Sorvete Cítrico
E eu simplesmente adoro ver as flores se abrirem, dias de sol se fecharem numa tempestade, e vice-versa.
E eu simplesmente adoro ver as flores se abrirem, dias de sol se fecharem numa tempestade, e vice-versa. Nossa primavera tropical. Mas, para ser sincera, não gosto do ar pesado e quente que prenuncia o verão. Da umidade e do calor. Dos mosquitos. Do suor. Mas a gente se adapta. Com mosquiteiros e repelentes. Ventiladores e ar condicionado. Banho gelado e de piscina. E, é claro, sorvetes.
E se for cítrico com essa cor deliciosa e sabor espetacular, a resistência ao calor, pode se transformar em amor.
Sorvete Cítrico | Receita adaptada livro Ice Cream
cerca de 500ml
- 02 tangerinas (raspas e o suco)
- 01 limão
- 09 colheres de sopa de açúcar cristal
- 01 e ½ colher de sopa de licor de laranja, tipo Cointreau
- 01 copo de creme de leite
Num liquidificador coloque as raspas das tangerinas, o suco do limão e das tangerinas, o açúcar, e o licor. Misture bem até dissolver o açúcar. Num recipiente separado, bata o creme de leite até que fique levemente batido. Junte o suco e misture até ficar homogêneo.
Processe a mistura na máquina de sorvetes, conforme as instruções do fabricante. Quando estiver pronto, coloque num recipiente e leve ao congelador por pelo menos 3 horas antes de servir.
Não tem máquina de sorvete?
Uma das formas é: coloque num pote e leve ao congelador. A cada 3 horas, bata a mistura num processador para mantê-la cremosa. Você vai ter que repetir este processo por pelo menos umas 3, 4, 5 vezes, até atingir a cremosidade que você quer.
Tarde de arranjos florais com Elke Noda
Brindado com café e sorvete, vislumbres de uma tarde qualquer, sonhos e apostas no amor.
Eu ia postar duas receitas da semana passada. E deixar as fotos desse final de semana para a outra. Mas quando vi o resultado, não consegui esperar e decidi inverter a ordem.
Até porque, esse blog continua sendo um solilóquio e a primeira e última palavras continuam sendo minhas. Passado o surto autoritário, a seguir, o surto entusiasta.
Convidei minha amiga, Elke Noda, para montar uns arranjos aqui em casa, eu adoro flores, e ela é uma ótima florista. A visita foi no domingo, depois do almoço, final da tarde. Mas deu tempo de montar os arranjos, papear, comer bolo com sorvete e tomar um café. Deu tempo de a gente fazer o que mais gosta, dar muita risada, e passar uma tarde em boas vibrações. Entre vasilhas, garrafas e vasos, a Elke montou arranjos em minutos, com sua precisão samurai, e usual bom gosto minimalista. E eu quis registrar tudo.
O encontro despropositado, sugere frutos futuros, ou no nosso caso, flores. Brindado com café e sorvete, vislumbres de uma tarde qualquer, sonhos e apostas no amor.
Fotos: Dona da Casa!
Fusilli al limone, Cartas Amarelas e saudade
Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão feliz quanto receber uma carta. O envelope destinado a mim, o desenho do selo carimbado, a caligrafia pessoal.
Quando eu era criança, poucas coisas me deixavam tão feliz quanto receber uma carta. O envelope destinado a mim, o desenho do selo carimbado, a caligrafia pessoal. Abria com todo cuidado e, meu dia ou minha semana estava feita, lendo aqueles parágrafos que diminuíam aumentavam a saudade pelo remetente e, certamente, aqueciam o coração. Hoje, com os celulares, emails, chats e whatsapps, a comunicação é mais direta; fala se muito, conversa-se pouco. Nem vou começar a cair de pau na tecnologia, como se ela fosse a grande vilã, responsável pelo fim das cartas de papel e toda fabulosidade envolvida. Mas que dá uma saudade, isso dá.
Por quase 2 anos, minha mãe viveu no Japão, durante minha pré-adolescência. Foram anos difíceis, para eu e meus irmãos que ficamos, para meu pai que teve que cuidar da gente. Minha mãe foi trabalhar, e imagino que para ela tenha sido mais penoso ainda, deixar a gente pequenos, longe, do outro lado do planeta. Difícil não pensar nessa época e não ficar com um nó na garganta e com o peito apertado e chorar um pouco. Nessa época, a saudade se tornava menos insuportável com as correspondências quinzenais, às vezes mensais, que a gente se escrevia. Não guardei aquelas postagens, não sei o porquê, coisa que me arrependo.
O Natal também era época de trocar cartas. Escolher quais cartões enviar, para quem, canetinhas coloridas… Em volta da árvore, a gente deixava todos os cartões recebidos - e eram tantos! -, para mostrar o quanto a gente era amado e queridos pelos amigos e familiares. Havia muito amor envolvido nessa troca. As correspondências conectavam a gente na tristeza e também na alegria, mas numa camada mais profunda de afeto, eu acho. Porque você pode reler, reinterpretar e moldar o tempo; dá tempo da leitura quase se encaixar com as sensações.
Em Cartas Amarelas, de Gui Poulain, é quase palpável a quantidade de amor que se transborda em páginas e páginas de cartas. Alternadas com receitas e ilustrações igualmente mergulhadas em carinho, sem o rótulo de livro de cozinha, porque ele serve de cabeceira também, cheio de poesia.
“A saudades algumas vezes dói, é verdade. No fundo tenho é pedido menos preto no branco. Falado menos objetivamente. Calado mais. Utilizado de olhares e sorrisos e palavras soltas, assim, sem nenhuma agenda maior.
Não quero mais pressa de nada. Na verdade, existe é uma vontade enorme de guardar as coisas boas. Não esgotar todos os dias bons. E quando eu falo o que penso com todas as palavras, faço questão que o assunto não se resolva ali na hora.
Pra fazer a sensação durar.”
{ Gui Polain, p. 127, em Cartas Amarelas }
Como não amar? Como não querer pegar um lápis e uma folha em branco e escrever sem destino certo.
A receita? Então, querido amigo, um penne al limone, adaptada para um fusilli que era o pacote que eu tinha aberto em casa. Como ficou? Muito afeto, servido num prato.
Fusilli al limone | receita adaptada do livro Cartas Amarelas
02 porções
- 250g de fusilli ou penne
- 200ml de creme de leite
- 200g de queijo parmesão ralado
- 02 limões
- ½ cebola
- noz moscada, sal, pimenta do reino e azeite
- 01 colher de sopa de manteiga
Coloque água para ferver com sal e um fio de azeite, o suficiente para cozinhar o macarrão. Quando começar a ferver, coloque o macarrão e cozinhe segundo as instruções do fabricante.
Numa panela derreta a manteiga com um pouco de azeite em fogo médio alto. Jogue a cebola bem picadinha e doure bem. Jogue o suco dos limões e quando começar a ferver, junte o creme de leite, as raspas dos limões e o queijo ralado. Esquente, mas não deixe ferver. Junte o macarrão escorrido, misture bem, e retire do fogo. Tempere com sal, pimenta do reino e bastante noz moscada ralada. Sirva com mais queijo se desejar.
