Havia uma cobrança social - e interna - sobre constituir uma família, ter um filho até os 30 para que a realização acontecesse. Como se a completude da mulher só pudesse vir através de ser mãe.
Já escrevi aqui sobre a tetralogia napolitana de Elena Ferrante, que fala justamente sobre o machismo social e a forma como ela se expressa em todas as formas violentas de usurpar e destituir a liberdade das mulheres. Nascer sob a condição feminina gera uma séries de limitações de escolhas ou de possibilidades para uma mulher, e isso era ainda mais gritante e pungente até algumas poucas décadas atrás.
Hoje, o mundo caminha para uma nova era (ainda que a passos de bebê) e espero que, em breve, a gente possa ser livre para escolher o tipo de realização, ou as realizações que almejamos em nossas vidas. E que a gente possa ter a oportunidade de seguir nossos sonhos e aquilo que faz realmente nosso coração vibrar, e ser capaz de lidar com qualquer percalço que elas possam reverberar, ou colher todas bençãos que elas possam trazer.
“Naquela ocasião, ao contrário, vi nitidamente as mães de família do bairro velho. (…) pareciam ter perdido os atributos femininos que nós, jovens, dávamos tanta importância e que púnhamos em evidência com a maquiagem. Tinham sido consumidas pelos corpos dos maridos, dos pais, dos irmãos, aos quais acabavam sempre se assemelhando, ou pelo cansaço ou pela chegada da velhice, pela doença. Quando essa transformação começava? Com o trabalho doméstico? Com as gestações? Com os espancamentos? Lila se deformaria como Nunzia? De seu rosto delicado despontaria Fernando, seu andar elegante se transmutaria nas passadas abertas, braços afastados do tronco, de Rino?”
- História do novo sobrenome, Elena Ferrante -
Nunca fui grande fã do verão: a suadeira, os mosquitos - o horário de verão! - sempre me deram a sensação de vida decadente, diluindo os ânimos pela transpiração. Agora aqui no meio das montanhas, os dias mais largos, a luz que ouro que banha a casa até quase 8 da noite, o céu que se transforma numa cúpula estrelada à noite, e os elaterídeos piscando na floresta, mudaram minha percepção dessa estação tão quente e tão tropical. O verde é abundante essa época, as dálias e as hortênsias começam a florescer. Viva o verão!
As refeições também são mais fáceis nessa época. Comemos muita fruta durante o dia todo, tomamos muito suco (e muita água). Um grelhado e uma boa salada verde, com folhas frescas da horta são o suficiente para a gente passar bem o dia. Você pode colocar outras folhas e outras frutas também - manga fica ótima! -, uns pedaços de queijo de cabra ou de búfala, para quem gosta.
Salada Verde com Pêra e Romã
Simples e perfeita para o verão. Para essa salada, você pode usar quais folhas verdes preferir, colocar frutas como manga ou figo. O acompanhamento ideal para grelhados.
Rendimento: 04 pratos
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: acompanhamento, salada
para a salada
- 04 folhas grandes de couve
- 03 folhas grandes de almeirão
- agrião, rúcula e folhas de espinafre
- 1/4 de romã
- 70g de nozes pecãs
para o molho
- 02 colheres de sopa de azeite de oliva
- 01 colher de sopa de mostarda dijon
- 01 colher de sopa de vinagre balsâmico
- 01 colher de sopa de mel
- 01 colher de sopa de shoyu
para a salada
- Corte a couve bem fininha (tire o talo do meio se não gostar).
- Corte o almeirão em tiras mais grossas.
- Fatie as pêras em lâminas finas.
- Toste as nozes pecãs no forno, uns 5 minutos em forno médio.
- Disponha as folhas numa travessa, colocando as pêras fatias por cima. Salpique as semente de romãs e as nozes picadas por cima de tudo.
para o molho
- Coloque todos os ingredientes numa tigela e misture bem (com um mini fouet se tiver) até emulsificar.
- Sirva por cima da salada.

Pêssegos ao Vinho Rosé
Essa receita é de pêssegos em calda caseiros, feitos no vinho, tem a cara e o frescor do verão.
Passamos o Natal aqui em casa, no sítio, com pouca gente (minha irmã Débora e meu cunhado Léo), coisa bem simples, mas bem gostosa. O Gabriel assou um cordeiro na churrasqueira, fiz um ratatouille para Lucy que é vegetariana, tomamos muito vinho e umas caipirinhas de saquê com lichia, enquanto jogávamos uma partida de War. De sobremesa, sorvete de nata e de gianduia.
A gente estreou a sala, já que o sofá chegou a poucos dias, a casa ficou com uma cara de aconchego e pronta para receber visitas. A virada do ano também foi aqui em casa, passamos só eu e o Gabriel (e os cachorros), brindamos com vinho também, e fomos para a cama cedo, assistir um filme na tevê. Foi tudo bem normal, como tem sido nossa vida cotidiana aqui no sítio. A vida soa meio sem graça, se comparada aos grandes acontecimentos que a gente tinha antes de vir para cá.
Tem dias que dá mais preguiça que o usual, parecendo até desânimo de viver qualquer coisa que valha. Eu vivo para acordar e soltar os pintinhos (que já estão grandes), moer e passar meu café, tomar meu kefir, tirar as folhas secas das minhas flores, dar comida para os cachorros, pensar no almoço que é sempre quase janta. Responder e-mails e trabalhar no computador, dar uma volta pelo mato, se estiver calor, tomar um banho no rio, se estiver chovendo, ficar olhando as galinhas se aninharem debaixo dos arbustos. Essa é a minha rotina.
Agora, no verão, chove muito, quase todos os dias: aquela tempestade pesada, que vai e abre sol logo em seguida, para secar as poças que ficaram na varanda. A gente bebe vinho branco e rosé com muito gelo, dorme de janelas abertas para o vento gelado da Serra entrar, toma sol do lado da cachoeira e deita sobre as pedras quentes. Essa época do ano, geralmente eu estaria em Córdoba ou BsA, na Argentina, sofrendo com o calor de 40 graus à sombra, refletido nos asfaltos e concretos urbanos. Era um inferno, confesso, mas sinto saudades! Foram quase 8 anos passando as festas de final de ano por lá, hehehe.
