Definição do blog e arranjos florais
Um blog sobre a arte do nada
A pouco tempo atrás, conversando com algumas pessoas, contei que tinha um blog. Foi então que me perguntaram do que se tratava exatamente, se era de receitas, "gastronomia" ou "blog de comida". Sem titubear, respondi: é também. Sem desmerecer nenhum blog de cozinha, dos vários hoje que existem por aí, e muitos dos quais acompanho constantemente e adoro. Quando comecei, quase 4 anos atrás, a idéia era ser um diário de experimentos bem sucedidos na cozinha. Fazia pouco que minhas habilidades culinárias tinham se revelado e quis registrar tudo por aqui. Aos poucos foi evoluindo, mas sem uma definição exata de rótulo a colocar.
Gosto de pensar que esse blog é sobre a arte do nada, de reunir coisas numa mesma foto, de moldar uma estética atemporal para te fazer sentir saudades de casa. Gosto de reproduzir um estilo de vida, que hoje é na roça mineira, no meio de um parque na Serra da Mantiqueira, mas que já foi numa casa comunitária em São Paulo, com horta no quintal e passarinhos no jardim. Não importa muito o lugar, desde que tenha um cantinho com grama em que se possa andar descalço, com os pés na terra. Desde que tenha um lugar silencioso, que você consiga escutar seus próprios barulhos internos.
Minha definição de estilo é de se retirar no silêncio, de conviver para aprender e de cozinhar para amar. É de ter tempo para olhar para o céu uma vez por dia, de sentar para comer o que se cozinhou, de fazer nada entre uma tarefa e outra. De não achar que sonhar está fora de moda e que um pouco de poesia é necessária, todos os dias dessa vida. Gosto de compartilhar algumas histórias da minha vida, que não têm muito enredo ou narrativa que valha, mas que te fazem recordar lembranças esquecidas.
Quero que você navegue pelas receitas, por meio de várias delas, e no final decida não fazer nenhuma, porque bateu uma preguiça gostosa e você não quer desperdiçá-la. Ou que decida fazer um bolo, e substitua a maioria dos ingredientes, porque você não tinha vários na sua despensa; mas que se dedique horas arrumando a mesa, enquanto o bolo assa no forno e depois esfria na janela.
Eu tenho duas referências boas para a definição deste blog. Por vários anos, meu seriado de comédia predileto era o Seinfeld, que por quase uma década fez piadas com maestria sobre o nada. Meu intento é conseguir transformar esse blog num capítulo dessa sitcom maluca, sem pé nem cabeça, mas que no fundo você sabe que faz mais sentido que qualquer outra estória coerente. Minha segunda referência é meu filme de romance preferido, desde a adolescência, Before Sunrise e sua trilogia completa, com seu romantismo incurável e diálogos intermináveis. Então minha meta também é de escrever linhas e linhas cheias de palavras, que você se esquecerá no seguinte parágrafo, mas que te roube um sorriso ou suspiro ao final de cada postagem, e você fique como Jesse ouvindo Celine cantando Waltz for a Night ao final de Before Sunset.
Esse blog é sobre o pôr-do-sol, sobre os períodos de transição, sobre os entremeios, as pausas e os vazios. É uma valsa sobre um romance só por uma noite.
"Se há algum tipo de magia neste mundo, deve estar no intento de entender alguém que compartilha algo. Eu sei, é quase impossível conseguir... mas quem se importa realmente?
A resposta deve estar nessa intenção."
- Celine, Before Sunrise, 1995. -
Os arranjos florais são da entrega desta semana da Florinda.
Receber com Charme
Matéria para revista Casa & Comida
Saímos na Revista Casa e Comida, a convite da querida Claudia Pixu, ou mais conhecida como somente Pixu, numa matéria de Receber com Charme, deste mês. O encontro aconteceu na minha residência em São Paulo, no formato que eu já publiquei outras vezes por aqui: com três amigas queridas, que já são de casa. Só que dessa vez, era para a revista.
Para o encontro, fiz um bolinho de amêndoas e um sorvete de café com uísque. A Gória Huk uma cuca de ricota e maçã majestosa. E a Camila, o bolo de mel com calda de especiarias, que é um arraso. A Elke trouxe as boleiras em madeira e colheres esculpidas, que são minha mais nova paixão. E os arranjos florais ficaram a cargo das mãos de fada da Gabi da Florinda Flor, minha segunda nova paixão.
Arriscando chover no molhado, preciso dizer que o encontro foi uma delícia e a gente se divertiu pacas. Demos muita risada, especialmente por estar do outro lado das câmeras, coisa muito esquisita, pelo menos para mim. Avisei os fotógrafos que minha fotogenia se limitava do pescoço para baixo, modelo de mão. Mas não adiantou, e os cliques flagaram a gente, estilo #mulheresricas, e a gente só não riu mais, por dores abdominais. Coisa terrível me ver em foto de página inteira, mas enfim, fiquei feliz de qualquer jeito.
As receitas e idéias de decoração você encontra edição deste mês na revista, com fotos tiradas pelo querido Lufe. Aqui vão algumas fotos que eu registrei aquele dia, entre um clique e outro para a matéria.
Últimas duas fotos de Lufe Gomes, cortesia da Revista Casa e Comida.
Bolo de amêndoas perfumado com ganache de chocolate branco
Sempre tive dificuldades com acordar cedo. Se um dia o destino da humanidade depender de eu ter que ver o sol nascer, oremos. No topo da minha lista de invejas, estão pessoas matinais, que não apenas apreciam a manhã, despertam com bom humor, são produtivas ao pular da cama, com atividades que incluem exercícios físicos, muita transpiração e até raciocínio lógico.
Desde que vim morar aqui na Serra, não tenho acordado com as galinhas, mas há um prazer latente em levantar mais cedo, caminhar descalça pela grama úmida do orvalho fresco; de sentir o chão de pedras morno do sol ainda tímido da manhã. É uma vontade renovada todos os dias, o de tentar despertar cada dia um pouquinho antes e de ter alguns minutos a mais para testemunhar a movimentação soberana do sol.
Os fins de tarde também têm algo de especial, e eu pretendo deixar esses momentos reservados eternamente, para que nenhum outro compromisso possa me fazer perder a graça de não se fazer nada durante o entardecer. No máximo, passar um café, para ficar com a xícara quente entre as mãos, como se abraçasse o mundo entre meus dedos.
Há algo na transição do dia para noite, ou da noite para o dia, que os torna sagrados, como se em algum lugar o feitiço de Áquila não tivesse sido quebrado. Há uma prece implícita nesses momentos, há disciplina no caos da natureza, e os grilos parecem saber, pois sua sinfonia se inicia todos os dias no mesmo horário, assim como os pássaros que começam e terminam seu dia também durante essa transição, sem nunca se cansar. Luzes difusas, céu de Monet, sombras que se movimentam organicamente pela casa, nuvens que riscam o céu de baunilha.
A verdade é que cada dia eu quero mais, eu me alimento da poesia do verde que inunda meus olhos, eu respiro o som violento do rio que corre ao lado de casa. Eu me curo todos os dias um pouco da saudade, que eu nem sabia que sentia tanto, de me sentar no chão, na beira da entrada de casa, sentindo o ar gelado da Serra cobrir meu rosto, e de reverenciar aquilo que não começou e nem deve terminar com a gente.
Não é que eu me sinta inspirada, isso é irrelevante ao lado de tanta magnificência. Eu me sinto completamente tomada por esse lugar e eu pretendo me lembrar todos os dias disso, se é que algum dia eu precise dessa lembrança. Uma tarde dessas, vasculhei a geladeira e peguei o frasco de geléia caseira de morangos que estava lá. Triturei amêndoas. Selecionei outros ingredientes, elegidos pelo seu aroma, textura, ou cor. Derreti o melhor chocolate branco que tinha em casa e terminei o dia com a sofisticação necessária para fazer jus ao espetáculo despretensioso que acontece diariamente aqui no meio da Serra da Mantiqueira.