Bolo de Banana Caramelada
A receita do bolo que fez o Katsuki receber ameaças de sequestro da mãe dele.
Eu acompanho o blog do Katsuki acho que há mais de 10 anos. Engraçado que de tanto ler suas resenhas gastronômicas de bares e restaurantes, ver fotos das gordices na casa de sua mãe, parece até que eu conheço ele pessoalmente, como se fosse, se não amigo, um colega de anos. Isso acontece na minha cabeça com várias outras pessoas que sigo pela internet e sua fauna e flora de mídias sociais; adoro tomar #cafecominstagram em #morningslikethis. Acompanhar as filhas da Joycrescendo. Ou as galinhas da Molly crescendo. Me emocionei quando ela se casou, assim como quando a Beth se apaixonou. Comemorei quando o restaurante da Mimi finalmente abriu, assim como quando Summer conseguiu um emprego novo.
Este final de semana prolongado, por conta do feriado, passei num retiro de meditação e silêncio, sentada, de olhos fechados, na mais absoluta e completa quietude. A verdade é que, para mim, tudo isso é fácil. O difícil é ter de me relacionar com as pessoas. Talvez seja por isso que acompanhar a vida de estranhos, no mundo virtual, me agrade tanto; eu fico cá com meus botões, dando risadas ou me emocionando, imaginando as histórias na minha cabeça, e às vezes até de como seria uma conversa na vida real com eles. Não há decepções, nem cobranças. Ou talvez seja apenas insanidade da minha cabeça, eu seja uma pessoa esquisita, e esteja precisando sair da minha antissociabilidade.
Enquanto isso não acontece, de volta para o blog, esse bolo é uma receita da mãe do Katsuki, publicada, segundo ele, na tentativa de diminuir as chances de sequestro que ela tem sofrido por conta dos quitutes que ela faz… 😂 😂 Eu testei meia receita e fiz algumas adaptações como caramelo com açúcar mascavo, usar canela e baunilha e utilizar menos açúcar na receita. Bolos de banana para mim são como abrir aqueles pacotes de álbum de figurinhas, você nunca sabe o que esperar, pois, ou são demasiadamente bons, ou deixam a desejar por falta de calda, massa ressecada, muita ou pouca banana. Esse aqui é de longe um dos melhores que já provei (talvez o melhor), impecável no sabor e na textura. O bolo ficou tão bom que ele só durou durante a sessão de fotos que fiz. Me arrependi de ter feito meia, e agora estou indo lá fazer uma dobrada.
Bolo de Banana Caramelada | receita adaptada da mãe do Marcelo Katsuki
05 bananas maduras
01 xícara de açúcar mascavo
02 ovos caipiras
150g de manteiga sem sal meio amolecida
½ xícara de açúcar demerara
½ xícara de leite
25g de queijo ralado parmesão
1 e ½ xícara de farinha de trigo
½ colher de sopa de fermento em pó
1 colher de chá de extrato de baunilha
canela em pó
Despeje o açúcar mascavo na própria fôrma e leve para aquecer no fogão para derretê-lo, em fogo médio baixo, tomando cuidado para não queimar. Quando estiver derretido, coloque algumas colheres de água, (com bastante cuidado!). Ele vai borbulhar e endurecer um pouco, então, deixe fervendo até derreter o açúcar empedrado. Coloque as bananas cortadas em fatias sobre a fôrma com caramelo. Salpique a canela em pó e reserve.
Separe as claras da gema e bata as claras em neve. Num outro recipiente bata a manteiga com o açúcar até virar um creme. Junte as gemas, o leite, o queijo ralado, o extrato de baunilha e, por fim, a farinha de trigo com o fermento. Junte as claras em neve, incorporando-as suavemente.
Coloque sobre as bananas a massa do bolo. Se quiser, coloque mais uns pedaços misturados na massa. Leve ao forno aquecido e asse em 250 graus por 10 minutos e depois diminua a temperatura para 180 graus e asse por mais 40 minutos. Desenforme ainda quente, pois o caramelo vai estar derretido e fica mais fácil. Salpique mais canela se desejar. Faça mais calda para acompanhar, se gostar também.
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Tarde de fotos para o aniversário da Carol
No final de semana retrasado, fizemos uma sessão de fotos em casa, para o aniversário da Carol, sobrinha da Elke Noda.
No final de semana retrasado, fizemos uma sessão de fotos em casa, para o aniversário da Carol, sobrinha da Elke Noda. A mãe dela, Elaine Bernardino, queria tirar umas fotos para montar um livrinho de aniversário, ao ar livre. Então, elas vieram aqui em casa, tiramos as fotos, comemos bolo, tomamos muito chá, numa tarde deliciosa de sol. Como o aniversário dela é hoje: Parabéns, Carol!
Fotos: Dona da Casa! e Elke Noda
Tigela de arroz com abobrinha refogada, ovo cozido e uma lata de sardinha
Achei que era muita cara de pau postar esse prato, já tinha desistido. Ela é quase um marmitão com restos de geladeira, algum improviso e uma lata de sardinha.
Achei que era muita cara de pau postar esse prato, já tinha desistido. Ela é quase um marmitão com restos de geladeira, algum improviso e uma lata de sardinha. Mas a cara ficou tão boa, e tudo tão delicioso, que pensei melhor e achei que valeria a pena incentivar esse tipo de cozinha: rápida, prática e, ainda assim, caseira e saborosa.
A combinação pode variar com o que você tem na geladeira, assim como o tempero fica a critério do que você gosta. Não sei você, mas eu tenho diferentes tipos de fomes, em diferentes épocas. Tenho fases mais carnívoras e outras que pedem arroz com legumes, com muito limão e pimenta do reino. Tenho épocas que posso passar 3 dias seguidos comendo atum ou sardinha em lata. E, outras, em que não dispenso um ovo com gema mole.
Essa tigela de arroz, tem de tudo um pouco. Legumes, caballa em lata (uma espécie de sardinha), tomatinhos adocicados, muita salsinha e, é claro, o ovo. Para mim, a definição do que hoje tanto se fala, o confort food, é isso: preencher o estômago com os sabores que o paladar tem fome, com uma complexidade simples e que, ao mesmo tempo, de alguma forma, acalora do coração. Divagações sobre uma tigela de arroz que virou banquete? Talvez, seja apenas fome.
Tigela de arroz com abobrinha refogada e uma lata de sardinha
serve 02 tigelas
- 01 copo de arroz cozido
- 02 ovos caipira
- 01 abobrinha (ou qualquer outro legume que esteja sobrando em sua geladeira)
- ½ cebola
- 01 dente de alho
- 03 tomates cereja
- 01 lata de sardinha (no meu caso eu utilizei caballa, que trouxe da Argentina)
- ½ limão siciliano
- folhas de salsinha
- sal, pimenta do reino e azeite
- 01 colher de sopa de manteiga
- queijo parmesão ralado
Eu utilizei o arroz que havia sobrado do dia anterior, mas você pode fazer na hora também. Requentei e coloquei a manteiga e salpiquei bastante queijo ralado por cima.