Os planos para esse ano são muitos - como sempre - mas para o blog, pretendo publicar com mais freqüência. Esse lugar nutre meu coração e é sempre bom compartilhar receitas boas e estórias aqui da roça. Para quem sempre me pergunta, o curso de fotografia está começando a ser esboçado no papel, e quem sabe ele sai ainda no primeiro semestre (oremos!). Eu adoro finais de ano, mas tenho certa dificuldade com o início, para planejar e para começar a colocar o planejamento em prática. Ainda que é sempre gostoso sentir o frisson das possibilidades que um ano novo em folha traz. Mas a verdade é que me sinto cada dia mais como o poema de Mário Quintana. Continuo uma sonhadora nata, e adoro sonhar. Mas sei que muitos deles são ilusões e que cada dia me desprendo um pouco mais deles, deixando-os pelo caminho, sem sofrimento ou pesar.
E agora, com a casinha com um quarto de hóspedes pronto - e uma sala com sofá! - pretendo receber pessoas aqui em casa também. 2018, foi um bom ano de reclusão e de afastamento das relações externas, para me conectar mais comigo mesma. Mas é hora de recuperar os vínculos e laços de amizade e familiares, para viver uma vida mais conectada com as pessoas que amo também.
Essa receita é de pêssegos em calda caseiros, feitos no vinho, tem a cara e o frescor do verão. Usei rosé e branco, pois era o que tinha em casa. Utilizei os pêssegos aqui do sítio que ainda estão meio duros. Ficou uma delícia. O vinho praticamente evapora, e deixa uma cor maravilhosa. O perfume de baunilha inundou a casa, enquanto a calda borbulhava com as frutas na panela. É por esses momentos que pretendo viver 2019. Se fizer a receita, posta no instagram e me marca ou me conta por aqui como ficou!
Das ilusões
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!- Mario Quintana -
Pêssegos ao Vinho Rosé
Essa receita é de pêssegos em calda caseiros, feitos no vinho, tem a cara e o frescor do verão. O vinho praticamente evapora, e deixa uma cor maravilhosa. O perfume de baunilha inunda a casa, enquanto a calda borbulha com as frutas na panela.
Rendimento: 04 pratos
-
Tempo de Preparo:
- 06 pêssegos firmes
- 01 xícara de vinho branco
- 1/2 xícara de vinho rosé (pode usar tudo branco ou tudo rosé, se preferir)
- 1/2 xícara de água
- 04 colheres de sopa de açúcar cristal
- 1/2 favo de baunilha (opcional, pode usar um pouco de extrato se não tiver o favo)
- raspas de limão
- folhas de erva cidreira
- Descasque os pêssegos e reserve. - *Caso utilize pêssegos bem maduros, para descascar sem desmanchá-los, você pode fazer o seguinte: ferva uma panela com água (o suficiente para mergulhar os pêssegos). Coloque os pêssegos e ferva por 30 segundos. Retire-os em seguida, e coloque-os em água gelada. Retire a pele com as mãos.
- Numa panela, coloque o vinho, água, açúcar, baunilha e as raspas de limão, e leve ao fogo até ferver. Misture para dissolver o açúcar.
- Acrescente os pêssegos um a um - cuidado para não se queimar com o líquido quente!
- Cozinhe em fogo baixo, por uns 30 minutos (se os pêssegos estiverem bem maduros, cozinhe por menos tempo), ou até que estejam macios, virando-os de vez em quando.
- Deixe esfriar e leve à geladeira por umas 2 horas.
- Sirva gelado, com um pouco de creme ou iogurte. Coloque uma folhas de cidreira para acompanhar se gostar.

Talharim caseiro com molho de tomate com funghi
Dias de chuva.
Tem chovido todos os dias aqui na Serra, faz umas três semanas. Noé já teria construído sua barca e fugido daqui. Dias de lama, muitas nuvens e pouco Sol. Dá pouca vontade de sair de casa e eu me pego horas na janela, vendo a tempestade molhar, sem trégua, fazendo cascata pelo telhado. Apesar de gostar do barulho da chuva, não gosto de dias frios e úmidos - me dá preguiça além do usual, e eu tenho que fazer um esforço para seguir a vida. A sensação que eu tenho, é que o tempo fica numa pausa indefinida, enquanto goteja lá fora; ou a gente fica em espera, contendo a ansiedade, ou a gente sai por aí, com grandes chances de atolar no barro.
Viver no mato é adaptar-se às forças da natureza: bruta, absoluta e instável. É manter os humores em baias e rédeas, apesar dela; é não sucumbir às suas variações, aos céus nublados, às tempestades perenes. É aceitar que tudo é cíclico, nada é para sempre, e poucas coisas estão, realmente, sob nosso controle. Minha vida mudou muito nesses onze meses, para além da troca de cenário: a rotina, as atividades, os tempos, meu contato comigo mesma, minha relação com o mundo. É desafiador, de uma estranheza tremenda, mas, ao mesmo tempo, uma verdade e crueza que jamais havia vivido antes. Eu sinto como se meus sentimentos estivessem todos os dias à flor da pele, e ao mesmo tempo, como se uma camada de casca grossa estivesse sendo sedimentada sobre mim.
Há uma reverência crescente que desenvolvo todos os dias por esse lugar. Mas há, em paralelo, a minha capacidade de tornar banal o cotidiano, de querer passar batido, de não se maravilhar ou de me esquecer do que estou a fazer aqui. É preciso manter o compromisso todos os dias, de lembrar e relembrar, das promessas, das bençãos de viver sobre as montanhas.
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...
- Fernando Pessoa -
Essa receita é antiga, as fotos não são de agora, mas de alguns meses atrás. Ficou nos meus arquivos, decidi resgatar e publicar por aqui. Espero que gostem.
Talharim Caseiro com Molho de Tomate com Funghi
Massa caseira e molho de tomate: nada pode ser mais reconfortante que um prato de talharim.
Rendimento: 2-3 pratos
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: massa, talharim
para a massa
- 250g de farinha
- 2 ovos grandes
- 2 colheres de água gelada (caso precise para dar ponto na massa)
- pitada de sal
para o molho
- 1/4 xícara de azeite de oliva
- 1 cebola roxa média
- 3 tomates grandes maduros
- 70g de funghi
- 1/2 xícara de vinho tinto
- 2 colheres de sopa de açúcar
- pitada de sal
- orégano
- pimenta do reino
- queijo parmesão ralado para polvilhar
para a massa
- Num bowl, ou numa bancada, faça uma montanha de farinha com um buraco no meio e quebre os ovos lá.