Bolo de amêndoas perfumado com ganache de chocolate branco
para o bolo
- 01 xícara de amêndoas trituradas
- 02 xícaras de farinha
- 3/4 de xícara de açúcar demerara
- 02 colheres de chá de fermento
- 03 ovos
- 01 xícara de suco de laranja
- 125g de manteiga com sal amolecida
- 02 colheres de chá de canela em pó
- 01 colher de sopa de extrato de baunilha
- raspas de 01 laranja
para o recheio
- 200g de geléia de morangos ou frutas vermelhas
- 100 ml de creme de leite
para a cobertura
- 200g de chocolate branco
- 100 ml de creme de leite
Modo de Preparo
Misture os ingredientes secos: farinhas, açúcar, fermento, canela e raspas de laranja. Em outra vasilha, misture a manteiga, os ovos batidos, o extrato de baunilha e o suco morno. Adicione aos poucos os ingredientes secos à mistura, e mescle até a massa ficar homogênea. Divida em duas assadeiras redondas de aproximadamente 18cmd e diâmetro untadas com manteiga e farinha. Leve ao forno pré-aquecido a 180 C graus, e asse por 45 minutos ou até que a massa esteja cozida. Deixe esfriar e desenforme-os frios.
Para o recheio, misture a geléia com o creme. Espalhe sobre uma das massas quando já fria e monte o bolo.
Para o ganache, derreta o chocolate branco e adicione o creme de leite. Deixe esfriar, até ficar consistente. Despeje sobre o bolo.
Bolinhos de banana com cardamomo
Feliz ano novo, vida nova.
Amo finais de ano. Mas tenho dificuldade com os inícios. Na verdade, tenho dificuldade de começar qualquer coisa. Minha vontade é de ficar olhando para o papel imaculado, eternamente. E adiar o quanto posso o encontro do lápis com a folha em branco. Na minha cabeça, as possibilidades são infinitas e perfeitas, a realidade será sempre um esboço das imagens platônicas dentro de mim.
As expectativas criadas pelo tempo zerado no calendário são como páginas em branco de um revigorante vazio, e seu espaço infinitamente possível, tão bem descrito por Rubem Alves. A sensação é de que só com o melhor é que se poderia preencher essa lacuna tão perfeitamente vazia. Aos poucos, a transição de vida, sincronizada com a virada do ano, acontece aqui na casinha nova na Serra. Rodeada de uma beleza tão singela, o mundo parece outro, dentro de mim, virando a página para um álbum completamente desconhecido até aqui.
O ano começa junto com um começo de vida. Não há pressa, no entanto. Há tanta vida em volta de mim, que não há necessidade de esforço.
Uma tranquilidade pacífica inunda o ritmo do meu dia-a-dia, e é nessa toada que eu pretendo levar o resto do ano. Há otimismo, há uma alegria silenciosa e discreta. Não quero desafinar essa sonata, ou minissonata, o tempo que ela dure. Quero que o som de chuva misturado com o do rio que corre atrás da casa, e o cheiro de lenha queimando no fim da tarde sejam o pano de fundo do meu cotidiano daqui para frente. Sair para colher margaridas silvestres, dálias vermelhas, lírios rosados, pela estradinha do terreno aqui do sítio, entre a chuva que vai e vem, num céu nublado de verão. Catar galhos de pessegueiros pelo caminho. Assar um bolo com os ingredientes da despensa, cobri-lo com mel das abelhas aqui do sítio. Pequenos luxos do dia-a-dia.
Tinha um pacote de cardamomo esquecido no fundo do armário. Decidi fazer um bolo com a banana que passava na fruteira. Enquanto assava, fazia os arranjos com as margaridas e dálias que trouxe do mato. A chuva apertou, fechei as janelas, e a casa ficou com cheiro de bolo assando, misturado com o perfume do cardamomo. Esse momento, com certeza, justificou toda uma vida.
"Senti que o tempo é apenas um fio. Nesse fio vão se enredando todas as experiências de beleza e de amor pelas quais passamos. "Aquilo que a memória amou fica eterno."
Um pôr-do-sol, uma carta que se recebe de um amigo, um único olhar de uma pessoa amada, o abraço de um filho. Houve muitos momentos em minha vida, de tanta beleza, que eu disse para mim mesmo: "Valeu a pena eu ter vivido toda a minha vida para viver esse único momento."
Há momentos efêmeros que justificam toda uma vida."
- Rubem Alves, Concerto para corpo e alma
Bolinhos de Banana com Cardamomo
10 bolinhos
- 03 ovos
- 1/2 xícara de leite
- 1/2 xícara de óleo de milho
- 04 colheres de sopa de açúcar
- 01 xícara de farinha
- 02 colheres de chá de fermento em pó
- 02 bananas maçã (ou 01 banana nanica)
- 03 bagas de cardamomo
- mel para cobrir
Bata os ovos, óleo, leite e o açúcar até ficar homogêneo. Amasse as bananas e junte à mistura. Adicione a farinha, fermento e as sementes dos cardamomos (descasque e só jogue as sementinhas). Misture delicadamente. Coloque nas forminhas de bolinhos, untadas com manteiga e farinha. Asse em forno pré-aquecido a 180 C graus, por uns 45 minutos ou até que os bolinhos estejam dourados e cozidos.
Desenforme morno. Sirva com mel se gostar.
Cookies salgados de Earl Grey com Chocolate Branco
Em clima de Natal
É clima de Natal. Mas o post aqui ia sair meio enfurecido, mal humorado e de tpm. Falta pouco para o final de semana de confraternização, amor e paz. Mas remar até aqui não foi um pedaço de bolo de chocolate. Há algumas semanas, venho alternando meu humor, me equilibrando na corda fina da cordialidade, enfrentando a estupidez das formas humanas de desprezo pela vida. Mas o Natal se aproxima, e eu achei melhor deixar as histórias tristes para depois.
Já na Argentina, na casa do meu cunhado, penso que este ano foi excepcional, em tantos sentidos para mim. Há um saudosismo misto, alegria e tristeza ao mesmo tempo, a constatação de que o tempo passa, algumas coisas não voltam mais, algumas pessoas ficaram para trás, mesmo que esse não fosse o desejo inicial. Outras estarão sempre ao seu lado, não importa o quê, e muita gente nova e boa entrando na nossa vida, provando que ela ainda vale a pena.
Então, para não fazer diferente de tantas outras vezes, deletei todo o post original, aquela queixa destilada e decidi mudar o tom. Porque sim, coisas muito tristes aconteceram este ano, momentos de angústia e inconformismo, mas entre mortos e feridos, chuvas de flores coloridas, um amadurecimento interno da minha condição humana, e um ano de mais ganhos que perdas, com certeza, brindaram meu 2016.
Para fechar o ano, ou quase fechar, pois espero conseguir postar mais uma vez antes dele terminar, uma receita invenção minha, coisa rara por aqui, eu que geralmente adapto receitas, compartilho algumas de família e dificilmente me meto a inventar coisas do zero. É raro hoje em dia dizer-se autor de algo novo, é só digitar na internet "receita de bolo de chocolate sem glútem com calda de goiaba e aipim" e você encontrará dezenas de versões, algumas até se dizendo tradicionais de família. Mas enfim, tempos modernos.
Então, aqui vai meu presente de Natal para você, que me acompanhou durante esse ano, dos meus mimimis às declarações de amor, entre receitas e fotos. Receita de cookies salgados de Earl Grey, com chocolate branco. Use um chá bom, pois o aroma do Earl Grey vai inundar sua casa. Para o chocolate branco, não economiza, usa um Lindt, e ponto final.
Um feliz natal!
Cookies Salgados de Earl Grey com Chocolate Branco
12 unidades
100g de manteiga com sal amolecida
03 colheres de sopa de açúcar
.3/4 de copo de farinha de trigo
pitada de sal
1/2 colher de sopa de bicarbonato de sódio
01 colher de chá de earl grey
150g de chocolate branco lindt
Modo de Preparo
Bata a manteiga com o açúcar até virar um creme fofo, por uns 3 minutos. Mescle a farinha, sal e o bicarbonato em outro recipiente e adicione ao creme e misture. Junte o chá. Faça bolinhas e disponha sobre uma fôrma coberta com papel manteiga, e mantenha as bolinhas espaçadas entre si. Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus, e asse os biscoitos por aproximadamente 15 minutos, ou atè que estejam cozidos. Retire do forno e deixe esfriar.
Derreta o chocolate branco em banho maria. Mergulhe os cookies no chocolate derretido (eu mergulhei só metade dele pela estética, mas me arrependi, e pode mergulhar ele inteiro, porque vai ficar mais gostoso ainda, já que o biscoito é salgado) e disponha numa travessa forrada com papel manteiga. Leve à geladeira para endurecer.