Refogue a cebola e o alho bem picados em azeite, em fogo médio. Junte a abobrinha picada em cubinhos e refogue-a, até cozinhar, mas sem deixá-la muito murcha (por uns 5 minutos). Tempere com sal e pimenta do reino.
Ferva o ovo em água por uns 4 minutos (após a água começar a ferver), para que cozinhe, mas a gema permaneça mole. Descasque.
Monte sua tigela com o arroz até a metade, coloque as abobrinhas refogadas, o ovo e uns tomatinhos cortados. Salpique a salsinha, pimenta do reino, azeite, limão e mais um pouco de queijo ralado.
Abra uma lata de sardinhas, caballa ou atum se preferir, para acompanhar. Regue com limão e pimenta do reino.
Pudim de Leite clássico
Um clássico argentino.
“Este pudim é o mais delicioso que já comi em toda minha carreira ‘pudineira’ e pelo que mais recebi elogios. Além disso, foi um pudim que custou dez anos de luta entre uma sogra e uma nora. Uma década mais tarde, a sogra liberou sua receita como uma prisioneira de guerra e hoje anda livre e solta, adoçando vidas e chega para você neste livro"
Com essa descrição, Felicitas Pizarro abre sua receita de pudim de leite em seu livro You Cook: Cocinar, divertirse y comer. Essa pitada de humor irônico argentino me lembrou demais minha sogra, citada diversas vezes aqui, inclusive no meu último post.
Receitas clássicas me agradam por diversos motivos e esta aqui em especial: primeiro, porque não é tão doce e não vai leite condensado. Aliás, a receita leva apenas leite, ovo e açúcar. Sua textura fica extremamente cremosa e lisa, sem aquelas bolinhas ou aquela pele grossa ressecada, eca!
Parênteses, se você é fã de Seinfeld, lembrou do episódio pavoroso em que George faz dezenas de peles de pudim para comer de lanche durante o sexo?… 😝 foi mal!
E, por último, justamente por não ser tão doce, podemos comer da forma argentina flanera: acompanhado de doce de leite e creme batido. Numa cidadezinha, no interior da Argentina, Sunchales, havia um restaurante na beira da estrada que servia essa sobremesa e a combinação fazia meus olhinhos virarem. A gente ia lá, só por causa dela, o restaurante do Gallego.
Então, sem mais história, aqui vai a receita.
Pudim de leite clássico | receita adaptada do livro You Cook: Cocinar, divertirse y comer
4 unidades (de 300ml)
- 01 litro de leite
- 02 ovos caipiras
- ½ xícara de açúcar demerara
- 01 colher de sopa de extrato de baunilha
- 08 colheres de sopa de açúcar refinado para o caramelo
Ferva o leite com o açúcar dissolvido, até que o leite evapore e se reduza pela metade. Quando estiver morno, misture os ovos batidos e o extrato de baunilha. Faça o caramelo nas forminhas (eu coloquei em pequenas formas individuais de pudim, de cerca de 300ml) e despeje a mistura nelas.
Leve ao forno para cozinhar em banho maria, por cerca de 1 hora, ou até que fiquem firmes. E, aqui, o segredo da receita: cozinhe em fogo bem baixo, para que a água não ferva e, consequentemente, não forme bolinhas no pudim.
Quando esfriarem, leve à geladeira. Na hora de servir, esquente um pouco o fundo da forma na boca do fogão, para que o caramelo derreta e fique mais fácil de desenformar. Sirva com uma colher generosa de doce de leite (argentino, por favor!) e com um pouco de creme batido bem pouco adoçado.
Cheesecake de Chá Verde & Salud D. Stella
Salud, D. Stella!
“En la ensalada de tomate no se agrega aceto, ya és ácida!”; “El zappallito larga mucha água, hay que dejarlo en la sal antes”. Essas e outras constatações foram proferidas na cozinha de Dona Stella, por mais de 80 anos. Me lembro uma vez em que me pediu para fazer um purê de maçãs verdes e eu coloquei um pouco de água para cozinhar as maçãs. Fui quase massacrada com seu olhar de sobrancelhas marcantes, pela minha ignorância, afinal “las manzanas ya largan mucha água, no hay que agregarles más!”
Minha sogra fazia tudo com tanta certeza que não havia como contestá-la, agregava água com gás na massa da torta e fazia a marmelada com a receita 2 e 2 (significava 02 unidades de cada fruta + 2 kilos de açúcar). Mitos ou verdades, suas receitas funcionaram sempre perfeitamente e, seu modo de cozinhar, era quase como assisti-la comandar uma orquestra diariamente.
E durante a nossa viagem para Argentina, nessas últimas semanas, Stella deu seu último suspiro, aos 94 anos. Ela viveu uma vida daquelas que eram de outras épocas, nas quais as coisas eram mais raras e mais simples ao mesmo tempo. Criou 3 filhos, dos quais sou grande admiradora, muito embora um deles eu não tenha conhecido. Cuidou de todos ao seu redor, dia após dia. A rotina era sua especialidade e nada faltava ou saia errado quando se estava sob seus cuidados. Uma fortaleza de 1,55m, que me ensinou a assar meu primeiro bolo (e o melhor) e que tinha as melhores receitas de sorvete caseiro do planeta.
Se eu aprendi a cozinhar, e se a cozinha tem algum significado especial em minha vida, devo à ela. Como se isso fosse pouco, ela também trouxe ao mundo o maior companheiro de vida, que jamais poderia ter sonhado.
Um brinde, Dona Stella! Salud, plata y amor! Que você tenha seu merecido descanso, agora em paz.
Já aqui em São Paulo, receita testada do livro Sachie’s Kitchen, de Sachie Nomura. Provavelmente, Dona Stella torceria o nariz para a receita, pois a velha detestava comida japonesa. Mas fica aqui minha homenagem irônica e provocativa, essa provavelmente seria a receita que eu levaria para ela provar nesse natal.
Cheesecake de Chá Verde | receita adaptada do livro Sachie’s Kitchen
- 200g de biscoito maltado (tipo piraquê)
- 50g de manteiga derretida
- sementes de gergelim
- 300g de cream cheese
- suco de ½ limão
- 100g de iogurte
- 1 xícara de creme de leite
- ½ xícara de açúcar
- 01 e ½ folha de gelatina sem sabor
- 2 colheres de sopa de matcha
Processe os biscoitos até virarem uma farofa. Misture com a manteiga derretida e abra a massa numa forma desmontável de uns 28 cm de diâmetro. Aperte a massa até ficar uniforme, jogue algumas sementes de gergelim por cima e leve ao refrigerador para firmar.
Numa vasilha, junte o cream cheese, suco de limão e o iogurte. Misture bem até ficar um creme liso. Bata o creme de leite com o açúcar até virar chantilly. Junte os dois cremes, misturando suavemente. Derreta a folha de gelatina em 1/3 copo de água morna. Agregue ao creme e continue misturando. Junte 1 colher de sopa do matcha e misture até ficar homogêneo.
