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Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola Caramelizada e Legumes Tostados

Receita Vegetariana por Suzan Zacchi.

Receita de banquete vegetariano em tempos de quarentena? Temos. Esse conteúdo foi criado 3 semanas atrás, quando a Suzan passou por aqui. Esse foi um dos pratos que ela fez para a gente: forte, apimentado e, gente, que lindo - ainda que ela tenha desdenhado da apresentação na hora da foto e chamado de mexidão, hahaha. Saudades daquele clima leve e ingênuo, que vivemos naquele fim de semana.


Sobre o veganismo: a Su recebeu um monte de questionamentos pelo fato desse blog não ser vegetariano ou vegano.

Bom, então, não sou. Não porque eu não respeite ou desacredite no movimento, pelo contrário. Mas minha opção pessoal, hoje, é a redução do consumo de carne. Diminui meu consumo (principalmente de carne vermelha) porque senti que meu organismo respondeu absurdamente bem com essa mudança. Mas continuo consumindo esporadicamente - algo como 3x ao mês -, e seus derivados estão na maioria das minhas receitas (manteiga principalmente).

Aderi ao movimento de transição, de negociação consigo mesma, pois não consigo seguir dietas de restrição. É óbvio que essa é uma ótica/ética particular, e não pretendo entrar nessa discussão. Enxergo no ativismo vegano uma força necessária, importante - admiro demais as pessoas que estão nessa luta - mas acredito também que movimentos agregadores, simpatizantes e menos duros, geram um caminho mais possível.

Até porque as discussões são complexas. Da família que cria galinhas para consumo próprio versus o vegano que compra leite de amêndoas com embalagens que dificilmente serão recicladas. Impacto ambiental versus ética de consumo sobre a vida de outro animal. Coloco aqui não com a intenção de menosprezar o movimento, nem para justificar meus atos. Os movimentos são paralelos, de culturas e visões sociais distintas, mas não podem e nem deveriam ser excludentes. Minha intenção é fomentar a reflexão que já existe dentro de mim.

É preciso questionar os formatos de produção (fazendas de monoculturas, uso de agrotóxicos, produção em massa, confinamento, antibióticos) e de consumo atuais. Optar por pequenos produtores, locais, sazonais - entender a cadeia de produção e evitar o desperdício. Não dá para negar que o que estamos vivendo hoje é resultado de um sistema agressivo e não-sustentável, e que se não mudarmos a rota, o colapso do planeta e iminente.


Covid-19: Difícil manter o otimismo diante de cenários tão devastadores. Difícil não ser pessimista com um governo tão negligente e irresponsável. Difícil manter a fé, com gente encarando quarentena como férias, lotando praias, bares e discotecas. Difícil falar em compaixão, quando funcionários ainda não foram liberados de grandes empresas, porque o lucro vale mais que vidas. Difícil meditar e fazer yoga quando a gente sabe que a desigualdade desse país vai condenar pessoas à morte.

Quero com todas minhas forças ser otimista, estar errada e enxergar coisas boas nesse momento. A rotina segue, porém: acendemos fogão a lenha para cozinhar, brincamos com os cachorros, lavando e colocando as roupas para secar no varal. Sento para meditar e praticar yoga. Tenho Norah Jones tocando o dia inteiro para cobrir os espaços. Festejamos um aniversário online. Mas há no fundo, um silêncio contínuo, de uma espera aguda. Da incerteza que inunda e transborda pelos pensamentos. Seguimos aguardando. Fiquem bem. Me contem como estão.


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Lentilha com Farofa e Legumes
Lentilha com Farofa e Legumes
Receita de Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola
Lentilha com Farofa e Legumes
Lentilha com Farofa e Legumes
Receita de Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola
Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola
Receita de Lentilha Apimentada
Receita de Lentilha Apimentada
Receita de Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola
Receita de Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola
Receita de Lentilha Apimentada
Receita de Lentilha Apimentada
Receita de Lentilha Apimentada

Lentilha Apimentada com Farofa de Cebola Caramelizada e Legumes Tostados

Receita perfeita da Suzan Zacchi.

  • Rendimento: 6 porções

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: prato principal

Ingredientes

para a lentilha

  • 500g de lentilha vermelha - dal
  • 300g de tahini
  • 4 folhas de Louro
  • 1/4 colher de chá de pimenta caiena
  • 1/2 colher de chá de páprica picante
  • 1/2 colher de sopa Massala (se não tiver faça uma mistura com cominho, cravo em pó, canela em pó, pimenta do reino, cardamomo em pó)
  • Sal a gosto
  • Cebolinha para servir

para a farofa

  • 1 cebola roxa
  • 2 xícaras de farinha mandioca
  • 2 colheres de sopa de Azeite
  • Sal e pimenta do reino

para os legumes

  • 2 pimentões vermelhos
  • 2 pimentões amarelos
  • 4 fatias de abóbora
  • Azeite, sal e pimenta do reino

Modo de Preparo

para a lentilha

  1. Deixe as lentilhas de molho por 24 horas, trocando água umas 3 vezes durante esse período.
  2. Escorra bem e coloque numa panela com água e os temperos.
  3. Cozinhe em fogo médio.
  4. Quando começa a ferver, agregue o tahini.
  5. Cozinhe por uns 20 minutos.

para a farofa

  1. Fatie a cebola e refogue numa frigideira com azeite, até caramelizar bem.
  2. Junte a farofa, o sal e a pimenta do reino.
  3. Deixe tostar.

para os legumes

  1. Fatie os pimentões em tirinhas e as abóboras bem picadinhas.
  2. Coloque tudo numa assadeira para assar com bastante azeite e sal.
  3. Leve ao forno a 200C graus por uns 20-30 minutos, até que estejam bem tostados. Na hora de servir, coloque numa tigela a lentilha, a farofa por cima, os legumes e a cebolinha picada.
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Polenta com Ragu de Abobrinha, Tomates Assados e Manjericão

Receita de Suzan Zacchi.

A Suzan é uma pessoa extremamente cativante, eu sempre fico com vontade de ter um pouquinho dela comigo quando ela vai embora. A risada, a espontaneidade e a inteligência dos geminianos.

Eu nunca tinha experimentado nenhum prato seu e tive o prazer de tê-la em casa cozinhando por 3 dias: uma comida rica, com camadas de texturas (como ela gosta de explicar) e com a complexidade de sabores muito especial. Você não precisa viver de alface, nem de miojo, para ser vegetariano. Dá para desfrutar de uma refeição deliciosa, nutritiva e que te alimenta com vida sim.

Ela tem tanto conhecimento com relação à cozinha, mas mais do que isso, ela tem entusiasmo, curiosidade e paixão por comida. Ela estuda, aprende, ensina. É bonito de vê-la cozinhando. A Su comanda o @momon.veggies e lá ela criou receitas como essas que ela gentilmente cedeu para o blog: feitas com carinho e amor de quem trabalha com o que acredita.


Sobre a receita: para quem ama polenta (com frango e molho de tomate), vai amar esse prato. Tem acidez, dulçor, cremosidade. É perfeita para dias frios. Usamos folhas de manjericão gigante por cima, pois não somos obrigadas a nada.


Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana
Polenta com Ragu de Abobrinha - Receita vegetariana

Polenta com Ragu de Abobrinha, Tomates Assados e Manjericão

Receita perfeita da Suzan Zacchi.

  • Rendimento: 4 porções

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: prato principal

Ingredientes

para a polenta

  • 1 xícara de farinha de milho
  • 4 xícaras de água
  • 3 colheres de sopa de azeite
  • pitada de sal a gosto

para o ragu

  • 2 abobrinhas
  • 1 cebola
  • 5 dentes de alho
  • 4 tomates maduros
  • 1 xícara de cogumelos paris
  • 1 lata de tomates pelados
  • 1/4 xícara de vinho tinto
  • folhas de salsão
  • sal e azeite
  • folhas de manjericão

Modo de Preparo

para a polenta

  1. Junte a polenta com a água, numa panelinha, em fogo médio.
  2. Misture sempre até engrossar e cozinhar (uns 20 minutos). Adicione o azeite e o sal.

para o ragu

  1. Corte os tomates ao meio e disponha numa assadeira com azeite e sal. Leve ao forno médio/alto por uns 30 minutos, ou até que comecem a caramelizar. Reserve.
  2. Pique o alho, a cebola e a abobrinha em quadradinhos. Fatie os cogumelos.
  3. Numa frigideira, com um fio de azeite, sele os cogumelos, até que estejam bem dourados. Retire e reserve. Separe alguns para decoração.
  4. Na mesma frigideira, refogue com um pouco de azeite a cebola, até que fique bem dourada. Junte o alho picadinho e refogue por mais alguns minutos.
  5. Adicione as abobrinhas e deixe cozinhar bem. Junte os cogumelos, e o tomate em lata.
  6. Separe os tomates assados e deglaceie a assadeira com um pouco de vinho tinto - Leve a assadeira ao fogo baixo, jogue o vinho, e vá raspando o tomate queimado que ficou grudado. Deixe ferver até evaporar o álcool.
  7. Jogue esse caldo no ragu. Adicione as folhas de salsão picadas. Tempere com sal e pimenta do reino. Deixe apurar e cozinhar por uns 15 minutos.
  8. Sirva a polenta com o ragu, tomates assados, cogumelos e umas folhas de manjericão.
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Polenta com Ragu Abobrinha - Receita Vegana


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Torta de Alho Poró da D. Stella versão para Filippo Berio

Receita com memória, história e vida.

Para minhas segundas sem carne, gosto de escolher a Torta de Alho Poró da D. Stella. Quem me acompanha a algum tempo aqui, sabe que eu não posso falar de cozinha e afeto, sem citar minha falecida sogra e suas receitas. A velha praticamente me ensinou a cozinhar, atravessou algumas gerações deixando seus conflitos de lado, e abriu seu caderninho de receitas para mim.

Revisitei a receita da inigualável torta, a convite da Filippo Berio, usando seu azeite na massa. O resultado foi uma massa mais uniforme, com umidade e textura crocante na medida perfeita.

Essa receita me lembra minha primeira visita à casa da D. Stella, no interior da Argentina. É um prato com memória, com vida e história. Qual é a sua receita especial que te conecta a cozinha com o seu coração?

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Receita de Torta de Alho Poró
Torta de Alho Poró
Receita de Torta de Alho Poró
Torta de Alho Poró

Torta de Alho Poró da D. Stella versão para Filippo Berio

Revisitei a receita da inigualável torta, a convite da Filippo Berio, usando seu azeite na massa. O resultado foi uma massa mais uniforme, com umidade e textura crocante na medida perfeita.