- Misture com as mãos, amassando bem, adicione o sal e sove por uns 10, 15 minutos. - Eu sovo por 5, depois coloco na batedeira com gancho para massas pesadas.
- Forme uma bola, cubra com plástico filme e guarde por uns 30 minutos na geladeira.
- Corte a massa em pedaços e amasse. Polvilhe farinha na massa a ser trabalhada, e passe pela máquina no nível zero (ou o primeiro nível). Depois de passar, dobre ao meio e passe de novo. Repita esse processo por umas cinco vezes.
- Vá aumentando (ou diminuindo) o grau da espessura (cada vez mais fino), para abrir a massa, até chegar ao 8 ou 9. - Se você não tem máquina, acredito que dê para abrir no rolo também, mas deve ser bem trabalhoso e exigir um pouco mais de habilidade.
- Depois de abrir uma tira retangular de massa, passe no cortador de talharim. Coloque a massa polvilhada com farinha para secar.
- Ferva uma panela de água para cozinhar o macarrão, com uma colher de sopa de azeite e sal.
- Quando ferver, coloque o macarrão e cozinhe por uns 3 minutos - a massa fresca fica pronta bem rápido, talvez antes disso.
- Escorra bem - eu costumo jogar um pouco de água fria para interromper o cozimento da massa.
para o molho
- Coloque o funghi numa tigela e acrescente água fervente até cobri-lo por inteiro (e mais um pouco), e deixe de molho por uns 30 minutos até que fique hidratado.
- Corte em pedaços grandes.
- Pique bem uma cebola e refogue-a numa frigideira com o azeite de oliva.
- Quando a cebola estiver dourada, adicione os tomates picados e o açúcar e cozinhe por mais uns 5 minutos.
- Junte o funghi, o vinho tinto e os temperos e refogue por mais uns 3 minutos.
- Sirva o molho sobre o talharim e polvilhe queijo parmesão ralado.

Bolo de Chocolate Branco com Calda de Maracujá
Receita para o Portal Dedo de Moça
Passada a histeria coletiva em que se encontrava nossa nação, na qual eu me incluía, - desde horas a fio militando nas redes sociais à bate-boca em almoço de família - há de se deixar a poeira baixar e recuperar a vida perdida durante esses últimos meses. O que não quer dizer que a luta terminou, mas eu, pelo menos, peço trégua, e pretendo iniciar um novo ciclo em minha vida: com mais coerência entre atitudes e discursos no meu cotidiano.
Chorei e me decepcionei demais no dia seguinte, pós-Segundo Turno. Separei muito joio do trigo, o que não quer dizer que excluí amizades que apoiaram o candidato da oposição, mas a depender do tom do discurso e as justificativas para tal voto, eu optei por manter uma distância segura, por tempo indeterminado. E acredito que muita gente se afastou de mim, pelos mesmos motivos. Tem decepções que riscam demais o verniz dos nossos princípios, e colocam a gente em mundos separados e distantes. Infelizmente, não tenho solução para essas questões: eu poderia tecer um discurso de paz e distribuir tolerância e amor ao próximo, mas nas atuais circunstâncias, seria hipócrita e bastante desonesta comigo mesma.
Queria eu ter evoluído a ponto de não me abalar, saber o que é o certo, e fazer o que é o melhor para todos, mas estou longe disso. Ultimamente, tenho precisado, muito mais do que tenho tido disposição para dar. E nesse momento, confesso, tudo que eu precisava era de um abraço quente e algumas palavras gentis. Cumplicidade no olhar, dissolvida no silêncio caloroso de quem espera pacientemente a dúvida do outro. Sentir-me acolhida e aceita, independente de erros ou acertos. Aceitação incondicional, sem pré-julgamento ou qualquer tipo de viés político.
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcançaVenha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensarCorro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade- Bom Conselho, Chico Buarque -
Essa receita foi publicada na minha estréia como co-criadora no Dedo de Moça, portal de receitas e dicas culinárias. Tem a doçura do chocolate branco e a acidez do maracujá. Um bolo à base de manteiga - a massa fica pesada e o melhor é comer no dia seguinte, que fica mais sequinha. Com a calda de maracujá, a combinação é perfeita. Você também pode substituir as gotas de chocolate branco pelo de chocolate comum.
Bolo de Chocolate Branco com Calda de Maracujá
Receita para minha estréia como co-criadora no Portal Dedo de Moça. Tem a doçura do chocolate branco e a acidez do maracujá. Um bolo à base de manteiga - a massa fica pesada e o melhor é comer no dia seguinte, que fica mais sequinha. Com a calda de maracujá, a combinação é perfeita. Você também pode substituir as gotas de chocolate branco pelo de chocolate comum.
Rendimento: 10-15 porções
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: bolo, chá da tarde
para o bolo
- 220 gramas de manteiga com sal amolecida
- 01 xícara de açúcar cristal
- 4 ovos
- 2 xícaras de farinha de trigo
- 1 xícara de iogurte
- 1 colher e meia de chá de fermento químico
- 1 colher de sopa de extrato de baunilha
- 120g de gotas de chocolate branco
para a calda
- 180g de poupa de maracujá (aproximadamente 1 maracujá e meio)
- 125g de açúcar cristal
para o bolo
- Numa batedeira, bata bem a manteiga com o açúcar até formar um creme (por pelo menos uns 5 minutos).
- Junte os ovos, um a um, batendo bem após adicioná-los (20 segundos).
- Desligue a batedeira e adicione o iogurte e o extrato de baunilha.
- Junte a farinha peneirada com o fermento e apenas misture para incorporar e ficar uma massa homogênea.
- Misture metade do chocolate branco.
- Untar com manteiga e farinha, uma fôrma redonda com furo no meio. Se a assadeira for muito trabalhada como a minha, espalhe a manteiga derretida com um pincel e depois passe a farinha.
- Despeje a massa na fôrma e adicione o restante do chocolate por cima da massa.
- Leve para assar em forno pré-aquecido a 180C graus e deixe por pelo menos 1 hora e 10 minutos, ou até que fique bem dourado.