Reserve cerca de 1 colher de sopa do creme e junte o restante do matcha. Coloque o creme sobre a base da torta. Decore com o creme mais escuro reservado. Leve à geladeira por pelo menos 4 horas antes de servir ou até que esteja bem firme. Pode deixar de um dia para o outro para garantir.
Affogato
Certos prazeres, de tão rotineiros, passam desapercebidos, sem o devido respeito. O café, por exemplo. Meu dia não começa antes de uma caneca. E, nessa de “todo dia, ela faz tudo sempre igual…”, acabo fazendo todo dia sempre igual, não dando conta, do quanto dá para se deleitar com uma xícara dele.
Mas hoje, aproveitando a linda tarde de sol, decidi tomar um café diferente. Com sorvete de baunilha, sentei no jardim, passei um pretinho e tomei um affogato delicioso.
Affogato
- café forte ou expresso
- sorvete de baunilha
- pequena dose de licor do tipo amaretto, se preferir
Sirva uma bola de sorvete de baunilha com um café forte ou expresso e uma dose de licor se preferir. Consumir na hora.
Se desdobrando em partes e trabalho sem fim
Ser dona de casa, empreendedora, administradora, namorada, amiga, etc. Multifacetas, como se fosse apertar um botão mágico e gritar “ativar!”, e de repente, passo de uma planilha de contas no excel para adubar as plantas do jardim, ou ainda de papel, pincel e guache para uma reunião com o fechamento do mês. De um whatsapp combinando um café com a amiga para uma lista de produtos de limpeza para compras do supermercado da semana.
É bom e é divertido, mas de vez em quando dá uma pane no sistema e tem que resetar o programa. Enquanto ele fica naquela tela de % carregamento, fico pensando nas 489.568 tarefas que ainda faltam ser concluídas no dia. Isso sem contar com os imprevistos e urgências no caminho, na qual o dia passa a ser apagar incêndios. Não sou católica, mas adoro um santo e, olha, o meu é forte! São Jorge, meu santo protetor, tem liquidado diversos dragões por dia e minha Nossa Senhora Aparecida, ficado quase careca com as minhas preocupações rotineiras.
Tenho trabalhado intensamente nos últimos cinco meses, acho que como jamais havia antes na minha vida. Engraçado, porque se eu me recordar de todos os lugares em que já trabalhei, não me lembro nunca de ter gostado de trabalhar. Não me entenda mal, não que eu não tenha curtido os lugares, meus chefes, companheiros de trabalho, ou até mesmo o próprio trabalho em si. Eu nunca gostei é de trabalhar, mesmo 😂.
Preciso
confessar que sempre fui da turma da preguiça, daquela que se cansa no
meio do projeto. Então esse processo de, pela primeira vez, aprender a
realmente GOSTAR de trabalhar, é totalmente embrionário em mim. Eu, que
trabalho desde os 16 anos, só agora aos 34 é que finalmente consigo
entender o que é isso. E o mais legal é que essa façanha é independente
de eu gostar do que faço. Pois é. Estranhamente, o gostar de trabalhar é
pelo simples fato de trabalhar mesmo. Esse post poderia ser apenas uma brincadeira, mas não é.
Quando li meu mapa astrológico para 2015*, no início do ano, ele dizia
algo interessante. Que as minhas melhores realizações aconteceriam no
equilíbrio entre realizar tarefas do dia a dia e fazer as coisas que eu adoro. E
para mim, isso tinha soado como algo meio duro, pois na minha cabeça o
legal seria fazer apenas aquilo que a gente gosta. Mas incrivelmente
meus melhores momentos tem acontecido dentro deste balanço. E acho que foi esse equilíbrio meio torto que provocou esse amor pelo trabalho em si.
Moral da história? Tem sido um ano bastante demandante, mas ao mesmo tempo realizador com relação a concretização de projetos e de trabalho. Poder nas horas vagas, brincar de cinderela ou, no meu caso, dona de casa blogueira 😂, tem sido aliviante e preenchedor. Dentro dessa brincadeira, às vezes me pergunto se a vida que levo é real mesmo. Porque eu simplesmente amo organizar essa bagunça e achar leveza e graça no meio do caos.
* Quiroga, tu é o cara, hein?!
Sorvete de Earl Grey
Existe algo no ar frio de julho que aconchega meu espírito de forma diferente. Uma sensação de liberdade e conforto. Uma vontade de estar em lugares novos, de aprender coisas novas.
Existe algo no ar frio de julho que aconchega meu espírito de forma diferente. Uma sensação de liberdade e conforto. Uma vontade de estar em lugares novos, de aprender coisas novas. Visitar museus, livrarias, cafés e mercearias. Dá saudades de amigos antigos, de conversar até a noite virar, de contar histórias, dar risadas, ficar juntos. É como se a alegria do verão, pudesse ser vivida agora no aconchego do frio; a necessidade de se intimar para reunir o calor produz motivos para estarmos juntos, sentados à mesa, dentro de casa, em volta do fogo.
Meu coração fica mais alegre nessa época, mas uma alegria diferente daquela que se dá no verão. É como se um sorriso tranquilo se abrisse no meu peito, como uma garrafa de vinho, com cheiro da madeira queimando na lareira, ao som de Nina Simone ou Bach. É como se minha preguiça usual tivesse seu tempo, seu ritmo e, até, seu charme e, portanto, ela ficasse paradoxalmente mais desperta. O ar frio de julho tem cheiro de assado, de massa ao sugo, de caldo apimentado. Tem cara de forno a lenha, de panela de ferro, de fogo lento. Tem gosto de chá preto com bergamota, de bolo sequinho, de capuccino com chantilly e canela. O ar frio de julho é um convite de amor, com versos escritos à mão.
Nessa atmosfera descrita acima, me inspirei em testar aquilo que mais gosto de fazer: sorvetes. Queria uma receita diferente, mas que tivesse a ver com tudo isso. Sorvete de Earl Grey, um dos meus chás favoritos. A receita vem do livro Ice Cream, da musa Linda Lomelino que chegou essa semana em casa. São 79 receitas e eu estou como uma criança numa loja de brinquedos, pirada no melhor sentido. Espero que você goste tanto como eu.
Sorvete de Earl Grey | Receita adaptada, do livro Ice Cream
750 ml
- 02 xícaras de leite integral
- 01 xícara de creme de leite
- 05 saquinhos ou 05 colheres de sopa de chá earl grey
- 09 colheres de sopa de açúcar
- 03 ovos caipiras
- 01 colher de sopa de extrato de baunilha
Esquente o leite até o ponto de fervura. Coloque os saquinhos de chá e deixe em infusão por uns 30 minutos. Bata os ovos com açúcar até ficar um creme espesso (por uns 4 minutos). Junte o leite (aperte bem os saquinhos com a mão mesmo para sair todo chá) e misture bem.
Leve a mistura ao fogo baixo. Misture sempre até engrossar. Coloque o extrato de baunilha. Deixe esfriar.
Coloque na máquina de sorvetes e siga as instruções do fabricante. Quando estiver pronto, coloque num recipiente fechado e leve ao congelador por pelo menos 3 horas antes de servir.