Ceviche
Tem dias que de noite é assim.
Tem dias que de noite é assim. Eu adoro essa frase, meio sem graça e até meio boba. Mas ela carrega em si uma solução simples, tem o conformismo necessário para te fazer aceitar a passar por um dia como hoje e ainda terminar com um sorriso amarelo no rosto.
Na verdade, nada muito grave aconteceu. Acho que foi mais o acúmulo de uma semana carregada, combinado ao final de ano e suas demandas habituais. Tinha marcado um encontro com amigas, já fazia algum tempo... Mas, no final, imprevistos, problemas, erros, desencontros, lua vazia, fizeram com que tivesse que ser cancelado às pressas, na última hora. Uma sensação de frustração acumulada, do tamanho dos 5 litros de sorvete estocados para o encontro no meu freezer.
São coisas que acontecem, levar "bolo" faz parte da vida, eu até me divirto nesses momentos. Sério, dá vontade de chorar na hora, mas depois que passa o susto, tenho vontade de rir. Especialmente quando fico frustrada, faço bico, e olho para a cara do meu marido. Ele me trata como uma criança de 7 anos, me coloca no colo e a gente dá risada juntos. Às vezes eu sou meio besta mesmo. Afinal, nada como passar a semana toda fazendo sorvete, para receber convidados, e eles não aparecerem. Dificuldades como ter que comer litros de helado de dulce de leche ou de sorvete de chocolate extradark, fazem parte da minha lista de problemas prediletos, fáceis de serem solucionados.
Brincadeiras à parte, foi um dia difícil, e frustrante para todas nós. Uma ficou com meia dúzia de panetones artesanais na sacola, a outra com uma quiche de horas de preparação impecável, intocada e eu com litros de sorvete no freezer. Teve outra com o forno pifado e 10 bolos de encomenda para o dia seguinte, e outra com quilometros de revisão da tese de doutorado no email de última hora do chefe. Teve outra querendo pedir demissão por desentendimentos no trabalho. Teve também a que o marido não conseguiu buscar as crianças na escola, e por isso não conseguiu ir. E os desaforos que tive que ouvir de dois inquilinos meus? Foi um alinhamento celestial bizarro. Foi. Podia ter sido pior. Podia ter sido melhor.
Só sei que foi assim. E, aquilo que não tem solução, solucionado está. Então, quando a poeira baixou, e eu me vi sozinha, decidi arrumar a mesa, comprar um peixe fresco, picar bastante cebola, pimenta e coentro e jogar tudo num balde de gelo. A vida me deu limões, decidi fazer um ceviche. Bem simples, mas ao mesmo tempo caprichado, fresquinho e especial. Abri uma cerveja para brindar. Afinal, se chorei ou se sofri, apesar de você, amanhã há de ser outro dia.
Ceviche
para dois
- 350g de peixe fresco (pode ser linguado, salmão ou tilápia)
- 1/2 lata de milho verde
- 1/2 cebola roxa
- 01 pimenta dedo de moça
- 01 limão
- coentro
- sal, pimenta do reino e azeite
- gelo
Modo de Preparo
Pique a cebola, a pimenta e o coentro. Numa travessa para servir, coloque bastante gelo. Corte o peixe em cubinhos. Jogue sobre o gelo. Adicione os temperos picados e o milho. Tempere com limão, sal, pimenta do reino e azeite. Misture tudo. Sirva na hora.
Bolo de Iogurte e limão
Fiquei devendo essa receita. Na verdade, este post, porque a receita já está publicada faz alguns anos por aqui. Um bolinho de iogurte e limão, com um perfume de baunilha que invade a casa enquanto assa, leva calda de açúcar, te convida para um chá numa mesa bem posta, com direito a flores e porcelanas.
O bolo em si é uma inspiração. Tem sabor de conforto e aconchego. Gosto de fazer, quando sinto coisas boas dentro de mim, quando quero agradar meu paladar, quando quero compartilhar meu amor com alguém. Gosto de fazer quando estou com preguiça, quando ando pouco inspirada, quando as idéias estão rasas. Porque ele completa o quadro, encerra o assunto e não deixa dúvidas. Por si só, ele basta, completa e transborda.
Bolo de Iogurte com Limão
- 180g de manteiga sem sal
- 01 xícara de açúcar cristal (demerara)
- 03 ovos
- 03 limões
- pitada de sal
- 02 xícaras de farinha de trigo
- 1/2 colher de chá de fermento em pó
- 01 copinho de iogurte
- 1/2 favo de baunilha
- 01 xícara de açúcar confeiteiro para a calda
Modo de preparo
Bata a manteiga (à temperatura ambiente) com o açúcar por aproximadamente 5 minutos, até que fique um creme esbranquiçado. Junte os ovos (um por um, batendo bem após cada um), as raspas dos 3 limões e a pitada de sal.
Numa outra tigela misture o iogurte, o suco de 02 limões e as sementinhas da baunilha. Neste caso, eu recomendo muito que se utilize a baunilha em favo pelo sabor Mas se não tiver, utilize um extrato bom.
Em outra tigela, peneire os secos: a farinha e o fermento. Vá adicionando, aos ingredientes batidos, a mistura líquida do iogurte com o suco do limão, alternando com a mistura seca da farinha, finalizando com a parte seca. Bater bem.
Despeje numa forma untada com manteiga e farinha, e coloque para assar por aproximadamente 50 minutos, num forno pré-aquecido a 180 graus, ou até que o bolo esteja cozido.
Depois de desenformado e frio, você pode jogar uma calda feita com o suco de limão (01 é suficiente) mais 01 xícara de açúcar confeiteiro. Misture bem, numa tigela em banho maria, até que vire uma calda. Jogue por cima do bolo frio.
A vida na Serra da Mantiqueira
Na casinha nova.
Acordo às 9h. É domingo. Olho pela fresta da cortina na janela. Um verde incrivelmente abundante inunda de atravessar meus olhos. É domingo. Decido voltar a dormir, pois os sons matinais da Serra, aqui no mato, parecem canção de ninar, entre os lençóis e travesseiros. Quando descrevo essa forma a vida aqui, mais parece um conto de fadas. E não está muito longe disso, confesso.
Afinal, acordar com os passarinhos não é nada mal, dormir com o barulho do rio tampouco. Essa vida ainda, no entanto, infelizmente é transitória, ainda estou/estamos em fechamento de diversas histórias na cidade grande, e há tantas pendências que necessitam de decisões a serem tomadas, que qualquer resquício do paraíso, se dissipa quando volto a respirar o ar de São Paulo.
A vida no mato é outra. O tempo passa mais devagar. As texturas são mais duras e mais orgânicas. Cal, cimento queimado, tijolo à vista. Porteiras de madeira. Chaleiras de ferro. Insetos por todos os cantos. Medo de aranha ou de qualquer outro bicho cheio de patas, antenas ou asas, some no segundo dia, limpando os cantos da casa. E isso é uma coisa que nunca tem fim: limpar e cuidar da casa. Ficar ocupada o dia todo, com os afazeres do lar.
Eu nasci e cresci na cidade, nunca saí de São Paulo. Mas passava minhas férias no sítio do meu avô, brincando na horta, na despensa de comida, pescando na represa ao lado, comendo milho cozido à tardezinha, sentada na rede. À noite, meus tios esquentavam a água para o banho, jogando lenha no forno, para esquentar a caldeira. A gente ficava no escuro, escutando a lenha estalar e queimar, sentindo o cheiro da madeira tomar a noite. Nunca pensei que esses sentidos tivessem ficado tão gravados na minha memória, num desejo tão grande de viver no mato. Cada passo que dou para dentro de casa (da nova casa), eu sei que estou em casa.
Quando me sento para contemplar a cachoeira e sua grandeza, reconheço um pedaço de mim nela. Eu não sou capaz ainda de acreditar que estou realmente de mudança para o mato, que minha vida vai ser em tese, aquela que eu sempre sonhei. Diferente do Chico, não vendo e nem troco por nada nesse mundo, esse pequeno paraíso no meio da Serra da Mantiqueira.
Uma fazenda
Com casarão
Imensa varanda
Dá gerimum
Dá muito mamão
Pé de jacarandá
Eu posso vender
Quanto você dá?
Algum mosquito
Chapéu de sol
Bastante água fresca
Tem surubim
Tem isca pra anzol
Mas nem tem que pescar
Eu posso vender
Quanto quer pagar?