- Depois de apagar o fogo, costumo deixar o bolo dentro do forno até que esfrie para deixar a massa mais sequinha. Se você fizer de noite, após apagar o forno, deixe dentro de um dia para outro.
para a calda
- Numa panelinha, junte o açúcar e a polpa de maracujá e leve ao fogo baixo, misturando sempre, até virar uma calda.
- Sirva sobre o bolo, morna ou fria.

Bolo de Chocolate Branco com Calda de Maracujá
para o bolo
220 gramas de manteiga com sal amolecida
01 xícara de açúcar cristal
04 ovos
02 xícaras de farinha
01 xícara de iogurte
01 colher e meia de chá de fermento químico
01 colher de sopa de extrato de baunilha
120g de gotas de chocolate branco
para a calda
180g de poupa de maracujá (aproximadamente 1 maracujá e meio)
125g de açúcar cristal
Modo de Preparo
Numa batedeira, bata bem a manteiga com o açúcar até formar um creme (por pelo menos uns 5 minutos). Junte os ovos, um a um, batendo bem após adicioná-los (20 segundos). Desligue a batedeira e adicione o iogurte e o extrato de baunilha. Junte a farinha peneirada com o fermento e apenas misture para incorporar e ficar uma massa homogênea. Misture metade do chocolate brando
Untar com manteiga e farinha, uma fôrma redonda com furo no meio. Se a assadeira for muito trabalhada como a minha, espalhe a manteiga derretida com um pincel e depois passe a farinha.
Coloque a massa na fôrma. Adicione o restante do chocolate por cima da massa. Leve para assar em forno pré-aquecido a 180C graus e deixe por pelo menos 1 hora e 10 minutos, ou até que fique bem dourado. Apague o fogo e deixe o bolo dentro do forno até que esfrie para deixar a massa mais sequinha. Se você fizer de noite, após apagar o forno, deixe dentro de um dia para outro.
Numa panelinha, junte o açúcar e a polpa de maracujá e leve ao fogo baixo, misturando sempre, até virar uma calda. Despeje morna ou fria sobre o bolo.
Bolo Mármore de Baunilha e Chocolate
Memórias de inverno.
O frio chegou finalmente aqui nas montanhas. Foi na terça-feira que choveu o dia todo, trazendo o inverno para a Serra. A gente acende o fogão à lenha pela tarde, junto com a lareira, para se encerrar no final do dia dentro da casinha. Mesmo com o frio, eu confesso que gosto de sair de vez em quando, para dar uma espiada nas estrelas à noite, sob o vapor condensado da respiração, e de sentir o ar gelado entrando nos pulmões. Gosto também de entrar dentro de casa e sentir o contraste quente do interior da casa, de correr para as cobertas e, então, despausar o seriado.
Quando eu penso nas escolhas que me trouxeram até essa vidinha bucólica, nos acasos, na sorte e nas oportunidades, eu sinto que a vida é um presente, e a gente tem que fazer dela o melhor que a gente pode. É uma obrigação buscar a felicidade hoje, entender o que o coração quer te mostrar e ser honesto com sua própria alma. Todo mundo tem direito de ser feliz.
E quando o Gabriel, voltou da caminhada do mato, com um ramo de flores silvestres brancas, feito sinos, viradas para baixo, eu me senti na obrigação de devolver o agrado na mesma altura. Faz dias que ele vinha me pedindo pelo bolo "marmorado" que minha sogra costumava fazer quando ele era criança, bolo mesclado de baunilha e chocolate. Além de não ter a receita dela - e de ela não estar viva para me passar nenhuma - chegar perto de memória de paladar da infância do marido é algo que você nem precisa começar para saber que já falhou.
Não me intimidei. Eu nunca tinha feito um bolo marmorado na minha vida, mas de repente, senti que não deveria buscar receita nenhuma. Quis pensar em como D. Stella teria me ensinado a receita, se ela estivesse viva, virando as folhas amarelas de seu caderninho desfolhado, com seus dedos finos de bruxa velha. Me inspirei no seu Budín Inglês amanteigado, substituindo parte da manteiga pelo leite, para deixá-lo mais fofinho. Uns ajustes na quantidade de ovos, cacau e baunilha. E o bolo ficou espetacular.
Não é mentira que repeti duas vezes a receita durante a semana. Para acompanhar o inverno da Serra, e uma xícara de café quente nas mãos, não teve coisa melhor. Se você ainda tem dúvida de que a felicidade está nas pequenas coisas, é porque ainda não experimentou esse bolo. Ou talvez não tenha um marido que saiba que você ama flores. Nada pode ser tão gostoso quanto agradar quem você ama.
Ando viciada nos seriados de Star Trek. Lembro de quando criança, que meu pai era fã e não perdia um episódio na TV. Eu não entendia bem na época, mas ficava do lado dele no sofá, assistindo e ouvindo ele me contar sobre viagens no espaço e histórias de ficção científica. Hoje, ao ver os capítulos, ainda que bastante pitorescos e de atuações duvidosas, existe algo nas histórias que me traz um sentimento bom e nostálgico, como o bolo de mármore das memórias do Gabriel.
E o blog ganhou nova roupagem, mais uma vez. Eu gosto de mudar o layout, revisar os arquivos, encontrar um tanto de fotos e descobrir uma cara que faça mais sentido para o momento. É quase um corte de cabelo novo, que você olha no espelho e acha que agora está a sua cara.
Bolo Mármore de Baunilha e Chocolate
Uma receita inspirada no caderno de folhas soltas e amareladas da D. Stella, metade baunilha, metade chocolate. Espetacular.
Rendimento: 10 a 12 porções
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: bolo, bundt, chá da tarde
- 150g de manteiga com sal amolecida (em ponto de pomada)
- 1 xícara de açúcar cristal
- 3 ovos
- 2 xícaras de farinha de trigo
- 1 e 1/2 colher de chá de fermento químico
- 1 xícara de leite + 1 colher de sopa
- 2 colheres de sopa de extrato de baunilha
- 3 colheres de sopa de cacau em pó
- Bata bem a manteiga com o açúcar na batedeira até se formar um creme esbranquiçado (por pelo menos uns 5 minutos).
- Junte os ovos, um a um, batendo bem após adicioná-los (20 segundos).
- Desligue a batedeira e junte aos poucos a xícara de leite e a farinha com o fermento. alternando-os, e misturando delicadamente, apenas até estarem bem incorporados.