Avgolemono, canja grega
Fim de junho, cantoria de São João nas noites frias, ruas enfeitadas com bandeirolas, cachecóis, luvas e toucas de lã fora das gavetas.
Fim de junho, cantoria de São João nas noites frias, ruas enfeitadas com bandeirolas, cachecóis, luvas e toucas de lã fora das gavetas. O inverno começou e eu acabei adoecendo com um resfriado e dor de garganta. Foram dois dias de repouso, sob as cobertas. Muito chá de limão com mel. Canja de galinha quentinha. E um bom livro para me fazer companhia. Além da minha fiel cachorrinha, que não saiu do meu lado esse tempo todo. Penny, minha shitzu, já está com 02 anos e está mais carinhosa do que nunca.
A gripe, e no caso a febre, me deixam extremamente sensível e carente. E, ainda assim, dá para se surpreender com ela.
“Sob condições normais, olhar para o céu por qualquer intervalo de tempo é algo impossível. Os passantes teriam sua marcha obstruída e ficariam desconcertados com a visão de alguém fitando o céu publicamente. (…) Agora, recostados em repouso, olhando diretamente para o alto, feito folha ou margarida, descobrimos que o céu difere tanto dessa descrição que é, na verdade, um pouco chocante dar-se conta disso. Então, essas coisas aconteciam o tempo todo sem que o soubéssemos!”
{ Virgínia Woolf, Sobre estar doente, do livro O sol e o peixe. }Aprendi essa receita com uma grega que morou na minha casa por algum tempo. Ela era uma ótima cozinheira, e essa sopa é tudo o que você precisa num dia frio. É uma canja com ovos e muito limão, o que a torna cremosa, com aspecto aveludado e bem azedinha; na verdade uma espécie de levanta defunto para quem precisa.
Nunca gostei de canja na minha vida, do seu gosto ou seu aspecto pálido. Mas este caldo é bem diferente, sua cremosidade e acidez me fazem salivar só de pensar. Utilizei um caldo de galinha feito com uma carcaça de frango assado (por sugestão da Carol, do A Mesa da Carolina) e ficou espetacular: obrigada pela dica Carol! O frango nem tinha muita carne, mas nem me importei, pois o que mais gosto mesmo da canja é do caldo e do arroz.
A febre já baixou e as dores no corpo também já passaram. Mas ainda sobrou um restinho de canja na panela, e eu estou indo agora esquentar.
Avgolemono (canja grega)
para o caldo de galinha
- carcaça de um frango assado caipira com a parte do peito (se não tiver quase carne, você pode colocar mais 200g de peito de frango)
- 02 cenouras;
- 01 pimentão vermelho;
- 01 talo de aipo;
- 01 cebola;
- 05 dentes de alho;
- 01 tomate;
- qualquer outro legume ou verdura que estejam sobrando na geladeira;
- ½ copo de vinho branco;
- 03 folhas de louro;
- 01 colher de sopa de orégano; e
- 01 litro de água.
para a sopa
- 02 ovos caipiras;
- 02 limões;
- 01 copo de arroz branco;
- sal e pimenta do reino; e
- salsinha picada.
Coloque todos os ingredientes do frango em uma panela e leve para ferver por pelo menos 01 hora em fogo médio-baixo, ou até que os legumes murchem bem e percam a cor. Se reduzir muito o caldo, você pode repor um pouco da água. Coe o líquido e reserve. Separe a parte do frango e retire a carne que sobrou e desfie.
Junte o caldo, os pedaços de frango e o arroz e leve para o fogo. Ferva por uns 20 minutos ou até cozinhar o arroz. Num recipiente bata os ovos com o suco dos limões e adicione umas duas conchas do caldo quente e mescle bem. Jogue a mistura na panela, apague o fogo e misture bem até ficar homogêneo. Os ovos dão o aspecto cremoso e aveludado da sopa, mas não deixe cozinhar muito e talhar.
Sirva na hora com salsinha picada e mais limão, se desejar.
Donuts de alecrim recheados de chocolate trufado de avelãs
Domingo de sol, domingo de inverno. Para mim, dia perfeito para ficar em casa de bobeira. Tomando sol no jardim, podando as plantas secas, ouvindo música ou lendo um livro.
Domingo de sol, domingo de inverno. Para mim, dia perfeito para ficar em casa de bobeira. Tomando sol no jardim, podando as plantas secas, ouvindo música ou lendo um livro. Se me chamar para sair, não estou. Vou inventar uma desculpa, e até te convencer a vir para casa. Mas não coloco meus pés do portão para fora. Sou daquelas que sofrem de uma espécie de fobia social. Ou preguiça crônica; caseira ao extremo. Faço mil planos para esse dia bonito, para ao final me convencer que bom mesmo é ficar em casa. Pôr um avental, separar ingredientes e folhear livros de receita. Abrir um vinho, acender a lareira e assistir um filme antigo pela terceira vez. Tenho alma de velha, eu sei!
Esses donuts foram a desculpa perfeita para ficar aqui. Preparei a massa que precisa de descanso. Usei uma barra de lindt deliciosa, trufada de avelãs. Muito alecrim. Segundo meu companheiro (e minha mãe) a receita teria ficado melhor se eu tivesse recheado com calabresa ao invés de chocolate, rsrsrs, por conta do alecrim. Mas deixando a oposição de lado, eu adorei, e você também pode se surpreender com o sabor. Receita do maravilhoso Local Milk. Ah, e essa tábua redonda maravilhosa é do Estúdio Elke Noda.
Donuts de alecrim recheados com lindor de avelãs | Receita adaptada do Local Milk
cerca de 30 unidades
- colher de chá de fermento seco biológico
- ¼ de xícara + 2 colheres de sopa (40 ° C) de água morna
- 2 colheres de sopa de açúcar cristal
- ½ colher de chá de sal marinho
- 3 colheres de sopa alecrim bem picado
- 1 ovo
- 60 ml (¼ de xícara) de leite integral
- 215g de farinha de trigo
- 50g de manteiga amolecida
- 30 Lindt Lindor ou trufas de chocolate
- óleo de canola para fritar
- açúcar confeiteiro para polvilhar
Em uma tigela misture a água, o fermento e o açúcar. Deixe descansar por 10 minutos até que fique espumoso. Adicione o sal, alecrim, ovos e leite, e misture com uma colher de pau. Junte 90g (cerca de ¾ de xícara) farinha e misture. Adicione a manteiga e misture até incorporar. Vá adicionando aos poucos o restante da farinha, miturando e amassando bem a massa até que fique lisa.
Faça uma bola com uma massa e coloque em uma tigela limpa, levemente untada com óleo e coberta com pano de prato. Deixe repousar em uma área mais quente até dobrar de volume, cerca de 2 a 3 horas.
Retire a massa da tigela sobre uma superfície lisa e bem enfarinhada. Corte círculos com a ajuda de um cortador redondo ou um copo. Coloque a trufa e feche em forma de bolinha (sele bem para não escorre o chocolate enquanto você frita).