  • Rendimento: 8-12 porções

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: entrada, prato principal

Ingredientes

para a massa

  • 1 e 1/2 xícara de farinha de trigo
  • 4 colheres de sopa de azeite de oliva
  • pitada de sal
  • 70 ml de água gelada
  • 1 colher de sopa de mel + 1 colher de sopa de azeite para pincelar
  • manteiga e farinha para untar

para o recheio

  • 4 talos de alho poró
  • 300g de queijo parmesão de qualidade ralado

Modo de Preparo

  1. Pique em rodelas o alho poró e leve numa panela com água fervente para cozinhar. Cozinhe por uns 4 minutos e escorra bem. Reserve até esfriar e secar.
  2. Numa bancada, misture a farinha, o sal e o azeite até virar uma farofa.
  3. Adicione a água gelada aos poucos até dar liga e a massa ficar consistente, mas não grudenta. Amasse bem até ficar uniforme.
  4. Divida a massa em duas partes e abra com um rolo na bancada. Eu deixo ela numa espessura bem fina.
  5. Unte uma assadeira com manteiga e farinha. Forre com uma parte da massa aberta.
  6. Jogue uma camada de queijo parmesão e intercale com alho poró, terminando com o queijo.
  7. Tampe a torta da maneiro que desejar, se quiser decorar como fiz, corte em tiras a segunda parte da massa aberta.
  8. Misture a colher de azeite com o mel até ficar uma pasta uniforme. Pincele sobre a torta.
  9. Leve ao forno pré-aquecido a 200g e asse por uns 35 minutos, até que a massa esteja dourada. Sirva morna ou fria.
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Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke, numa tarde com café

Numa tarde ensolarada de outono.

É sempre muita história para contar: ela da sua viagem mais recente - dessa vez para Suécia e Dinamarca -, eu sobre meus perrengues na roça. A gente sempre dá muita risada, fazemos planos para dominar o mundo, tem sempre comida no meio, bebemos demais e terminamos com preguiça no final. E se lembra, que o melhor da vida são esses momentos.

Fika com Elke Noda

Nossa amizade começou por aqui, virtualmente. Na época, 4 anos atrás, ela tinha um blog de cozinha e viagens. Gostei de cara do que ela escrevia, e comentei: “dá vontade de ser sua amiga". E foi assim que a gente se identificou, logo de cara. Ela veio para casa, contou da sua vida, e eu da minha. Passamos um café e criamos um ritual.

Nem sempre é bonito como nessas fotos. Às vezes tem pizza fria de boteco, pipoca com cerveja, geladeira vazia, bolo de supermercado. Ontem, foi banquete feito na hora; enquanto ela contava as novidades suecas, abria com desenvoltura a massa da quiche, fritava o bacon na frigideira, e batia os ovos com creme. Eu ouvia sentada na bancada da cozinha, preparando a câmera para fazer fotos, ajustando o tripé de pata quebrada. Brindamos com espumante gelado, afinal, também esbanjamos riqueza quando podemos.

A gente ri das nossas diferenças - que não são poucas - eu chamo ela de louca, ela me chama de preguiçosa. Enchemos mais uma taça, porque não temos tempo a perder.


Pedi a receita da quiche, ela me olhou torto, afinal, nunca mede as quantidades e faz tudo no olho. Mas foi só eu postar foto ontem, que já teve gente pedindo receita. Então ela fez o favor de compartilhar. Toma lá a receita da Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke Noda.

Quiche de Abobrinha da Elke
Quiche de Abobrinha da Elke
Queijo com Mel
Quiche de Abobrinha da Elke
Cheers
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Fika com Elke Noda
Queijo com Mel
Fika com Elke Noda
Bolo de Queijo com Goiabada
Bolo de Queijo com Goiabada
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Quiche de Abobrinha com Bacon da Elke Noda

Você pode utilizar a mesma massa para outros recheios como cebola, presunto e queijo, cenoura ralada, etc.

  • Rendimento: 06 porções

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: torta, quiche

Ingredientes

para a massa

  • 180g de farinha de trigo
  • 80g de manteiga com sal
  • aproximadamente 1 ovo - não coloca o ovo todo, apenas o suficiente para dar liga - ou água gelada

para o recheio

  • 3 ovos
  • A mesma medida dos ovos de creme de leite
  • 1 abobrinha
  • bacon (opcional)
  • 50g queijo meia cura
  • Sal, pimenta do reino e noz moscada

Modo de Preparo

para a massa

  1. Juntar a farinha com a manteiga e faz tipo uma farofa.
  2. Adiciona o ovo ou a água para “grudar” tudo.
  3. Faz uma bola com a massa, enrola com papel filme e deixa na geladeira uns 15 minutos 
  4. Abre a massa com um rolo, coloque numa forma (essa medida é para forma de 25cm), fure a massa com um garfo e leve ao forno por 15 minutos a 180°C.

para o recheio

  1. Numa frigideira doure rapidamente o bacon. Reserve.
  2. Bater com um fouet os ovos, acrescenta o creme de leite, bater até ficar homogêneo.
  3. Tempere a gosto com sal, pimenta e noz moscada.
  4. Adicione o queijo meia cura ralado e o bacon.
  5. Fatie as abodrinhas com uma mandolina ou corte o mais fino que você conseguir.
  6. Despeje os ovos batidos na massa e coloque as rodelas de abobrinha.
  7. Leve para o forno a 220°C, já pré aquecido, por uns 20 minutos ou até dourar.
  8. Sirva morna ou fria.
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Salada Verde com Pêra e Romã

Para a realização acontecer.

Essa semana, ouvi emocionada o discurso ovacionado da Glenn Close, em sua premiação durante Globo de Ouro. Como li outro dia nas redes, estou digitando o teclado com os pés, porque as mãos ocupadas aplaudindo e enxugando lágrimas até agora (emoji risos). Ela falou sobre a importância de nós, como mulheres, nos sentirmos realizadas, não apenas pela função social - ter filhos ou um casamento bem sucedido - mas como profissionais, felizes, em nossas carreiras. Transformar um sonho em realidade, e permitir-se realizar-se através dele. É algo relativamente novo em nossa sociedade; essa possibilidade conquistada apesar da nossa condição de nascer sob o gênero feminino.

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Até poucas gerações passadas isso não era possível. Minha mãe, por exemplo, dedicou boa parte da sua vida como dona de casa, abriu mão da continuidade de seus estudos, para se dedicar à família e seus três filhos. Minhas avós, então, nem falar. Quando eu penso na minha vida, vejo o tanto de oportunidades que tive, diferente delas. Mas apesar de ter terminado uma faculdade, ter seguido uma carreira e profissão por 10 anos, isso, durante muito tempo, não era o suficiente para mim. Havia uma cobrança social - e interna - sobre constituir uma família, ter um filho até os 30 para que a realização acontecesse. Como se a completude da mulher só pudesse vir através de ser mãe.

Já escrevi aqui sobre a tetralogia napolitana de Elena Ferrante, que fala justamente sobre o machismo social e a forma como ela se expressa em todas as formas violentas de usurpar e destituir a liberdade das mulheres. Nascer sob a condição feminina gera uma séries de limitações de escolhas ou de possibilidades para uma mulher, e isso era ainda mais gritante e pungente até algumas poucas décadas atrás.

Hoje, o mundo caminha para uma nova era (ainda que a passos de bebê) e espero que, em breve, a gente possa ser livre para escolher o tipo de realização, ou as realizações que almejamos em nossas vidas. E que a gente possa ter a oportunidade de seguir nossos sonhos e aquilo que faz realmente nosso coração vibrar, e ser capaz de lidar com qualquer percalço que elas possam reverberar, ou colher todas bençãos que elas possam trazer.


“Naquela ocasião, ao contrário, vi nitidamente as mães de família do bairro velho. (…) pareciam ter perdido os atributos femininos que nós, jovens, dávamos tanta importância e que púnhamos em evidência com a maquiagem. Tinham sido consumidas pelos corpos dos maridos, dos pais, dos irmãos, aos quais acabavam sempre se assemelhando, ou pelo cansaço ou pela chegada da velhice, pela doença. Quando essa transformação começava? Com o trabalho doméstico? Com as gestações? Com os espancamentos? Lila se deformaria como Nunzia? De seu rosto delicado despontaria Fernando, seu andar elegante se transmutaria nas passadas abertas, braços afastados do tronco, de Rino?” 

- História do novo sobrenome, Elena Ferrante -


Nunca fui grande fã do verão: a suadeira, os mosquitos - o horário de verão! - sempre me deram a sensação de vida decadente, diluindo os ânimos pela transpiração. Agora aqui no meio das montanhas, os dias mais largos, a luz que ouro que banha a casa até quase 8 da noite, o céu que se transforma numa cúpula estrelada à noite, e os elaterídeos piscando na floresta, mudaram minha percepção dessa estação tão quente e tão tropical. O verde é abundante essa época, as dálias e as hortênsias começam a florescer. Viva o verão!


As refeições também são mais fáceis nessa época. Comemos muita fruta durante o dia todo, tomamos muito suco (e muita água). Um grelhado e uma boa salada verde, com folhas frescas da horta são o suficiente para a gente passar bem o dia. Você pode colocar outras folhas e outras frutas também - manga fica ótima! -, uns pedaços de queijo de cabra ou de búfala, para quem gosta.


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Salada Verde com Pêra e Romã

Simples e perfeita para o verão. Para essa salada, você pode usar quais folhas verdes preferir, colocar frutas como manga ou figo. O acompanhamento ideal para grelhados.

  • Rendimento: 04 pratos

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: acompanhamento, salada

Ingredientes

para a salada

  • 04 folhas grandes de couve
  • 03 folhas grandes de almeirão
  • agrião, rúcula e folhas de espinafre
  • 1/4 de romã
  • 70g de nozes pecãs

para o molho

  • 02 colheres de sopa de azeite de oliva
  • 01 colher de sopa de mostarda dijon
  • 01 colher de sopa de vinagre balsâmico
  • 01 colher de sopa de mel
  • 01 colher de sopa de shoyu

Modo de Preparo

para a salada

  1. Corte a couve bem fininha (tire o talo do meio se não gostar).
  2. Corte o almeirão em tiras mais grossas.
  3. Fatie as pêras em lâminas finas.
  4. Toste as nozes pecãs no forno, uns 5 minutos em forno médio.
  5. Disponha as folhas numa travessa, colocando as pêras fatias por cima. Salpique as semente de romãs e as nozes picadas por cima de tudo.

para o molho

  1. Coloque todos os ingredientes numa tigela e misture bem (com um mini fouet se tiver) até emulsificar.
  2. Sirva por cima da salada.
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Sopa de Mandioquinha

Dos deuses.