O que eu tenho
Eu devo a Deus
Meu chão, meu céu, meu mar
Os olhos do meu bem
E os filhos meus
Se alguém pensa que vai levar
Eu posso vender
Quanto vai pagar?
Os diamantes rolam no chão
O ouro é poeira
Muita mulher pra passar sabão
Papoula pra cheirar
Eu posso vender
Quando vai pagar?
Negros quimbundos
Pra variar
Diversos açoites
Doces lundus
Pra nhonhô sonhar
À sombra dos oitis
Eu posso vender
Que é que você diz?
Sou feliz
E devo a Deus
Meu éden tropical
Orgulho dos meus pais
E dos filhos meus
Ninguém me tira nem por mal
Mas posso vender
Deixe algum sinal
- Bancarrota Blues, Chico Buarque
Algumas das fotos são da casa do Charitro e da Nidge, em Rio Acima, Itamonte. Outras, de Matutu, Airuoca. As da cachoeira e algumas outras são da casa nova, em Campo Redondo. Todas elas na Serra da Mantiqueira, MG.
Torta de Jiló
e outros legumes.
Nunca pensei que uma torta fosse render tantos pedidos de receita. Muito menos, uma de jiló. Foi incrível. Eu simplesmente postei ontem uma foto nas "minhas histórias" do Instagram, com uma legenda "torta de jiló". Logo em seguida, cinco mensagens pipocaram na minha tela, pedindo receita. No total, foram mais de vinte pessoas.
Todas elas, loucas por jiló. Tô pensando em até criar uma hashtag, grupo no facebook, ou promover um encontro entre essas pessoas. Apenas duas pessoas riram da minha história, desdenhando da minha torta. Vou evitar represálias, preservando seu anonimato - sim, vocês duas sabem de quem estou falando! kkkk!
Eu também adoro jiló, tanto que em casa fizemos questão de plantar na horta. E, para minha surpresa, o pé está carregado, e não pára de dar frutos. É tanto jiló, que já passei da conta de colocá-lo em tudo que é receita. Inventar ocasiões e situações. Foi o caso da torta.
Espero que gostem da receita. Ela é controversa. Incompreendida. Tem haters na sua cola. Mas não se acanhe. Descobri que há uma legião de fãs também, espalhados mundo afora. E se você for um deles, saiba que não está sozinho.
Torta de Jiló
para a massa
- 02 xícaras de farinha de trigo
- 125g de manteiga com sal em cubos
- 01 ovo
- água gelada (caso precise)
para o recheio
- 06 jilós
- 01 abobrinha
- 02 tomates
- 200g de queijo ralado
- 01 cebola roxa
- 01 maço de acelga
- sal, pimenta do reino
- sementes de coentro
- pimenta calabresa
- azeite
Modo de Preparo
Amasse a farinha com a manteiga, até que vire uma farofa. Faça um buraco no meio da massa e coloque o ovo (batido). Vá misturando a massa até se soltar do recipiente e faça uma bola. Se necessário coloque algumas colheres de água gelada (no meu caso, não precisei). Enrole em plástico filme e deixe na geladeira por pelo menos 1 hora.
Pique a cebola em cubinhos, assim como a abobrinha. Já o jiló, corte em rodelas finas. Refogue em fogo médio/alto a cebola no azeite até ficar dourada. Junte o jiló. Quando começar a dourar, acrescente a abobrinha. Refogue tudo por uns 2 minutos, até que comecem a ficar macios, mas não muito moles. Se precisar, coloque umas colheres de água, para não queimar o refogado. Tempere com o sal, pimenta do reino, as sementes de coentro (é opcional, mas eu recomendo altamente. Se você não gosta de coentro, não se preocupe, as sementes têm um sabor completamente distinto) e a pimenta calabresa. Deixe esfriar.
Abra a massa com um rolo, numa superfície enfarinhada, com uns 0,5cm de espessura, no formato da sua fôrma. Eu utilizei uma de 30cm de diâmetro, com fundo removível. Disponha na assadeira e faça furinhos na base com um garfo. Coloque os legumes refogados. Corte os tomates em pedaços não muito pequenos e espalhe pela torta. Faça o mesmo com a acelga. Jogue o queijo por cima. Regue azeite por cima de tudo.
Leve para assar em forno pré-aquecido a 180C graus. Asse por uns 35-40 minutos, ou até que a massa esteja dourada. Deixe esfriar, pelo menos uns 15 minutos antes de servir.
Muffins de Chocolate com Calda de Caramelo Salgado
A inspiração acontece em ondas, nem sempre tão favoráveis e frequentes quanto a gente gostaria. Às vezes é preciso um gatilho, um livro, um acontecimento, ou uma paisagem florida para desencadear a imaginação. E nem sempre é certo de que juntar alguns ingredientes vai dar em algo. Muitas vezes só piora, angustia e a gente se sente ainda mais vazio, como um bolo murcho, seco e embatumado.
Outras vezes a gente se cansa da gente mesmo, enjoa, e começa a duvidar de tudo o que foi feito até aqui, e dá um bode danado. Esse desdém também vem como uma onda, uma maré baixa, e tem o seu valor. É nesse inconformismo misto de resignação, que me afasto e dou um passo para trás. Vejo as imperfeições com mais nitidez, a foto desfocada, a paleta inteira de cores.
Dá o espaço necessário para que o descontento se transforme em criatividade, ou pelo menos, em aprendizado. E nesse estado de ânimo, eu me reconheço. Eu conheço muito bem em mim esse recolhimento, esse se aninhar para dentro. É como carregar a bateria na tomada, ficar um tempo lá, sozinha e quieta.
Acho que foram tantas notícias boas no último mês, tantas mudanças não-programadas que ocuparam meus pensamentos, que acabei por ficar rasa, sem querer mais nada. E quero ficar assim por um tempo, de molho, só com o dia-a-dia, que já é o bastante.
Logo mais, sem que eu menos espere, sei que vem lua cheia. É nesse momento, que é preciso só uma xícara de café, para acordar as sensações e a avalanche vêm maior do que meu baldinho é capaz de se preencher. Por enquanto, me deixa quieta, que é desse silêncio que eu mais gosto.
"O silêncio é a gente mesmo demais."
- Guimarães Rosa
Esses muffins são uma receita do blog Call Me Cupcake da Linda Lomelino, minha musa inspiradora. Minhas habilidades confeiteiras ainda não estão lá essas coisas, mas esses bolinhos ficaram a coisa mais linda e gostosa. As massas de muffins são mais pesadas, mas o creme batido e o caramelo salgado fazem o combo perfeito para uma tarde fria de primavera preguiçosa de chuva fina.
Esse chocolate da foto é da Raros Fazedores de Chocolate e eu descobri recentemente na Calor, feira de alimentos artesanais de produtores pequenos e locais - eu tive o prazer de participar da feira, ajudando minha querida amiga Elke Noda que simplesmente arrasou com suas tábuas e outras coisinhas em madeira. - Os chocolates são feitos exclusivamente de cacau, sem aromatizantes ou conservantes. Também não levam leite. São uma delícia. E as embalagens são as mais lindas do planeta.
Muffins de Chocolate com Creme Batido e Calda de Caramelo Salgado | Receita adaptada de Linda Lomelino
12 unidades
- para os bolinhos -
- 02 xícaras de farinha
- ¾ xícara de cacau em pó
- 01 colher de sopa de fermento
- pitada de sal
- 01 xícara de açúcar granulado
- 100 g de manteiga derretida
- 01 xícara de creme de leite
- 03 ovos
- 2 bananas bem maduras
- 150 g de chocolate 70% cacau
- para o creme batido -
- 250 ml de creme de leite fresco
- 02 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro
- para o caramelo salgado -
- 1/3 xícara de açúcar granulado
- 04 colheres de sopa de leite
- 02 colheres de sopa de rum
- 25g de manteiga
- pitada de sal
Modo de Preparo
- para os bolinhos -
Junte a farinha, cacau em pó, fermento e o sal numa vasilha e misture. Num liquidificador bata a manteiga derretida, ovos, creme de leite, o açúcar e as bananas picadas até que fique homogêneo. Despeje numa vasilha. Vá adicionando aos poucos a mistura dos secos à massa batida. Junte metade do chocolate picado e misture.