Numa panelinha de fritura, esquente o óleo e frite os bolinhos. Gire para dourar por igual por uns 3 a 4 minutos. Não deixe o óleo demasiadamente quente se não os bolinhos irão queimar por fora e a massa não cozinhar por dentro.
Coloque num rack com papel toalha para aborver o excesso de gordura. Jogue açúcar confeiteiro por cima. Sirva quente ou frio, como preferir. Só tome cuidado que enquanto quente, o chocolate derrete por todos os lados.
Bolo de Chocolate com Chantilly de Licor de Laranja e muito romance
Para comemorar o dia dos namorados.
Eu vou ser sincera, jamais nos meus 34 anos, comprei um presente para o dia dos namorados. Acho a data cafona e comercial em demasia: enfrentar filas nos cinemas, restaurantes e motéis para comemorar a intimidade a dois, na minha opinião, é bem pouco romântico. Mas se a idéia é celebrar o amor com a pessoa que te faz bem, que seja em casa, à luz de velas, incensos e com um banquete numa mesa caprichada. Há tantas formas de celebrar e tantos dias no ano para isso acontecer!
Se você está decida a comemorar nesta sexta-feira, minha sugestão de sobremesa é esse bolo de chocolate sem farinha com chantilly, ma-ra, do Projeto Banquete da Mari e do Leo. Eu estou completamente viciada nos vídeos deles e olha que eu não sou uma pessoa vídeo on. Estética visual perfeita, bom humor na medida e receitas top. Recomendo!
E se não for afrodisíaca, pelo menos vai arrancar gemidos e suspiros, seus e de quem estiver contigo, garanto. Fiz meia receita e ao invés de chantilly do porto fiz com licor de laranja, que ficou ó! Além disso, é fácil demais, do tipo, se eu fiz, você também faz.
Capricha na seleção musical. Se não quiser cozinhar, pede um delivery, mas prepara a mesa com velas e flores. Batom vermelho. Declaração em cartas de amor. O melhor bolo de chocolate do mundo com creme batido. Como diz meu marido: isso é amor no concreto.
Bolo de Chocolate sem farinha com Creme batido de Licor de Laranja | receita adaptada do Projeto Banquete
para o bolo
- 225g de chocolate meio amargo
- 50g de manteiga
- 04 ovos
- ¼ de xícara + 01 colheres de sopa de açúcar cristal
- açúcar de confeiteiro para decorar
para o creme
- 250g de creme de leite fresco
- ¼ de copo de Cointreau
- ¼ de açúcar cristal
Derreta o chocolate com a manteiga em banho maria. Bata as gemas com ¼ de xícara de açúcar, até virar um creme esbranquiçado. Junte a mistura do chocolate derretido. Bata as claras em neve e adicione a colher de açúcar restante. Junte com cuidado ao restante da massa e misture delicadamente, para não quebrar as neves. A mistura fica bem aerada. Coloque numa forma untada (coloquei numa redonda de 21cm de diâmetro) e leve para assar num forno pré-aquecido a 180 graus. Asse por uns 45 minutos. Deixe esfriar.
O bolo vai crescer e inchar no forno e, depois ao esfriar, vai murchar. Não se preocupa, é assim mesmo, vai fcar uma casquinha crocante craquelada por fora, e uma textura extra-cremosa por dentro.
Bata o creme de leite com o açúcar e o Cointreau até virar chantilly. Sirva com o bolo.
Sorvete de Menta com Chocolate
Sorvete de Menta com Chocolate
Ah, junho! Fim de outono. Estou a mais de 20 dias sem escrever aqui; mergulhei num trabalho que me consumiu por duas semanas, mas valeu a pena.
Ah, junho! Fim de outono. Estou a mais de 20 dias sem escrever aqui; mergulhei num trabalho que me consumiu por duas semanas, mas valeu a pena. O resultado ficou como eu queria e o cliente saiu satisfeito. Melhor, impossível. Além disso, estou estudando um novo projeto para esse ano, que deve me trazer surpresas boas no segundo semestre (dedos cruzados).
No entanto, deixar de escrever nesse espaço, deixa um buraco dentro de mim, como se uma peça estivesse faltando. Vou ser bem sincera, esse blog é o meu maior xodó. Não importa qual seja a audiência, quantos leram ou irão ler meus posts, quantas curtidas ou ignoradas terão minhas fotos… O meu melhor está aqui. Algo materializado, ainda que virtualmente (olha o paradoxo), de tanta coisa que passaria desapercebida no meu dia-a-dia. Mas aqui não: elas têm seu destaque, sua história, seu valor e sua beleza.
Sorvete de menta com chocolate. Amados por alguns, desdenhados por outros. Confesso que eu já fiz parte do segundo time. Não, ele não tem gosto da minha infância, porque eu não gostava dele naquela época. Fui aprender a gostar (e logo em seguida me apaixonar) aos 26. Foi quando eu conheci Lucy, a filha do Gabriel, que pedia esse sabor 99,999% das vezes que a gente saía para tomar um sorvete. O refrescante da menta com o croc-croc do chocolate meio amargo, conquistaram meu paladar, que nutria o preconceito de que o sorvete era de pasta dental.
Sorvete de menta com chocolate ca-sei-ro. Seu sabor é intenso, mas sua cor verde bem suave. Sem corante, espessantes de origem duvidosa e feito com menta de verdade! Sensacional.
Sorvete de Menta com Chocolate
01 litro
- 02 xícaras de leite integral
- 01 xícara de creme de leite
- ¾ de xícara de açúcar
- 03 ovos caipira
- 01 copos cheio com folhas de menta ou hortelã
- 120g de chocolate meio amargo
Ferva o leite com o creme de leite e apague o fogo. Coloque ¾ das folhas de menta ou hortelã e deixe em infusão por, pelo menos, 1 hora. Coe o leite e aperte bem as folhas, com a mão mesmo, para que saia todo o sumo e a cor.
Bata os ovos com o açúcar, até ficar um creme espesso por uns 5 minutos. Junte o leite e misture bem até ficar homogêneo. Leve ao fogo brando, misturando sempre até espessar (por uns 15 minutos). Deixe esfriar.
Pique bem o restante das folhas de menta e misture ao creme frio. Leve à sorveteira elétrica, seguindo as instruções do fabricante. Quando estiver quase no ponto, junte o chocolate picado ao sorvete e misture bem. Coloque num recipiente e leve ao congelador por pelo menos 3 horas antes de servir.
o que fazer quando não se sabe o que fazer?
Já deixei claro, nos últimos posts, que venho vivendo uma fase de muitas mudanças. Nem todas para meu agrado, mas confiando sempre que, tudo o que vem, vem para o melhor. Como boa taurina, preguiçosa e entusiasta da estabilidade e do conforto, mudanças e imprevistos me fazem pirar. Me deixam extremamente insegura e angustiada. E, por mais que eu saiba que sejam fases passageiras e de adaptação, até que a resistência às novidades e ao estranhamento passem, eu fico atrapalhada com minhas emoções, rotina e trabalho.
O que fazer?
Incrivelmente, duas coisas tem acontecido, durante esse período.