- Divida a massa em 2 metades.
- Em uma adicione o extrato de baunilha e misture.
- Na outra metade, adicione o cacau em pó e a colher de leite, e misture até ficar homogêneo.
- Unte uma fôrma retangular (dessas de pão de fôrma) com manteiga e farinha.
- Despeje alternadamente a massa na fôrma para que fique mesclado.
- Leve para assar em forno pré-aquecido a 180C graus e asse por 50 minutos, ou até que fique bem dourado.
- Apague o fogo e deixe esfriar dentro do forno.
- Desenforme frio.

Mini Abóboras recheadas com Couve, Nozes e Parmesão
O que faz o seu coração vibrar?
Aquilo que faz o seu coração vibrar. O que chama pela sua alma todos os dias, quando você coloca sua cabeça no travesseiro, antes de dormir, nas tuas orações? O que você faria se não tivesse preocupações diárias e mundanas? De tempos em tempos, essas perguntas me trazem um misto de entusiasmo e frio na espinha. Dá medo de olhar diretamente e descobrir que não tenho nenhuma das respostas que eu deveria ter. Pavor de pensar que talvez eu nunca as responda com certeza.
Não fomos treinados para escutar o coração. "Aprender a ouvir nossa intuição" ou "ir atrás dos nossos sonhos" são jargões piegas e coisa de lunático. E a vida é aquilo que a gente vive todos os dias, da rotina, dos problemas, da matéria e do concreto. Pensar nessas questões é perda de tempo, não vale a pena e, afinal, você nunca chegará numa resposta que valha mesmo. Essa resignação chega desde cedo e se instala por dentro. A gente aprende a viver dessa maneira, conviver com o nunca saber de verdade. Mas dessa inquietação eu vivo, há algum tempo, buscando linha para tecer. É algo que transcende a materialidade do explicável; que transborda o visto e palpável. Uma jornada sem trilha e sem mapa, às vezes, sem destino.
Com o tempo, posso dizer, porém, que encontrei algumas coisas que são capazes de aquietar minha mente, e me tiram da dúvida, dessa que não tem começo e nem termina. Uma delas, e talvez a primeira e primordial, é agradecer. Algo simples, mas capaz de movimentar os lodos mais densos. O sentimento de gratidão, quando nasce genuíno e expande inocente, pode curar as mágoas mais profundas, transformar perspectivas, colocar por outro ângulo, o que era antes inflexível. Eu achava que o perdão era o sentimento que antecipava a gratidão, e que sem o primeiro não era possível passar para segundo. Até que aprendi que a ordem é contrária, que às vezes, o perdão nunca vem, a gente pode se cansar de tentar abrir mão, e morrer sem conseguir. A gratidão é capaz de colocar um pequeno sorriso em tudo, cobrir como uma tela fina de alegria - como uma capa mágica que transforma em invisível - sobre as memórias mais tristes e rancorosas da vida, e sobre os arrependimentos mais difíceis de se lidar. Ela é capaz de fazer florir um lótus.
A segunda delas, das coisas que aquietam minha mente e me ajudam a estar nesse mundo, mais calma e mais lúcida, é a organização. Eu não sou uma pessoa disciplinada, nem ordenada. Gostaria de ser e isso sempre foi um grande desafio para mim. Mas eu tenho aprendido que organizar minhas coisas, minha casa, minhas finanças, minhas planilhas, minha agenda, meus arquivos, me ajudam a aclarar idéias. Organizar o externo, me ajuda ordenar e construir o chão e permite que minha criatividade possa fluir (e não apenas viver no caos da sua natureza). Os sonhos ficam mais lúcidos, a vida mais limpa e o futuro parece mais fácil de se planejar. A ordem não é um fim em si, mas uma ferramenta amiga que ajuda a viver melhor.
A terceira, são as coisas desse blog: cozinhar, produzir, fotografar, editar, escrever. Quando produzo uma postagem, receita e cenário, eu tenho as respostas do primeiro parágrafo na minha frente. Ao menos, pelos momentos em que estou em atividade, não há dúvidas. Sinto meu coração preenchido e minha alma feliz. E o que tem acontecido de bacana, ao longo desses anos compartilhando receitas e histórias por aqui, é que aos poucos, tenho recebido retorno da comunidade em torno do blog, nas minhas postagens. Há um diálogo em curso. Recebo mensagens carinhosas de uma audiência tímida, amigável, e que entende minha linguagem. Então, eu te pergunto: o que faz o seu coração vibrar?
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...)
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
- Fernando Pessoa, Tabacaria.
Foram 12 dias seguidos, vivendo na casinha das montanhas. Foi o tempo mais longo que a gente conseguiu ficar lá até agora (que eu me recorde), e eu já me sinto oficialmente mudada. Rotina de dona de casa, limpar, cozinhar e arrumar. Todo dia é sempre igual, mas incrivelmente, é sempre diferente.
Mini abóboras, couve, almeirão.
Nozes, manteiga e parmesão.
Pimenta, sálvia e limão.
Com uma rima boba, eu apresento um prato simples, mas muito saboroso. Vegetariano e gracioso: pode ser servido de entrada num jantar bacana, ou numa refeição para quando não se tem muita fome.
Mini Abóboras recheadas com Couve, Nozes e Parmesão
Um prato simples, mas muito saboroso, que pode ser servido de entrada num jantar bacana, ou numa refeição para quando não se tem tanta fome.
Rendimento: 04 pratos
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Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: acompanhamento, entrada
- 4 mini abóboras
- 5 folhas médias de couve manteiga
- 3 folhas de almeirão grandes
- 1 dente de alho
- 1 limão siciliano (raspas e suco)
- 250g de queijo tipo parmesão ralado
- 2 fatias de pão de forma torrados (pode usar o pão francês, só se atente ã quantidade)
- punhado de nozes picadas
- 8 colheres de chá de manteiga
- folhas de sálvia
- pimenta calabresa seca
- sal, pimenta e azeite
- Lave as abóboras e corte uma "tampa" com ajuda de uma faca pequena.
- Retire as sementes. Pincele com azeite e sal por fora e dentro.
- Coloque umas folhas de sálvia por dentro.
- Leve para assar em forno pré-aquecido, a 180C graus, por uns 15-20 minutos, até que as abóboras fiquem tenras (mas não muito!).