Foi depois de crescida que eu fui aprender a gostar de mandioquinha, porque de criança, o vapor e o aroma dela tomando a cozinha me tirava o apetite. Mas aqui na Serra, a gente come muito cordeiro assado, e o purê de mandioquinha com bastante noz-moscada é o acompanhamento ideal.

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Numa noite dessas, eu estava naqueles dias: bem cansada, com cólica e meio enjoada. Queria um caldo, mas tudo que tinha na geladeira era um saco de batata baroa e meia cenoura. Então, meio a contragosto, resolvi fazer uma sopa com o que tinha, para esquentar o estômago e poder dormir. Da horta, sempre tem aipo. Do galinheiro, nunca falta ovo. Entre descascar os legumes até servir a sopa na mesa, foram 15 minutos contados no relógio. E, supreendentemente, o resultado final ficou dos deuses: um creme aveludado, com uma cor fantástica e um sabor incrivelmente sofisticado.

A receita é super simples - com certeza todo mundo tem uma receita de creme de mandioquinha em casa - mas essa aqui ficou bem especial. Tem cara de outono em plena primavera chuvosa. Tem consistência de amor: aquele que preenche e aquece por dentro.

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Sopa de Mandioquinha

  • Rendimento: 02 porções

  • Tempo de Preparo:

Ingredientes
  • 04 mandioquinhas
  • 01 cenoura
  • 01 talo de salsão pequeno
  • 01 ovo
  • 01 folha de louro
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
  • noz moscada ralada na hora
  • azeite, queijo parmesão ralado e salsinha picada para servir

Modo de Preparo
  1. Lave, descasque e corte as mandioquinhas e as cenouras em rodelas finas.
  2. Coloque na panela com a água filtrada até cobrir os legumes.
  3. Junte o talo de salsão, louro, sal, pimenta e noz moscada. Deixe cozinhar, com a tampa entreaberta, por cerca de 10 minutos ou até a mandioquinha ficar bem macia.
  4. Desligue o fogo e retire o salsão e a folha de louro.
  5. Bata os ingredientes com o mixer na própria panela até ficar liso - cuidado para que a sopa quente não espirre - ou bata no liquidificador.
  6. Numa tigela, bata o ovo com um garfo e jogue na sopa quente, misturando bem. Ele irá cozinhar com o calor da sopa e encorpar o creme.
  7. Sirva com um fio de azeite, queijo ralado e salsinha picada.
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Talharim caseiro com molho de tomate com funghi

Dias de chuva.

Tem chovido todos os dias aqui na Serra, faz umas três semanas. Noé já teria construído sua barca e fugido daqui. Dias de lama, muitas nuvens e pouco Sol. Dá pouca vontade de sair de casa e eu me pego horas na janela, vendo a tempestade molhar, sem trégua, fazendo cascata pelo telhado. Apesar de gostar do barulho da chuva, não gosto de dias frios e úmidos - me dá preguiça além do usual, e eu tenho que fazer um esforço para seguir a vida. A sensação que eu tenho, é que o tempo fica numa pausa indefinida, enquanto goteja lá fora; ou a gente fica em espera, contendo a ansiedade, ou a gente sai por aí, com grandes chances de atolar no barro.

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Viver no mato é adaptar-se às forças da natureza: bruta, absoluta e instável. É manter os humores em baias e rédeas, apesar dela; é não sucumbir às suas variações, aos céus nublados, às tempestades perenes. É aceitar que tudo é cíclico, nada é para sempre, e poucas coisas estão, realmente, sob nosso controle. Minha vida mudou muito nesses onze meses, para além da troca de cenário: a rotina, as atividades, os tempos, meu contato comigo mesma, minha relação com o mundo. É desafiador, de uma estranheza tremenda, mas, ao mesmo tempo, uma verdade e crueza que jamais havia vivido antes. Eu sinto como se meus sentimentos estivessem todos os dias à flor da pele, e ao mesmo tempo, como se uma camada de casca grossa estivesse sendo sedimentada sobre mim.

Há uma reverência crescente que desenvolvo todos os dias por esse lugar. Mas há, em paralelo, a minha capacidade de tornar banal o cotidiano, de querer passar batido, de não se maravilhar ou de me esquecer do que estou a fazer aqui. É preciso manter o compromisso todos os dias, de lembrar e relembrar, das promessas, das bençãos de viver sobre as montanhas.


Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva

Não faz ruído senão com sossego.

Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva

Do que não sabe, o sentimento é cego.

Chove. Meu ser (quem sou) renego...

Tão calma é a chuva que se solta no ar

(Nem parece de nuvens) que parece

Que não é chuva, mas um sussurrar

Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.

Chove. Nada apetece...

Não paira vento, não há céu que eu sinta.

Chove longínqua e indistintamente,

Como uma coisa certa que nos minta,

Como um grande desejo que nos mente.

Chove. Nada em mim sente...

- Fernando Pessoa -


Essa receita é antiga, as fotos não são de agora, mas de alguns meses atrás. Ficou nos meus arquivos, decidi resgatar e publicar por aqui. Espero que gostem.


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Talharim Caseiro com Molho de Tomate com Funghi

Massa caseira e molho de tomate: nada pode ser mais reconfortante que um prato de talharim.

  • Rendimento: 2-3 pratos

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: massa, talharim

Ingredientes

para a massa

  • 250g de farinha
  • 2 ovos grandes
  • 2 colheres de água gelada (caso precise para dar ponto na massa)
  • pitada de sal

para o molho

  • 1/4 xícara de azeite de oliva
  • 1 cebola roxa média
  • 3 tomates grandes maduros
  • 70g de funghi
  • 1/2 xícara de vinho tinto
  • 2 colheres de sopa de açúcar
  • pitada de sal
  • orégano
  • pimenta do reino
  • queijo parmesão ralado para polvilhar

Modo de Preparo

para a massa

  1. Num bowl, ou numa bancada, faça uma montanha de farinha com um buraco no meio e quebre os ovos lá.
  2. Misture com as mãos, amassando bem, adicione o sal e sove por uns 10, 15 minutos. - Eu sovo por 5, depois coloco na batedeira com gancho para massas pesadas.
  3. Forme uma bola, cubra com plástico filme e guarde por uns 30 minutos na geladeira.
  4. Corte a massa em pedaços e amasse. Polvilhe farinha na massa a ser trabalhada, e passe pela máquina no nível zero (ou o primeiro nível). Depois de passar, dobre ao meio e passe de novo. Repita esse processo por umas cinco vezes.
  5. Vá aumentando (ou diminuindo) o grau da espessura (cada vez mais fino), para abrir a massa, até chegar ao 8 ou 9. - Se você não tem máquina, acredito que dê para abrir no rolo também, mas deve ser bem trabalhoso e exigir um pouco mais de habilidade.
  6. Depois de abrir uma tira retangular de massa, passe no cortador de talharim. Coloque a massa polvilhada com farinha para secar.
  7. Ferva uma panela de água para cozinhar o macarrão, com uma colher de sopa de azeite e sal.
  8. Quando ferver, coloque o macarrão e cozinhe por uns 3 minutos - a massa fresca fica pronta bem rápido, talvez antes disso.
  9. Escorra bem - eu costumo jogar um pouco de água fria para interromper o cozimento da massa.

para o molho

  1. Coloque o funghi numa tigela e acrescente água fervente até cobri-lo por inteiro (e mais um pouco), e deixe de molho por uns 30 minutos até que fique hidratado.
  2. Corte em pedaços grandes.
  3. Pique bem uma cebola e refogue-a numa frigideira com o azeite de oliva.
  4. Quando a cebola estiver dourada, adicione os tomates picados e o açúcar e cozinhe por mais uns 5 minutos.
  5. Junte o funghi, o vinho tinto e os temperos e refogue por mais uns 3 minutos.
  6. Sirva o molho sobre o talharim e polvilhe queijo parmesão ralado.
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Abobrinhas Redondas refogadas com Ovos estalados

Vidinha de rotina.

Eu sempre soube minha alma é de gente velha. Que eu me lembre, só vivi uma época da minha vida em que tinha gosto pelo agito. Assim como um rojão que estoura, faz barulho para apagar em seguida, meus surtos de "vivendo la vida loca" também tiveram curta duração, feito um sonho em dias de febre, daqueles que você sua frio, não sabe bem se está ou não acordada, e se recorda de pouca coisa no dia seguinte. 

abobrinha

Quando em algum compromisso social, me dá alegria em pensar na hora de retornar para casa, saludar e me despedir, para então chegar em casa e tirar os sapatos dos pés. Agora no sítio, gosto de ir para cama cedo. Ainda que não durma cedo, o dia para mim já acabou. Termino as tarefas e de responder emails e mensagens na cama, e finalizo lendo um livro. Detesto multidões e tenho pavor de lugares barulhentos. Minha lista de manias e chatisses aumentou e tem crescido consideravelmente nos últimos anos.

É uma onda difícil de ser contida e resistir é inútil. Se eu fui sempre assim, e se a tendência é de que eu seja assim para sempre, que assim seja. Aceitar minha própria natureza é algo que me liberta de eventuais culpas por não ser de determinada maneira, ou cumprir com determinadas expectativas. De certa forma, me empodera. Me faz buscar por coisas que enfatizam minha essência. Como aprender a mexer na terra e cuidar dos bichos. Fazer faxina em casa o dia todo, ouvindo playlist dos Beatles. Trabalhar com o computador na cadeira sentada no chão da varanda. Transformar receitas difíceis em práticas. Preparar banquetes no dia-a-dia. Transformar um refogado de abobrinhas com ovos estalados em banquete.

"O que vamos almoçar hoje?", "Pensei no zapallito com ovinho...", "o meu com gema mole". É vidinha de cotidiano, essa que eu vivo. Sem grandes acontecimentos, feita de coisas banais, e da rotina desordenada de alguém que não gosta de pensar muito no futuro. E prefere o ovo com gema mole sempre.


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Abobrinhas Redondas refogadas com Ovos estalados

"O que vamos almoçar hoje?", "Pensei no zapallito com ovinho...", "o meu com gema mole". É vidinha de cotidiano, essa que eu vivo. Sem grandes acontecimentos, feita de coisas banais, e da rotina desordenada de alguém que não gosta de pensar muito no futuro. E prefere o ovo com gema mole sempre.