Despeje a massa nas forminhas de papel dispostas na assadeira, até o topo. Coloque o restante dos chocolates sobre os muffins. Leve para assar em forno pré-aquecido a 200 C graus e asse por 35 minutos, ou até que os bolinhos estejam cozidos.
- para o creme batido -
Bater o creme de leite com o açúcar até virar chantilly.
- para o caramelo salgado -
Esquente o leite e o rum apenas até aquecer (não ferva). Numa panela derreta o açúcar até ficar dourado. Junte aos poucos a manteiga - cuidado para não se queimar! A calda irá borbulhar pois estará bem quente. Adicione o leite com rum e o sal. Apague o fogo, misture bem. Coloque numa vasilha para esfriar.
Com os bolinhos frios, decore com o creme batido e jogue a calda por cima.
Bolo de iogurte com amoras e chocolate
Há alguns dias atrás, fui a um almoço de uma amiga querida. Acabei encontrando com a Gória Huk, ou Renata Barrella. Lá, algumas pessoas que não a conheciam pessoalmente, se surpreenderam quando ela se apresentou. Muitas delas tinham a imaginado como uma figura mais velha, para lá dos 50, 60 anos, algo como uma titia-avó bem rechonchuda, de avental na cintura e cabelos grisalhos (que eu acho lindo). A gente deu muita risada na hora, porque a Gória não tem nem 30 anos, é para lá de moderna e descolada, se vê na sua cara, em suas roupas e no seu jeito. Ela é linda de morrer!
Mas essa semana, entrando em seu blog, eu pude entender a projeção sobre sua imagem. Seu blog parece mais uma casa de avó, daquelas que te acolhem com um pão recém saído do forno, bolo fofo, e café fresquinho, sem se preocupar com o excesso de açúcar ou calorias. Sala de casa de avó, do tipo que você quer ficar mais um pouquinho, provar mais um pedaço e levar uma trouxinha de quitutes para casa. As receitas são práticas, daquelas de dia-a-dia, de mãe-vó que adora receber visita dia sim, dia não.
Eu fiquei confusa entre tantas opções, mas optei pela a receita do bolo de iogurte, um dos mais fofinhos e fáceis que já fiz na minha vida. Na receita original, ela fez com morangos, mas como estamos em época de amoras, e São Paulo está com os pés de amoreiras carregados (exceto, é claro, pelos 3 pés que tenho no meu quintal), eu substituí. Substituí também o iogurte pelo creme de leite, a farinha por aveia e o açúcar por mel. Rsrsrsrs, mentira, Gória!, fiz a receita original, e ela ficou um aconchego só.
Ah!, e olha só, que coisa mais legal, a Gória está concorrendo ao prêmio de Receitas de Família, da Revista Casa e Comida, na categoria "Saladas", com a receita da Salada Verona - como Renata Constantino Barrella. Nas categorias "Bolos" e "Carnes", a Camila Dutra, do Feitocom.Amor, também está concorrendo e meu voto vai para as duas. A votação só vai até amanhã, então, corre lá, que essas meninas arrasam muito e merecem o prêmio!
Bolo de Iogurte com Amoras e Chocolate | Receita adaptada da Gória Huk
- 03 ovos grandes
- 01 copinho de iogurte
- 01 xícara de óleo
- 01 e 1/2 xícara de açúcar
- pitada de sal
- 02 xícaras de farinha
- 01 colher de sopa de fermento em pó
- 01 xícara de amoras
- 1/2 xícara de gotas de chocolate
- açúcar de confeiteiro para polvilhar
Bata bem no liquidificador os ovos, iogurte, óleo, açúcar e o sal. Junte a farinha e o fermento e bata apenas para misturar os ingredientes.
Disponha numa fôrma retangular untada com farinha. Distribua as amoras e as gotas de chocolate pela massa. Leve ao fôrno pré-aquecido a 200C graus, e asse por uns 45 minutos, ou até que o bolo esteja cozido e a massa dourada.
Espere esfriar e polvilhe açúcar de confeiteiro por cima. Corte em quadradinhos, ou se preferir, com um cortador redondo como a Gória fez.
Vodka Tiiv, lima da pérsia, alecrim e muito gelo
100% orgânico
Tanta coisa boa para comemorar. Às vezes, fecho os olhos e abro rapidinho, só para ter certeza de que não estou sonhando. Eu sonhei com isso por tantos anos, que já tinha até meio que desistido, colocado esse sonho na aba longo prazo, quem sabe. Se eu pensar bem, vou concluir de que cheguei a abrir mão dele. Então, assim na surdina, veio em minha direção. Estou de mudança. Até o final de ano, saio de São Paulo, e me mudo para o Sul de Minas.
Destino: Itamonte, mais precisamente, Campo Redondo. Bem no meio do mato, com cachoeira e tudo. Já postei por aqui um pouco dessa cidadezinha que conquistou meu coração, mas acho que essa história merece postagem futura detalhada, contando como o encanto desse lugar permeou todo meu subjetivo por anos, mudando completamente o rumo da minha vida.
Então, um brinde. Com um frio na barriga, levanto meu copo e te saúdo. Com a melhor vodka que já provei. Parênteses. Tenho certa aversão à vodka, acho que desenvolvida pelos tantos dias seguintes de dor de cabeça e mau estar, pós-bebida. Mas esta é feita de cana, 100% orgânica e brasileiríssima, tão pura, que eu me garantiram que não dá ressaca. Fiz o teste, e comprovei, dor de cabeça e ressaca zero no dia seguinte. Além de ser linda, nessa embalagem retrô de leite. Vodka Tiiv, com lima da pérsia, alecrim e muito gelo.
Tim-tim!
Vai arrumando as malas e encaixotando as tralhas. Itamonte, aí vamos nós!
"Sonhe com o que você quiser.
Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz."
Clarice Lispector
Bolo de chocolate com doce de leite e café
Agosto trouxe ventos da transformação e de muitas alegrias. Sim, tive semanas insanas, daquelas que me arrependi de ter saído da cama, que dava vontade de sumir ou às vezes chorar de desespero. Os ares de Perses, levaram tudo aquilo que há tempos se arrastava sem solução. E quando eu já tinha desistido de uma série de sonhos, de outros tantos planos, eles despencaram dos céus, sobre nossos colos. Espero compatilhar, em posts futuros, as boas notícias, que fazem meu coração se aquecer só de pensar.
Entre os motivos de comemorar, tem o layout novo do blog, que finalmente saiu. Meu primeiro trabalho como fotógrafa foodstylist, para a [eu] orgânico. E o aniversário de 3 anos do blog. Na verdade, o aniversário foi no finalzinho de julho, acabei me esquecendo e, depois, no meio de tanta coisa acontecendo, adiei umas três vezes a comemoração. Até que decidi que ia acontecer atrasado mesmo, desse jeito, improvisado e errado, meio como esse blog, que não tem pretensão de ser perfeito, mas tem toda intenção de fazer bonito.
Afinal, é aqui que a minha vida de ilustrações de infância da poesia de Álvaro de Campos existe, no tic-tac estalado do teclado. Às vezes, a outra - do caixão - se funde e se confunde com essa também, então o falso às vezes pende para o verdadeiro, e a vida se torna uma só.
Para comemorar, fiz meu primeiro bolo decorado sozinha, com toda a técnica e dicas que aprendi na aula de bolos decorados da Camila Dutra, do Feitocom.Amor. E a receita eu adaptei uma da Linda Lomelino. Bolo de chocolate, recheado de doce de leite, com cobertura de chocolate com café. Hum... define.
Feliz 3 aninhos!
"Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.
Na outra não há caixões, nem mortes,
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.
Na outra somos nós,
Na outra vivemos;
Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;
Neste momento, pela náusea, vivo na outra...
Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinistro.
Ergue a voz o tic-tac estalado das máquinas de escrever."
- Dactilografia. Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. 1944.
Bolo de chocolate com doce de leite e café | receita adaptada do call me cupcake
{ para o bolo }
- 100g de manteiga sem sal
- 360g de farinha branca
- 80g de chocolate em pó
- 02 colheres de sopa de fermento
- 380g de açúcar
- 03 ovos
- 300ml de leite
- 200ml de café forte (expresso se tiver)
{ cobertura de chocolate e café }
- 200g de chocolate meio amargo 70%
- 300g de manteiga amolecida
- 60g de chocolate em pó
- 02 colheres de sopa de extrato de baunilha
- 04 colheres de sopa de café forte (expresso se tiver)
- 180g de açúcar de confeiteiro
{ recheio }
- 150g de doce de leite
- sal marinho
Modo de Preparo
{ para o bolo }
Derreta a manteiga e deixe esfriar. Peneire todos os ingredientes secos (farinha, chocolate em pó, fermento e o açúcar) numa vasilha. Junte todos os outros ingredientes e bata, apenas até a mistura tornar-se homogênea.