- Um é o florescimento de uma fé, desconhecida para mim, até então. Tenho orado e meditado diariamente e isso tem me dado um conforto importante para seguir dia após dia. Quando se está em silêncio e focada em si mesma, é possível escutar uma voz interna e afinar sua intuição. Perceber e guardar esses momentos de paz dentro de você, te ajudam a atravessar momentos de turbulência com menos apego ao sofrimento.
- A segunda coisa é o aumento do fluxo criativo dentro de mim. Acho que em parte, ligado ao que escrevi no item acima. Mudanças significam deixar para trás coisas que um dia foram muito importantes para você, mas hoje não te servem mais. Isso te causa tristeza e dor em algum grau, trazendo resistência pelas mudanças. Mas uma vez que você abre mão de certas coisas, elas também abrem espaço para que novas coisas entrem em sua vida. Ou talvez, esse espaço, agora vazio, estimule sua criatividade para você iniciar novos projetos, ou descobrir coisas novas sobre você mesmo.
Por final, eu tenho me tornado mais amiga de mim mesma. Tenho sido mais compassionada e me cobrado menos por coisas que não estou sendo capaz de cumprir, como algumas demandas sociais que pouco tem a ver com meu estado de humor e emocional no momento. Isso contribui para que as coisas fiquem mais leves e a não levar tudo tão a sério.
O coração continua apertado a maior parte do tempo e a vontade é de ficar debaixo das cobertas (inclusive com a cabeça), respirando baixinho. Mas a vida continua, mesmo que nem tudo seja como a gente esperava. E você, como lida com grandes mudanças em sua vida?
Bolinhos de Pomelo com Alecrim
Para quem adora bolo de laranja, daqueles bem molhadinhos, cheios de calda, essa receita é um presente. O pomelo intensifica o sabor do azedinho-doce, enquanto o alecrim deixa um aroma adocicado e floral.
Para quem adora bolo de laranja, daqueles bem molhadinhos, cheios de calda, essa receita é um presente. O pomelo intensifica o sabor do azedinho-doce, enquanto o alecrim deixa um aroma adocicado e floral. A cor da calda fica um rosado tão lindo que dá vontade de beber ele todo com os olhos.
Eu descobri o pomelo quando tinha 16 anos de idade. Eu achava o máximo ver o grapefruit em fotos e filmes de cozinha americanos e, quando vi no supermercado, decidi comprar. Só que eu não tinha a menor idéia que eles eram tão azedos e amargos, quanto eram lindos. Foi colocar na boca, e cuspir tudo fora; bem sem noção mesmo. A experiência só foi ressignificada 10 anos depois, quando fui visitar pela primeira vez minha sogra, na Argentina. Lá eles comem a fruta no café da manhã, mas com um pequeno detalhe: cada mordida é acompanhada de uma colherada de açúcar. Os lábios ficam inchados e ardidos pela acidez da fruta, mas tudo bem. A fruta é tão popular por lá, que eles até tem refrigerante e várias bebidas sabor pomelo, como o nosso guaraná.
Essa receita é uma adaptação de uma das receitas do livro What Katie Ate. Ela utiliza as blood oranges, ou laranjas sanguíneas para o bolo. As laranjas sanguíneas não são tão ácidas, nem tão amargas quanto o pomelo, mas a receita funcionou perfeitamente bem com a substituição.
Bolinhos de Pomelo com Alecrim | receita adaptada do livro What Katie Ate
09 unidades
para os bolinhos
- 02 ovos caipira
- 110g de manteiga amolecida
- ½ xícara de açúcar
- ½ pomelo (descascado sem a parte branca)
- ½ laranja (descascada sem a parte branca)
- 01 colher de sopa de cointreau
- 01 ramo de alecrim
- 01 xícara de farinha de trigo
- 01 colher de sopa de fermento
para a calda
- suco de 01 pomelo
- suco de 01 laranja
- 02 colheres de sopa de açúcar
para outra calda
- suco de 01 pomelo
- 01 xícara de açúcar confeiteiro para a calda
Bata os ovos com o açúcar e a manteiga por uns 10 minutos na batedeira, até virar um creme leve. Adicione o cointreau. Num processador ou liquidificador bata bem a poupa do pomelo e da laranja com as folhas de alecrim. Junte o purê da fruta na mistura de manteiga e ovos. Continue batendo e junte aos poucos a farinha e o fermento peneirados. Misture em velocidade baixa até ficar tudo bem homogêneo.
Distribua nas forminhas untadas com manteiga e farinha, preenchendo até ¾ de seus orifícios. Leve ao forno pré-aquecido a 180 graus e asse por uns 45 minutos, ou até que a massa esteja cozida. Espere esfriar um pouco antes de desenformar.
Para a calda, misture o suco do pomelo com a laranja e as duas colheres de açúcar e leve ao fogo para ferver e reduzir, por cerca de 15 minutos. Deixe amornar e faça pequenos furos sobre os bolinhos e jogue a calda por cima.
Para servir, com os bolinhos já frios, misture bem o restante do suco do pomelo com o açúcar confeiteiro, até que esteja bem dissolvido. Regue os bolinhos com esta segunda calda e deixe um pouco à parte para servir na hora de comer. Deixe na geladeira por pelo menos uma hora antes de servir.
Madeleines para o dia das mães
Com tábua da Elke Noda e cartões da Danny Bunny
Estas últimas semanas foram bem corridas, preparando tudo para a papelaria virtual Dona da Casa! Papelaria, daquela correria que te deixa descabelada, dias sem dormir e até meio vesga… mas que valeu a pena até o último suspiro. E como! Deu tempo ainda de estrear na semana do dia das mães, que era o intuito para poder colocar uma receita gostosa com algo da lojinha.
A idéia é um doce bem coisa de mãe para servir no fim do domingo, acompanhado de um chá, folheando um álbum de fotos antigo e relembrando histórias. Madeleines, na teoria, são bem fáceis de fazer. Minha decisão de colocar essa receita foi atendida quando a Marianne (querida francesa que mora comigo) trouxe as forminhas de sua recém viagem para lá. Na prática, não foram tão fáceis assim, mas como tudo na vida, a gente aprende. A receita é do livro de cozinha da Mimi Thorisson, o A Kitchen in France | A year of cooking in my farmhouse.
Para presentear, você pode encomendar essa tábua em forma de baleia, coisa mais fofa, de se jogar no chão, feita pelo Studio Elke Noda, da minha amiga marceneira, fotógrafa e dona dos aranjos florais mais lindos (tudo isso nas horas vagas), Elke Noda. Tem outros modelos, se você quiser escolher. E para finalizar, o jogo de cartões feito pela Danny Bunny, especialmente para a Dona da Casa! blog. Eu juntei os cartões com umas fotos minhas, para presentear. E o resultado ficou uma belezinha. Orgulho de mãe.