- Corte a couve manteiga e o almeirão bem fininhos.
- Numa frigideira, em fogo médio algo, coloque azeite e refogue o alho.
- Junte as folhas de couve e almeirão, apenas até que murchem um pouco (uns 3 minutos).
- Apague o fogo e junte as fatias de pão picadas, o queijo ralado, as nozes, as raspas e o suco de limão, sal, pimentas e folhas de sálvia, e misture tudo.
- Recheie as abóboras, apertando com uma colher para ficarem bem cheias.
- Complete com 2 colheres de chá de manteiga para cada abóbora e algumas folhas de sálvia.
- Feche as abóboras, e leve para assar em forno pré-aquecido e asse por mais uns 15-20 minutos, até que as abóboras estejam bem macias.
- Sirva quente ou mornas.

Profiteroles com morango e creme de baunilha
Expectativas ao som de Debussy.
Expectativas. Conviver com elas pode ser o céu, mas num instante, pode converter-se numa tortura. Elas podem ser o combustível que movimenta nossa vida. Para planejar e colocar as coisas no papel. Para ir para ação e tirar as coisas do papel. Catalizadores de sonhos. Da etereidade elas podem se transformar em combustão e, então, trazer o futuro para o presente.
Mas a imaterialidade, muitas vezes, faz com que as expectativas gerem ansiedade, e de modo geral, uma angústia inquietante. Da falta de chão, do aperto no estômago, da cabeça que voa. Ficar esperando, provoca sentimentos complexos que te paralisam, da busca sem resposta, e por sua natureza etérea inflamável, faíscas viram fogo. Que queima e consome.
"Pois tem razão o filósofo ao dizer que entre a felicidade e a melancolia não medeia espessura maior que a de uma lâmina de faca"
- Virgínia Woolf, em Orlando: Uma Biografia.
Tenho vivido as últimas semanas nesse fio de faca: entre a angústia e o anseio. O mundo não acabou e a credibilidade do calendário Maia foi por água, mas a sensação é de que, se o planeta não irá sofrer um ataque que dizimará a humanidade, e nem será invadido por discos voadores, alguma outra mudança, de natureza menos chocante ou catastrófica está por vir. Os dias andam agitados, parece que situações por tanto tempo pendentes, finalmente, encontram seu desfecho. As apostas vão, enfim, definir os ganhadores, e os dados, agora, giram na mesa.
Eu não sei você, mas quando consigo domar minha ansiedade, pressinto a sorte do meu lado. Daí eu me enxergo uma apostadora nata, com uma certa fissura na ponta dos dedos, daquelas que sabem que o jogo vira, quando a gente menos espera. Esperar, no entanto, é sabido, faz parte das regras. Com paciência e alguma disciplina, você faz a sua sorte. Com o camelo amarrado, deus vigia. E amanhã, o dia pode nascer ensolarado.
Esse sentimento crescente de alguma forma está movimentando os meus dias. Num instante, eu vejo coisas boas no caminho. Apesar de em outros, me remoer em ansiedade. De concreto, ainda não posso dizer nada. Como uma noiva a espera do casamento, ou de um réu à espera de sua sentença. Oscilando como os dedos no piano de Debussy em Rêverie. A impotência diante do incontrolável. Nada a fazer, a não ser esperar. E a ânsia corroendo e atropelando como uma orquestra tocando Wagner e sua Cavalgada por dentro. Haja meditação e oração nessas horas.
Mas eu vejo quanta sorte eu tive até aqui. O quanto dela foi presente da vida. O quanto dela foi fruto de escolhas e apostas. O quanto dela foi conquistada no dia-a-dia. E o quanto dela, ainda está por vir. Essa positividade me acalma. E eu convivo na expectativa de mais um dia na espera.
A vida segue seu rumo, a despeito das minhas expectativas. Nos ouvidos, Clair de Lune de Claude Debussy e a Gymnopédie N.1 de Erik Satie. Como eu adoro o som do piano.
Receita da semana: profiteroles. Quando decidi fazer as éclairs, queria que fossem o mais tradicional possível, se é que isso existe, eu gosto de fazer receita do jeito que as nossas avós faziam, com manteiga a dar enfarto e gemas a zerar colesterol da vida.
Fui eu fazer a receita pela primeira vez na minha vida. Primeira e segunda. Porque ao assar pela primeira vez, acabei deixando o fogo muito alto, a massa dourou e quando eu tirei do forno, elas murcharam. Lá fui eu cozinhar a farinha de novo, ensacar a birosca e assar tudo outra vez.
E daí, decidi não dar bola para as instruções, deixar em fogo baixo, assar bem devagarinho. A massa das carolinas cresceram e lá fui eu a fazer o creme pasteleiro. Leite, maisena, ovos e um favo inteiro de baunilha. O creme não engrossou o suficiente para deixá-la consistente, a receita dizia para bater com a manteiga e quase talhou, adicionei mais maisena e nada. Decidi rechear as carolinas com o creme molengo mesmo. Ficou tudo meio escorrido. Ao final coloquei morangos e chuva de açúcar por cima, e tudo melhorou.
O que pode ter dado e, provavelmente, deu errado:
A massa. Coloquei em fogo muito algo, a massa queimou por fora e ficou crua por dentro.
O creme. Eu usei o ovo inteiro, ao invés de só gemas. Não sei porque às vezes teimo em coisa simples, e depois choro pelo leite no chão. Usar só gemas têm a função de dar textura e corpo ao creme. Então não seja boba como eu e siga a receita direito.
A realidade. Minhas noções de confeitaria continuam péssimas.
O resultado. Os profiteroles ficaram gostosos e no ponto da crocância. O creme, mesmo mole, ficou bem gostoso. Combinou bem com o morango.
Profiteroles com Morango e Creme de Baunilha
Uma receita confeiteira tradicional e deliciosa, para dias especiais.
Rendimento: 15 unidades
-
Tempo de Preparo:
Tipo de Prato: doces, chá da tarde
para a massa
- 1/2 xícara de leite
- 1/4 xícara de água
- 115g de manteiga sem sal
- 1/2 colher de chá de sal
- 1 xícara de farinha de trigo
- 4 ovos (temperatura ambiente)
para o recheio
- 1 e 1/2 xícara de leite
- 1/2 xícara de açúcar
- 3 colheres de sopa de amido de milho
- 4 gemas
- 1 fava de baunilha pequena
- 15 morangos (aproximadamente)
- 2 colhers de sopa de açúcar confeiteiro para polvilhar
para a massa
- Pré-aqueça o forno a 220° C.