Divida a mistura igualmente em 3 fôrmas redondas, untadas com manteiga e farinha, de fundo removível de 15cm. Leve para assar em forno pré-aquecido a 180 C graus, por 35 minutos, até que a massa esteja assada. Deixe esfriar na assadeira por 15 minutos, e transfira para uma grade.
{ para a cobertura }
Quebre o chocolate em pedaços e derreta o chocolate (pode ser no microondas) e deixe esfriar em temperatura ambiente. Bata bem a manteiga até ficar esbranquiçada e cremosa. Junte o açúcar e o chocolate em pó aos poucos e continue batendo bem. Adicione o chocolate derretido, o extrato de baunilha e o café. Bata até ficar uma mistura brilhante.
Se os bolos estiverem com o topo arredondado, uniformize-os com uma faca serrada. Alterne a montagem do bolo com o recheio (espalhando o doce de leite, uma pitada de sal marinho e o creme da cobertura). Finalize com a cobertura por todo o bolo e decore.
Para melhor entendimento sobre montagem e decoração, faça uma aula com a Camila!
Itapecerica da Serra: na casa da Rô e do Juan
Já faz quase um mês que tirei estas fotos, lá na casa da Rô e do Juan, em Itapecerica da Serra. A gente queria fugir de São Paulo, nos convidamos e fomos convidados pelo casal de amigos a passar o final de semana lá. Acabou concorrendo ao prêmio de um dos melhores finais de semana do ano.
Eu quis registrar tudo em fotos, pois a casa deles é cheia de detalhes, antiguidades, no meio da floresta. Sábado, um jantar especial, com frango assado, saladas e ervilhas deliciosas. Domingo, um assado argentino. Mesa cheia de sobremesas. Mato, cachorros e passarinhos. Para ser melhor, só repetindo a dose.
Banoffee
Faz mais de mês desde a última postagem. Me entusiasmei reformulando o layout do blog e acabou demorando mais do que eu imaginava.
Faz mais de um mês desde a última postagem. Me entusiasmei reformulando o layout do blog. Queria um visual mais caretinha, mais cara de blog, mais simples e mais organizado. Só que não me aguentei e acabei optando por uma cara mais revista, mais capa de livro, mais mais. Também está mais organizado e mais funcional... Mas continua ousado e, na minha opinião, mais bonito. Até o logo foi atualizado. Revi postagens antigas, 3 anos de conteúdo. Foi engraçado e, em alguns momentos, um pouco doloroso, testemunhar a evolução do blog; as fotos, as edições, a linguagem. Seções extintas e outras criadas. A identidade evoluiu junto, graças a deus.
Fazia já tempo que eu torcia por estas mudanças, mas a possibilidade só aconteceu neste último mês. E eu sinto que ela veio perfeita, amarrando um ciclo que pode agora se desenvolver de verdade. Esse espaço é para mim uma espécie de laboratório de testes, um diário aberto. De alguma forma abro um diálogo comigo mesma, e posso acompanhar minha própria trajetória.
Quando era criança tive alguns diários. Daqueles cor-de-rosa, com capa de relevo, plástico, almofadado. Minha mãe me comprava canetas coloridas com glitter, eu colava adesivos e figurinhas. Escrevia por alguns dias, às vezes por duas, três semanas. Depois disso, enjoava, e esquecia o caderno em alguma gaveta, ou estante empoeirada. Confesso que quando comecei por aqui, achei que o blog ia ser igual, escrever por alguns meses talvez, até que eu enjoasse da minha própria voz. Mas ao invés disso, quis adesivos mais coloridos, e canetas mais brilhantes. Vinha remendando páginas, até decidir comprar um caderno novo.
Esse novo layout é para mim, uma página além do diário de infância, um passo além da novidade que enjoa, um prêmio para aqueles que ficaram acordados até tarde. Foi feito com carinho e espero que você também goste como eu gostei. Deixe um comentário, me contando o que achou do visual novo. Vou adorar saber!
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Torta de Beterrabas e Cebola Roxa
Na dúvida, siga em frente. Esse tem sido meu lema. Tenho vivido de contrastes, de pensamentos bipolares, de alternativas complexas. Minhas emoções saltitando de um oposto a outro, qualquer idéia de controle se evapora em poucos segundos. Então, tenho seguido em frente, sem olhar para trás. Meu desejo é de ser uma folha de papel em branco, esperando o toque do pincel aguar em cores tão novas para mim. Um bebê sem memória, absorvendo tudo sem o menor julgamento e filtro. É dessa forma que eu gostaria de ser e sentir.
Mas ao invés disso, sinto as dores do tempo corrido, sinto o peso das lembranças vividas. Fujo de rostos conhecidos, conversas repetidas, pessoas óbvias. Tenho uma camada de filtro, e rotulo tudo aquilo que consegue chegar até mim, aquilo que, de alguma maneira, conseguiu não ser repelido pelo meu rancor. Tenho sido tão azeda que o sarcasmo cruzou comigo e preferiu desviar o olhar.
Já em outros momentos, um entusiasmo e uma euforia tomam conta do meu ser, como se nada mais houvesse, se não a expectativa do futuro certo dentro do meu peito. Nessa hora, tudo vale, as apostas são feitas, os sonhos proferidos, as bençãos ofertadas, a conta ainda não está mesa.
Dessa mente binária quase irracional, meu lema tem sido, não escute a dúvida que nasce da colisão das duas razões. Ande passos mais largos, não olhe para trás, qual seja a voz que te assombra no fundo. Seja uma, seja duas, mas seja mesmo a terceira, aquela que vai em frente, sem sombra de dúvidas, sem eira nem beira. Afinal, como terminei no post anterior: logo ali, a beira do precipício, vai sem medo. Então, deixa a camisa de força, por enquanto, mais um pouco, no cabide.
Lendo o livro Aos 7 e aos 40 de João Anzanello Carrascoza. Amor e sensibilidade em forma de prosa.
Me desafiei a fazer massa folhada no último final de semana. Acho que assisti umas 30 vezes o vídeo da Raíza Costa ensinando a fazer a massa com perfeição. Era um pausa, um play, farinha no teclado e manteiga na tela. Ao final, fomos recompensados com uma bela tortinha com creme e morangos no domingo.
Na segunda-feira, a saga continuou e o resultado foi mais maravilhoso ainda. Torta rústica de beterrabas e cebola roxa. Uma receita deliciosamente incrível do Projeto Banquete, para uma segunda-feira vegê especial. Confere a receita completa.
Torta de Beterraba e Cebola Roxa | Receitas originais de Dulce Delight e Projeto Banquete
para a massa folhada | receita original de Dulce Delight
250g de farinha de trigo
01 colher de chá de sal
150g de água gelada
50g de manteiga derretida
175g de manteiga gelada em bloco
para o recheio | receita original Projeto Banquete
01 beterraba grande
01 cebola roxa grande
02 dentes de alho
folhas de sálvia
sal
½ xícara de creme de leite fresco
02 ovos
azeite de oliva
06 mini cebolas roxa
06 mini beterrabas
02 colheres de sopa de vinagre balsâmico
{ para a massa folhada }
Para preparar a massa, nem me atrevo a explicar. Se quiser fazer a sua, ao invés de comprar massa pronta, assiste ao vídeo da Raíza, que vai te ensinar tudo com perfeição. - assista aqui
{ para o recheio }
Pique a cebola e a beterraba grandes. Refogue a cebola em bastante azeite até ficar transparente e adicione a beterraba. Junte o alho picado, e por fim, adicione o sal e as folhas de sálvia. Se necessário adicionar um pouco de água para que a beterraba cozinhe até amolecer um pouco.
Leve tudo a um liquidificador e processe até virar uma pasta. Agregue os ovos e o creme de leite, bata bem e reservar.
Abra a massa folhada e cortar de acordo com o tamanho da forma, eu utilizei uma de 18cm. Acomode a massa na forma, prendendo as bordas nas laterais da fôrma para ela não ceder. Faça furos no fundo da massa com um garfo.