  • Rendimento: 03 porções

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: prato principal

Ingredientes
  • 1 abobrinha redonda grande
  • 1 cebola média
  • 3 ovos
  • azeite
  • 1 colher de sopa de açúcar
  • sal, pimenta do reino, orégano e pimenta calabresa
  • salsinha picada
  • parmesão ralado

Modo de Preparo
  1. Fatie a cebola bem picadinha.
  2. Corte a abobrinha em fatias finas. Dica da D. Stella: deixe num coador com um pouco de sal, por uns 20 minutos, Ela vai soltar bastante água e facilitar na hora de cozinhar.
  3. Numa frigideira, em fogo médio-alto, refogue a cebola no azeite.
  4. Jogue o açúcar para caramelizar a cebola.
  5. Adicione a abobrinha, abaixe o fogo para médio.
  6. Tempere com sal, pimentas e orégano.
  7. Refogue bem, por uns 10 minutos, até cozinhar bem e secar um pouco a água.
  8. Coloque os ovos e tampe a panela para cozinhar, até que a gema esteja no ponto em que desejar.
  9. Apague o fogo, tempere com sal e pimenta do reino os ovos.
  10. Sirva com arroz branco e um parmesão ralado por cima.
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Homus de Beterraba

Receita original de A Mesa da Carolina

Faz um mês desde a última postagem por aqui. De vez em quando é bom ficar longe desse lugar, que é tão especial para mim. É importante não se sentir refém de ter que escrever, fotografar, postar. Poder fazer isso quando realmente sinto vontade, e me sinto capaz de fazer algo de valor e que toque meu coração. E não é que eu não tenha sentido falta daqui. Senti o buraco que esse lugar me dá, quando não tenho tempo para ele.

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Os motivos da ausência são os mesmos de sempre: trabalho, trabalho e trabalho. Me faz bem esses períodos de imersão, focar e buscar o melhor resultado. Estar longe das redes sociais e poder viver outra vida por um período necessário. Minha vida de rotina gosta de sair dela, regularmente. 

Aos poucos vou retornando por aqui!


A receita é da Carol do A Mesa da Carolina, rainha das saladas e receitinhas veggies deliciosas, iogue e querida. Vale a pena visitar o blog dela. As receitas são ótimas e as fotos lindas. 

Homus de Beterraba, uma pastinha perfeita para servir de entrada ou acompanhamento. A cor é um magenta de doer os olhos. E o sabor cheio de caráter.


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Homus de Beterraba

Receita original - com pequenas modificações - de Carol Aguiar, de A Mesa da Carolina, rainha das receitinhas veggies deliciosas e instrutora de yoga. Essa é uma pasta perfeita para servir de entrada ou como acompanhamento. A cor é um magenta de doer os olhos e o sabor cheio de caráter.

  • Rendimento: cerca de 1 litro

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: acompanhamento, entrada

Ingredientes
  • 2 beterrabas médias ou 4 pequenas
  • 1 dente de alho
  • 1 xícara de grão de bico
  • 1/4 de xícara de tahine
  • 1/4 de azeite
  • 1/4 de xícara de água
  • suco de 1 limão
  • sal marinho e pimenta do reino
  • 1 colher de sopa de sementes de cominho (opcional)

Modo de Preparo
  1. Deixe o grão de bico de molho em água filtrada de um dia para outro (troque a água umas 2 vezes nesse período).
  2. Escorra coloque numa panela de pressão, cobrindo com água nova.
  3. Cozinhe por 30 minutos depois de pegar pressão. Escorra e deixe esfriar.
  4. Embrulhe as beterrabas em papel alumínio e asse por 1 hora, ou até que estejam macias ao serem perfuradas por um garfo.
  5. Deixe esfriar e descasque com as mãos e fatie em pedaços.
  6. Num liquidificador junte o alho, a beterraba, o grão de bico (usar uma peneira para drenar e escorrer sob água corrente antes), o tahine, o azeite, e a água.
  7. Bater até formar uma pasta homogênea.
  8. Junte o suco de limão, o sal, cominho e pimenta do reino e bata mais um pouco.
  9. Sirva com um pouco de gergelim torrado por cima e com pão pita.
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Mini Abóboras recheadas com Couve, Nozes e Parmesão

O que faz o seu coração vibrar?

Aquilo que faz o seu coração vibrar. O que chama pela sua alma todos os dias, quando você coloca sua cabeça no travesseiro, antes de dormir, nas tuas orações? O que você faria se não tivesse preocupações diárias e mundanas? De tempos em tempos, essas perguntas me trazem um misto de entusiasmo e frio na espinha. Dá medo de olhar diretamente e descobrir que não tenho nenhuma das respostas que eu deveria ter. Pavor de pensar que talvez eu nunca as responda com certeza. 

mini-pumpkins

Não fomos treinados para escutar o coração. "Aprender a ouvir nossa intuição" ou "ir atrás dos nossos sonhos" são jargões piegas e coisa de lunático. E a vida é aquilo que a gente vive todos os dias, da rotina, dos problemas, da matéria e do concreto. Pensar nessas questões é perda de tempo, não vale a pena e, afinal, você nunca chegará numa resposta que valha mesmo. Essa resignação chega desde cedo e se instala por dentro. A gente aprende a viver dessa maneira, conviver com o nunca saber de verdade. Mas dessa inquietação eu vivo, há algum tempo, buscando linha para tecer. É algo que transcende a materialidade do explicável; que transborda o visto e palpável. Uma jornada sem trilha e sem mapa, às vezes, sem destino.

Com o tempo, posso dizer, porém, que encontrei algumas coisas que são capazes de aquietar minha mente, e me tiram da dúvida, dessa que não tem começo e nem termina. Uma delas, e talvez a primeira e primordial, é agradecer. Algo simples, mas capaz de movimentar os lodos mais densos. O sentimento de gratidão, quando nasce genuíno e expande inocente, pode curar as mágoas mais profundas, transformar perspectivas, colocar por outro ângulo, o que era antes inflexível. Eu achava que o perdão era o sentimento que antecipava a gratidão, e que sem o primeiro não era possível passar para segundo. Até que aprendi que a ordem é contrária, que às vezes, o perdão nunca vem, a gente pode se cansar de tentar abrir mão, e morrer sem conseguir. A gratidão é capaz de colocar um pequeno sorriso em tudo, cobrir como uma tela fina de alegria - como uma capa mágica que transforma em invisível - sobre as memórias mais tristes e rancorosas da vida, e sobre os arrependimentos mais difíceis de se lidar. Ela é capaz de fazer florir um lótus.

A segunda delas, das coisas que aquietam minha mente e me ajudam a estar nesse mundo, mais calma e mais lúcida, é a organização. Eu não sou uma pessoa disciplinada, nem ordenada. Gostaria de ser e isso sempre foi um grande desafio para mim. Mas eu tenho aprendido que organizar minhas coisas, minha casa, minhas finanças, minhas planilhas, minha agenda, meus arquivos, me ajudam a aclarar idéias. Organizar o externo, me ajuda ordenar e construir o chão e permite que minha criatividade possa fluir (e não apenas viver no caos da sua natureza). Os sonhos ficam mais lúcidos, a vida mais limpa e o futuro parece mais fácil de se planejar. A ordem não é um fim em si, mas uma ferramenta amiga que ajuda a viver melhor.

A terceira, são as coisas desse blog: cozinhar, produzir, fotografar, editar, escrever. Quando produzo uma postagem, receita e cenário, eu tenho as respostas do primeiro parágrafo na minha frente. Ao menos, pelos momentos em que estou em atividade, não há dúvidas. Sinto meu coração preenchido e minha alma feliz. E o que tem acontecido de bacana, ao longo desses anos compartilhando receitas e histórias por aqui, é que aos poucos, tenho recebido retorno da comunidade em torno do blog, nas minhas postagens. Há um diálogo em curso. Recebo mensagens carinhosas de uma audiência tímida, amigável, e que entende minha linguagem. Então, eu te pergunto: o que faz o seu coração vibrar?


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. (...)

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

- Fernando Pessoa, Tabacaria.


Foram 12 dias seguidos, vivendo na casinha das montanhas. Foi o tempo mais longo que a gente conseguiu ficar lá até agora (que eu me recorde), e eu já me sinto oficialmente mudada. Rotina de dona de casa, limpar, cozinhar e arrumar. Todo dia é sempre igual, mas incrivelmente, é sempre diferente.


Mini abóboras, couve, almeirão.
Nozes, manteiga e parmesão.
Pimenta, sálvia e limão.

Com uma rima boba, eu apresento um prato simples, mas muito saboroso. Vegetariano e gracioso: pode ser servido de entrada num jantar bacana, ou numa refeição para quando não se tem muita fome. 

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Mini Abóboras recheadas com Couve, Nozes e Parmesão

Um prato simples, mas muito saboroso, que pode ser servido de entrada num jantar bacana, ou numa refeição para quando não se tem tanta fome.

  • Rendimento: 04 pratos

  • Tempo de Preparo:

  • Tipo de Prato: acompanhamento, entrada

Ingredientes
  • 4 mini abóboras
  • 5 folhas médias de couve manteiga
  • 3 folhas de almeirão grandes
  • 1 dente de alho
  • 1 limão siciliano (raspas e suco)
  • 250g de queijo tipo parmesão ralado
  • 2 fatias de pão de forma torrados (pode usar o pão francês, só se atente ã quantidade)
  • punhado de nozes picadas
  • 8 colheres de chá de manteiga
  • folhas de sálvia
  • pimenta calabresa seca
  • sal, pimenta e azeite

Modo de Preparo
  1. Lave as abóboras e corte uma "tampa" com ajuda de uma faca pequena.
  2. Retire as sementes. Pincele com azeite e sal por fora e dentro.
  3. Coloque umas folhas de sálvia por dentro.  
  4. Leve para assar em forno pré-aquecido, a 180C graus, por uns 15-20 minutos, até que as abóboras fiquem tenras (mas não muito!).
  5. Corte a couve manteiga e o almeirão bem fininhos.
  6. Numa frigideira, em fogo médio algo, coloque azeite e refogue o alho.
  7. Junte as folhas de couve e almeirão, apenas até que murchem um pouco (uns 3 minutos).
  8. Apague o fogo e junte as fatias de pão picadas, o queijo ralado, as nozes, as raspas e o suco de limão, sal, pimentas e folhas de sálvia, e misture tudo.
  9. Recheie as abóboras, apertando com uma colher para ficarem bem cheias.
  10. Complete com 2 colheres de chá de manteiga para cada abóbora e algumas folhas de sálvia.
  11. Feche as abóboras, e leve para assar em forno pré-aquecido e asse por mais uns 15-20 minutos, até que as abóboras estejam bem macias.
  12. Sirva quente ou mornas.
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Ravioli de acelga "argentina" e molho branco

Com muita noz moscada. E uma pitada de amor.