Madeleines | receita adaptada do livro de receitas da Mimi Thorisson
- 03 ovos caipiras grandes
- 1 e ¼ de xícara de farinha
- 125 g de manteiga derretida
- 01 xícara de açúcar
- 02 colheres de sopa de mel
- pitada de sal
- 1 colher de sopa de fermento
- raspas de um limão siciliano
- 02 colheres de sopa de água de laranjeira
- 01 colher de sopa de extrato de baunilha
Bata os ovos com o açúcar e o mel, até formar um creme espesso e esbranquiçado. Junte a farinha aos poucos e o fermento, mexendo sempre até ficar homogêneo. Coloque a manteiga derretida e misture bem. Adicione as raspas de limão, água de laranjeira, sal e o extrato de baunilha. Leve à geladeira por pelo menos duas horas, ou deixe de um dia para o outro. A idéia é colocar a massa estar bem gelada para assar.
Coloque em moldes bem untados com manteiga, ou use forminhas de silicone. Asse num forno pré-aquecido à 180 graus, por uns 20 minutos, ou até que a massa esteja cozida. Espere esfriar e desenforme usando a ajuda de uma faca.
Para presentear com os cartões exclusivos da Danny Bunny eu juntei com algumas fotos pessoais e com a ajuda de um furador, fiz um furinho do canto esquerdo superior. Amarrei com um barbante fofo para anexar ao presente.
Feliz dia das mães!
Risoto de beterraba com queijo de cabra
Passada a turbulência das últimas semanas, finalmente pude desfrutar do ínicio do outono, com seu fim de tarde fresco e seu ar gelado mais árido.
Passada a turbulência das últimas semanas, finalmente pude desfrutar do ínicio do outono, com seu fim de tarde fresco e seu ar gelado mais árido. Manta no sofá, vinho na taça, e os últimos capítulos de Better Call Saul na tevê. Não consigo explicar direito meu amor pelo outono, mas se pudesse tentar, minha resposta seria a sensação de término e rompimento que essa estação traz na minha vida. Um fim de ciclo que é apenas uma faceta de um novo alvorecer. Dessa vez não foi diferente, inquietações internas, mas muita conexão com uma vontade maior, de algo acima.
A movimentação gerada sacudiu a poeira do que estava escondido lá no cantinho escuro. A faxina foi pesada, mas trouxe luz e frescor ao que estava há muito tempo parado. E agora é hora de começar a vislumbrar quanta coisa boa pode brotar daqui para frente. Esta semana foi assim. Uma celebração interna do dia-a-dia. Testei pratos diferentes, numa inspiração cheia de confiança. Na falta de um ingrediente, as substituições foram certeiras. E, pensando bem, o improviso foi a pitada essencial que deixou tudo mais gostoso.
Essa receita vem do livro da Rita Lobo, o Pitadas da Rita, e foi uma das primeiras que bati o olho e disse: esse eu quero provar. Demorou, mas aqui está. Acompanhado de bom um malbec Catena, trazido da Argentina, um brinde à vida.
Risoto de Beterraba com Queijo de Cabra | receita adaptada do livro Pitadas da Rita
02 porções
para o caldo
- 04 beterrabas
- 01 cebola roxa
- 01 cenoura
- 01 talo de salsão
- 01 tomate
- 01 pimentão vermelho
- folhas de louro, cravos-da-índia, orégano
- 1 llitro de água
para o risoto
- 01 xícara de chá de arroz arbóreo
- 02 colheres de sopa de manteiga
- 01 cebola roxa
- ½ xícara de chá de vinho tinto
- 100g de queijo parmesão ralado
- 100g de queijo de cabra em cubos
- folhas de erva doce
- sal e pimenta-do-reino
Coloque os legumes descascados (cenoura, cebola e beterrabas) e cortados grosseiramente em grandes pedaços numa panela grande. Cubra com água e adicione os temperos. Leve para ferver por uns 30 minutos em fogo médio. Reserve.
Numa frigideira alta, frite a cebola picadinha na manteiga, até que fique bem murcha. Junte o arroz, mexa bem, por pelo menos 1 minuto. Adicione o vinho tinto e continue misturando até evaporar. Tempere com sal e pimenta do reino.
Utilize sempre um vinho de qualidade que você possa tomar, nunca um vinho passado. Eu costumo abrir um vinho, tomar enquanto cozinho, e depois acompanhar o prato.
Vá adicionando uma concha ou duas do caldo de beterraba ao arroz, e continue misturando bem. Sempre que começar a secar, adicione o caldo, até que o arroz cozinhe e fique al dente. Na última concha, não deixe secar por completo, ele tem que ficar úmido. Apague o fogo e coloque o queijo parmesão ralado e continue mexendo. Sirva com uns pedaços da beterraba do caldo picadas, o queijo de cabra picadinho e as folhas de erva doce. A receita original leva endro e queijo branco. Como não encontrei, utilizei a erva doce mesmo, que ficou perfeita.
Hamburger caseiro
Os vegetarianos que me perdoem, se tem algo que eu não resisto é um bom “burgão”. Em São Paulo, temos a sorte de ter hamburguerias de primeira qualidade, dos mais variados preços e dos mais variados cardápios. Todos se destacam pela excelente qualidade da carne, sem miséria, e com muito sabor.
Mas tem dias em que preparar um bom sanduíche em casa é tudo o que você quer; sem ter que enfrentar filas, ou ter que se render ao fast food da esquina. Fazer seu próprio hamburger caseiro, depende muito de você. Quem gosta e faz, tem suas particularidades; tem quem não misture nada, tem quem coloque cebola, alho, farinha de rosca, azeite, água e até ovo. Tem quem use carne de primeira, tem quem use mescla de carnes. Tem quem use carne moída, tem quem pique a carne na ponta da faca. Vai de gosto, vai de crença, vai de quem faz.
Eu, assim, como os outros, encontrei minha receita perfeita. Ela ficou suculenta no ponto, bem temperada e na altura que eu gosto para cada mordida. Nem acredito que eu passei tanto tempo comprando ela pronta em supermercado. A qualidade de um bom hamburger feito por você, não se compara a estas que você compra em caixinha. Uma boa mostarda e um catchup de qualidade, complementaram o que já era bom. Picles, cebola e queijo a gosto. A diversão está só começando.
Hamburger Caseiro
cerca de 06 porções
- 1 kg de carne moída | patinho ou fraldinha
- 03 dentes de alho
- 01 maço de salsinha
- 01 colheres de sopa de cominho
- pimenta do reino
- sal marinho
Pique bem o alho e a salsinha. Junte à carne moída e amasse bem, com as mãos limpas. Tempere com cominho e a pimenta e continue amassando bem, até a carne ficar bem temperada. Não coloque o sal para que a carne não solte água.
Faça bolas do tamanho desejado e amasse-as achatando até ficar da grossura que você deseja os hamburgueres. Guarde numa vasilha, separando-os com papel manteiga. Deixe na geladeira até o momento de utilizá-los.
Frite os hamburgueres numa chapa ou frigideira bem quente, com um pouco de óleo. Tempere com sal marinho na hora de fritar. Sele bem a carne de um lado e só vire uma vez, para que ela não perca o suco.
Sirva num pão quentinho redondo, com ou sem gergelim, picles, pimentão assado em conserva, cebola, alface, tomate, catchup e mostarda. Acompanhe com batatas assadas (de preferência com bastante alecrim) e seja feliz.