Levar ao forno pré aquecido a 180 graus para pré-assar a massa, de 10 a 15 minutos. Retire do forno e preencha com a pasta de beterraba. Leve para assar novamente até ficar bem firme, por uns 40 minutos.
Corte as mini beterrabas e cebolas em 4 ou pela metade, mantendo os cabinhos da beterraba. Refogue rapidamente as mini beterrabas em azeite de oliva e depois adicione duas colheres de sopa de vinagre balsâmico. Eu utilizei uma redução de balsâmico La Tejea que comprei a pouco num boteco espanhol, mas você pode utilizar o balsâmico que queira. Na mesma frigideira, refogue as mini cebolas com cuidado para não desmanchá-las.
Tire a massa do forno novamente e, por cima, coloque, em pé, as mini cebolas e mini beterrabas. Volte ao forno até que a massa esteja dourada, os legumes tenham soltado um líquido e o recheio esteja bem firme.
Deixe esfriar antes de consumir.
Muffins de Abóbora com Limão e reflexões intermináveis
Estou com 35 anos. Acho que venho repetindo essa ladainha faz 5 postagens, destrinchando meus anseios e minhas chatisses, desde que completei os meados trinta. Como se repetir 50 vezes o pai nosso e 20 ave marias, me santificasse de tanto rezar. As coisas têm acontecido ao meu redor desconexas, e ao final do dia, como num filme de Tarantino, todas as coisas estivessem estranhamente encadeadas, num labirinto lynchiano.
Os 35, para mim, anunciam o fim de uma adolescência estendida e o início de um adulto recém-nascido, na verdade, um feto em formação. Sinto diferenças no meu corpo que me desagradam, sua resistência a certos vícios é menor, e quando antes não precisava fazer muito para combater a ação do tempo e da lei da gravidade, agora, há de se empreender um certo esforço com intento de não deixar a peteca cair. Os hábitos precisam ser mudados por outros. Socialmente, os 35 significam para mim “casada e sem filhos”. Não ter filhos. Me coloca na estante de pessoas que aos 35 ainda não tem filhos. Astrologicamente, os 35 vêm firmar o que foi possível brotar, após a avalanche “retorno de Saturno”, aos 28.
Há duas semanas venho assistindo filmes dos anos 80 e 90. Abarcada por uma nostalgia na forma de se enxergar o mundo numa estética belissimamente decadente, em narrativas mais lineares, permeadas de sonhos ingenuamente depressivos, vejo minha vida hoje, filtrada e confinada sob esse paradigma. Existe uma parte de mim que aceita a passagem do tempo e se deixa levar pelo curso do rio. Outra, tem sonhos desfeitos, angústias de uma geração que viu a tecnologia triunfar sobre os sonhos, não conheceu seus heróis, mas cantava “we can be heroes, just for one day” com Bowie no cassete do walkman.
Essa dicotomia à beira da esquizofrenia, se conflita, briga, faz as pazes e se ama loucamente todos os dias, desde que me conheço. Sinto como se tivesse praticando roleta russa todos os dias, na tentativa de suicidar o incômodo dessa coexistência. Há energia despendida. Meu diagnóstico atual é consumida eternamente pelos anseios internos, como um cachorro correndo atrás do próprio rabo.
Talvez não haja remédio, não sei bem se há como mudar certas formas de pensar tão enraizadas em sua plasticidade e em seu funcionamento rotineiro. Tão afixadas sob meus valores e intrínsecas ao meu modo de vida. E quando a gente acha que está tudo errado, vale começar do zero? Se tivesse um botão para resetar tudo, já teria apertado. Então, penso que talvez seja hora de recuar, e perceber de outra maneira. Voltar alguns passos para trás. Olhar para o lado. Dou de cara com o abismo. Então digo para mim mesma: é só a beira do abismo. Quando decidir pular, descobrir, então, finalmente, que as asas estavam sempre aqui.
Bolinhos de abóbora com creme de limão | Receita adaptada de Jamie Oliver
{ para os bolinhos }
- 400 g abóbora, descascada sem sementes
- 01 e ½ xícara de açúcar mascavo
- 04 ovos caipira grandes
- 01 xícara de farinha de trigo
- 02 colheres de chá de fermento em pó
- Punhado de nozes
- 1 colher de chá de canela em pó
- 175ml de óleo de canola
- pitada de sal
{ para cobertura }
- suco de ½ limão
- 70 ml de creme de leite
- 70 ml de iogurte
- 2 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro
- 01 colher de sopa de extrato de baunilha.
- flores de lavanda para enfeitar
Processe a abóbora em um processador (ou um liquidificador potente, como no meu caso), até ficar bem picado. Adicione o açúcar, e os ovos. Bata apenas para mesclar os ingredientes. Junte o sal, a farinha, o fermento em pó, nozes, canela e o óleo e bata novamente. Não bata muito, apenas o suficente para homogeneizar a mistura.
Preencha as forminhas de papel com a mistura de bolo. Asse no forno pré-aquecido a 180°C, entre 20 e 25 minutos, até que estejam dourados e assados. Retire do forno e deixe esfriar numa grade.
Para a cobertura, coloque o creme de leite, iogurte, açúcar confeiteiro e o suco de limão em um recipiente. Bata até que fique da consistência de um creme chantilly. Junte o extrato de baunilha e as raspas de limão. Coloque sobre os bolinhos já frios. Polvilhe flores de lavanda por cima.
Picolé de Lavanda com Mel #popsicleweek
Tive semanas conturbadas, como tudo já passou, nem vale a pena contar e relembrar. Posso dizer que me fizeram repensar e reavaliar alguns aspectos da vida, do meu cotidiano, das minhas escolhas.
For those who came for the Wit & Vinegar #popsicleweek, the recipe is translated below, at the end of this post! Thanks for visiting me!
Tive semanas conturbadas, como tudo já passou, nem vale a pena contar e relembrar. Posso dizer que me fizeram repensar e reavaliar alguns aspectos da vida, do meu cotidiano, das minhas escolhas. Estou com 35 anos e é como se estivesse atravessando uma curva e deixando para trás algumas coisas, que não voltam mais. Quero fazer isso com mais consciência e poder deixar para trás, aquilo que realmente tem que ficar lá.
Ao mesmo tempo, acontecimentos (bem) bacanas aconteceram, para me lembrar o sentido de certas coisas, pelo menos, daquelas que valem a pena. Coisas que fazem os dias de inverno serem mais acalentadores, que tiram um sorriso no meio da discussão, que fazem as mãos juntarem em oração e agradecer.
Essa receita, pouco tem a ver com o inverno. Aliás, desde quando picolé combina com o frio? Para ajustar o choque térmico, o aroma de lavanda com mel aconchegam o paladar. Como posso descrever a combinação da lavanda com mel? Tem sabor de nuvem de flores com caramelo. Comi 3, enquanto escrevia este post.
Picolé de Lavanda com Mel
12 picolés
- 01 e ½ copo de creme de leite fresco
- 01 copo de leite integral
- 01 colher de sopa de extrato de baunilha
- 01 colher de sopa de flores de lavanda secas ou frescas
- ½ copo de mel
- ½ copo de água
- 02 colheres de sopa de açúcar mascavo
Numa panelinha coloque a água e a lavanda e leve ao fogo médio. Quando começar a ferver, junte o mel e o açúcar mascavo. Misture até dissolver. Deixe fervendo em fogo baixo por uns 5 minutos e apague o fogo. Tampe e deixe esfriar. Coe.
Junte o creme de leite, o leite, o extrato de baunilha e o xarope de baunilha coado. Bata no liquidificador somente até homogenizar a mistura. Coloque nos recipientes para picolé e leve ao congelador, por umas 5 horas ou até que os picolés estejam congelados.
Para servir e desenformar, coloque a forma em água morna por alguns segundos, para que fique fácil de retirá-los da fôrma.
Honey and Lavender popsicle for #popsicleweek
12 units
- 1 ½ cup of cream
- 1 cup of milk (full fat)
- 1 tbs. vanilla extract
- 2 tbs. lavender flowers, dried or fresh
- ½ cup honey
- ½ cup water
- 2 tbs. raw sugar
Bring water and lavender to a boil in a saucepan. Add honey and raw sugar in the sauce pan and stir until sugar is completely dissolved. Reduce heat and simmer for 5 minutes. Remove from heat, allow to cool, strain using a strainer to capture and discard the lavender flowers.