Hoje a postagem vai ser meramente culinária, sem muito o que contar da vida. No começo do ano, adquiri uma máquina de abrir massa caseira, ou pastalinda como diz o Gabriel. E desde então, tenho feito massa nos finais de semana, sempre que dá.

Se você me perguntar se não é muito trabalhoso, se não é mais prático comprar a massa pronta no supermercado, se não dá preguiça, eu vou te responder com um simples e sonoro NÃO!. (ok, ando assistindo demais "Alienígenas do Passado"- quem acompanha também, vai entender minha piada sem graça). Exceto pela última parte, a da preguiça, sim, às vezes dá. Mas no meu caso, as coisas mais banais me dão preguiça, então nesse caso, ela não é exclusiva do ato de fazer massa em casa.

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Cozinhar é um processo que dá trabalho. Dá para ser prática, comprar industrializados e enlatados para facilitar a vida, é claro. Não acredito que a gente precise fazer catchup caseiro em casa para comer o hambúrguer de carne de cordeiro gourmet artesanal. Mas quanto mais eu entro na onda de cozinhar em casa, eleger bons ingredientes, abrir mão dos conservantes e entender o sabor daquilo que é feito em outro ritmo, o ato da refeição também tem se tornado outro.

Gosto de cada etapa, da escolha dos temperos, das ervas; de selecionar os ovos na caixinha, de peneirar a farinha. Do improviso necessário em qualquer cozinha viva que se preze. Do ritual de amarrar o avental de linho, folhear livros de receita, montar a mesa com louças e talheres especiais. Não é só o sabor da massa caseira que é outro, o tempo dedicado e vivido durante o processo feito à mão transforma a cozinha num santuário muito particular, de cuidados e de amor.

Para deixar claro, não cozinho todos os dias em casa, muitas vezes o tempo é curto e corrido, com freqüência não me animo mexer nas panelas. Esse não é um incentivo a você comprar uma máquina de massa caseira, cultivar levain na geladeira, ou produzir seu próprio leite de sementes germinadas. Acredito que a vida é feita de fases, e assim a cozinha é também. Cada um tem o seu ritmo e sua disponibilidade. E em alguns momentos, um miojo de pacotinho ou uma pipoca de microondas fazem parte da vida cotidiana. Mas se você se sentir inspirado em passar algumas boas horas sovando, abrindo massa, e não se importar com farinha por todos os lados, voilà.

ravioli

O recheio do ravioli é feito de acelga "argentina". Não sei se tem outro nome aqui, mas nunca encontrei para comprar, algumas pessoas já me falaram que no Sul do país é mais fácil de achar. A acelga é verde escura e os talos são finos. Ou seja, não é aquela acelga branca (não entendo porquê tem o mesmo nome se são tão diferentes), nem aquela verde escura de talos largos.

Eu trouxe as sementes da Argentina, plantei no quintal de casa e ela dá fácil. Seu sabor é bem terroso, muito particular (confesso que no início eu não curtia muito; hoje eu adoro), e ela fica ótima refogada. Você pode substituir pela acelga que tiver, apesar que eu acho que a branca não tem muita similaridade. Nesse caso, eu acho que você pode substituir por espinafre que deve ficar bom também.

Quanto à massa, se você não se animar a fazer a sua, pode comprara a massa pronta fresca. Nunca vi no supermercado para comprar, mas talvez você encontre naquelas lojas/fábricas de massa caseira. A de lasanha (fresca!), deve servir para abrir no rolo também e usar.

Para o molho branco. Essa é a receita que eu gosto: com muita, mas muuuuuuuita noz moscada. E um queijo parmesão de boa qualidade para finalizar. Segue à risca os temperos que estão descritos na receita, e você não vai se arrepender.


Me animei e tomei coragem (e o trabalho) de fazer o meu primeiro vídeo, com essa receita. Não é bem vídeo com passo-a-passo de receita, é mais uma filmagem do processo de fazer a massa caseira. Ainda não ficou bem do jeito que eu gostaria (não digo isso para colher elogios!), mas também não ficou ruim. Se filmar, cozinhar e editar, tudo sozinha, não é tarefa fácil. Mas valeu a pena. Assiste, dá um like e me diz o que achou.


Ravioli de acelga "argentina" com molho branco

cerca 2 porções ou 24 raviolis

Para a massa

  • 200g de farinha branca peneirada

  • 02 ovos

  • 02 colheres de água fria (se necessário)

Para o recheio

  • 01 colher de sopa de manteiga

  • 08 folhas de acelga com o talo

  • 01 cebola pequena

  • 01 colher de sopa de shoyu

  • 01 colher de sopa de açúcar

  • noz moscada ralada

  • 1/4 xícara de creme de leite

Para o molho

  • 01 colher de sopa de manteiga

  • 1/2 cebola

  • 02 xícaras de creme de leite

  • 1/2 xícara de água quente

  • 01 colher de sopa de maisena

  • 1/2 colher de sopa de açúcar

  • sal e pimenta a gosto

  • muita noz moscada ralada

  • queijo parmesão para ralar

 

Modo de Preparo

Para a massa

Num bowl, ou numa bancada, faça uma montanha de farinha com um buraco no meio. Quebre os ovos lá. Misture com as mãos, amassando bem, e sove. Sove por uns 10, 15 minutos. Eu sovo por 5, depois coloco na batedeira com gancho para massas pesadas. Forme uma bola, cubra com plástico filme e guarde por uns 30 minutos na geladeira.

Corte a massa em pedaços e amasse. Polvilhe farinha na massa a ser trabalhada, e passe pela máquina no nível zero (ou o primeiro nível). Depois de passar, dobre ao meio e passe de novo. Repita esse processo por umas cinco vezes. Depois vá aumentando (ou diminuindo) o grau da espessura (cada vez mais fino), para abrir a massa, até chegar ao 8 ou 9. Se você não tem máquina, acredito que dê para abrir no rolo também, mas deve ser bem trabalhoso e exigir um pouco mais de habilidade.

Para o recheio

Pique bem a cebola e a acelga em tirinhas (inclusive o talo). Refogue a cebola na manteiga, até dourar bem. Acrescente o açúcar. Quando estiver caramelizada, junte a acelga e o shoyu. Refogue até as folhas murcharem, acrescente o creme de leite. Misture e apague o fogo. Rale bastante noz moscada por cima (bastante!). Deixe esfriar.

Para o molho

Refogue a cebola (bem picadinha) na manteiga até dourar. Abaixe o fogo e junte o creme de leite e misture. Numa tigela misture a maisena na água quente até dissolver. Adicione ao molho e misture bem, em fogo baixo até começar a engrossar. Acrescente o açúcar e misture bem. Tempere com sal, pimenta do reino, e muita, mas muita noz moscada.

Para os raviolis

Jogue farinha sobre a fôrma de ravioli e disponha a massa aberta. Preencha com uma colher de chá do recheio, cada cavidade. Cubra com outra parte da massa, vá acomodando e aperte para sair o ar. Passe o rolo para cortar, retire os excessos e desenforme. Polvilhe farinha por cima de tudo. 

Você pode fazer sem o molde também, abrindo a massa numa bancada com farinha. Vá colocando em fileiras espaçadas os montinhos, deixando uns 5cm de distância entre um e outro. Acomode outra parte da massa por cima, e vá cortando com o cortador os quadradinhos.

Numa panela com água fervente, um punhado bom de sal (lembre-se que a massa não vai sal!) e azeite, coloque os raviolis e cozinhe por uns 5-7 minutos. Retire e escorra. Coloque o molho branco. Rale mais noz moscada por cima. Sirva com queijo ralado parmesão.

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Ceviche

Tem dias que de noite é assim.

Tem dias que de noite é assim. Eu adoro essa frase, meio sem graça e até meio boba. Mas ela carrega em si uma solução simples, tem o conformismo necessário para te fazer aceitar a passar por um dia como hoje e ainda terminar com um sorriso amarelo no rosto. 

Na verdade, nada muito grave aconteceu. Acho que foi mais o acúmulo de uma semana carregada, combinado ao final de ano e suas demandas habituais. Tinha marcado um encontro com amigas, já fazia algum tempo... Mas, no final, imprevistos, problemas, erros, desencontros, lua vazia, fizeram com que tivesse que ser cancelado às pressas, na última hora. Uma sensação de frustração acumulada, do tamanho dos 5 litros de sorvete estocados para o encontro no meu freezer.  

São coisas que acontecem, levar "bolo" faz parte da vida, eu até me divirto nesses momentos. Sério, dá vontade de chorar na hora, mas depois que passa o susto, tenho vontade de rir. Especialmente quando fico frustrada, faço bico, e olho para a cara do meu marido. Ele me trata como uma criança de 7 anos, me coloca no colo e a gente dá risada juntos. Às vezes eu sou meio besta mesmo. Afinal, nada como passar a semana toda fazendo sorvete, para receber convidados, e eles não aparecerem. Dificuldades como ter que comer litros de helado de dulce de leche ou de sorvete de chocolate extradark, fazem parte da minha lista de problemas prediletos, fáceis de serem solucionados.

Brincadeiras à parte, foi um dia difícil, e frustrante para todas nós. Uma ficou com meia dúzia de panetones artesanais na sacola, a outra com uma quiche de horas de preparação impecável, intocada e eu com litros de sorvete no freezer. Teve outra com o forno pifado e 10 bolos de encomenda para o dia seguinte, e outra com quilometros de revisão da tese de doutorado no email de última hora do chefe. Teve outra querendo pedir demissão por desentendimentos no trabalho. Teve também a que o marido não conseguiu buscar as crianças na escola, e por isso não conseguiu ir. E os desaforos que tive que ouvir de dois inquilinos meus? Foi um alinhamento celestial bizarro. Foi. Podia ter sido pior. Podia ter sido melhor. 

Só sei que foi assim. E, aquilo que não tem solução, solucionado está. Então, quando a poeira baixou, e eu me vi sozinha, decidi arrumar a mesa, comprar um peixe fresco, picar bastante cebola, pimenta e coentro e jogar tudo num balde de gelo. A vida me deu limões, decidi fazer um ceviche. Bem simples, mas ao mesmo tempo caprichado, fresquinho e especial. Abri uma cerveja para brindar. Afinal, se chorei ou se sofri, apesar de você, amanhã há de ser outro dia.