- Numa panelinha, junte o leite, amanteiga, sal e a água, e leve ao fogo alto até ferver.
- Adicionar farinha e mexa constantemente até formar uma massa que desgrude da panela, e reduza o fogo para médio e cozinhe, mexendo sempre com uma colher de pau, até secar, por cerca de 2 minutos.
- Transfira a massa para uma batedeira e vá adicionando os ovos, um a um até a massa ficar homogênea e macia.
- Coloque a massa no saco de confeitar, com o maior furo redondo, e faça bolas numa assadeira forrada com papel manteiga, deixando um espaço de cerca de 3 dedos entre cada bola.
- Coloque a assadeira no forno e reduza a temperatura para 170° C. Asse até que elas cresçam e fiquem douradas, por cerca de 45-50 minutos.
para o recheio
- Ferva 1 xícara de leite e açúcar, numa panela panela em fogo médio.
- Enquanto isso, numa tigela, misture o restante do leite, com o amido de milho e as gemas de ovos com um batedor.
- Junte aos poucos metade do leite quente, misturando sempre, e depois adicione a mistura na panela com o restante do leite.
- Leve ao fogo baixo novamente e cozinhe o creme, mexendo constantemente com uma colher de pau, até engrossar e ferver.
- Junte as sementes de baunilha, misture bem e transfira para uma recipiente, e cubra com filme plástico.
- Quando esfriar, leve para gelar na geladeira.
- Bata o creme de leite até fazer picos firmes, mas cuidadeo para nào sobrepassar e talhar
- Adicione delicadamente ao creme.
para o a montagem
- Corte os morangos em fatias finas.
- Parta os profiteroles ao meio com uma faca de pão e recheie-os com o creme e os morangos.
- Polvilhe o açúcar de confeiteiro por cima de tudo.

Torta de alho poró da D. Stella
Às vezes a cabeça dá tantas voltas que a gente se perde nos próprios devaneios. Ela cria realidades que só a gente enxerga, anseios e dúvidas.
Às vezes a cabeça dá tantas voltas que a gente se perde nos próprios devaneios. Ela cria realidades que só a gente enxerga, anseios e dúvidas. Como se num minuto tudo estivesse certo, no seguinte nem tanto. E, nesses momentos a gente dá um tempo, respira fundo e espera os minutos passarem, pesados e lentos. Põe um fone de ouvido e coloca uma seleção de música que te faz querer se mexer e se sentir uma bailarina. Ou canta bem alto debaixo do chuveiro quente, enquanto a àgua escorre pela cabeça, lavando os pensamentos.
Foi assim quando eu decidi publicar esse post. Já estava tudo meio certo, o texto pronto, inclusive com chamada pelo Instagram. Mas aí, de um minuto para o outro, eu mudei de idéia. Nada de concreto com relação ao post. Mas de repente ele não preenchia minhas expectativas, não tinha mais vontade nenhuma de publicá-lo. Queria era deletar tudo. Não deletei, mas também não publiquei.
Respirei fundo e fui fazer outras coisas. Passou o dia das mães, fiz um almoço gostoso com a minha, minha tia e amigos. Veio a segunda-feira, e um trator chamado trabalho passou por cima de mim, e de todos meus ânimos que já eram poucos. Passei o dia fazendo contas, preenchendo planilhas, visitando contas de banco. Ao menos, os números, por sorte, me acalmam, eles me dão uma certeza que aquelas linhas do meu post não conseguiam me dar.
Então, mais um dia passou, organizei a bagunça da minha mesa, joguei fora as tralhas acumuladas do mês e parece que a nuvem cinza pesada também passou. Ficou só um céu nublado. Uma lista de tarefas para fazer, e de algumas incertezas para resolver. Mas tudo bem, amanhã já é outro dia.
O post? Bom, afinal decidi não jogar fora. Mas como não tinha muito como encaixar com isso aqui, ele vai como uma segunda parte, abaixo.
Mais uma daquelas preciosidades, que valem fortunas. Não vinha em seu caderninho de receitas, porque era tão fácil e batida, que se fazia de cabeça, no olho, semana sim, semana não. A tarta de puerros da D. Stella, que além de puerros levava muito queso rallado. Em dia frio, final da tarde, com um copo de vinho e nada mais. Ela fazia duas receitas de uma vez, porque uma não passava de uma tarde sobre a mesa.
O frio em São Paulo chegou. Agasalhos fora do armário. Meias com chinelo. Chá quente antes de dormir. Vinho com soda (água com gás) nas refeições. Minha estação predileta está em seu auge, como o sol brilhante sobre o céu azul gelado. E essa torta tem lembrança dos meus primeiros anos de visita na casa da D. Stella. Era um pouco mais frio, mas o ar tinha o mesmo cheiro seco, de carvalho.
Há duas semanas atrás foi seu aniversário. Faria 95 anos. Sua receita, Stella, se depender de mim, vai perpetuar e reinar em nossas mesas por muitos anos mais. Salud!
Torta de alho poró da D. Stella
01 e ½ copo de farinha branca
cerca de duas xícaras de café de água gelada
02 colheres de sopa de óleo (milho, girassol ou canola)
pitada de sal
03 talos de alho poró (pequenos)
250g de queijo parmesão ralado
{ Modo de Preparo }
Corte o alho poro em rodelas grossas. Coloque numa panela com água fervente e deixe ferver até murchar (de 05 a 10 minutos). Passe por um escorredor e deixe por algumas horas, para secar a água. A dica da D. Stella era fazer o alho poró a noite, e deixar secando até o dia seguinte.
Numa bancada limpa para trabalhar a massa, faça uma montanha com a farinha peneirada e deixe um buraco no meio. Junte aos poucos a água no centro e vá misturando aos poucos. Vá adicionando sal, a água e o óleo, até que a massa se solte, sem ficar pegajosa. Sove bem, até que fique bem uniforme.
Divida em duas partes a massa. Abra um círculo com um rolo. Coloque na fôrma untada com manteiga e farinha, e disponha a base. A minha fôrma é pequena de 18cm de diâmetro.