Blend all ingredients into a blender just until well combined. Pour mixture in popsicle mold and freeze for at least 5 hours or until hardened.
To serve and unmold, just put into warm water for a couple seconds, until it is easy to remove pops from the mold.
Creme de Chocolate branco com farofa crocante de amêndoas e morangos
Para quem não é fã de comemoração do dia dos namorados, até que estou sendo bem comemorativa. Este é o segundo ano, em que posto receita romântica para a data.
Para quem não é fã da comemoração do dia dos namorados, até que eu estou sendo bem comemorativa. Esse é o segundo ano, em que posto receita romântica para a data. Na verdade é uma receita bem simples, nem precisa ser feita para comemorar algo, pode ser apenas para fazer bonito, sozinho ou acompanhado. E isso, eu adoro.
Desde que estou com o blog, as pessoas acham que eu levo jeito para a cozinha, que eu nasci para isso, que tenho alguma história de criança com avó culinarista na família. Alguns me pedem dicas, como se eu fosse algum tipo de especialista gourmet. Afe. Nada disso. Quem me acompanha, sabe que aprendi a cozinhar faz poucos anos com minha (falecida) sogra argentina. Tinha trauma, do tipo, vou viver de comida congelada e restaurante, e ser feliz para sempre. Criei o blog não apenas para compartilhar minhas tentativas de sucesso na cozinha, mas também pensamentos e algumas histórias, e coisas que gosto e acho bonitas. O blog foi evoluindo com o tempo; mais receita, mais fotografia, mais blá. E, sempre com o intuito único de preencher minha vida, todo o resto é efeito colateral, não pretensão.
Desde 2013, cá estou, comprovando que cozinhar, assim, como qualquer outra atividade na vida, só precisa de tentativas, boa vontade e bons ingredientes. Essa é uma receita, daquelas que praticamente não precisam de receita ou muita explicação. É só para provar meu ponto, de que o que põe mesa, afinal, é só a beleza.
Creme de chocolate branco com farofa crocante e amêndoas e morangos
04 copos
300 ml de creme de leite fresco
200g de chocolate branco
200g de morangos
100g de amêndoas
100g de nozes
50g de manteiga com sal
½ copo de açúcar
açúcar de confeiteiro para enfeitar
Leve ao fogo 100 ml de creme de leite, apenas até começar a ferver. Junte o chocolate branco picado e misture bem até derreter e ficar homogêneo. Bata o restante do creme de leite até virar chantilly. Junte o creme com o chocolate. Divida a mistura nos copos em que irá servir. Leve à geladeira para esfriar. Eu deixei no freezer por 20 minutos.
Num processador ou liquidificador, bata as nozes até virar um farofa. Numa assadeira pequena com papel manteiga distribua as amêndoas, o açúcar e a manteiga em pedaços por cima. Leve num forno a 200C graus para tostar, por uns 15 minutos. Olhe de vez em quando e misture as amêndoas para não queimar, e para o açúcar caramelizar. Retire do forno e deixe esfriar.
Com as nozes ainda enroladas no papel manteiga, quebre-as com ajuda de um martelo, até ficarem picadas. Misture com a farofa de nozes. Jogue sobre o creme de chocolate branco. Pique os morangos e sirva por cima. Se quiser, jogue açúcar confeiteiro para enfeitar.
Sexta chuvosa lá fora, amigas e fartura na mesa
Já fazia algum tempo que estava tentando reunir as meninas aqui em casa. Agenda de paulista é assim, difícil conseguir disponibilidade de todas ao mesmo tempo: é viagem, trabalho, filhos, trânsito, gripe…
Já fazia algum tempo que estava tentando reunir as meninas aqui em casa. Agenda de paulista é assim, difícil conseguir disponibilidade de todas ao mesmo tempo: é viagem, trabalho, filhos, trânsito, gripe… Daí que nem todas puderam vir, mas nos reunimos mesmo assim na sexta-feira passada. Vieram a Gória Huk, Moara Gomes e a Dani Coelho.
Tiramos fotos, trocamos receitas, demos risada, comemos, tomamos chá, falamos da vida e de trabalho. A Dani trouxe um pudim de chocolate delicioso, a Gória uma focaccia de batatas linda de morrer (acompanhada de uma tapenade de azeitonas pretas…), e a Moa, aqueles cookies fabulosos. Eu servi o meu sorvete de dulce de leche com pecans, receita fechada da #lililovesicecream e elas amaram. Fiquei bem feliz. Só não deu para tirar fotos do sorvete.
Não tenho muito mais a dizer sobre o nosso encontro, além de ser tão grata por compartilhar uma mesa com tanto amor e carinho com pessoas tão queridas. Sei que a correria do dia-a-dia dificulta muito essas pequenas reuniões. Terem disponibilizado tempo para passar uma tarde de sexta-feira fazendo quase nada, como fizemos, é um privilégio! Eu simplesmente adorei, meninas! - Ah, enquanto eu redigia aqui, a Gória, postava lá no blog dela! Confere aqui!
“Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou - amigo - é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.”
{ Guimarães Rosa }
Pudim de chocolate | da Danny Bunny
- 01 xícara de açúcar
- ½ xícara de água
- 01 lata de leite condensado
- 01 lata de leite
- 03 ovos
- 02 colheres de sopa de cacau em pó
Faça uma calda de caramelo com o açúcar e a água. Coloque a calda numa forma pequena com furo no meio e reserve. No liquidificador, bata o leite condensado, leite, ovos e o cacau em pó (não vale achocolatado, ok?). Distribua na forma caramelada e leve para assar em banho maria, em forno pré-aquecido a 180 graus, por aproximadamente 30 minutos. Depois de frio, leve para gelar por cerca de 6 horas.
Focaccia de batatas | por Goria Huk
{ para a esponja }
- 2 ½ colheres de chá de fermento biológico seco
- 120 ml de água morna
- 2 colheres de chá de açúcar
- ½ xícara de farinha de trigo
Misture todos os ingredientes, cubra e deixe descansando por 30 minutos.
{ para a massa }
- 1 e ½ xícara de purê de batatas
- 120 ml de água morna
- 1 col. sopa de manteiga em temperatura ambiente
- 5 colheres de sopa de azeite
- 2 colheres de sopa de açúcar
- 1 colher de chá de sal
- de 05 a 06 xícaras de farinha de trigo
Misture a esponja com o purê de batatas. Junte os demais ingredientes, usando apenas 05 xícaras de farinha. Misture bem e comece a sovar. Se necessário, adicione mais farinha (eu usei 05 e ½ xícaras). Sove até desgrudar das mãos (como a massa é grudenta e um pouco difícil de trabalhar, eu sugiro fazer essa etapa na batedeira. Eu sovei na batedeira por 5 minutos).
Faça uma bola com a massa, cubra com um pano e deixe crescendo até triplicar de tamanho (isso mesmo, ela vai crescer muito. Eu preparei em um dia fresco e levou 1h 30min para crescer bem). Abra a massa e distribua em uma forma untada com azeite (pode ser oval, retangular ou mesmo de pizza). Faça furos com os dedos, regue com azeite (aproximadamente 3 colheres de sopa), salpique sal grosso e folhas de alecrim a gosto (essa é a cobertura original, mas eu também usei fatias de tomate italiano e cebola roxa). Leve para assar em forno preaquecido a 200 graus até dourar.
Dica da Gória: uma boa sugestão para deixar sua focaccia ou qualquer outro pão com uma boa consistência, é adicionar um saquinho de “pão certo” na sua massa. Ele nada mais é que um melhorador de pães, e geralmente pode ser encontrado na mesma prateleira do fermento biológico seco.
Cookies com gotas de chocolate | por Moara
- 01 xícara de amêndoas trituradas
- ½ xícara de farinha de arroz
- ½ xícara de amido de milho
- ½ xícara de açúcar mascavo
- ½ xícara de açúcar demerara
- 03 colheres de sopa de manteiga
- 01 colher de chá de fermento e
- 01 ovo
- 01 punhado de gotas de chocolate
Misturar tudo e deixar descansar por 20 minutos na geladeira. Assar em forno pré-aquecido a 180 graus por uns 15 minutos. Deixar esfriar. 🍪 🍪 🍪