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Ceviche

para dois

  • 350g de peixe fresco (pode ser linguado, salmão ou tilápia)
  • 1/2 lata de milho verde
  • 1/2 cebola roxa
  • 01 pimenta dedo de moça
  • 01 limão
  • coentro
  • sal, pimenta do reino e azeite
  • gelo

Modo de Preparo

Pique a cebola, a pimenta e o coentro. Numa travessa para servir, coloque bastante gelo. Corte o peixe em cubinhos. Jogue sobre o gelo. Adicione os temperos picados e o milho. Tempere com limão, sal, pimenta do reino e azeite. Misture tudo. Sirva na hora.

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Torta de Jiló

e outros legumes.

Nunca pensei que uma torta fosse render tantos pedidos de receita. Muito menos, uma de jiló. Foi incrível. Eu simplesmente postei ontem uma foto nas "minhas histórias" do Instagram, com uma legenda "torta de jiló". Logo em seguida, cinco mensagens pipocaram na minha tela, pedindo receita. No total, foram mais de vinte pessoas.

Todas elas, loucas por jiló. Tô pensando em até criar uma hashtag, grupo no facebook, ou promover um encontro entre essas pessoas. Apenas duas pessoas riram da minha história, desdenhando da minha torta. Vou evitar represálias, preservando seu anonimato - sim, vocês duas sabem de quem estou falando! kkkk!

Eu também adoro jiló, tanto que em casa fizemos questão de plantar na horta. E, para minha surpresa, o pé está carregado, e não pára de dar frutos. É tanto jiló, que já passei da conta de colocá-lo em tudo que é receita. Inventar ocasiões e situações. Foi o caso da torta.

Espero que gostem da receita. Ela é controversa. Incompreendida. Tem haters na sua cola. Mas não se acanhe. Descobri que há uma legião de fãs também, espalhados mundo afora. E se você for um deles, saiba que não está sozinho.


Torta de Jiló

para a massa

  • 02 xícaras de farinha de trigo
  • 125g de manteiga com sal em cubos
  • 01 ovo
  • água gelada (caso precise)

para o recheio

  • 06 jilós
  • 01 abobrinha
  • 02 tomates
  • 200g de queijo ralado
  • 01 cebola roxa
  • 01 maço de acelga
  • sal, pimenta do reino
  • sementes de coentro
  • pimenta calabresa
  • azeite

Modo de Preparo

Amasse a farinha com a manteiga, até que vire uma farofa. Faça um buraco no meio da massa e coloque o ovo (batido). Vá misturando a massa até se soltar do recipiente e faça uma bola. Se necessário coloque algumas colheres de água gelada (no meu caso, não precisei). Enrole em plástico filme e deixe na geladeira por pelo menos 1 hora.

Pique a cebola em cubinhos, assim como a abobrinha. Já o jiló, corte em rodelas finas. Refogue em fogo médio/alto a cebola no azeite até ficar dourada. Junte o jiló. Quando começar a dourar, acrescente a abobrinha. Refogue tudo por uns 2 minutos, até que comecem a ficar macios, mas não muito moles. Se precisar, coloque umas colheres de água, para não queimar o refogado. Tempere com o sal, pimenta do reino, as sementes de coentro (é opcional, mas eu recomendo altamente. Se você não gosta de coentro, não se preocupe, as sementes têm um sabor completamente distinto) e a pimenta calabresa. Deixe esfriar.

Abra a massa com um rolo, numa superfície enfarinhada, com uns 0,5cm de espessura, no formato da sua fôrma. Eu utilizei uma de 30cm de diâmetro, com fundo removível. Disponha na assadeira e faça furinhos na base com um garfo. Coloque os legumes refogados. Corte os tomates em pedaços não muito pequenos e espalhe pela torta. Faça o mesmo com a acelga. Jogue o queijo por cima. Regue azeite por cima de tudo.

Leve para assar em forno pré-aquecido a 180C graus. Asse por uns 35-40 minutos, ou até que a massa esteja dourada. Deixe esfriar, pelo menos uns 15 minutos antes de servir.

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Torta de Beterrabas e Cebola Roxa

Na dúvida, siga em frente. Esse tem sido meu lema. Tenho vivido de contrastes, de pensamentos bipolares, de alternativas complexas. Minhas emoções saltitando de um oposto a outro, qualquer idéia de controle se evapora em poucos segundos. Então, tenho seguido em frente, sem olhar para trás. Meu desejo é de ser uma folha de papel em branco, esperando o toque do pincel aguar em cores tão novas para mim. Um bebê sem memória, absorvendo tudo sem o menor julgamento e filtro. É dessa forma que eu gostaria de ser e sentir.

Mas ao invés disso, sinto as dores do tempo corrido, sinto o peso das lembranças vividas. Fujo de rostos conhecidos, conversas repetidas, pessoas óbvias. Tenho uma camada de filtro, e rotulo tudo aquilo que consegue chegar até mim, aquilo que, de alguma maneira, conseguiu não ser repelido pelo meu rancor. Tenho sido tão azeda que o sarcasmo cruzou comigo e preferiu desviar o olhar.  

Já em outros momentos, um entusiasmo e uma euforia tomam conta do meu ser, como se nada mais houvesse, se não a expectativa do futuro certo dentro do meu peito. Nessa hora, tudo vale, as apostas são feitas, os sonhos proferidos, as bençãos ofertadas, a conta ainda não está mesa. 

Dessa mente binária quase irracional, meu lema tem sido, não escute a dúvida que nasce da colisão das duas razões. Ande passos mais largos, não olhe para trás, qual seja a voz que te assombra no fundo. Seja uma, seja duas, mas seja mesmo a terceira, aquela que vai em frente, sem sombra de dúvidas, sem eira nem beira. Afinal, como terminei no post anterior: logo ali, a beira do precipício, vai sem medo. Então, deixa a camisa de força, por enquanto, mais um pouco, no cabide.


Lendo o livro Aos 7 e aos 40 de João Anzanello Carrascoza. Amor e sensibilidade em forma de prosa.


Me desafiei a fazer massa folhada no último final de semana. Acho que assisti umas 30 vezes o vídeo da Raíza Costa ensinando a fazer a massa com perfeição. Era um pausa, um play, farinha no teclado e manteiga na tela. Ao final, fomos recompensados com uma bela tortinha com creme e morangos no domingo.

Na segunda-feira, a saga continuou e o resultado foi mais maravilhoso ainda. Torta rústica de beterrabas e cebola roxa. Uma receita deliciosamente incrível do Projeto Banquete, para uma segunda-feira vegê especial. Confere a receita completa.

Torta de Beterraba e Cebola Roxa | Receitas originais de Dulce Delight e Projeto Banquete

para a massa folhada | receita original de Dulce Delight

  • 250g de farinha de trigo

  • 01 colher de chá de sal

  • 150g de água gelada

  • 50g de manteiga derretida

  • 175g de manteiga gelada em bloco

para o recheio | receita original Projeto Banquete

  • 01 beterraba grande

  • 01 cebola roxa grande

  • 02 dentes de alho

  • folhas de sálvia

  • sal

  • ½ xícara de creme de leite fresco

  • 02 ovos

  • azeite de oliva

  • 06 mini cebolas roxa

  • 06 mini beterrabas

  • 02 colheres de sopa de vinagre balsâmico

{ para a massa folhada } 

Para preparar a massa, nem me atrevo a explicar. Se quiser fazer a sua, ao invés de comprar massa pronta, assiste ao vídeo da Raíza, que vai te ensinar tudo com perfeição. - assista aqui

{ para o recheio }

Pique a cebola e a beterraba grandes. Refogue a cebola em bastante azeite até ficar transparente e adicione a beterraba. Junte o alho picado, e por fim, adicione o sal e as folhas de sálvia. Se necessário adicionar um pouco de água para que a beterraba cozinhe até amolecer um pouco. 

Leve tudo a um liquidificador e processe até virar uma pasta. Agregue os ovos e o creme de leite, bata bem e reservar. 

Abra a massa folhada e cortar de acordo com o tamanho da forma, eu utilizei uma de 18cm. Acomode a massa na forma, prendendo as bordas nas laterais da fôrma para ela não ceder. Faça furos no fundo da massa com um garfo. 

Levar ao forno pré aquecido a 180 graus para pré-assar a massa, de 10 a 15 minutos. Retire do forno e preencha com a pasta de beterraba. Leve para assar novamente até ficar bem firme, por uns 40 minutos. 

Corte as mini beterrabas e cebolas em 4 ou pela metade, mantendo os cabinhos da beterraba. Refogue rapidamente as mini beterrabas em azeite de oliva e depois adicione duas colheres de sopa de vinagre balsâmico. Eu utilizei uma redução de balsâmico La Tejea que comprei a pouco num boteco espanhol, mas você pode utilizar o balsâmico que queira. Na mesma frigideira, refogue as mini cebolas com cuidado para não desmanchá-las. 

Tire a massa do forno novamente e, por cima, coloque, em pé, as mini cebolas e mini beterrabas. Volte ao forno até que a massa esteja dourada, os legumes tenham soltado um líquido e o recheio esteja bem firme. 

Deixe esfriar antes de consumir. 

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Sexta chuvosa lá fora, amigas e fartura na mesa

Já fazia algum tempo que estava tentando reunir as meninas aqui em casa. Agenda de paulista é assim, difícil conseguir disponibilidade de todas ao mesmo tempo: é viagem, trabalho, filhos, trânsito, gripe… 

Já fazia algum tempo que estava tentando reunir as meninas aqui em casa. Agenda de paulista é assim, difícil conseguir disponibilidade de todas ao mesmo tempo: é viagem, trabalho, filhos, trânsito, gripe… Daí que nem todas puderam vir, mas nos reunimos mesmo assim na sexta-feira passada. Vieram a Gória HukMoara Gomes e a Dani Coelho

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Tiramos fotos, trocamos receitas, demos risada, comemos, tomamos chá, falamos da vida e de trabalho. A Dani trouxe um pudim de chocolate delicioso, a Gória uma focaccia de batatas linda de morrer (acompanhada de uma tapenade de azeitonas pretas…), e a Moa, aqueles cookies fabulosos. Eu servi o meu sorvete de dulce de leche com pecans, receita fechada da #lililovesicecream e elas amaram. Fiquei bem feliz. Só não deu para tirar fotos do sorvete.