Recheie com o alho poró, e o queijo ralado. Não economize no queijo. Abra a outra parte da massa. Se desejar, corte em tiras para decorar, para fechar a torta. Se colocar a massa inteira por cima, faça alguns furos para o ar quente.
Asse em forno pré-aquecido a 200 graus C, por uns 50 minutos, ou até que a massa esteja bem dourada. Deixe esfriar. Sirva fria ou no dia seguinte com um copo de vinho.
Puchero com ossobuco da D. Stella
Das lembranças mais memoráveis que eu tenho das minhas férias na casa da minha sogra, na Argentina, seguramente, 99,9% foram vividas na mesa de jantar.
Das lembranças mais memoráveis que eu tenho das minhas férias na casa da minha sogra, na Argentina, seguramente, 99,9% foram vividas na mesa de jantar. Acho que o primeiro prato que tive o prazer de provar em sua casa, foi o puchero argentino, com ossobuco, ou caracu, acompanhado de intermináveis piadas infames, proferidas em todo puchero con caracu que comi lá.
Trata-se de uma espécie de cozido com caldo, mas que não tem muito a ver com os nossos cozidos aqui. É como se você fosse preparar um caldo de carne, mas mantivesse os legumes firmes e inteiros. Na versão da casa da D. Stella, você come acompanhado de maionese (caseira de preferência) e uma boa mostarda. Essa última parte é opcional, mas como no puchero tudo é meio fervido, a maionese e mostarda dão um toque bem especial. Não se esqueça do pãozinho para molhar no caldo.
E, se fizer um inverno em pleno verão, como esse que está em São Paulo, fica ainda mais gostoso. Daqueles pratos grandes, que você convida muita gente para se sentar junto à mesa e compartilhar momentos que só um puchero pode proporcionar num almoço entre família e amigos.
No dia seguinte, se sobrar caldo, você esquenta, adiciona uma xícara pequena de macarrão para sopa que fica uma delícia também. Afinal, na cozinha da D. Stella, nada se perdia e não havia desperdício, especialmente, quando se tratava de comida.
Salud!
Puchero com ossobuco, da D. Stella
para 04 pessoas (ou mais se forem dividir o ossobuco)
- 04 ossobucos (calcule 01 por pessoa)
- 01 abóbora paulista
- 02 cenouras
- 04 batatas
- 01 batata doce grande
- 01 tomate
- ½ xícara de grão de bico
- 02 cebolas
- 01 talo de salsão
- 02 milhos
- 02 paios
- louro, orégano, tomilho (pouco), sal e pimenta do reino e pimenta calabresa
- salsinha fresca
Corte os legumes em pedaços grandes, pois o segredo de um bom puchero é que eles permaneçam inteiros na hora de servir. Faça o mesmo com o paio, corte em pedaços grandes. Prefira sempre produtos orgânicos e de produção local!
Numa panela de pressão coloque as cebolas, cenouras, batata doce, grão de bico, tomate, 02 pedaços de abóbora, salsão e as carnes. Adicione água até cobrir um pouco menos da metade da panela, e o tempero: sal, pimenta do reino, pimenta calabresa, louro, orégano e o tomilho. Não economize na quantidade de ervas!
Leve ao fogo alto, quando começar a apitar a pressão, conte uns 07 minutos. Retire a pressão.
Paralelamente, em outra panela, cozinhe as batatas, o restante da abóbora, em água fervente, e condimente com os mesmos temperos. Quando estiverem quase macios (uns 10 minutos), junte os milhos cortados e cozinhe por mais uns 04 minutos. Apague o fogo.
Num recipiente, junte o conteúdo das duas panelas, misturando os caldos. Jogue a salsinha picada por cima. Leve à mesa e sirva acompanhado de azeite de oliva, maionese e mostarda. Sal e pimenta se faltar. Pãozinho para molhar no caldo.
Granola Incrível da Moara
A melhor receita de granola caseira do planeta.
Das coisas que mais gosto da internet é de poder me conectar com pessoas, que de outra forma, dificilmente teria a oportunidade de conhecer. As fronteiras são dilúidas e a gente atravessa as linhas do individual formal e convencional e, num simples “send”, lá está você conversando e trocando figurinhas com uma pessoa que até então era uma completa estranha para você. Foi numa dessas que acabei conhecendo a Moara Gomes, pelo Instagram, pessoa querida e que eu já adoro, nunca vi pessoalmente, mas que mesmo assim, ela me enviou um pacote de granolas caseiras, feita por ela, numa dessas trocas de afeto e carinho.
Sou uma pessoa normal, mas que quando fico fissurada por algo, exagero. Logo quis mais daquela granola, quis comprar, quis aprender a fazer, comecei a perseguir a Moara, sei lá. Qualquer coisa para comer de novo a bendita granola. E foi então que ela gentilmente me enviou a receita: a Terra voltou a girar nos eixos e meu café da manhã voltou a ser feliz com um copo de iogurte com a melhor granola caseira do planeta.
Obrigada Mo!
Granola Caseira da Moara
cerca de 300g
- 01 e ½ xícara de flocos de arroz
- 01 e ½ xícara de mix de castanhas: nozes pecã, castanha de caju, amêndoas, castanha do pará, macadâmia
- ¼ xícara de quinoa
- 02 colheres de sopa de semante de linhaça
- 01 xícara de frutas secas: damasco, uvas passas, banana passa
- ¼ xícara de óleo de côco
- ¼ xícara de mel
- pitada de sal
- pedaços de coco (opcional, mas altamente recomendado)
Pique as castanhas e as frutas secas. Misture todas as castanhas, a quinoa e a linhaça, com o óleo de coco, mel e sal. Espalhe numa assadeira e leve ao forno em temperatura mínima (180 graus). Assar por uns 40 minutos, mexendo a cada 15 minutos, até ficar bem dourada, da cor que você desejar. Adicione as frutas secas e deixar no forno desligado, até esfriar.
Quando elas estiverem frias (e crocantes), acondicione-as num recipiente fechado.
No meu desespero em fazer a receita, li errado e misturei as frutas junto com as castanhas e levei para assar tudo junto. Deu certo também, as frutas ficaram só um pouco mais sequinhas e grudadas.
Você gosta de comida indiana? Se me perguntasse a 8 anos atrás, eu não saberia te responder.