Não tenho muito mais a dizer sobre o nosso encontro, além de ser tão grata por compartilhar uma mesa com tanto amor e carinho com pessoas tão queridas. Sei que a correria do dia-a-dia dificulta muito essas pequenas reuniões. Terem disponibilizado tempo para passar uma tarde de sexta-feira fazendo quase nada, como fizemos, é um privilégio! Eu simplesmente adorei, meninas! - Ah, enquanto eu redigia aqui, a Gória, postava lá no blog dela! Confere aqui!

“Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou - amigo - é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é.”
{ Guimarães Rosa } 


Pudim de chocolate | da Danny Bunny

  • 01 xícara de açúcar
  • ½ xícara de água
  • 01 lata de leite condensado
  • 01 lata de leite
  • 03 ovos
  • 02 colheres de sopa de cacau em pó

Faça uma calda de caramelo com o açúcar e a água. Coloque a calda numa forma pequena com furo no meio e reserve. No liquidificador, bata o leite condensado, leite, ovos e o cacau em pó (não vale achocolatado, ok?). Distribua na forma caramelada e leve para assar em banho maria, em forno pré-aquecido a 180 graus, por aproximadamente 30 minutos. Depois de frio, leve para gelar por cerca de 6 horas. 


Focaccia de batatas | por Goria Huk

{ para a esponja }

  • 2 ½ colheres de chá de fermento biológico seco
  • 120 ml de água morna
  • 2 colheres de chá de açúcar
  • ½ xícara de farinha de trigo

Misture todos os ingredientes, cubra e deixe descansando por 30 minutos.

{ para a massa }

  • 1 e ½ xícara de purê de batatas
  • 120 ml de água morna
  • 1 col. sopa de manteiga em temperatura ambiente
  • 5 colheres de sopa de azeite
  • 2 colheres de sopa de açúcar
  • 1 colher de chá de sal
  • de 05 a 06 xícaras de farinha de trigo

Misture a esponja com o purê de batatas. Junte os demais ingredientes, usando apenas 05 xícaras de farinha. Misture bem e comece a sovar. Se necessário, adicione mais farinha (eu usei 05 e ½ xícaras). Sove até desgrudar das mãos (como a massa é grudenta e um pouco difícil de trabalhar, eu sugiro fazer essa etapa na batedeira. Eu sovei na batedeira por 5 minutos).

Faça uma bola com a massa, cubra com um pano e deixe crescendo até triplicar de tamanho (isso mesmo, ela vai crescer muito. Eu preparei em um dia fresco e levou 1h 30min para crescer bem). Abra a massa e distribua em uma forma untada com azeite (pode ser oval, retangular ou mesmo de pizza). Faça furos com os dedos, regue com azeite (aproximadamente 3 colheres de sopa), salpique sal grosso e folhas de alecrim a gosto (essa é a cobertura original, mas eu também usei fatias de tomate italiano e cebola roxa). Leve para assar em forno preaquecido a 200 graus até dourar.

Dica da Gória: uma boa sugestão para deixar sua focaccia ou qualquer outro pão com uma boa consistência, é adicionar um saquinho de “pão certo” na sua massa. Ele nada mais é que um melhorador de pães, e geralmente pode ser encontrado na mesma prateleira do fermento biológico seco.


Cookies com gotas de chocolate | por Moara

  • 01 xícara de amêndoas trituradas
  • ½ xícara de farinha de arroz
  • ½ xícara de amido de milho
  • ½ xícara de açúcar mascavo
  • ½ xícara de açúcar demerara
  • 03 colheres de sopa de manteiga
  • 01 colher de chá de fermento e
  • 01 ovo
  • 01 punhado de gotas de chocolate

Misturar tudo e deixar descansar por  20 minutos na geladeira. Assar em forno pré-aquecido a 180 graus por uns 15 minutos. Deixar esfriar. 🍪 🍪 🍪 

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Torta de alho poró da D. Stella

Às vezes a cabeça dá tantas voltas que a gente se perde nos próprios devaneios. Ela cria realidades que só a gente enxerga, anseios e dúvidas.

Às vezes a cabeça dá tantas voltas que a gente se perde nos próprios devaneios. Ela cria realidades que só a gente enxerga, anseios e dúvidas. Como se num minuto tudo estivesse certo, no seguinte nem tanto. E, nesses momentos a gente dá um tempo, respira fundo e espera os minutos passarem, pesados e lentos. Põe um fone de ouvido e coloca uma seleção de música que te faz querer se mexer e se sentir uma bailarina. Ou canta bem alto debaixo do chuveiro quente, enquanto a àgua escorre pela cabeça, lavando os pensamentos. 

Foi assim quando eu decidi publicar esse post. Já estava tudo meio certo, o texto pronto, inclusive com chamada pelo Instagram. Mas aí, de um minuto para o outro, eu mudei de idéia. Nada de concreto com relação ao post. Mas de repente ele não preenchia minhas expectativas, não tinha mais vontade nenhuma de publicá-lo. Queria era deletar tudo. Não deletei, mas também não publiquei.

Respirei fundo e fui fazer outras coisas. Passou o dia das mães, fiz um almoço gostoso com a minha, minha tia e amigos. Veio a segunda-feira, e um trator chamado trabalho passou por cima de mim, e de todos meus ânimos que já eram poucos. Passei o dia fazendo contas, preenchendo planilhas, visitando contas de banco. Ao menos, os números, por sorte, me acalmam, eles me dão uma certeza que aquelas linhas do meu post não conseguiam me dar. 

Então, mais um dia passou, organizei a bagunça da minha mesa, joguei fora as tralhas acumuladas do mês e parece que a nuvem cinza pesada também passou. Ficou só um céu nublado. Uma lista de tarefas para fazer, e de algumas incertezas para resolver. Mas tudo bem, amanhã já é outro dia. 

O post? Bom, afinal decidi não jogar fora. Mas como não tinha muito como encaixar com isso aqui, ele vai como uma segunda parte, abaixo.


Mais uma daquelas preciosidades, que valem fortunas. Não vinha em seu caderninho de receitas, porque era tão fácil e batida, que se fazia de cabeça, no olho, semana sim, semana não. A tarta de puerros da D. Stella, que além de puerros levava muito queso rallado. Em dia frio, final da tarde, com um copo de vinho e nada mais. Ela fazia duas receitas de uma vez, porque uma não passava de uma tarde sobre a mesa. 

O frio em São Paulo chegou. Agasalhos fora do armário. Meias com chinelo. Chá quente antes de dormir. Vinho com soda (água com gás) nas refeições. Minha estação predileta está em seu auge, como o sol brilhante sobre o céu azul gelado. E essa torta tem lembrança dos meus primeiros anos de visita na casa da D. Stella. Era um pouco mais frio, mas o ar tinha o mesmo cheiro seco, de carvalho.

Há duas semanas atrás foi seu aniversário. Faria 95 anos. Sua receita, Stella, se depender de mim, vai perpetuar e reinar em nossas mesas por muitos anos mais. Salud!

Torta de alho poró da D. Stella

  • 01 e ½ copo de farinha branca

  • cerca de duas xícaras de café de água gelada

  • 02 colheres de sopa de óleo (milho, girassol ou canola)

  • pitada de sal

  • 03 talos de alho poró (pequenos)

  • 250g de queijo parmesão ralado

{ Modo de Preparo }

Corte o alho poro em rodelas grossas. Coloque numa panela com água fervente e deixe ferver até murchar (de 05 a 10 minutos). Passe por um escorredor e deixe por algumas horas, para secar a água. A dica da D. Stella era fazer o alho poró a noite, e deixar secando até o dia seguinte. 

Numa bancada limpa para trabalhar a massa, faça uma montanha com a farinha peneirada e deixe um buraco no meio. Junte aos poucos a água no centro e vá misturando aos poucos. Vá adicionando sal, a água e o óleo, até que a massa se solte, sem ficar pegajosa. Sove bem, até que fique bem uniforme. 

Divida em duas partes a massa. Abra um círculo com um rolo. Coloque na fôrma untada com manteiga e farinha, e disponha a base. A minha fôrma é pequena de 18cm de diâmetro.

Recheie com o alho poró, e o queijo ralado. Não economize no queijo. Abra a outra parte da massa. Se desejar, corte em tiras para decorar, para fechar a torta. Se colocar a massa inteira por cima, faça alguns furos para o ar quente. 

Asse em forno pré-aquecido a 200 graus C, por uns 50 minutos, ou até que a massa esteja bem dourada. Deixe esfriar. Sirva fria ou no dia seguinte com um copo de vinho.

 

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Shitake refogado com Salada de abacate e Arroz com furikake

Das coisas simples da vida. Sem muitos adjetivos. Não tem receita para seguir. Nascem do improviso e do imprevisto. São cotidianas. Um café na esquina de casa.

Das coisas simples da vida. Sem muitos adjetivos. Não tem receita para seguir. Nascem do improviso e do imprevisto. São cotidianas. Um café na esquina de casa. Sobras do almoço de domingo. Pão com manteiga. Um vaso de flor feito com o vidro de conserva.

Quero a vida assim, com recortes cada vez mais orgânicos. Sem sofisticação, sem mínimos detalhes. Como um traço de grafite no papel, como um sorvete de baunilha no fim da tarde. Sem tantas expectativas. Sem sobressaltos, ou sustos. Dentro da velocidade mínima permitida. Com a mais sincera realidade. Uma janela limpa. A luz do fim do dia. Ou do alvorecer. A fotografia dos filmes de Nancy Meyers. A beleza de contemplar, sem explicação. 

"Neste momento vem-me uma vaga saudade
E um vago desejo plácido
Que aparece e desaparece.
Também às vezes, à flor dos ribeiros
Formam-se bolhas na água
Que nascem e se desmancham.
E não têm sentido nenhum
Salvo serem bolhas de água
Que nascem e se desmancham."

{ O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro, Fernando Pessoa }

Esse almoço de segunda-feira é assim. Um prato de arroz e furikake, shitake refogado e salada de abacate. É o que tinha na geladeira e no armário. É o que deu vontade de comer. 

Shitake refogado com salada de abacate e arroz com furikake

para duas porções

  • 01 bandeja de shitake fresco
  • ½ abacate
  • broto de alfafa ou de feijão
  • salsinha ou coentro
  • cebolinha
  • arroz branco cozido (duas xícaras)
  • furikake (tempero seco japonês)
  • 02 colheres de sopa de manteiga

Fatie o shitake. Não lave o shitake, aliás nenhum cogumelo. Eles são esponjosos e absorvem muita água. Esfregue com um pano úmido limpo. Derreta 01 colher de manteiga na frigideira e refogue os cogumelos até ficarem dourados. Junte a outra colher de manteiga e a cebolinha picada. Apague o fogo.

Num prato monte o arroz. Coloque numa xícara pequena e vire no prato para ficar num formato bonito. Jogue o tempero seco japonês por cima. Sirva com uma porção de shitake. 

Fatie o abacate em lâminas. Junte o broto de bambu no prato. Tempere com vinagre, sal e pimenta do reino. Jogue coentro picado ou salsinha por cima. 

Sirva na hora.

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Milho verde com manteiga temperada

Das coisas que eu mais adorava na minha infância era de passar as férias no sítio do meu avô. No meio da roça, a gente passava o dia brincando, preparando tardes com picniques, pescando no lago...

Das coisas que eu mais adorava na minha infância era de passar as férias no sítio do meu avô. No meio da roça, a gente passava o dia brincando, preparando tardes com picniques, pescando no lago, revirando a terra da horta, inventando brincadeiras na despensa de comida. E, pensando bem, tirando a parte da pesca, que normalmente rendiam peixes do tamanho da ponta do meu dedo mindinho, correndo atrás das minhocas para isca, a minha vida continua meio parecida.

Uma das lembranças que mais adoro, era quando tinha milho verde no lanche da tarde. Especialmente quando ele estava bem branquinho, novinho, docinho e macio. Botava sal e manteiga e comia uns 4 até 5 sabugos. Virava competição para ver quem comia mais, e a gente se divertia como nunca com o banquete que era a panela cheia de milho.

Até hoje, eu adoro. Sou daquelas que não resistem ver o carrinho, seja na praia, na esquina do metrô, na entrada do show. E, apesar de depois não poder conversar direito, nem sorrir, por conta do milho entre os dentes, me dou por satisfeita, pois o dia com certeza ficou mais completo depois dele.

Esse é um prato que de tão simples e até meio caipira, é cheio de memórias, sensações de conforto e de afeto, como uma tarde no meio do mato, daquelas que você perde a noção do tempo, fica com o joelho cheio de terra de tanto brincar, rindo à toa, achando que a vida vale a pena.

A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
(…) Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada,
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.
Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.

{ Poemas de Alberto Caeiro, Fernando Pessoa }

Milho Verde com manteiga temperada

para 05 unidades

  • 05 milhos orgânicos, com ou sem casca
  • 75g de manteiga com sal
  • salsinha, coentro e hortelã
  • pimenta do reino
  • pimenta calabresa
  • sal marinho

Coloque o milho numa panela com água fervente com sal. Tampe e deixe fervendo por uns 4 minutos, até que estejam macios e cozidos. Escorra.

Misture a manteiga amolecida com os temperos picados e moídos (salsinha, pimentas, hortelã e coentro se gostar) misture bem. Volte à geladeira para endurecer um pouco.

Sirva com o milho ainda quente. Adicione mais sal se preferir.

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Puchero com ossobuco da D. Stella

Das lembranças mais memoráveis que eu tenho das minhas férias na casa da minha sogra, na Argentina, seguramente, 99,9% foram vividas na mesa de jantar.

Das lembranças mais memoráveis que eu tenho das minhas férias na casa da minha sogra, na Argentina, seguramente, 99,9% foram vividas na mesa de jantar. Acho que o primeiro prato que tive o prazer de provar em sua casa, foi o puchero argentino, com ossobuco, ou caracu, acompanhado de intermináveis piadas infames, proferidas em todo puchero con caracu que comi lá.

Trata-se de uma espécie de cozido com caldo, mas que não tem muito a ver com os nossos cozidos aqui. É como se você fosse preparar um caldo de carne, mas mantivesse os legumes firmes e inteiros. Na versão da casa da D. Stella, você come acompanhado de maionese (caseira de preferência) e uma boa mostarda. Essa última parte é opcional, mas como no puchero tudo é meio fervido, a maionese e mostarda dão um toque bem especial. Não se esqueça do pãozinho para molhar no caldo.

E, se fizer um inverno em pleno verão, como esse que está em São Paulo, fica ainda mais gostoso. Daqueles pratos grandes, que você convida muita gente para se sentar junto à mesa e compartilhar momentos que só um puchero pode proporcionar num almoço entre família e amigos. 

No dia seguinte, se sobrar caldo, você esquenta, adiciona uma xícara pequena de macarrão para sopa que fica uma delícia também. Afinal, na cozinha da D. Stella, nada se perdia e não havia desperdício, especialmente, quando se tratava de comida. 

Salud!

Puchero com ossobuco, da D. Stella

para 04 pessoas (ou mais se forem dividir o ossobuco)

  • 04 ossobucos (calcule 01 por pessoa)
  • 01 abóbora paulista
  • 02 cenouras
  • 04 batatas
  • 01 batata doce grande
  • 01 tomate
  • ½ xícara de grão de bico
  • 02 cebolas
  • 01 talo de salsão
  • 02 milhos
  • 02 paios
  • louro, orégano, tomilho (pouco), sal e pimenta do reino e pimenta calabresa
  • salsinha fresca

Corte os legumes em pedaços grandes, pois o segredo de um bom puchero é que eles permaneçam inteiros na hora de servir. Faça o mesmo com o paio, corte em pedaços grandes. Prefira sempre produtos orgânicos e de produção local!

Numa panela de pressão coloque as cebolas, cenouras, batata doce, grão de bico, tomate, 02 pedaços de abóbora, salsão e as carnes. Adicione água até cobrir um pouco menos da metade da panela, e o tempero: sal, pimenta do reino, pimenta calabresa, louro, orégano e o tomilho. Não economize na quantidade de ervas!

Leve ao fogo alto, quando começar a apitar a pressão, conte uns 07 minutos. Retire a pressão.

Paralelamente, em outra panela, cozinhe as batatas, o restante da abóbora, em água fervente, e condimente com os mesmos temperos. Quando estiverem quase macios (uns 10 minutos), junte os milhos cortados e cozinhe por mais uns 04 minutos. Apague o fogo. 

Num recipiente, junte o conteúdo das duas panelas, misturando os caldos. Jogue a salsinha picada por cima. Leve à mesa e sirva acompanhado de azeite de oliva, maionese e mostarda. Sal e pimenta se faltar. Pãozinho para molhar no caldo. 

 
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Fusilli al limone, Cartas Amarelas e saudade

Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão feliz quanto receber uma carta. O envelope destinado a mim, o desenho do selo carimbado, a caligrafia pessoal. 

Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão feliz quanto receber uma carta. O envelope destinado a mim, o desenho do selo carimbado, a caligrafia pessoal. Abria com todo cuidado e, meu dia ou minha semana estava feita, lendo aqueles parágrafos que diminuíam aumentavam a saudade pelo remetente e, certamente, aqueciam o coração. Hoje, com os celulares, emails, chats e whatsapps, a comunicação é mais direta; fala se muito, conversa-se pouco. Nem vou começar a cair de pau na tecnologia, como se ela fosse a grande vilã, responsável pelo fim das cartas de papel e toda fabulosidade envolvida. Mas que dá uma saudade, isso dá.

Por quase 2 anos, minha mãe viveu no Japão, durante minha pré-adolescência. Foram anos difíceis, para eu e meus irmãos que ficamos, para meu pai que teve que cuidar da gente. Minha mãe foi trabalhar, e imagino que para ela tenha sido mais penoso ainda, deixar a gente pequenos, longe, do outro lado do planeta. Difícil não pensar nessa época e não ficar com um nó na garganta e com o peito apertado e chorar um pouco. Nessa época, a saudade se tornava menos insuportável com as correspondências quinzenais, às vezes mensais, que a gente se escrevia. Não guardei aquelas postagens, não sei o porquê, coisa que me arrependo.

O Natal também era época de trocar cartas. Escolher quais cartões enviar,  para quem, canetinhas coloridas… Em volta da árvore, a gente deixava todos os cartões recebidos - e eram tantos! -, para mostrar o quanto a gente era amado e queridos pelos amigos e familiares. Havia muito amor envolvido nessa troca. As correspondências conectavam a gente na tristeza e também na alegria, mas numa camada mais profunda de afeto, eu acho. Porque você pode reler, reinterpretar e moldar o tempo; dá tempo da leitura quase se encaixar com as sensações.

Em Cartas Amarelas, de Gui Poulain, é quase palpável a quantidade de amor que se transborda em páginas e páginas de cartas. Alternadas com receitas e ilustrações igualmente mergulhadas em carinho, sem o rótulo de livro de cozinha, porque ele serve de cabeceira também, cheio de poesia.

“A saudades algumas vezes dói, é verdade. No fundo tenho é pedido menos preto no branco. Falado menos objetivamente. Calado mais. Utilizado de olhares e sorrisos e palavras soltas, assim, sem nenhuma agenda maior.

Não quero mais pressa de nada. Na verdade, existe é uma vontade enorme de guardar as coisas boas. Não esgotar todos os dias bons. E quando eu falo o que penso com todas as palavras, faço questão que o assunto não se resolva ali na hora.

Pra fazer a sensação durar.”

{ Gui Polain, p. 127, em Cartas Amarelas }

Como não amar? Como não querer pegar um lápis e uma folha em branco e escrever sem destino certo.

A receita? Então, querido amigo, um penne al limone, adaptada para um fusilli que era o pacote que eu tinha aberto em casa. Como ficou? Muito afeto, servido num prato.

Fusilli al limone | receita adaptada do livro Cartas Amarelas

02 porções

  • 250g de fusilli ou penne
  • 200ml de creme de leite
  • 200g de queijo parmesão ralado
  • 02 limões
  • ½ cebola
  • noz moscada, sal, pimenta do reino e azeite
  • 01 colher de sopa de manteiga

Coloque água para ferver com sal e um fio de azeite, o suficiente para cozinhar o macarrão. Quando começar a ferver, coloque o macarrão e cozinhe segundo as instruções do fabricante.

Numa panela derreta a manteiga com um pouco de azeite em fogo médio alto. Jogue a cebola bem picadinha e doure bem. Jogue o suco dos limões e quando começar a ferver, junte o creme de leite, as raspas dos limões e o queijo ralado. Esquente, mas não deixe ferver. Junte o macarrão escorrido, misture bem, e retire do fogo. Tempere com sal, pimenta do reino e bastante noz moscada ralada. Sirva com mais queijo se desejar.

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